1.700.000 trabalhadores envolvidos!
Balanço da Greve Geral
Comunicado emitido na
conferência de imprensa da CGTP-IN
10/Dez/02/20h00
A Greve Geral de hoje fez-se sentir de tal forma nos diversos sectores de
actividade e em todo o território nacional e teve tal impacto na vida
das pessoas e das famílias, que descredibiliza por completo as
apreciações e os ridículos números de adesão
que o Governo teima em divulgar.
Partindo dos dados já disponíveis, a CGTP estima que na Greve
Geral de hoje estiveram envolvidos cerca de um milhão e setecentos mil
trabalhadores.
A Greve Geral teve um
enorme impacto no sector produtivo
, por todo o país, com expressão num elevado numero de empresas
estratégicas e de dimensão significativa da nossa economia.
A participação na Greve Geral teve uma
muito elevada adesão no sector de transportes, públicos e privados
, provocando a paralisação, total ou quase total, das grandes
empresas nacionais e de muitas regionais.
A participação dos
trabalhadores da Administração Pública
, central, regional e local, e o impacto dessa participação ao
nível dos diversos serviços, foi de grande expressão e, em
alguns subsectores, mesmo superior à greve de 14 de Novembro.
A participação dos
trabalhadores de serviços
teve também significativa expressão em vários ramos e foi
marcante numa Greve como esta.
O êxito da Greve Geral demonstra que os trabalhadores não desistem
de lutar e hão-de vencer; os derrotados serão os que se
mantêm autistas e cegos perante os seus protestos.
Esta Greve Geral constitui uma demonstração de força da
democracia e a condenação da arrogância e prepotência
deste Governo.
A adesão à Greve Geral prova o descontentamento dos trabalhadores
e a sua firme condenação não só do Código do
Trabalho, como também das políticas salariais e sociais injustas
que o Governo teima em impor.
Prova-se igualmente que o Código do Trabalho do Governo é um
factor desestabilizador do meio laboral e das empresas, de
desmotivação dos trabalhadores, desestruturador da sociedade e,
como tal, afecta a produtividade e a competitividade, que se diz querer
aumentar.
O Código do Trabalho do Governo é fonte de conflito e
instabilidade social.
Por isto,
a CGTP reclama do Governo o abandono da sua proposta de Código de
Trabalho.
A CGTP espera que as forças políticas parlamentares assumam a sua
responsabilidade no processo em curso na Assembleia da República e criem
as condições necessárias para que:
O direito do trabalho seja defendido e valorizado, os direitos individuais e
colectivos dos trabalhadores respeitados e a negociação colectiva
defendida e implementada;
Os custos do trabalho reduzidos e a produtividade aumentada através da
promoção da gestão e organização, da
inovação de produtos e tecnologias, da formação e
qualificação profissional;
O poder dentro da empresa (entre capital e trabalho) seja equilibrado e a
democracia não fique à porta da empresa;
A modernização da legislação de trabalho se
desenvolva através dum processo que garanta a efectivação
das leis vigentes, uma adequada sistematização da
legislação em vigor, através de diálogo
sério e negociação adequada com os parceiros sociais, que
tenha em conta a evolução da estrutura económica e
respeite a valorização do trabalho e a dignificação
dos trabalhadores.
A CGTP afirma com toda a clareza e empenho a sua disponibilidade e
determinação em prosseguir a luta por tais objectivos, em
convergência e unidade na acção com todos os trabalhadores
e todas as organizações sindicais que para tal se predisponham.
Lisboa, 2002-12-10 A Comissão Executiva
do Conselho Nacional da CGTP-IN
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2º. BALANÇO PROVISÓRIO DA GREVE GERAL
Os objectivos que foram propostos pela CGTP-IN para a Greve Geral estão
a ser plenamente alcançados.
De facto,
a greve geral está a fazer-se sentir na generalidade dos sectores de
actividade e por todo o território nacional
, como o confirmam os dados recolhidos até ao momento, que apontam para
uma adesão nacional de 87,25% em 830 empresas.
A Greve Geral está a ter grande impacto a nível do
sector produtivo
e, em particular, em
empresas de significativa relevância económica.
Amostragem:
Sector Têxtil, Vestuário e Calçado
Em Braga: Maconde (95%), Coelima 80%, Lameirinho 92%, Grupo Somelos
70%, TMG/Ronfe 50%, Grupo Almeida & Filhos 70%, Têxtil Vizela 70%,
Fiação & Tecidos O. Ferreira 80%; no Porto: Baiona 95%,
Luís Correia 99%, Flor do Campo 50%, Foncar 50%, Coats & ClarK 50%, ARA
Portuguesa 60%, Granit 60%, Growela 80%, Ricker 80%, Finex 95%; em Aveiro:
Califa 60%, Lunick 100%, Rhode 100%, Ecco'let 100%, Basílios 90%, Siaco
50%; em Coimbra: Matugal 50%; em Castelo Branco: Beiralã 90%, Sotave
85%, Vodragés 98%, Carveste 93%, Avri 93%, Nova Penteação
100%, Paulo de Oliveira 82%, Penteadora de Unhais 80%, Fiper 100%; em
Setúbal: Melka 95%; em Lisboa: Plúvia 80%; em Santarém:
Ipetex 70%.
