A redescoberta do imperialismo

por John Bellamy Foster [*]

Este texto foi originalmente escrito como introdução aos Ensaios sobre o imperialismo e a globalização , de Harry Magdoff, que deverá ser publicado na Índia pela Cornerstone Publications.

John Bellamy Foster O conceito de “imperialismo” foi considerado fora do limite aceitável do discurso político dentro dos círculos dirigentes do mundo capitalista durante a maior parte do século XX. A referência a “imperialismo” durante a guerra do Vietname, não importando se realista ou não, era quase sempre sinal de o autor estar do lado esquerdo do espectro político. Numa introdução à edição americana de 1971 Imperialismo nos anos setenta de Pierre Jalée, Harry Magdoff observou, “Como regra, os académicos polidos preferem não usar o termo 'imperialismo'. Consideram-no desgostante e não científico”.

Hoje, repentinamente, isto deixou de ser verdadeiro. Os intelectuais americanos e a elite política estão calorosamente a abraçar de forma aberta a missão “imperialista” ou “neoimperialista” dos Estados Unidos, reiteradamente enunciada em publicações de prestígio como o New York Times e a Foreign Affairs . Este fervor imperialista deve-se muito à “Guerra ao Terrorismo” da administração Bush, que está a assumir a forma de conquista e ocupação do Afeganistão e – se as suas ambições forem cumpridas – do Iraque. De acordo com a Estratégia de Segurança Nacional da administração Bush, não há limites ou fronteiras reconhecidas ao uso do poder militar a fim de promover os interesses dos Estados Unidos. Face a esta tentativa de expandir aquilo a que só se pode chamar de Império Americano, intelectuais e figuras políticas estão não só a regressar à ideia de “imperialismo”, como à visão da mesma proposta pelos seus antigos promotores do século XIX, ou seja, como constituindo uma grande missão civilizadora. Comparações dos Estados Unidos com a Roma Imperial e com o Império Britânico são agora comuns na imprensa de referência. Tudo o que é preciso para torná-la plenamente aproveitável é libertar o conceito das suas velhas associações marxistas de hierarquia económica e de exploração – para não mencionar o racismo.

De acordo com Michael Ignatieff, Professor de Política de Direitos Humanos na Kennedy School of Government da Universidade de Harvard em artigo no New York Times Magazine (28/Jul/2002) “[O] imperialismo costumava ser o fardo do homem branco. Isto deu-lhe má reputação. Mas o imperialismo não deixa de ser necessário só porque é politicamente incorrecto”. Referindo-se às operações de guerra dos Estados Unidos no Afeganistão ele afirma: “As forças especiais não são assistentes sociais. São um destacamento imperial, avançando o poder e os interesses americanos na Ásia Central. Chamem a isso manter a paz ou construir uma nação, chamem o que se quiser, política imperial é o que está em marcha em Mazar. De facto, toda a guerra americana ao terrorismo é um exercício de imperialismo. Isto pode ser um choque para os americanos, que não gostam de pensar no seu país como um império. Mas o que mais se pode chamar às legiões de soldados, espiões e Forças Especiais americanos a cavalgar o globo?” G. John Ikenberry, professor de Geopolítica e Justiça Global na Universidade de Georgetown e colaborador regular da Foreign Affairs , publicada pelo Council on Foreign Relations, escreve nessa publicação (Setembro/Outubro de 2002):

“Nas sombras da guerra ao terrorismo da administração Bush, novas ideias abrangentes estão a circular acerca da grande estratégia americana e da reestruturação do mundo unipolar de hoje. Elas apelam ao direito unilateral e preferencial, até mesmo preventivo, de usar a força, facilitada se possível por coalizões de vontades — mas em última análise sem os constrangimentos das regras e das normas da comunidade internacional. No limite, estas noções formam uma visão neo-imperial em que os Estados Unidos se arrogam o papel global de estabelecer padrões, determinar ameaças, usar a força e fazer justiça”.

Para Ikenberry isto não representa uma critica: “Os objectivos imperialistas americanos e o seu modus operandi ”, ele nos diz, “são muito mais limitados e benignos do que os os dos antigos imperadores ”.

Outras influentes figuras políticas e intelectuais não são menos efusivas no seu apoio ao neoimperialismo americano. Sebastian Mallaby, colunista no Washington Post e auto-intitulado “imperialista relutante”, escrevendo na Foreign Affairs (Abril de 2002) explica que “a lógica do neoimperialismo é demasiado atractiva para a administração Bush lhe resistir.” Max Boot, colunista do Wall Street Journal, observa no seu artigo “O caso para o Império Americano”, na Weekly Standard (15/Out/2001), que a “America agora enfrenta a perspectiva da acção militar em muitas das mesmas terras onde gerações de soldados coloniais britânicos estiveram em campanha. Trata-se de lugares em que as armas ocidentais tiveram de reprimir a desordem. O Afeganistão e outras perturbadas terras do mundo protestavam contra esta espécie de iluminada administração estrangeira imposta pelos outrora auto-confiantes britânicos com calças de montaria e capacetes de cortiça”. O ultimo livro do ensaísta do Atlantic Monthly , Robert Kaplan, Políticas guerreiras, argumenta em favor de uma cruzada norte americana “para levar a prosperidade a distantes partes do mundo sob a influência imperial americana”. O conselheiro presidencial para a Segurança Nacional do presidente Carter, Zbigniew Brzezinski, advoga que a principal tarefa dos Estados Unidos para preservar o seu império é “impedir a colusão e manter a dependência entre vassalos, manter os clientes dóceis e protegidos, e impedir que os bárbaros se agrupem e ressurjam”. Stephen Peter Rosen, responsável de Estudos Estratégicos do Instituto Olin na Universidade de Harvard, escreveu na Revista de Harvard (Maio-Junho 2002): “O nosso objectivo [da acção militar] não é combater um rival, mas manter a nossa posição imperial bem como a ordem”. Henry Kissinger abre o seu livro “Precisa a América de uma política estrangeira?” com as palavras “Os Estados Unidos gozam de uma proeminência não rivalizada nem mesmo pelos maiores impérios do passado”.

