Reparar a energia, reparar a economia
"uma importante oportunidade que não deveria ser
desperdiçada"
Ultimamente tem havido muita discussão quanto à perspectiva para
os preços do petróleo e do gás, dada a crise de
crédito. Centenas de milhões foram investidos em novas
plataformas perfuradoras, alugueres, pessoal e outras infraestruturas. A
preocupação no Canadá é que a
deliverability
[1]
acrescida da gasolina de xistos betuminosos e a destruição da
procura induzida pela crise de crédito podem criar um agudo e destruidor
declínio do preço. Ao mesmo tempo, a
Fortune
recentemente publicou um artigo em que Matt Simmons prevê "
US$500 por barril
".
Então, qual é a resposta? O barril vai estar a US$50 ou US$500?
Como de costume, não há resposta simples. Há simplesmente
muitas coisas em andamento. O que se segue é uma tentativa de
traçar alguns dos factores chave.
Tema dominante: Tal como publicado anteriormente (e como uma paráfrase
das sábias palavras de Tom Whipple da
ASPO-USA
), "O esgotamento do
petróleo mundial está numa corrida com a destruição
da procura". Os preços actuais do petróleo indicariam que a
destruição da procura induzida pela crise de crédito
actualmente está a prevalecer. Dados recentemente publicados pela EIA
mostra
uma queda da procura de 6,4% em Julho de 2008, em relação
àquela de Julho de 2007.
O que poderia afectar/interromper a destruição da procura ao
longo destes próximos anos?
-
Alguma espécie de acontecimento militar, o qual pode ser
facilmente imaginado, que pudesse fechar o Estreito de Ormuz ou
danificar outros gargalos ou instalações. Este cenário
é provavelmente o único (salvo a hiper-inflação)
que poderia resultar no preço de US$500 de Matt Simmons, nestes
próximos anos.
-
A Venezuela, Nigéria e México são os 3º, 4º e
5º maiores fornecedores de petróleo bruto dos EUA. No fim de
Setembro, Chavez estava em conversações com os chineses para
reforçar as exportações do actuais 250 mil b/d para 1
milhão de b/d em 2012. Os EUA actualmente importam cerca de 1,2
milhão de b/d da Venezuela, de modo que se pode presumir que o aumento
chinês seria a expensas dos EUA. Enquanto isso, a Nigéria parece
prestes a explodir, literalmente, a qualquer momento. E o México
está a cambalear com o seu "Peak Oil", Cantarell, cuja
produção ultimamente tem declinado 30% de ano para ano. Minha
suposição é que o México terá de cessar
todas as exportações cerca de 2010!
-
O pipeline BTC (Baku-Tiflis-Ceyhan) dentro/próximo da Geórgia
está programado para transportar uns 840 mil b/d no resto de 2008, e a
seguir 1 milhão b/d em 2009. Obviamente, ele está sujeito a
algum dano efectuados pelos russo. Este petróleo primariamente abastece
a UE.
-
A tendência de grupo na conferência efectuada recentemente pela
ASPO-USA parece ter sido que o gás natural pode estar com abastecimento
restrito dentro dos próximos poucos anos. Duas razões.
Primeiro, parece que devido a atrasos/retracção da propostas
centrais a carvão (devido a protestos), a empresas produtoras de
electricidade estão a ser forçadas a considerar simples centrais
a gás natural de ciclo combinado como a sua solução a
curto prazo para atender à procura. Andy Weissmann e outros acreditam
que todos podem estar a contar com o mesmo gás, o qual pode não
estar ali. Segundo, outros acreditam que a produção de
gás de xisto não é sustentável no futuro
próximo. (Este autor acredita que o gás de xisto bem como outras
fontes não convencionais e convencionais de gás natural pode, de
facto, fornecer bastante gás para aumentar a capacidade geradora [de
electricidade] bem como para a substituição de uma parte da
gasolina e do diesel utilizado em veículos ao longo, digamos, de
um prazo de 10 a 20 anos.) Também se percebe que outros grupos
acreditem que pode haver a curto prazo uma abundância de gás
natural, devido a substanciais perfurações para gás de
xisto e novos terminais metaneiros para gás natural liquefeito (GNL).