Sector Químico e Metalúrgico
Autoeuropa (Palmela) 80%; Opel Portugal (Azambuja) 80%; Petrogal 80%;
Petrogal (Matosinhos) 80%; Oliva (S. João da Madeira) 100%; Cerlei
(Porto) 100%; Euroresinas (Sesimbra) 100%; Tomé Feiteira (Leiria) 100%;
Ramel (Palmela) 100%; CACIA (ex-Renault) (Aveiro) 94%; Bombardier/Sorefame
(Amadora) 90%; Sonafi (Porto) 90%; Sec (Aljustrel) 88,89%; Tegopi (Porto) 92%;
Adubos Portugal (Barreiro) 88%, Westpharma (Amadora)100%; Estaleiros Navais V.
Castelo 99%; Impormol (Azambuja) 90%; Somincor (Ourique) 100%; Minas da
Panasqueira (C. Branco) 90%; Caetano Bus (Aveiro) 80%.
Sector de Material Eléctrico e Electrónico
Complexo Grundig (Braga) 90%; EDP Distribuição/Centro de
Comando (Braga) 100%; EDA/Central Térmica (Ilhas do Corvo e Faial) 100%,
(Ilha Terceira) 75%, (Ilha do Pico) 50%; EDP/ Barreiro, Setúbal, Seixal
e Sesimbra 100%; EDP/Porto 67%; EDP/Sines 50%; Delphy (Portalegre) 100%; Alcoa
/ ex Indelma (Seixal) 91%; Vestion Ford Electrónica (Palmela)
80%; Kaz (Porto) 91%; Tyco (Évora) 75%; Autosil, empresa do presidente
da ANIMEE (Lisboa) 85%; Tudor (Lisboa) 100%; Efacec (Ovar) 96%; Dura (Guarda)
99,1%; Vitrohn (Carcavelos) 86%; Enertel (Palmela) 90%; Grupo EDP/REN,
média de 88,38% em 26 locais de trabalho, com as centrais de Terceira e
S. Miguel (Açores) a 100%.
Construção, Madeiras e Mármores
José M. Loureiro (Porto) 95%; Sogal (Porto) 90%; Soares da Costa
(Porto) 70%; Móveis Ferreira (Porto) 60%; Mecânica Piedense (Cova
da Piedade) 95%, Móveis Justino (Porto) 95%, em obras em curso, em
Lisboa: Estádio da Luz 56%, Estádio de Alvalade 76%, Complexo da
Musgueira (87,5%), Parque das Nações (90%)
Celulose, Papel, Gráfico e Imprensa
Portucel: Cacia 90%, V.V.Rodão 100%, Setúbal 90%,
Portucel Embalagem (Lisboa, Leiria e Porto) 75%; INCM (Lisboa) 75% com paragem
total da laboração; Papelaria Fernandes Converting (Cacém)
78%; Companhia Papel do Prado (Tomar) 80% com laboração
totalmente parada;
Correios e Telecomunicações
CTT 68% num total de 7800 trabalhadores, incluindo 1800 a prazo (falta
apurar dados relativos a cerca de 9200);
Cerâmica, Cimentos e Vidros
Cimpor (Souselas) 100%; Cimpor (Maia) 99%; Cimpor/Cabo Mondego (F. Foz)
100%; Cimpor (Loulé) 100%; Covina (S. Iria) 100%; Crisal (M. Grande)
80%; Atlantis (Alcobaça) 60%; Atlantis (M. Grande) 99%; Maiaporce
Porcelanas (Maia) 80%; Novinco (S. Mamede Infesta) 90%; Sociedade de Porcelanas
(C. Rainha) 100%; Secil (Outão) 100%; Secil Prebetâo (Coimbra)
100%; Secil Prebetão Montijo) 93%; Secil Prebetão (Olhão)
99%; Mármores Batanete (Souselas) 100%; Unibetâo (Caxias e
Frielas) 100%; Cimianto (Alhandra) 100%; Cavan (S. Iria e Setúbal) 100%;
Abrigada (Alenquer) 100%; Betopal (Linhó) 100%; Jomatel (Linhó)
100%; Argibetão (Azeitão) 100%; SSGP (S. Iria) 100%; Sanchez
(Sesimbra) 100%; Santos Barosa (M. Grande) 90%; Barbosa & Almeida (M. Grande)
90%; Dâmaso (V. Leiria) 96%;
Alimentação e Bebidas
Sogral (Ovar) 100%; Provimi (Ovar) 100%; Danone (C. Branco) 98%;
Centralcer (V.F.Xira) 95%; Parmalat (Setúbal) 88%; Nacional (Lisboa)
100% na produção; Matadouro (Famalicão) 50%; Tabaqueira
(Rio de Mouro) 48,86%; Isidoro (Montijo) 50%; Socar (Montijo) 90%,
Alcântara açucares (Lisboa) 64,51%; Refrige (Palmela) 100%;
Águas Glaciar Nascente (Manteigas) 100% na produção;
Águas Caldas de Monchique 100%; Águas Castelo de Vide 100% na
produção; Rical (Santarém) 100% na produção,
Águas do Alardo (Castelo Branco) 100% na produção;
Águas do Luso 50%;
Cortiça
Robbison Bros (Portalegre) 100%; em Sta. Maria da Feira: Corticeira
Amorim 65%, Amorim & Irmãos 100%, Binocor e Subcor, empresa do
presidente da associação patronal, 100%, Cok Ribas 100%:
Pescas
frota da sardinha (Peniche) 100%; frotas de malha de Olhão e de
Portimão (100%)
Portos e Barras do Algarve
;encerrados;
Lota do Porto da Horta (Açores)
- encerrado
Contrariamente ao que o Governo pretende fazer crer, a elevadíssima
adesão verificada a nível dos
transportes, públicos e privados
, estende-se por todo o país e não só nas regiões
de Lisboa e do Porto, com adesões que se situam na generalidade
próximo dos 100%, havendo dois casos a 70% % (Auto Viação
do Tâmega e Rodonorte).
