Os parâmetros da resistência
por Amiya Kumar Bagchi
[*]
Este texto é uma homenagem ao trabalho efectuado pelo grupo da Monthly
Review conduzido por Paul Sweezy, Leo Huberman, Harry Magdoff, Harry Braverman
e todos os seus companheiros a fim de alertar-nos ao longo deste último
meio século acerca dos perigos colocados à liberdade em todas as
regiões do mundo pelo capital desenfreado.
Como o imperialismo está fora de controle, e como as
manifestações das suas perversidades penetram todos os poros da
existência humana em toda a parte, a resistência contra ele
também tem emergido de todas as células da
organização social e política, assumindo formas muito
diversas que desafiam uma classificação fácil. As formas
de protesto tem-se multiplicado, assim o problema de escolher uma
estratégia política adequada tornou-se muito mais difícil.
Deve a resistência ser montada apenas globalmente? Devemos nós
combater só as finanças licenciosas e a gula das
corporações transnacionais dedicadas à pilhagem e deixar
tudo o mais para ser resolvido depois de o combate global ter sido vencido? Ou
vamos nós combater toda a pequena tirania por toda a parte a
corrupção de responsáveis municipais, a arrogância
de patrões partidários a procurarem controlar a democracia local,
e a insensibilidade das autoridades dos hospitais públicos? E iremos
tratar como inimigos toda formação política que
proporciona assistência e conforto a tais pequenos tiranos e burocratas
pretensiosos?
[**]
Em grande parte do terceiro mundo, incluindo o subcontinente da Ásia do
Sul, parece delinear-se uma linha que divide as lutas anti-sistémicas ou
anti-imperialistas em dois grupos. Num lado há os que acreditam na
necessidade de fortalecer-se para lutar contra o capital global transnacional e
combater para reverter as políticas que lhe permitiram subverter e
controlar todos os principais governos. Os adeptos desta visão pensam
que estratégias a longo prazo para tomar o poder do Estado têm de
ser prosseguidas em direcção a este objectivo. No outro lado,
há outros que estão convencidos de que o combate contra tiranias
que estão a mutilar as vidas do povo têm de ser efectuado aqui e
agora.
De facto, os activistas políticos, se este é o nome que podemos
dar ao primeiro grupo, têm de tratar com questões locais e
eles têm de provar sua sinceridade e competência no trato das
mesmas. Tais compromissos construtivos são necessários, em
acrescento à sua ideologia, para que possam construir sua base de apoio
e fortalecer a resistência popular contra a opressão do capital e
do aparelho de Estado. Entre os resistentes morais, para dar um nome ao outro
grupo, também há alguns que não são relutantes em
procurar a ajuda do aparelho de Estado a fim de consertar as injustiças
que combatem. Mas há alguns resistentes morais a pensarem que o Estado,
como tal, é uma instituição perversa e o seu abraço
deve ser evitado a todo custo.
Esta divisão, contudo, confunde-se nas margens. Muitas vezes tem sido
difícil aos movimentos de resistência unificar os activistas
políticos e os resistentes morais. A divisão costuma ser
descrita como sendo entre aqueles movimentos cujas ideologias focam o controle
do poder do Estado e aquelas que muitas vezes procuram remediar males sem se
incomodar com quem controla o Estado. Em geral, os chamados académicos
neutros têm preferido os resistentes morais àqueles que encaram
como à procura do poder. A separação também tem
sido descrita como um divisor de águas entre a visão de
resistência dos comunistas ou socialistas e a visão foucauldiana,
com o seu foco na natureza celular das estruturas opressivas e no seu
surgimento inevitável sob qualquer Estado, por mais benignamente que
possa tentar operar.
Nunca fui capaz de aceitar esta dicotomia como uma representação
válida da resistência de hoje ao capitalismo imperialista, isto
é, o capitalismo real dos séculos XX e XXI. O combate contra o
imperialismo deve abarcar todos os aspectos da vida incluindo as formas de
ideologia, o aparelho de Estado, e também a assim chamada sociedade
civil. Tal combate tem de ser efectuado através da união de
todas as formações anti-imperialistas genuínas. A imensa
diversidade da existência humana, e os muitos diferentes meios de
opressão que pesam sobre a sua existência, devem fazer parte da
nossa compreensão dos motivos porque diferentes formas de
resistência levantar-se-ão em diferentes contextos.
Divisões entre as forças anti-imperialistas, causadas em parte
pela falta de uma tal apreciação, ajudaram a sustentar e apoiar o
imperialismo ao longo da sua história. O maior dano ao movimento
socialista internacional no século XX foi causado pela conflito
sino-soviético de 1960. Uma das causas principais do conflito foi a
falha da liderança soviética em apreciar que o socialismo pode
desenvolver-se ao longo de diferentes caminhos em diferentes
condições históricas. O congelamento da ditadura do
proletariado em ditadura da burocracia do partido também tornou o
socialismo realmente existente impenetrável às exigências
específicas de povos com diferentes histórias e diferentes
trajectórias. O combate com forças capitalistas-imperialistas
exauriu o regime soviético e deu oportunidade às forças
imperialistas de incitar nacionalidades e grupos étnicos contra os
grupos apoiados pelo bloco soviético. Esta história deixou
muitos movimentos anti-sistémicos genuínos suspeitosos de todas
as formações que apoiem qualquer partido detendo poder ainda que
de uma forma subordinada.