Há regras, contudo para esta retomada dos conceitos de "império" e "imperialismo" no discurso da elite política. Só as motivações benevolentes dos Estados Unidos devem ser enfatizadas. Os proponentes do novo imperialismo devem limitar-se cuidadosamente aos conceitos militares e políticos de império e imperialismo (evitando qualquer alusão ao imperialismo económico). E eles devem evitar quaisquer noções radicais que liguem imperialismo com capitalismo e exploração.

A base económica do imperialismo

O nascimento da noção de imperialismo económico, em oposição ao imperialismo genérico, surgiu nos Estados Unidos há pouco mais de um século. No seu ensaio “A base económica do imperialismo” publicado pela primeira vez na North American Review em 1898, na altura da guerra hispano-americana Charles A. Conant argumentou que o imperialismo era necessário para absorver o excesso de capital face à escassez de oportunidades de investimento lucrativas – por outras palavras, para aliviar o que ele chamava de problema do “congestionamento de capital”. Para Conant,

Se os Estados Unidos realmente adquirirem possessões territoriais, estabelecerem quartéis-generais e guarnições, adoptarem o meio termo de proteger entidades nominalmente independentes, ou contentarem-se com bases navais e representações diplomáticas como a base para os seus direitos ao livre comércio no Oriente, é apenas um pormenor circunstancial... O autor não advoga o “imperialismo” por sentimento, mas não teme o nome se isso significar apenas que os Estados Unidos assegurarão o seu direito a mercados livres em todos os antigos países que estão a ser abertos ao excedente de recursos dos países capitalistas e assim aos benefícios da civilização moderna. Se esta política implica o governo directo de grupos de ilhas semi-selvagens pode ser um assunto para discussão, mas no lado económico da questão há apenas uma escolha – entrar por algum meio na competição do emprego do capital americano nesses países, ou continuar a duplicação de meios de produção e comunicação, com o excesso de produtos não consumidos, as convulsões que se seguem à estagnação do comércio, e os retornos decrescentes sobre os investimentos a que uma política tal negativa conduzirá.

O conflito entre as grandes potências do fim do século XIX e inicio do século XX, sobre a divisão da África, a guerra Sino-Japonesa (1894,1895), a guerra Hispano-Americana, a guerra sul africana (dos Boers), e a guerra Russo-Japonesa, assinalaram a ascensão de um novo imperialismo, associado com o capitalismo monopolista, que era qualitativamente diferente do colonialismo que o havia precedido. Isto conduziu a uma teoria económica do imperialismo por parte dos proponentes do mesmo — os quais já não o encaram como um mero sentimento, como foi enfatizado na análise de Conant. As mudanças no imperialismo também deram logo azo à ascensão a uma análise crítica mais profunda que começa com o clássico de John A. Hobson: "Imperialismo: Um estudo", publicado pela primeira vez em 1902. Hobson era o principal crítico britânico da guerra dos Boers e em consequência desenvolveu sua crítica ao imperialismo. Num capítulo famoso do seu livro intitulado “The Economic Taproot of imperialism” Hobson observou:

Toda melhoria dos métodos da produção, toda concentração da propriedade e do controle, parece acentuar a tendência [à expansão imperialista]. À medida que uma nação após a outra entra na economia da máquina e adopta métodos industriais avançados, torna-se mais difícil para os seus fabricantes, comerciantes e financeiros disporem lucrativamente dos seus recursos económicos. Por todo o lado surge capacidade produtiva excessiva, excesso de capital na busca de investimento. É admitido por todos os homens de negócio que o crescimento da capacidade produtiva no seu país excede o crescimento no consumo, que mais bens podem ser produzidos do que os que podem ser vendidos com lucro, e que existe mais capital do que o que pode encontrar o investimento lucrativo. É esta condição económica dos negócios que forma a raiz principal do imperialismo.

