por Miguel Urbano Rodrigues
Neste Outono do ano 2008 a crise do sistema financeiro mundial adquiriu as
proporções de uma crise de civilização que atinge
toda a humanidade
O seu desfecho é por ora imprevisível. A única certeza
é a de que milhares de milhões de pessoas vão pagar a
factura da falência do capitalismo neoliberal e da ideologia a ele
subjacente, enquanto os responsáveis pela crise pouco ou nada
serão afectados, no imediato, pelo naufrágio da monstruosa
engrenagem por eles montada.
O vento de pessimismo que varre o planeta já chegou obviamente a
Portugal. Perversa é, porém, a forma que assume num amplo sector
da classe dominante a reacção ao tsunami financeiro que abala os
alicerces da economia real.
Diariamente os meios de comunicação social, sobretudo a imprensa
escrita, reflectem, numa visão catastrófica da sociedade
portuguesa, o grande medo do futuro próximo que alastra no mundo caseiro
da finança.
O sistema de mediações não facilita a compreensão
do quadro. Isso porque os tenores do catastrofismo não são os
sacerdotes do dinheiro, os Belmiro, os Amorim, os Mello e outros, que se
mantém na penumbra, mas os porta-vozes do poder que actuam no sistema
mediático como formadores de opinião.
Desde o início da crise os analistas políticos e os colunistas de
serviço nos principais jornais e em programas televisivos insistem em
apresentar um panorama apocalíptico não dos efeitos da derrocada
do sistema financeiro (rezando por outro também capitalista que o
substitua) mas de Portugal como Estado nação.
Não tentam descer às raízes da crise. Para eles é
acessório que seja estrutural ou simplesmente cíclica. Concluem
em coro afinado que qualquer que seja a sua evolução nos EUA e na
União Europeia, não se vislumbra saída para nós.
Porque o mal, aqui, é incurável. O cancro cujas metástases
se disseminam por todo o organismo social será antigo. É afinal o
próprio povo. Portugal seria inviável. Teria nascido de um erro
imperdoável. Não é por acaso que o espantalho do iberismo
volta a ser desfraldado.
Colunistas de serviço nos principais jornais produzem metros de prosa
impregnada de agressividade antipopular, repetem-se a cada dia. Portugal
é acusado de não ter acompanhado o movimento da história,
de ter permanecido quase imóvel enquanto os outros se modernizavam e
avançavam.
A artilharia verbal dos plumitivos da burguesia dispara contra o povo,
responsabilizado pela incapacidade de sairmos da rabeira da Europa.
No coro de comentários sobre a crise e as suas origens remotas, os
políticos do PS assumem uma atitude igualmente maximalista e
beócia. Proclamam exaustivamente que o governo de Sócrates tem
realizado prodígios, a Administração
"socialista" seria progressista, inovadora, patriótica. Se
mais não fez foi por incompreensão do povo, incapaz de captar a
dimensão da obra realizada. E se as coisas agora vão mal, a culpa
é de outros, da crise internacional.
O sistema mediático apresenta uma frente única na difusão
da mentira, nas explicações falsas da crise e nos remédios
propostos para a resolver, todos orientados para a preservação do
capitalismo. No discurso de sociólogos, economistas, historiadores,
ministros e parlamentares chamados à televisão para esclarecer a
"massa ignorante" da população, o povo não
aparece como personagem. Está ausente.
Os porta-vozes e epígonos caseiros do grande capital, cúmplices
do caos financeiro e social que alastra pelo mundo, desprezam os trabalhadores
O povo resiste e luta
O panorama social da crise não é iluminado pelos media, porque
isso seria perigoso para os senhores da finança.
O mundo do trabalho, explorado, caluniado e alvo de uma repressão
permanente (que, assume múltiplas facetas) é na realidade quem
encarna neste momento histórico o carácter, a tenacidade e as
aspirações que permitiram à gente portuguesa modelar ao
longo dos séculos uma personalidade nacional.
