A inconsciência quanto ao Pico Petrolífero resulta da sua
ocultação
Um número que vale mil palavras
Que país é este, Portugal? Pequenos pormenores, perdidos no
quotidiano do
infotainment,
dão por vezes mais indicações sobre um estado ou um povo
que qualquer ensaio analítico. E neste caso, a realidade revelada por
uma simples computação é grotesca. Há
números que por si só assombram quando colocados no devido
contexto.
Os media noticiaram ontem um incrível
aumento de 40% nas vendas de automóveis ligeiros de passageiros durante
2010
em Portugal, para um total de cerca de 223 500 viaturas. Este número
não é um recorde, mas só em 2002 se venderam mais
automóveis desta categoria que no ano passado. E quanto mais caros
melhor, marcas de luxo registaram aumentos de vendas na ordem dos 90%. Mas
passe-se ao contexto, assumindo um valor médio de 30 mil por
viatura (que olhando à explosão nos automóveis de luxo
deverá ser conservador), o total gasto pelos portugueses em
automóveis ligeiros em 2010 rondará 6 700 milhões de
. E fora deste valor estão os ligeiros comerciais e os pesados.
Este número obsceno é mau por duas razões: em primeiro
lugar por ir em grande parte para fora de Portugal (exceptuando os impostos),
agravando o défice comercial e a dívida externa, e depois por
mostrar o desnorte em que está hoje a Política Energética
e de Transportes do país. Contextualizando: o custo total das
ligações de alta velocidade de Lisboa ao Porto e de Madrid a
Lisboa estavam orçamentadas em menos de 6 000 milhões de .
Perante a demonização do TGV durante a última
década por parte dos media e da maioria dos agentes políticos,
que já conseguiu suspender as ligações a Vigo, Sevilha e o
eixo Porto Lisboa, este número cai incrivelmente mal. Nas
últimas eleições legislativas apenas dois partidos
indicavam nos seus programas de governo a intenção de ligar
Portugal à rede de alta velocidade europeia; um deles não
conseguiu assentos parlamentares. E isto não é uma mera
coincidência política, é o resultado da vontade de uma
sociedade que prefere gastar individualmente 6 700 milhões de num
só ano em veículos ultrapassados que colectivamente 6 000
millhões de euros ao longo de 36 anos na mobilidade do futuro.
Certamente que a ligação à rede de alta velocidade
europeia pode ser questionada de um ponto de vista técnico. Será
a tecnologia francesa a melhor? A mais barata? Porquê ligar primeiro
Lisboa a Madrid, esquecendo a ligação aos Pirenéus que
é a mais importante? Mas estrategicamente é impossível
continuar a defender a política de transportes assente no
alcatrão e no motor de combustão interna. Quanto esperam os
portugueses pagar pela gasolina e o gasóleo em 2020? Em 2030? Em 2040?
A ferrovia de alta velocidade é algo como muitas outras coisas: funciona
em Itália, funciona na Alemanha, funciona em França, funciona em
Espanha, mas quando passa a fronteira para Portugal deixa de funcionar. Existem
outros exemplos: o dia sem carros, as ciclovias, os transportes colectivos, e
também noutras áreas como exemplifica a relutância social
em abraçar o código aberto. Será que são os outros
que estão todos errados e apenas Portugal está certo?
05/Janeiro/2011
O original encontra-se em
http://www.picodopetroleo.net/visto-do-pico/umnumeroquevalemilpalavras
Ver também:
Vendas de automóveis no ano passado são as melhores desde 2002
04.01.2011 - 09:43 Por Inês Sequeira,
Público
Portugal foi fortemente afectado pela crise económica em 2010, mas o ano
que agora terminou foi o melhor dos últimos oito para o sector
automóvel, que não registava vendas tão elevadas desde
2002, indicam os dados ontem publicados pela ACAP-Associação
Automóvel de Portugal.
Entre Janeiro e Dezembro comercializaram-se 223.491 ligeiros de passageiros, o
que representou uma subida de 38,8 por cento face a 2009. Este número
só tinha sido melhor em 2002, quando o mercado registou 228.574 ligeiros
comercializados.
Além de representar uma boa notícia para as marcas
automóveis, que em 2009 tinham sido abaladas por uma quebra de 25 por
cento nas vendas - o que tinha transformado esse ano no "período
negro" das duas últimas décadas - a
recuperação do mercado no final de 2010 também virá
dar uma ajuda aos indicadores globais de consumo, uma vez que o sector tem um
peso importante neste domínio.
Dezembro foi aliás, só por si, um mês de grande subida de
vendas no mercado automóvel, que conseguiu crescer 61,9 por cento nas
vendas de ligeiros de passageiros face ao último mês do ano
anterior (para um total de 28.142 unidades) e 54,3 por cento no mercado em
geral, incluindo os comerciais ligeiros e os veículos pesados.
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Reflexo da actual repartição do rendimento nacional:
Venda de automóveis de luxo acelera em ano de crise
03 Janeiro 2011 | 17:47
Ana Luísa Marques - anamarques@negocios.pt,
Jornal de Negócios
A crise económica e financeira que se viveu durante o ano 2010
não impediu um aumento da procura de carros de luxo. Marcas como a
Porsche viram as vendas aumentar em 88%.
No total, as vendas de sete marcas de luxo representadas em Portugal (Porsche,
Jaguar, Ferrari, Aston Martin, Lamborghini, Bentley e Maserati) aumentaram em
50% para um total de 785 unidades, de acordo com os números da
Associação Automóvel de Portugal referentes a 2010.
Neste período, a Porsche vendeu mais 220 veículos do que 2009, o
que representa uma subida de 88,4%, para um total de 469 carros vendidos.
Logo a seguir surge a Jaguar, que no ano passado vendeu um total de 258
veículos, mais 63 do que em 2009.
Já a Lamborghini aumentou o número de veículos vendidos de
quatro para seis, o que representa um aumento de 50% face a 2009.
As restantes quatro marcas viram o número de veículos vendidos
cair em 2010. A Ferrari vendeu menos oito veículos do que em 2009, a
Aston Martin menos cinco, a Bentley menos sete e a Maserati menos três.
in
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=461099
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[*]
Investigador, IST.
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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