O trabalho de Hobson não era socialista. Ele acreditava que o imperialismo era devido ao domínio de determinados interesses económicos e financeiros concentrados e que reformas radicais que tratassem da má distribuição do rendimento e as necessidades da economia doméstica poderiam provocar o fim do impulso imperialista. Contudo seu trabalho adquiriu um significado muito maior devido à influência que exerceu nas análises marxistas ao imperialismo, que emergiam neste tempo. A mais importante destas foi “Imperialismo, estágio superior do capitalismo”, de Lénine, publicado pela primeira vez em 1916. O objectivo principal da análise de Lénine era explicar a rivalidade inter-imperialista entre as grandes potências que conduzira à Primeira Guerra Mundial. Mas no processo de desenvolvimento da sua análise Lénine relacionou o imperialismo com o capitalismo monopolista, argumentando que “na mais breve definição possível ... o imperialismo é o estágio monopolista do capitalismo”. Ele explorou, dentro desse contexto, um conjunto de factores económicos que foram bem além da má distribuição do rendimento ou da procura de lucros de determinadas empresas monopolistas privadas. O capitalismo monopolista era encarado como um estágio novo, para além do capitalismo competitivo, em que o capital financeiro, uma aliança entre grandes empresas e capital bancário, dominava a economia e o Estado. A competição não era eliminada mas continuava principalmente entre um número relativamente pequeno das firmas gigantes que era capazes de controlar grandes partes da economia nacional e internacional. O capitalismo monopolista, neste sentido, era inseparável da rivalidade inter-imperialista, manifestando-se primariamente na forma de uma luta pelos mercados globais. A resultante divisão do mundo em esferas imperiais e o esforço que isto acarretou conduziu directamente à Primeira Guerra Mundial. A perspectiva mais complexa de Lénine acerca do imperialismo foi além de uma argumentação que focalizasse simplesmente a necessidade de encontrar saídas de investimento para o excesso de capital. Ele também enfatisou o impulso em ganhar controle exclusivo das matérias-primas e um controle mais apertado dos mercados estrangeiros que decorria das condições de globalização no estágio do capitalismo monopolista.

Análises marxistas posteriores (e de radicais, não-Marxistas) focalizaram mais do que Lénine o fez algumas das características mais genéricas do imperialismo, características do capitalismo em todos os seus estágios, tais como a divisão entre o centro e a periferia, um aspecto que foi abordado por Marx. Mas o significado de Lénine para uma nova e mais desenvolvida forma do imperialismo, associado com a concentração e a centralização do capital e o nascimento do estágio do monopólio, manteve muito do seu significado nos nossos dias — caracterizados pelo capitalismo monopolista numa fase avançada da globalização. Na realidade, foi o enorme êxito das teorias marxistas do imperialismo, as quais puseram a descoberto a exploração sistemática do capitalismo à periferia e as condições da rivalidade interimperialista com grande pormenor — de forma que o imperador passou a ser visto em toda a sua nudez — que fez com que o termo "imperialismo" fosse apagado do discurso convencional. Enquanto a União Soviética existiu e uma maré forte de revoluções anti-imperialistas era evidente na periferia, não era possível o capitalismo abraçar abertamente o conceito de imperialismo em nome da promoção da civilização. As intervenções militares dos Estados Unidos no terceiro mundo para combater revoluções ou para obter o controle de mercados foram explicadas invariavelmente, dentro do discurso oficial dos Estados Unidos, em termos de Guerra Fria e não em termos de objectivos imperiais.

A era do imperialismo

A era do imperialismo de Harry Magdoff, publicado em 1969, distinguiu-se por ter sido a mais influente tentativa de reagir à visão predominante da política externa dos Estados Unidos durante o período da guerra de Vietname através de um tratamento empírico da economia do imperialismo americano. [*]

O trabalho de Magdoff não podia realmente ser rejeitado como mera ideologia, porque ele desnudava o imperialismo americano ao olhar para a sua estrutura económica da maneira mais directa possível – utilizando estatísticas económicas americanas. Atraiu, em consequência, um ódio considerável da elite e deu inspiração a muitos daqueles que protestavam contra a guerra.

Com A era do imperialismo a crítica ao imperialismo voltou a ter proeminência dentro da esquerda americana. Dirigindo-se ao que era geralmente visto como uma anomalia na relação dos Estados Unidos com o resto do mundo, erguendo-se da existência de uma política externa de intervencionismo acompanhada por uma economia do isolacionismo, Magdoff demonstrou que a economia dos EUA estava longe, de facto, de ser isolacionista. Aqui enfatizou o fluxo de investimento estrangeiro directo no exterior e do seu efeito em gerar um fluxo de retorno de capitais. Criticou o erro comum de simplesmente comparar exportações ou os investimentos estrangeiros de multinacionais com o PIB. Apesar da importância destes fluxos económicos estes podem somente ser tidos em conta quando relacionados com os sectores estratégicos da economia, tais como as indústrias de bens primários; ou comparando o rendimento no investimento estrangeiro com os lucros do negócio não financeiro doméstico. Nesta conexão, Magdoff apresentou dados que mostravam que os rendimentos dos investimentos estrangeiros das empresas não financeiras dos EUA se haviam elevado de cerca de 10 por cento do total de lucros após impostos em 1950 para 22 por cento em 1964.

