Impor-se-ia um mínimo de senso
Na semana passada assistiu-se ao que chegou o descalabro na Grécia, ao
agravamento da situação em Itália que passou a estar sob a
vigilância do FMI, o G20 a dar nega ao pedido de socorro do Euro, Merkel
a escrever que a crise na Zona Euro durará, no mínimo, dez anos.
Na segunda-feira iniciou-se a segunda avaliação da troika no
âmbito do programa de resgate e amanhã começa o debate e
votação do Orçamento do Estado para 2012.
Do meu ponto de vista a articulação de todos estes factos imporia
que o Governo repensasse séria e responsavelmente a estratégia
orçamental. O Governo não deveria continuar surdo e cego, a todos
e a tudo, e forçar um caminho para o desastre: com as medidas propostas
não serão reduzidos os défices de forma sustentada, a
dívida e os juros a pagar aumentarão, a recessão
prolongar-se-á, os sacrifícios sociais tornam-se
insuportáveis e a mirífica "confiança dos
mercados" ficará mais longe.
Não retorno, neste momento, ao que considero serem as alternativas de
fundo e estruturantes para ultrapassar os problemas do País.
Mas parece-me ser uma exigência mínima que o Governo aproveite a
presença da troika para lhe mostrar que os prazos para a
redução do défice são objectivamente
incumpríveis. E exigir o seu alargamento, absolutamente
necessário para permitir reduzir os sacrifícios e abrir uma
janela de esperança ao crescimento económico.
Tal como seria da mínima justiça que os sacrifícios a
fazer fossem distribuídos por todos os tipos de rendimentos. Não
é social e economicamente justificável que os rendimentos de
capital sejam poupados relativamente aos do trabalho, nem é
compreensível que as proclamadas "gorduras" do Estado se
tenham evaporado.
Não creio que o Governo faça nada disto. Mas deveria
fazê-lo!
08/Novembro/2011
[*]
Economista
O original encontra-se em
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