Em condições muito adversas os trabalhadores portugueses
têm resistido com coragem e firmeza à ofensiva desencadeada contra
os seus direitos pelo governo mais reaccionário que o país
suporta desde o derrubamento do fascismo.
Em poucos países da Europa o repúdio às políticas
neoliberais e à submissão a medidas e projectos de cariz
imperialista se expressou com tanta firmeza e coerência como em Portugal.
Repetidas e gigantescas manifestações que, por vezes mobilizaram
cerca de 200 mil pessoas traduziram a recusa de uma estratégia de poder
antidemocrática, incompatível com princípios e valores de
Abril que figuram na Constituição da República.
Em Portugal, como noutros países, as forças progressistas mais
consequentes, sobretudo os comunistas, estão conscientes de que a
globalização neoliberal, hegemonizada pelos EUA, encaminhou a
humanidade para uma crise de dimensão planetária.
Somos protagonistas do fim de uma época. Os próprios
responsáveis pela crise reconhecem que somente o recurso à
intervenção maciça do Estado na economia pode evitar uma
bancarrota generalizada, com os gigantes da finança a afundarem se numa
cadeia de falências. Esse regresso (caricatural) a Keynes, que fora quase
satanizado com a ressurreição do ultra liberalismo de Hayek e a
apologia do Estado Mínimo, é esclarecedor da
desorientação e medo dos senhores da Finança.
Como a crise é estrutural e não apenas cíclica como as
anteriores confirmando previsões de autores marxistas como
István Mészaros e Georges Labica as medidas tomadas pelos
governos do G8, transformados em bombeiros do capital, são apenas
paliativos. A recuperação das bolsas e do dólar geram a
ilusão de que tudo vai voltar rapidamente à normalidade,
entendida esta como um reflorescimento do capitalismo sob um novo figurino.
Tal convicção é enganadora. A economia real nos EUA, no
Japão e na União Europeia vai continuar a afundar-se em
proporções no momento imprevisíveis. Os despedimentos
maciços em dezenas de gigantescas transnacionais, os apelos angustiados
dos grandes da indústria automóvel e aeronáutica à
ajuda estatal e o encerramento de milhares de empresas ligadas à
construção e ao comércio funcionam como espelho da
gravidade e complexidade de uma crise de muito longa duração.
Mas o fim do capitalismo não está iminente. Seria uma ingenuidade
acreditar no seu rápido desaparecimento.
Entrou numa fase senil, a lógica da acumulação não
pode mais funcionar nos moldes tradicionais e a finança terá de
renunciar a uma estratégia que fez da especulação a
alavanca de ganhos fabulosos, relegando o binómio
trabalho-produção a um papel secundário na engrenagem do
capital. Mas a certeza de que somente o socialismo surge como alternativa ao
avanço galopante da barbárie não pode magicamente apressar
a agonia do capitalismo.
Grandes sofrimentos essa é outra certeza esperam a
humanidade no futuro próximo. Sofrimentos que serão diferentes de
continente para continente, de país para país, como diferentes
serão as características da luta dos povos contra o sistema que
continuará a impor-lhes a sua dominação.
São românticas as teses que confundem revoluções
democráticas e nacionais como a da Venezuela e a da Bolívia com
processos de transição para o socialismo. E essas
experiências cuja evolução suscita legítimas
preocupações não são transponíveis para
outros continentes.
Na Europa, rupturas no sistema de poder que permitiram politicas
anti-imperialistas como de Hugo Chávez e reformas que golpearam o
capital, não são viáveis. Elas exigem o controlo do
governo, do Legislativo e a adesão firme das forças armadas. Ora
essa situação não se verifica em qualquer pais do Velho
Continente. Nem os mecanismos da União Europeia permitiriam que ela se
produzisse.
O caminho da luta
Milhares de portugueses formulam nestes dias a pergunta: O que nos espera para
além do pagamento da factura da crise?