Este trabalho também foi notável pelos seus argumentos acerca da expansão financeira internacional do capital americano, baseada na posição hegemónica do dólar na economia mundial e no crescimento de uma armadilha da dívida no terceiro mundo. Foi aqui que Magdoff apresentou sua primeira explicação sobre o "processo de fluxo revertido" inerente ao contínuo reforço da dívida externa. “Se um país toma emprestado, por exemplo uns US$1000 por ano”, escreveu, “dentro em breve os pagamentos do serviço da dívida serão maiores do que o influxo anual de dinheiro”. Supondo o exemplo simples de um empréstimo de US$1000 anuais a 5 por cento de juro “sendo reembolsado em prestações iguais ao longo de 20 anos” resultará que no quinto ano quase 50 por cento do empréstimo anual irá para o serviço da dívida; no décimo ano aproximadamente 90 por cento do empréstimo serão dedicados ao serviço da dívida; no décimo quinto ano, o pagamento do juro e da correspondente amortização de capital será superior ao próprio empréstimo; e no vigésimo ano "o tomador do empréstimo estará a pagar mais de US$1,50 sobre a dívida passada por cada US$1,00 de dinheiro novo que toma emprestado”.

Não seria possível, perguntou Magdoff, a um país evitar esta armadilha não tomando novos empréstimos ano após o ano, mas ao invés disso usar o dinheiro emprestado para desenvolver uma indústria que gerasse rendimentos que dispensassem empréstimos e mesmo liquidassem os débitos anteriores? Uma parte grande da resposta está no facto de que se o repagamento tem de ser efectuado na divisa da nação credora a dívida só pode ser reembolsada (independentemente da taxa de crescimento) se houver bastante exportações para fornecer as divisas externas necessárias. Já em 1969, muito antes de o problema do endividamento do terceiro mundo ser considerado crítico, Magdoff observou que “os pagamentos do serviço da dívida do terceiro mundo aumentaram mais rapidamente do que o crescimento das suas exportações. Assim, o fardo da dívida tem-se tornado mais opressivo e a dependência financeira em relação às nações industriais principais e às suas organizações internacionais, tais como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, aumentou largamente”.

A essência do imperialismo como se manifestou no final do século XX, de acordo com Magdoff, foi com a globalização do capital monopolista nas condições impostas pela hegemonia dos Estados Unidos. As páginas finais da idade do imperialismo relatam:

A empresa típica internacional já não está limitada à petrolífera gigante. Deverá ser como uma General Motors ou uma General Electric — com 15 a 20 por cento das suas operações em negócios externos, e a envidar todos os esforços para aumentar esta percentagem. O objectivo confessado destas firmas internacionais é obter os mais baixos custos unitários de produção numa base mundial. É também seu objectivo, embora nem sempre declarado, chegar ao topo no movimento de fusões no Mercado Comum Europeu e controlar uma fatia do mercado mundial tão grande quanto aquela que controlam no mercado dos Estados Unidos.

A maior parte dos ensaios no livro de Magdoff de 1978, Imperialismo: Da era colonial ao presente tratou das ideias erradas acerca da história do imperialismo. A este respeito foi de capital importância a resposta de Magdoff à pergunta: "É o imperialismo necessário?" Em resposta à alegação comum de que capitalismo e imperialismo são categorias completamente separadas, e que a última não era necessariamente um atributo da primeira, ele argumentou que o capitalismo fora desde o inicio um sistema mundieal e que a expansão imperialista em sentido vasto fazia tanto parte do sistema quanto a própria busca do lucro. Ele também argumentou contra aqueles na esquerda que procuraram criar uma análise do imperialismo moderno com uma teoria da crise económica particular ou a necessidade da exportação do capital, ao invés de reconhecer que o imperialismo era intrínseco às tendências globalizantes do capitalismo desde o seu inicio. Apesar da importância das leis económicas do movimento do capitalismo para gerar a realidade do imperialismo moderno, qualquer explicação simples, mecânica e estreitamente económica (separada dos factores políticos, militares e culturais) deveria ser evitada. De preferência, as fontes finais têm de ser encontradas no desenvolvimento histórico do capitalismo desde o século XVI. "A eliminação do imperialismo" concluiu Magdoff "exige a derrubada do capitalismo".

Policiando o conceito de imperialismo

A corrente principal respondeu a estes e outros argumentos colocando o termo "imperialismo" (na medida em que estava ligado a capitalismo) cada vez mais fora do reino do discurso aceitável – caracterizando-o como um termo puramente ideológico. Ao mesmo tempo houve tentativas de isolar o conceito específico de “imperialismo económico”, dissociado-o, compartimentalizando, de acordo com o método estreito das ciências sociais convencionais, do imperialismo político, do imperialismo cultural, etc, e ajustando-o a uma crítica especial. [*] Este ataque a abordagens marxistas e radicais do imperialismo têve tanto êxito que, em Novembro de 1990, Prabhat Patnaik publicou um artigo na Monthly Review intitulado “O que aconteceu ao imperialismo?” que levantou a questão do quase completo desaparecimento do termo das análises de esquerda nos Estados Unidos e na Europa. Foi particularmente surpreendente que isto tenha ocorrido no momento de intervenções militares dos EUA (tanto as abertas como as encobertas) em países tais como Nicarágua, El Salvador, Guatemala, Granada e Panamá e apesar da rapina das empresas multinacionais por todo o mundo (por exemplo na Índia, onde a Union Carbide matou milhares de pessoas).