No
Sector de Serviços
, apontam-se também alguns exemplos:
Aviação e Aeroportos
ANA (Porto e Faro) 100%; TAP cerca de 80% da operação
cancelada; SATA (Açores) sem voos inter-ilhas; encerramento dos
aeroportos de S. Miguel e Santa Maria (Açores), Faro e, a partir das
14.00 horas, do Funchal.
Comércio, Escritórios e Serviços
portagens (Ermesinde) 85%; portagens (Coina, plena via e Barreiro,)
100%; portagem Vasco da Gama, 2º turno, 80%;portagem de Grijó,
2º turno, 80%; Intermarché (Cartaxo) 80%; Pluricoop
(Setúbal) 100%; Pingo Doce (Porto) 45%; Continente (Vila Nova de Gaia)
50%; duas lojas Pingo Doce (Figueira da Foz) encerradas.
Portaria, Vigilância e Limpeza
Em Lisboa: Climex/TAP 100%; Livig/Colombo 82%, Securitas/Rondistas 75%,
ISS/ Carris Musgueira 80%, Conforlimpa/Hospital de Sta. Maria 88%,
Iberlim/Hospital do Barreiro 80%, Conforlimpa/ Hospital da Estefânia 99%,
Nova Serviços/Hospital dos Capuchos 90%, Prosegur/Servibanca BES 35%; no
Porto: Vadeca/IPO 95%, Limpoclean/STCP 95%, ISS/Aeroporto 90%, ISS/CP Contumil
100%, Safira/Continente e Guimarães Shopping 99%, Alfalimpa/Petrogal
Refinaria 100%; em Coimbra: Conforlimpa/Hospital Covões 90%,
Cristalimpa/ Hospital Novo 80%, Iberlim/CP Coimbra, Serpins e Figueira da Foz
100%, Multipessoal/Telecom 70%, Such/Hospital Sobral Cid 100%,
Climex/CGDepósitos 100%, Figueiralimpa/Hospital Distrital F. Foz 75%; em
Setúbal: Sosanidade/ Lisnave 100%, Nova Serviço/Hospital S.
Bernardo 100%, ISS/Portucel 95%, Jozilimpa/Ariston Marconi 75%,
Limparaiso/Visteon 95%, Limpotécnica/Parmalat 100%
Hotelaria
Hotel Estoril Sol (Lisboa) 95%; Gate Gourmet (Lisboa) 80%; Hotel Savoy
(Madeira) 70%; Hotel Vila Ramos (Madeira) 80%; Marriott (Lisboa) 90%; Hotel
Carlton (Madeira) 50%; Hotel Vila Ramos (Madeira) 81,96%; Hotel Quinta do Sol
(Madeira) 50%; Hotel Baía Azul (Madeira) 30%, Pousada Senhora das Neves
(Guarda) 100% na cantina;
Na
Administração Pública Central
(Função Pública), em 718 locais de trabalho, regista-se
uma adesão superior a 80%, sendo, em alguns sectores, superior à
adesão registada em 14 de Novembro.
Na
Administração Local
é cerca de 90%.
Ao nível do
pessoal docente
a adesão foi de 65 a 70%. Em Lisboa na Universidade Nova a
adesão total foi de 70%, na Universidade Clássica de 75% e na
Técnica 75%.
Ao nível da
enfermagem
70%;
Nos
Estabelecimentos Fabris das Forças Armadas e Indústria de Defesa:
Em Lisboa, OGMA 85%, Manutenção Militar 70%, Laboratório
Militar 50%, OGME 90%, OGFE 75% e no Arsenal do Alfeite 97%.
10/12/2002/20h00
Mais notícias acerca da Greve Geral em
http://www.cgtp.pt/index2.htm
e em
http://www.pcp.pt/actpol/temas/trabalho/greve/index.htm
Este texto encontra-se em
http://resistir.info
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