A perversão de um sistema mediático manipulador e ao
serviço do capital não facilita a procura da resposta.
Perante um horizonte sombrio, é permanente a tentação de
sugerir que, apesar de tudo, há soluções parciais para os
males que nos afligem.
Sem disso tomarem consciência, muitos intelectuais progressistas repetem
na Europa o discurso de E. Bernstein, o pai do revisionismo marxista e do
moderno reformismo.
Nunca como agora foram tão necessárias e importantes na UE as
lutas reivindicativas dos trabalhadores contra as políticas que lhes
são impostas por governos a serviço do capital. Mas lutar em
defesa de direitos e por reivindicações legítimas é
uma coisa e acreditar que reformas de fundo susceptíveis de abalar
minimamente o poder do capital é outra muito diferente.
O capital, quando acossado e na defensiva, admite reformas Bismark
até tomou a iniciativa de as propor e implementar para desmobilizar os
trabalhadores mas somente reformas compatíveis com a
lógica do seu funcionamento.
A crise coloca os povos por ela atingidos, nomeadamente na Europa Ocidental,
perante uma situação dilemática. A relação
de forças, da Suécia à Itália, de Portugal à
Grécia, não abre a possibilidade de que a crise actual desemboque
em rupturas revolucionárias. Mas, simultaneamente, a
transformação profunda das sociedades da UE, moldadas e oprimidas
pelo capitalismo, não é possível pela via institucional,
dita pacífica.
A burguesia nunca entrega o poder sem uma confrontação final com
as forças do progresso.
Sejamos realistas. No caso português, fora do contexto de uma crise de
proporções continentais, os partidos que representam o capital
continuarão a vencer todas as eleições. A
alternância no governo do PS e do PSD ilustra bem o controlo que a classe
dominante exerce sobre os mecanismos eleitorais da impropriamente chamada
democracia representativa que na prática funciona como ditadura da
burguesia.
Os dois partidos, PS e PSD, diferem pelas suas bases sociais de apoio. Mas
ambos desenvolveram sempre políticas de direita orientadas para a defesa
dos interesses do capital.
Alarmados com a crise, mudaram de linguagem e, acompanhando o discurso de
Bruxelas, distanciam-se do ultra liberalismo que meses atrás proclamavam
ser a solução democrática e definitiva para os problemas
da humanidade. Mas é importante não esquecer que as
direcções do PS e do PSD são instrumentos dos interesses
do capital. E não se vislumbra a possibilidade de que essa
situação se altere.
É um facto que após o 25 de Novembro, ou seja desde o
início da contra-revolução, dirigentes do PS
distanciaram-se em determinados períodos do discurso oficial do seu
partido, assumindo posições que os media definiram como sendo de
"esquerda". Ocorreu isso, por exemplo, quando Mário Soares
o principal coveiro da Revolução de Abril passou a
criticar facetas da estratégia dos EUA e a apontar os perigos do
ultra-neoliberalismo.
Mas é significativo que o temor de explosões sociais provocadas
pela actual crise o tenha imediatamente levado a retomar o discurso
anticomunista, exorcizando Marx, Engels, Lenine e "tutti quanti", ou
seja, traduzindo do italiano, comunistas como Álvaro Cunhal, Florakis,
Arismendi.
Manuel Alegre cumpre um papel complementar, exibindo uma máscara de
"esquerda" em defesa da imagem falsamente pluralista do PS, mas ao
longo da sua longa carreira, quer no governo quer no Parlamento, tornou-se
cúmplice consciente das politicas de direita do seu partido.
A esquerda em Portugal, no terreno partidário, são o Partido
Comunista e os seus aliados.
Recordo a realidade da opção permanente dos partidos da burguesia
portuguesa (o CDS é o herdeiro anacrónico do saudosismo fascista)
para lembrar que qualquer mudança na composição do
Parlamento não alterará no fundamental o comportamento do PS e do
PSD como representantes do grande capital. A convicção de que,
através das urnas, pode surgir um governo do PS que, sob a
pressão das massas, desenvolva uma política que responda mesmo
minimamente aos interesses do povo português é utópica.