"Os marxistas mais jovens” escreveu Patnaik "parecem confundidos quando o termo é mencionado. Questões candentes do dia são discutidas... mas sem qualquer referência a imperialismo... O tópico desapareceu virtualmente das páginas de publicações marxistas, especialmente daquelas mais recentes”. A história e a teoria do imperialismo, salientou, não é mais discutida.

O significado histórico disto pode ser visto numa divisão ideológica que ocorreu em resposta a lutas acerca da globalização e das novas guerras nos Balcãs, e posteriormente em relação aos ataques do 11 de Setembro ao World Trade Center de Nova Iorque e ao Pentágono e a subsequente guerra ao terrorismo. Por um lado, os intelectuais da corrente dominante, face à expansão das operações militares dos Estados Unidos e da NATO, mas também em resposta a questões como o apoio dos Estados Unidos à OMC, tornaram-se mais dispostos a reapropriarem-se do conceito de imperialismo enquanto forma de dar maior ênfase àquilo que era apresentado como a hegemonia benéfica ou o “imperialismo suave” da única superpotência mundial. Por outro lado, pós-marxistas e pensadores outrora radicais prestaram-se muitas vezes ao papel de criticar qualquer uso do conceito de imperialismo no seu sentido marxista clássico, destacando-o do capitalismo, da exploração global e do imperialismo económico, e argumentando que se o termo era inaceitável no discurso polido devia ser rejeitado.

Um exemplo desta posição é um artigo de Tom Barry, intitulado “O retorno do intervencionismo” publicado online na Foreign Policy in Focus , 11/Mar/2002, respondendo ostensivamente aos ataques de 11 de Setembro e à guerra ao terrorismo. Barry, que nos seus escritos antigos dos anos 70s não hesitava em abraçar o conceito do imperialismo, argumentou em “Um retorno ao intervencionismo” que

Para alguns, especialmente na nova e velha esquerda esta [a era do Vietname] era a “Era do imperialismo”, uma era em que os Estados Unidos asseguravam a sua posse dos recursos e dos estados do mundo 'em desenvolvimento'. Havia fraquezas analíticas a esta crítica do anti-imperialismo, principalmente porque não explicava bem porque os Estados Unidos estavam tão profundamente envolvidos em lugares de pouco interesse económico, tais como o Vietname do Sul. Nem foi a crítica à América imperial útil para explicar o lado idealista do intervencionismo americano – a compulsão Wilsoniana para levar a liberdade e a democracia ao resto do mundo. Se o objectivo era reformar a política estrangeira dos EUA, criticando os EUA como um poder imperial, este não foi atingido nem com os decisores políticos americanos nem com o público. O que pareceu funcionar como maneira de depurar tendências da política externa dos Estados Unidos que apoiavam a repressão e intervenção militar no terceiro mundo foi a crítica dos direitos humanos.

Deste ponto de vista, "os decisores políticos" dos EUA, isto é, os representantes do sistema do poder dominante, não foram atraidos pelo conceito de imperialismo (reforçado pelo facto de que parte da população residente encarou o termo como não tendo qualquer relação com a história dos Estados Unidos — em parte porque não tiveram conhecimento das centenas de intervenções militares que os EUA haviam efectuado, ou o significado em termos mais vastos da expressão imperialismo) e isto foi razão mais que suficiente para afastar completamente o conceito. Afinal os EUA não procuraram basicamente, excepto por alguns lapsos aqui e ali, a missão “de levar a democracia e a liberdade ao resto do mundo?” Ainda, no momento da publicação deste artigo, as forças armadas dos EUA estavam empenhadas em operações da guerra no Afeganistão, construindo bases por toda Ásia central, e lançando intervenções nas Filipinas e em outros lugares. No mesmo momento em que a noção da “Era do imperialismo” estava a ser criticada na esquerda americana, sábios e figuras políticas apregoavam uma nova era de imperialismo conduzida pelos Estados Unidos.

Outra importante crítica de esquerda da noção de imperialismo foi lançada por Michael Hardt e Antonio Negri no seu livro Império (2000), publicado pela Harvard University Press. Segundo Hardt e Negri o imperialismo terminou com a Guerra do Vietname. A Guerra do Golfo em 1991, em que os Estados Unidos lançaram o seu poder militar contra o Iraque, foi, de acordo com os autores, desencadeada "não em função dos motivos nacionais [dos Estados Unidos] mas em nome do direito global... A política mundial dos EUA actua não no interesse imperialista mas sim no interesse imperial [isto é, no interesse de um Império sem um centro e sem fronteiras]. É neste sentido que a guerra de golfo, como George Bush [pai] apregoou, anuncia o nascimento de uma nova ordem mundial. Em outra parte do seu livro os autores declararam: "Os Estados Unidos não podem, e na verdade nenhum estado-nação o pode hoje, formar o centro de um projecto imperialista" . Foi precisamente esta posição — que negava qualquer relação entre os EUA e o imperialismo no sentido clássico, explorador, mas que também encarava a extensão do domínio e do poder dos Estados Unidos como um reflexo de 'império' e de um papel 'civilizador' imperial (a extensão da Constituição americana à escala global) — aquela que foi enfatizada nos generosos elogios ao livro de Hardt & Negri brotados em publicações como o New York Times , revista Time , London Observer e Foreign Affairs . [*]

