Preço do petróleo fecha acima dos US$100 por barril
Líderes mundiais ignoram este sinal de escassez iminente
A ignorância da realidade conduz a desastres energéticos
O governo português nada faz para minimizar o impacto da crise que se
aproxima
É urgente substituir o consumo de petróleo por outros
combustíveis
Dois têrços do petróleo consumido em Portugal é gasto nos
transportes
por Gail o Actuário
O preço de fecho de US$100 por barril é um sinal de que os tempos
nunca voltarão a ser os mesmos. "O mundo está a
entrar numa nova era. Nesta nova era, a oferta de energia dominará a
paisagem política de um modo que não está a ser
reconhecido por qualquer dos candidatos presidenciais", segundo
TheOilDrum.com.
Nos últimos anos, jornais e revistas asseveraram aos cidadãos que
não haveria problema quanto ao futuro abastecimento de
petróleo. Alguns artigos sugeriram que os preços do
petróleo
seriam mais baixos no futuro, que eles poderiam até entrar em colapso
devido ao excesso de oferta.
Ultimamente, certos artigos publicados fizeram algumas ressalvas. Referiam-se
à
necessidade de aumentar o investimento, tanto na exploração como
na melhoria das tecnologias de produção. No entanto, os media
não
diziam que as taxas de retorno sobre os novos investimentos provavelmente
seriam muito baixas. Em algum momento tornar-se-á economicamente
desinteressante continuar a pesquisar em busca de pequenas quantidades de
petróleo e gás cuja extracção é dispendiosa.
O problema com que as companhias de petróleo se deparam
é que há um número finito de reservatórios de
petróleo, e muitos deles tem estado a produzir durante mais de 50 anos.
Em tempos, uma grande parte do petróleo que originalmente ali estava foi
extraída. O petróleo que se extrai agora sai vagarosamente e
muitas
vezes vem misturado com uma alta proporção de água.
A fim de manter a produção elevada, são feitos furos
adicionais no reservatório. Mas em algum momento a estratégia de
aumentar o número de furos para manter a produção deixa de
funcionar. A produção de petróleo de um campo que produz
há muito começa a declinar, não importa quantos novos
furos sejam efectuados.
Peak Oil Curriculum - Parte 1
Segundo Gail Tverberg, em TheOilDrum.com, "Este problema de se atingir o
declínio irreversível acontece para todas as regiões, tal
como acontece para campos individuais". Exemplo: a produção
de petróleo em 48 estados dos EUA atingiu o pico em 1970. A
produção estado-unidense desde então declinou de um
máximo de mais de 9,6 milhões de barris/dia para o nível
actual em torno dos 5 milhões de barris/dia (1 barril = 185 litros).
Mais recentemente, os campos de petróleo do Mar do Norte, do Alasca e do
México também começaram a declinar.
Quando cada vez mais áreas se esgotam, os campos mais pequenos
são trazidos à produção. Porque eles principiam
com menos petróleo, estes campos pequenos não perduram por tanto
tempo. A actividade da perfuração deve ser aumentada a fim de
encontrar campos ainda mais pequenos. Estes, por sua vez, esgotam-se ainda
mais rapidamente, exacerbando a necessidade de novos furos.
Segundo TheOilDrum.com, "O mundo está agora a atingir o ponto em
que o agregado, todos os campos de petróleo do mundo, estão a
chegar ao pico de produção". Quando o pico mundial da
produção se aproxima, pode-se esperar que a taxa de aumento da
produção de petróleo estagne devido ao constrangimento de
recursos. Isto pode acontecer mesmo com procura em ascensão. Uma vez
que a produção caia a menos do que é necessário,
pode-se esperar que os preços do petróleo aumentem, de modo a que
a procura seja ajustada à oferta disponível.
As consequências da escassez da oferta de energia podem ser
surpreendentemente grandes. A escassez de energia pode levar à
inquietação pública, tal como se verificou recentemente em
Myanmar. Em tempos de clima inclemente, a escassez de energia pode levar a uma
perda de oferta exportadora se o fornecedor considerar que a procura interna
está a consumir tudo o que está disponível. Os problemas
para os países importadores tornam-se então, subitamente, piores.
A escassez de energia pode perturbar indústrias básicas e levar a
declínios da divisa, como mostrou a recente experiência da
África do Sul.
A crise de energia na África do Sul
Segundo Gail Tverberg, "Preços mais altos da energia podem aumentar
os preços dos alimentos e podem afectar a capacidade das pessoas para
pagarem as suas hipotecas. Portanto, os preços da energia podem afectar
o sector financeiro".
Peak Oil Curriculum - Parte 2
Há agora um frágil equilíbrio entre a procura e a oferta
disponível. Todos aguardam o próximo anúncio da OPEP, a 5
de Março. Será que a OPEP reduzirá a
produção? Será que a deixará na mesma? Mesmo
neste país [EUA], qualquer incidente menor numa refinaria torna-se
motivo de
preocupação, e de um possível remoinho nos preços do
petróleo.
A produção mundial é agora cerca de 85 milhões de
barris/dia. Embora algum aumento deste nível possa ser possível,
é improvável que a produção diária alguma
vez chegue aos 90 milhões de barris/dia. "Algumas grandes
organizações previram uma futura produção mundial
de 120 milhões de barris/dia ou mais, mas estas estimativas não
são realistas", segundo TheOilDrum.com.
Nos próximos meses, o fecho do preço de referência a US$100
será perdido no debate sobre outras questões. Mas a
questão da oferta limitada de petróleo não é uma
questão que virá a ser ultrapassada. Ela, ao contrário,
aumentará firmemente de importância. Finalmente, haverá
clamores por acção, e por bodes espiatórios a culpar
a maior parte deles provavelmente dentro do primeiro mandato dos
candidatos presidenciais.
"Os candidatos presidenciais actualmente pouca atenção
prestam à política energética. Isto precisa mudar",
segundo TheOilDrum.com. Seria melhor se os candidatos pudessem mudar o seu
enfoque antes de os eventos os forçarem a mudá-lo. Até
então, contudo, os sinais da aproximação de uma crise
energética foram amplamente ignorados.
Acerca de The Oil Drum
The Oil Drum é uma comunidade baseada na web que discute todos os
aspectos da energia desde o científico e tecnológico
até os seus impactos sociais e geopolíticos. Os seus editores e
leitores provêm de muitos disciplinas na academia e na indústria.
The Oil Drum tem uma equipe de mais de 20 pessoas, incluindo aqueles dos
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A organização superior de The Oil Drum é o Institute for
the Study of Energy and Our Future. O Instituto é financiado unicamente
por contribuições privadas e rendimento publicitário do
sítio web The Oil Drum.
Mais informação acerca do Pico Petrolífero e os seus
impactos sobre a segurança energética está
disponível no sítio web The Oil Drum (
www.theoildrum.com
).
O original encontra-se em
http://www.theoildrum.com/node/3649
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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