Compreender os números do desemprego em Portugal
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DESIGNAÇÃO | 4º Trim. 1999 | 2º Trim. 2002 | 3º Trim. 2002 | 2º Trim. 2003 | 3º Trim. 2003 |
1- ACTIVOS Mil | 5043,4 | 5375,7 | 5405,7 | 5403 | 5410,4 |
2- Desempregados (Oficial) Mil | 207,4 | 243,0 | 276,1 | 336,1 | 338,3 |
3- TAXA DE DESEMPREGO OFICIAL (2/1) | 4,1% | 4,5% | 5,1% | 6,2% | 6,3% |
4- Inactivos Disponiveis Mil | 76,7 | 75,1 | 83,2 | 86,6 | 93 |
5- Inactivos Desencorajados Mil | 37,4 | 26,4 | 24,8 | 30,7 | 30,5 |
6- Subemprego visivel Mil | 3,6 | 44,1 | 42,3 | 51,7 | 52,8 |
7-Desemprego Corrigido (2+4+5+6)- Mil | 325,1 | 388,6 | 426,4 | 505,1 | 514,6 |
4-TAXA DE DESEMPREGO CORRIGIDA ( 7/1) | 6,4% | 7,2% | 7,9% | 9,3% | 9,5% |
Para se poder compreender os dados do quadro I interessa saber o que são
Inactivos Disponíveis,Inactivos Desencorajados e
Subemprego Visível que consta no quadro.
Assim, de acordo com o próprio Instituto Nacional de Estatística:
(1) Inactivos Disponíveis são pessoas desempregadas,
que desejam trabalhar e que estão disponíveis, mas que não
fizeram diligências para arranjar emprego nas últimas 4 semanas
anteriores ao inquérito; (2) Inactivos Desencorajados
são aqueles que, estando disponíveis para trabalhar, não
procuraram emprego há mais de 4 semanas anteriores ao inquérito
com os seguintes motivos: não têm instrução
suficiente, não sabem como procurar, não valer a pena procurar,
não haver empregos disponíveis; (3) Finalmente, o
subemprego visível inclui os empregados com
duração habitual de trabalho inferior à
duração normal do posto de trabalho (trabalham menos de 15 horas
por semana) mas que declararam desejar trabalhar mais horas (se o não
declararam são já considerados empregados em part-time).
Como facilmente se conclui, os incluídos nestas três rubricas
são efectivamente desempregados. E o que é que os dados do quadro
I revelam? Por exemplo, no 4º Trimestre de 1999 o número
oficial de desempregados (aquele número que é divulgado pelo INE
e pelos órgãos da comunicação social) era de
207.400, enquanto o número corrigido (mais próximo do real)
já era de 325.100 , ou seja, mais 117.700; e no 3º Trimestre de
2003 , o número oficial de desempregados era de 338.400 e o
número corrigido (mais próximo do real ) era já de
514.600, ou seja, mais 176.200. E isto tudo de acordo com dados constantes das
Estatísticas de Emprego publicada pelo próprio INE.
Por outro lado, de acordo também com os dados do quadro I , no 4º
Trimestre de 1999, a taxa desemprego oficial (aquela que é divulgada
pelo INE e pelos órgãos de comunicação social ) era
de 4,1% enquanto a taxa de desemprego corrigida (mais próxima do real )
era já de 6,4%; e, no 3º Trimestre de 2003, a taxa oficial de
desemprego era de 6,3%, enquanto a taxa de desemprego corrigida (muito mais
próxima do real) era de 9,5%; em resumo, a taxa de desemprego corrigida
é superior em mais de 50% à taxa oficial de desemprego, ou seja,
àquela que o INE e os órgãos de comunicação
social divulgam e que é conhecida pela opinião pública. E
recorde-se mais uma vez que se calculou a taxa de desemprego corrigida
utilizando dados obtidos e constantes de publicações do
próprio INE (Estatísticas de Emprego)..
Resumindo, o desemprego real em Portugal é certamente muito superior ao
desemprego oficial, e a evolução verificada mesmo na taxa oficial
de desemprego é já muito grave (entre o 4º Trimestre de 1999
e o 3º Trimestre de 2003, a taxa de desemprego oficial passou de 4,1% para
6,3%, ou seja, aumentou 53,6%)).
O NÚMERO DE DESEMPREGADOS EM PORTUGAL A RECEBER SUBSÍDIO DE DESEMPREGO
É UMA MINORIA
Tal como sucedeu com o quadro I, o quadro II também foi
construído com dados constantes das Estatísticas de Emprego
publicadas pelo Instituto Nacional de Estatística, portanto uma entidade
oficial
PERIODO |
Desemprego
Oficial |
Desemprego
Corrigido |
Desempregados
com subsidio |
Taxa de subsidiados
em relação ao nº de desempregados Oficial Corrigido |
4ºTrim. 1999 | 207.400 | 325.100 | 54.300 | 26,2% 16,7% |
1ºTrim. 2000 | 224.800 | 372.100 | 61.700 | 27,4% 16,6% |
2ºTrim. 2002 | 243.000 | 388.600 | 71.800 | 29,5% 18,5% |
3ºTrim. 2002 | 276.100 | 426.400 | 70.900 | 25,7% 16,6% |
2ºTrim. 2003 | 336.100 | 505.100 | 105.700 | 31,4% 20,9% |
3ºTrim. 2003 | 338.300 | 514.600 | 100.700 | 29,8% 19,6% |
Como os dados do Instituto Nacional de Estatística constantes do quadro
II revelam, apenas uma pequena percentagem dos desempregados está a
receber subsidio de desemprego. Em relação ao número
oficial de desempregados essa percentagem tem variado entre 25,7% e 31,4% dos
desempregados oficiais. Relativamente ao número corrigido de
desempregados, essa percentagem é muito mais baixa pois tem variado
entre 16,6% e 20,9%.
REFLEXÕES FINAIS SOBRE O DESEMPREGO EM PORTUGAL
Como se provou, utilizando dados publicados pelo próprio Instituto
Nacional de Estatística, o número oficial de desempregados assim
como a taxa de desemprego oficial estão certamente abaixo dos
verdadeiros valores do desemprego em Portugal.
O desemprego no nosso País é já um dos problemas sociais
mais graves, e está a crescer de uma forma rápida, sendo
também uma das causas mais importante do crescimento da pobreza. E
contrariamente àquilo que o discurso oficial pretende fazer crer, a
previsão para 2004 assim como no futuro é ainda de um maior
agravamento se a politica que está ser seguida não sofrer uma
rápida inversão
E isto porque, como consequência da obsessão para subordinar toda
a politica económica ao cumprimento do défice de 3%, que
países muito mais desenvolvidos como são a Alemanha e a
França se recusaram a respeitar para não hipotecar o futuro das
suas populações, o investimento em Portugal tem sofrido quebras
significativas e continuas (em 2003, prevê-se que a quebra no
investimento total tenha sido superior a -10% e no privado de -13,4%, em 2002
de -5,4% em 2002 e, em 2001, de -2,8%). E, como consequência desta
evolução negativa no volume de investimento, a capacidade
produtiva do País está-se a degradar (o fecho de inúmeras
empresas é prova disso), o atraso tem-se acentuado (Portugal no lugar de
convergir na UE15 está divergir, prevendo-se que em 2003 tenha passado
para último lugar mesmo depois da Grécia), e o País
certamente terá maiores dificuldades para enfrentar a concorrência
externa, acrescida com a entrada de mais dez países para a União
Europeia que terá lugar em Maio de 2004, a maior parte deles
competidores directos de Portugal.
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