Mais recentemente, Todd Gitlin, um anterior presidente da Students for a Democratic Society e agora o professor de Jornalismo e Sociologia em Columbia, escreveu um artigo para o New York Times (05/Set/2002):

A esquerda americana... teve a sua versão do unilateralismo. A responsabilidade pelos ataques [do 11 de Setembro ] tinha, de algum modo, de estar no imperialismo americano, porque toda a responsabilidade tem de estar no imperialismo – um eco perfeito da ideia da direita de que todos os poderes bons são e e devem ser americanos. Intelectuais e activistas da extrema esquerda não podiam ficar muito perturbados com a compaixão ou a defesa... Sabendo pouco sobre a Al Qaeda, eles arquivaram-na em anti-imperialismo, e ataques americanos aos Taliban como Pântano do Vietname. Para eles, não desfraldar a bandeira tornou-se uma causa premente... Os liberais pós-Vietname têm agora uma oportunidade, libertos da ansiedade da bandeira dos anos 60 e da nossa negatividade reflexiva, de abraçar um patriotismo liberal que não precisa de desculpas e é destemido.

Para Gitlin – escrevendo nos meios de comunicação da elite que publicam textos acerca de um supostamente benigno imperialismo americano – toda acusação de "imperialismo americano" era uma espécie de distorção extremista introduzida pela esquerda. Nunca lhe importou que a localização de bases militares americanas permanentes na Arábia Saudita em resultado da guerra de 1991 contra o Iraque tivesse induzido os fundamentalistas islâmicos a abandonar a Arábia Saudita (inclusive a própria al-Qaeda) para voltarem-se contra os Estados Unidos. Nunca lhe importou que Osama Bin Laden recebesse o seu treino terrorista por meio dos patrocínios americanos à guerra dos fundamentalistas islâmicos contra aos soviéticos no Afeganistão. Nunca lhe importou que Saddam Hussein fosse um antigo cliente dos Estados Unidos na época da guerra Irão-Iraque (e certamente até ao momento da sua invasão ao Kuwait). E nunca lhe importou que a Arábia Saudita e o Iraque sejam o primeiro e o segundo maiores países do mundo em reservas de petróleo, ou o facto de que o Afeganistão é a porta de entrada para a Ásia Central, uma das áreas mais ricas do mundo em reservas de petróleo e gás natural. Finalmente, nunca lhe importou que os Estados Unidos agora já tenham bases militares por toda a Ásia Central e que pretendem lá permanecer. De algum modo, apesar de tudo isto e apesar do facto de que o suposto imperialismo americano agora está a ser amplamente louvado na elite do poder, à esquerda não é permitido levantar a questão do imperialismo americano como parte de uma crítica à política externa americana. Se o imperialismo está a ser redescoberto é somente dentro de certos limites ideológicos estritos.

Os ricos globais ficam mais ricos, os pobres globais ficam mais pobres

Um aspecto essencial da redescoberta do imperialismo dentro do poder estabelecido é justificar a predominância militar e política dos Estados Unidos ao mesmo tempo que remove desta toda a noção de um fosso crescente entre nações ricas e pobres — como aquelas enfatizadas nas teorias marxistas do imperialismo e destacadas pelos novos movimentos antiglobalização / anticapitalismo. Um sinal do impacto deste novo movimento global anticapitalismo é a extensão em que a elite do poder global e os seus aliados consideraram necessário defender o seu ponto de vista. Uma parte significativa desta defesa é a afirmação de que os defensores da antiglobalização não sabem do que estão a falar. Se o império americano parece mais dominante do que nunca isso nada tem a ver, dizem-nos, com exploração económica.

Um caso exemplar é o artigo no New York Times (15/Ago/02) de Virgínia Postrel, uma das suas colunistas frequentes sobre temas económicos. Foi-lhe dado o chamativo título “Estão os ricos a ficar mais ricos e os pobres mais pobres. Certo? Vamos dar uma outra vista de olhos” . O artigo foi preparado para aparecer pouco antes da Encontro Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável ocorrido em Joanesburgo em Agosto e Setembro de 2002. O objectivo do artigo de Postrel era refutar Noam Chomsky, que foi citado a dizer “a desigualdade está a aumentar neste período de globalização – dentro dos países e entre os países”. De acordo com Postrel, não só Chomsky estava absolutamente errado, como também o estava o Relatório do Desenvolvimento Humano das Nações Unidas de 1999 que chegou à mesma conclusão baseado em dados organizados pelo ONU.

O que está errado com as reivindicações de Chomsky e das Nações Unidas, segundo Postrel e outros defensores da globalização e da liberalização? Os dados, insiste ela, estão enviezados. O relatório das Nações Unidas e outros olham para diferenças entre o rendimento dos países mais ricos e mais pobres – não ricos e pobre individuais. Isso significa que cidadãos anteriormente considerados pobres de países gigantes poderiam tornar-se um bocado mais ricos e ainda assim mal aparecer nos dados.