Em resumo, tudo indica que a destruição da procura pode mascarar
a realidade do Pico Petrolífero por algum tempo, talvez por uns poucos
anos. Este "adiamento da execução" constitui
uma importante oportunidade que não deveria ser desperdiçada.
Nomeadamente, os próximos 24 meses deveriam ser utilizados para
implementar rapidamente:
-
a conservação da energia (é aqui que podemos obter o
maior resultado, em pouco tempo)
-
aperfeiçoamentos do transporte de massa (provavelmente autocarros
optimizados e esforços para a partilha de carros,
carpooling
)
-
veículos a gás natural
e postos de abastecimento de gás
natural comprimido (começar com frotas para resolver o impasse
procura-oferta)
-
expansão da perfuração para gás natural (resolver
problemas de infraestrutura e abastecimento)
-
energia eólica (acabar com a trapaça do crédito fiscal
corrigir isso num período de tempo razoável)
-
investigar o armazenamento de electricidade em veículos
(eficácia de custos e confiabilidade das baterias ou de outros
dispositivos)
-
concepção e produção de carros mais eficientes
(mais leves, mais pequenos, híbridos plug-in e diesels)
-
perfuração offshore (mar da Costa Oeste, da Costa Leste e da
Costa da Florida)
-
investigação de biocombustíveis (etanol
celulósico de enzimas e com base na pirólise,
produção de óleo com base em algas)
-
centrais nucleares (tramitação rápida e padronizada da
concepção, licenciamento e construção,
utilização de reactores reprodutores
(breeders)
e reprocessamento para minimizar resíduos)
-
centrais termoeléctricas a carvão (utilizar a tecnologia de
carvão limpo com melhor custo-benefício)
-
inovações no solar térmico e suas
implementações
-
instalações geotérmicas e recuperação de
calor residual
As boas notícias? Parece que ambos os candidatos presidenciais
concordam com a maior parte do acima dito. De facto, um grupo refere-se
à sua solução energética como a
solução "tudo o que está acima".
Além disso, pelo menos um grupo avançou, embora não muito
articuladamente, que "a energia é a solução para a
economia".
O que significa isto?
Bem, apesar da minha aversão pessoal a envolvimento adicionais do
governo, a matéria de facto é que enfrentamos tanto um abismo
económico como um abismo energético. O tempo é escasso,
tanto para a economia como para o petróleo. Ao invés de gastar
um milhão de milhões (trillion) de dólares a comprar
derivativos tóxicos, ou numa guerra, estes fundos seriam mais bem gastos
a ajudar a empresa privada a saltar para as técnicas de
conservação acima mencionadas e na investigação de
energia alternativas e sua implementação. A
utilização dos nossos dólares fiscais ganhos duramente
para ajudar a acelerar estas iniciativas criaria empregos e novos
negócios. A moral da história é que resolver o problema
da energia o qual tem de ser tratado de qualquer forma, e logo
é a solução perfeita para resolver a
deslocação do consumo e do crédito que agora
começamos a experimentar. Haveria um terceiro e importante
benefício. A conservação de energia, a
utilização acrescida de gás natural e a
implementação de energia alternativas ajudariam a reduzir as
emissões de CO2.
07/Outubro/2008
[*]
Deliverability:
O conceito refere-se ao número de anos durante os quais
um gasoduto pode cumprir seus compromissos anuais de entrega de gás.
[*]
Profissional com 25 anos de experiência na produção de
petróleo e gás. Ex presidente do Capítulo de Houston do
American Petroleum Institute (API). Member of American Society of Mechanical
Engineers (ASME), Society of Petroleum Engineers (SPE), American Solar Energy
Society (ASES), Association for the Study of Peak Oil (ASPO-USA).
O original encontra-se em
http://peakopps.blogspot.com/2008/10/oil-and-gas-prices-given-credit-crisis.html
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
.
|