Utópica é também a ideia de que se pode esperar uma
actuação positiva do Bloco de Esquerda, amálgama de
pequenos burgueses enraivecidos cada vez mais integrado no sistema.
Condensar numa série de pontos exigências da esmagadora maioria
dos portugueses, imprescindíveis a uma desejável mudança
de rumo que trave a marcha para o abismo é uma
contribuição necessária para dissipar a confusão
criada pelo bombardeamento da mentira oficial e como factor de
mobilização das massas para a luta. Mas sem incentivar
esperanças de alterações de fundo no tipo de politica e
governo impostos pelo capital.
No actual contexto a presença de uma forte representação
do PCP no Parlamento é importante. Quanto mais numerosa ela for, maior
ressonância terá a nível nacional a voz dos comunistas e a
difusão do seu projecto revolucionário e humanista. Mas existe
uma relação complexa entre a intervenção a
nível parlamentar dos comunistas e a capacidade mobilizadora do Partido
e o seu trabalho junto dos sectores sociais mais combativos da
população. O discurso para ser eficaz, para inspirar não
apenas confiança mas funcionar como impulsionador de uma disponibilidade
permanente para lutas prolongadas terá de ser dirigido sempre "de
fora" do sistema e frontalmente contra ele, sem a menor concessão,
e nunca de "dentro", numa postura crítica que possa ser
interpretada como tendo por objectivo a sua humanização.
Não devemos esquecer que a socialdemocratização de muitos
partidos comunistas favoreceu na Europa a implementação do
neoliberalismo. A criação do chamado Partido da Esquerda Europeia
(a que o Partido Comunista Português e o Partido Comunista da
Grécia, significativamente, não aderiram) não incomodou a
grande burguesia. Tal partido pode pelo seu pendor abertamente reformista
contribuir para desmobilizar os trabalhadores, em vez de os incentivar à
luta contra o sistema.
A diferença entre o actuar de "fora" ou de "dentro"
parece mínima, mas é fundamental.
Em Portugal a primeira atitude dissipa ilusões sobre a disponibilidade
de o PS renunciar a políticas de direita e participar (não excluo
a adesão de militantes seus) em lutas socais dirigidas contra o sistema;
a segunda alimenta tais ilusões.
O reforço das posições comunistas no Poder Local
afigura-se-me de grande importância. Na maioria das Câmaras
Municipais governadas pela CDU a transformação positiva da vida
é transparente. Esses municípios são autênticos
laboratórios sociais onde a participação dos
cidadãos é uma realidade. Em muitos deles até os eleitores
da direita votam no candidato comunista. O que é impossível nas
legislativas pode concretizar-se no terreno autárquico.
O QUE FAZER?
Não é optimista o panorama que esboço. Mas o compromisso
dos revolucionários exige o respeito pela verdade, por mais
decepcionante que seja a curto prazo o futuro previsível.
As transformações sociais revolucionárias nunca se
concretizam arrancando de promessas agradáveis mas incompatíveis
com a dura realidade.
Em épocas de crise profunda como a actual as previsões sobre a
aceleração da história no sentido do progresso são
frequentes, tal como as apocalípticas. Ambas têm de comum o seu
carácter especulativo.
O discurso sobre a transição para o socialismo, sobretudo na
América Latina, tornou-se quase uma moda. Em Caracas, em recente
Encontro Internacional, falou-se inclusive, por vezes com irresponsabilidade,
de transições em curso para o socialismo no continente e
até em África. É um discurso idealista, não
marxista.
A transição para o socialismo é um processo molecular
lentíssimo que avança no contexto de uma luta de classes
exacerbada.