Aqui os defensores neoliberais do sistema global misturam e confundem duas questões diferentes — as diferenças entre países e a distribuição desigual da riqueza pela população mundial. Existe certamente uma diferença legitima entre as duas. A dimensão do país é irrelevante ao examinar as diferenças entre países. A economia mundial funciona através de diferentes estados. A história do capitalismo destaca-se pelo fosso crescente entre estados ricos e pobres — um fosso que se distingue pelo facto de que os estados ricos crescem em grande parte através da exploração de outras nações. Por vezes é um estado grande a explorar um pequeno grupo de estados mais pequenos. Em outros casos, é um estado pequeno a extrair o excedente de muitos estados maiores. Pense-se no actual império dos Estados Unidos e no império britânico do século passado.

Os ideólogos do capitalismo global, dedicados a demonstrar o carácter benigno do imperialismo americano, insistem em que a globalização e a liberalização conduzirão à igualdade económica entre nações, grandes e pequenas. Os factos mostrados pelas Nações Unidas, entretanto, provam conclusivamente que isto não ocorreu. Pelo contrário, o fosso entre estados aprofundou-se.

Mesmo assim o New York Times não está interessado. Ele preocupa-se com o povo. Postrel escreve: “Nas últimas três décadas... os dois maiores países mundiais, China e Índia, competiram economicamente. O mesmo fizeram outros países asiáticos com populações relativamente grandes. O resultado é que 2,5 mil milhões de pessoas povos viram seus níveis de vida aproximar-se em direcção àqueles dos milhares de milhões dos países já desenvolvidos — reduzindo a pobreza global e aumentando a igualdade global. Do ponto de vista desses indivíduos, a liberalização económica foi um êxito enorme”.

Mas que exemplos! Vamos dar uma olhadela à contribuição de Índia para a redução da pobreza global. De acordo com o ultimo relatório Banco Mundial, 86 por cento da sua população vive com menos de US$ 2 por dia . [*] Em 1983, os 10 por cento do topo dos que obtinham rendimentos na Índia representavam 26,7 por cento rendimentos/despesas familiares, em 1992, sua fatia era de 28,4 por cento, e em 1997, tinha-se elevado para 33,5 por cento. Dificilmente é um sinal da igualdade crescente! (Banco Mundial, Relatório do Desenvolvimento Mundial , edições 1990, 1996, 2003). [*]

Consideremos agora o exemplo da China. Há três décadas atrás a China era a nação mais igualitária do mundo. Nessa altura os seus líderes políticos tomaram outro rumo na prossecução dos seus objectivos. Ao invés da anterior prioridade à igualdade, foi dito aos seus cidadãos que era bom ficar rico. A empresa privada foi encorajada, a porta ao investimento estrangeiro foi alargada, o estado chinês tornou-se cúmplices das multinacionais dos Estados Unidos, foram dadas as boas-vindas à globalização, o Banco Mundial entrou, e a China aderiu recentemente à OMC.

O resultado foi exactamente o oposto ao que o dogma prevalecente levaria a esperar, e que Postrel e outros defensores da globalização neoliberal supõem simplesmente ser verdadeiro. A China, outrora distinguida pela sua devoção à igualdade, tornou-se cada vez mais desigual. Assim, no fim dos anos noventa, a distribuição da riqueza da China assemelhava-se muito à má distribuição da riqueza nos Estados Unidos (ver tabela 1).

Tabela 1: Distribuição do rendimento nos EUA e na China
Participação percentual do rendimento ou do consumo *
  10% inferiores 20% inferiores 10% superiores 20% superiores
China 2,4 5,9 30,4 46,6
EUA 1,8 5,2 30,3 46,4
* Conforme os dados disponíveis, os economistas do Banco Mundial calcularam a distribuição do rendimento ou através das receitas ou do consumo
Fonte: Banco Mundial, World Development Report 2000/2001, os dados dos EUA referem-se a 1997 e da China a 1998.


Existe, de facto, um conjunto de dados fidedigno sobre a distribuição da riqueza mundial. A informação foi desenvolvida num estudo exaustivo e altamente competente feito por Branko Milanovic , um economista do Banco Mundial. Ele escavou a quantidade incrível de dados estatísticos armazenados nos computadores Banco Mundial. Seu estudo veio à luz do dia com a história da distribuição do rendimento mundial em 1988 e em 1993. Ela demonstra que, de facto, a desigualdade aumentou durante aqueles anos (ver tabela 2).

Tabela 2: Distribuição do rendimento mundial
Porcentagem acumulada da população e do rendimento

Porcentagem acumulada
da população mundial
Porcentagem acumulada
do rendimento mundial
Porcentagem acumulada
do rendimento mundial
  1988 1993
10% inferiores 0,9 0,8
20% inferiores 2,3 2,0
50% inferiores 9,6 8,5
75% inferiores 25,9 22,3
85% inferiores 41,0 37,1
10% superiores 46,9 50,8
5% superiores 31,2 33,7
1% superiores 9,3 9,5