Lenine afirmou logo após a vitória da Revolução de
Outubro que a construção do socialismo seria muito mais
difícil do que fora a tomada do poder. E a historia confirmou essa
previsão.
A insurreição dirigida pelo Partido Bolchevique foi alias o
culminar de um processo de lutas revolucionárias iniciado muitos anos
antes. O socialismo em prazo previsível não figurava no projecto
comunista quando eclodiu a Revolução de Fevereiro.
A inflexão estratégica produziu-se com as Teses de Abril,
formuladas por Lenine ao regressar do exílio. E somente foi
possível porque a I Guerra Mundial criou as condições
subjectivas que permitiram a irrupção do vendaval
revolucionário.
É oportuno repetir a velha pergunta:
O que fazer então, uma vez que a meta do socialismo está
distante?
O panorama actual é tão sombrio que a desorientação
e o temor do futuro contaminam mesmo segmentos das forças progressistas.
Há dias, uma amiga que sempre votou na CDU, que tem participado em
grandes manifestações de condenação da
política de direita de Sócrates, dizia-me:
"O povo está certo ao dizer que mais vale o mal conhecido do que o
bom por conhecer. Prefiro que eles, os capitalistas, resolvam esta crise do que
o caos em que podemos cair".
Um velho companheiro de lutas disse-me permanecer fiel ao ideal comunista, mas
ter medo do fim do capitalismo.
Não creio que esse tipo de atitude seja raro entre gente progressista.
Não estamos no limiar de um período revolucionário. A
simples possibilidade de que a crise do sistema financeiro mundial (e do
capital) possa ser o prólogo de uma época de grande
turbulência que abale os alicerces do sistema monstruoso que oprime a
humanidade, mas gere o caos, funciona como anestesiante que paralisa o
espírito de luta de milhões de pessoas que o rejeitam. Não
se encontram reunidas condições subjectivas mínimas para
que a classe operária, a pequena burguesia e menos ainda os camponeses
se encaminhem na luta para soluções revolucionárias.
Repito: o que fazer?
Lutar, lutar com energia redobrada.
Não são apenas a falência do sistema financeiro mundial, a
recessão que alastra nos países do G-7, o encerramento de
milhares de empresas em dezenas de países, que iluminam a gravidade e a
fragilidade da crise estrutural do capitalismo.
O sistema do capital dispõe de uma força enorme. Mas não
pode mais funcionar de acordo com a sua lógica. Os EUA, pólo e
motor do sistema, estão envolvidos em duas guerras perdidas no
Médio Oriente e na Ásia Central. Na América Latina
desenvolvem-se processos de ruptura com a dominação imperial. Na
Europa anunciam-se num horizonte próximo grandes lutas
inseparáveis das consequências da crise que vão
lançar milhões de trabalhadores no desemprego.
No movimento da História a maré da contestação ao
sistema tende a subir. Da luta dos povos, da fusão do particular e do
geral, do nacional e do universal depende que essas lutas adquiram um
carácter torrencial, assumindo com o tempo dimensão
planetária numa atmosfera de internacionalismo dinamizado pelas
organizações e partidos revolucionários.
A exploração do homem, como escreveu Marx, foi durante sete mil
anos o motor cego e desumano do desenvolvimento das sociedades. Mas essa
situação tornou-se hoje um obstáculo mortal não
somente ao avanço do progresso mas à própria
sobrevivência da humanidade.
E a alternativa, a única, à ameaça de exterminismo que se
esboça com nitidez crescente é o socialismo.
Vai tardar. Não tem data no calendário. Sei que terei
desaparecido quando ele, finalmente chegar, para libertar o homem. Mas lutarei
por ele até que a morte me atinja. O compromisso do
revolucionário não é com os frutos da vitória e sim
com os ideais pelos quais se bate e que transcendem a sua breve
existência.
Vila Nova de Gaia, Novembro/2008
O original encontra-se em
http://www.odiario.info/articulo.php?p=932&more=1&c=1
Este artigo encontra-se em
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