Repare-se que os 1 por cento do topo receberam uma parte maior (9,5 por cento) da riqueza mundial em 1993 do que os 50 por cento inferiores, ao passo que os 5 por cento do topo em 1993 tiveram uma parte da riqueza que excede de longe os 75 por cento inferiores e que começa a aproximar-se dos 85 por cento. (Milanovic explorou os dados com maior detalhe do que é aqui mostrado e concluiu que na população mundial os 1 por cento do topo tiveram o mesmo rendimento que os 57 por cento inferiores). Estes números são exactamente o que se esperaria de toda a história do capitalismo, que prospera com o aprofundamente da diferença do fosso entre ricos pobres — uma lei do sistema que agora tem um campo de actuação à escala global. Tal exploração global é o cerne do imperialismo, o qual é tão básico para o capitalismo, e tão inseparável, como a própria acumulação. Mas este, naturalmente, não é o quadro total do imperialismo, que é constituído por uma história complexa com factores políticos, militares, e culturais (raciais) ligados entre si. Na abordagem marxista, o imperialismo económico não é na realidade separado destas outras características, as quais constituem igualmente uma parte do desenvolvimento global capitalista. Assim como a busca dos lucros é a mantra do império americano, também o seu poder militar e político visa alargar esta busca e estender seu poder numa base mundial — colocando sempre em primeiro lugar os interesses das corporações dos Estados Unidos e do próprio Estado americano.

A redescoberta do imperialismo pelos medias dominantes significa somente que estes processos estão a ser agora apresentados, especialmente nos círculos governantes dos Estados Unidos — uma realidade da qual não há nenhuma escapatória. A revolta contra esta nova fase do imperialismo, contudo, claramente só agora começou. A maior parte da população do mundo sabe aquilo que os sábios americanos convenientemente esquecem, que o imperialismo americano assemelha-se aos impérios exploradores do passado, e provavelmente sofrerá o mesmo destino dos outros, com revoltas internas e “bárbaros” às portas.

NOTAS

* Boot, Brzezinski, Kaplan, Kissinger, Mallaby, e Rosen são citados em Philip S. Golub, “The Dynamics of World Disorder: Westward in the Course of Empire,” Le Monde Diplomatique , edição inglesa da internet (Setembro 2002); veja também Martin Walker “America's Virtual Empire,” World Policy Journal 19 (verão 2002), pp. 13,20.

* Charles A. Conant, The United States in the Orient (Boston: Houghton Mifflin, 1900), pp. 29-30.

* Tanto The Age of Imperialism: The Economics of U.S. Foreign Policy, livro de Magdoff de 1978, como Imperialism: From the Colonial Age to the Present foram publicados pela Monthly Review Press. Os excertos da discussão do trabalho de Magdoff extraída de John Bellamy Foster, “Harry Magdoff”, em Phillip Arestis e Malcolm Sawyer, A Biographical Dictionary of Dissenting Economists (Northampton, Mass.: Edward Elgar, 2000), pp. 385,94.

* O exemplo mais flagrante disto é Steven J. Rosen e James R. Kurth, Testing Theories of Economic Imperialism (Lexington, Massachusetts: Lexington Books, 1974). Num ensaio crítico nesse volume, Harry Magdoff concluiu que "uma estrutura analítica" que "coloque em compartimentos separados aspectos chaves do problema imperialista e que são de facto inseparáveis" era errada. "A tentativa clara de diferenciar aspectos políticos, militares, e económicos leva a que se ignore o que é o mais essencial: a interdependência e a interacção mútua destes factores. Este modo de pensar – incluindo o uso da abstracção 'interesse nacional' – é bastante tradicional na ciência social ortodoxa, um facto de grande alcance para esclarecer a sua incapacidade histórica de enfrentar tanto o crescimento como o significado do imperialismo ou [as novas] raízes de imperialismo no capitalismo monopolista". Magdoff em Ibid., p. 86.

* Para um tratamento mais detalhado do livro de Hardt e de Negri veja John Bellamy Foster, “Imperialismo e 'Império'” , Monthly Review 53(dezembro 2001), pp. 1,9.

* Esta informação é relativa a 1992, o último ano para o qual esta espécie de informação está disponível. O limite de US$ 2 é baseado na paridade de poder de compra. Isso significa que os dados são ajustados para determinar que quantidade de um cabaz de bens de consumo poderia ser comprada por US$ 2, eliminando na medida do possível o efeito das diferenças entre preços de país para país.

* Estes dados são retirados das tabelas do Banco Mundial sobre distribuição do rendimento — em edições recentes do World Development Report intituladas “Distribuição da pobreza e riqueza”. Ao calcular as percentagens da distribuição da riqueza o Banco de Mundial confia nos inquéritos familiares de rendimentos ou despesas compilados por vários países. A fim assegurar que os dados são comparáveis a equipe do Banco Mundial usa sempre que possível as despesas familiares em vez de dados do rendimento. No caso da Índia os dados citados são baseados em em despesas familiares per capita.


[*] JOHN BELLAMY FOSTER é editor da Monthly Review . É autor de Ecology Against Capitalism , Marx's Ecology: Materialism and Nature e The Vulnerable Planet , e co-editor de Hungry for Profit: The Agribusiness Threat to Farmers, Food, and the Environment , todos publicados pela Monthly Review Press.

O original deste artigo encontra-se em http://www.monthlyreview.org/1102jbf.htm . Tradução de José Carlos Barreiros Correia.


Este artigo encontra-se em http://resistir.info

17/Nov/02