Por outro lado, a natureza esmagadora da investida do imperialismo em sua
última encarnação convenceu muita gente nos movimentos
sociais de que não basta combater tiranias e opressão local. Ao
invés disso, é necessário procurar aliados que estejam
preparados para combater o sistema em todas as suas ramificações
atacando a raiz principal do imperialismo. O movimento ecológico na
Índia, por exemplo, que principiou como um protesto contra o abate
indiscriminado de árvores por comerciantes de madeira, pondo em perigo
os meios de vida e os recursos de água das pessoas, em particular das
mulheres, foi então assumido por todos os grupos de esquerda que
resistiam à devastação do ambiente provocada pela
caça ao lucro feita pelo capital. Os movimentos ecológicos
estiveram presentes em força no recente Fórum Social
Asiático realizado em Hyderabad, Índia.
Um dos legados infelizes do socialismo realmente existente, e dos partidos
políticos a ele associados, foi uma fascinação com grandes
fábricas, grandes barragens e grandes projectos em geral. Simbolizavam,
para eles e para muitos nacionalistas não-comunistas, o ímpeto de
todos os povos oprimidos rumo à industrialização e a sua
procura da libertação de uma pobreza degradante. Jawaharlal
Nehru, o primeiro-ministro da Índia independente, que partilhou alguns
dos valores do movimento socialista global, denominou estas barragens e
fábricas como os templos da Índia moderna. Contudo, muitas das
fábricas e barragens estavam localizadas em sítios que haviam
proporcionado abrigo e condições de vida para camponeses e
utilizadores da floresta da Índia interior; tais pessoas foram
deslocadas e receberam poucos benefícios dos projectos que
destruíram os seus lares. Vários grupos deram voz ao
descontentamento e desespero dos deslocados, mas havia uma tendência
entre os movimentos comunistas organizados para encarar tais protestos com
suspeição. Contudo, quando o Vale do Silêncio em Kerala,
um dos mais ricos habitats de flora e fauna subtropical do mundo, foi
ameaçado por um projecto de energia hidroeléctrica, o movimento
para protegê-lo foi liderado pelo Kerala Sahitya Shastra Parishad. Este
era uma frente, organizada principalmente por activistas comunistas, que
procura difundir a literacia e elevar o conhecimento da ciência e dos
cuidados de saúde entre pessoas comuns. Devido aos protestos, o
projecto para produzir hidro-electricidade foi abandonado pelo governo e o Vale
do Silêncio foi salvo.
O movimento contra grandes barragens chegou a um ponto crítico, atraindo
atenção global, com o movimento contra a construção
de uma barragem sobre o Rio Narmada, na Índia ocidental. O movimento
ficou conhecido como Narmada Bachao Andolan (Salve o Narmada). Contudo, apesar
de um movimento de protesto que perdurou mais de uma década, foi
construída uma grande barragem sobre o Narmada. A obra já deslocou
milhares de camponeses adivasis (ou seja, povos indígenas) e
não-adivasis da área represada do rio. O projecto gigantesco
é economicamente enfermiço e pode deixar de alcançar a sua
lógica política: proporcionar água aos fazendeiros ricos
de Gujarat. Os líderes principais do movimento de protesto, Medha
Patekar e Baba Amte, construíram em torno disto a National Alliance for
People's Movements (NAPM). A princípio havia suspeitas mútuas
entre o a NAPM e os partidos da esquerda organizada, mas felizmente, face ao
inimigo comum da globalização desenfreada dos ricos, pelos ricos
e para os ricos, eles estão agora ombro a ombro contra a OMC e os
programas de ajustamento estrutural e de privatização do governo
central da Índia. Movimentos semelhantes foram montados contra a
privatização da Bharat Aluminium Company (BALCO), localizada no
território adivasi no actual Chhattisgarh na Índia central.
Aquela terra foi tomada pelo governo sob o explícito entendimento de que
seria utilizada só para finalidades públicas. A venda da
companhia para uma empresa privada na lista negra a um preço
absurdamente baixo e a colocação em perigo dos empregos dos
trabalhadores conduziu a um protesto conjunto dos residentes adivasis e dos
trabalhadores das companhia afectada. Os protestatários levaram a sua
reclamação até ao Supremo Tribunal. Este, contudo,
considerou como válida a avaliação da BALCO feita pela
firma indicada pelo governo e assim encerrou o processo. Os julgamentos com
viézes de classe são tão comuns na Índia como nos
Estados Unidos, no fim das contas. Mais uma vez a influência
ubíqua dos valores capitalistas ficou demonstrada. Entretanto, nem a
Narmada Bachao Andolan nem os protestos contra a privatização da
BALCO desapareceram da memória do povo e eles continuam a figurar
regularmente no repertório dos movimentos ecológicos e dos
movimentos orquestrados pelos partidos de esquerda. Os movimentos foucaldianos
e os partidos políticos marxistas podem andar juntos apesar de tudo.
A Ásia do Sul, juntamente com a Ásia Ocidental e vários
países do Leste e Sudeste Asiático, continuam a ser
bastiões do chauvinismo machista. Uma característica importante
dos fundamentalismos étnicos e religiosos é a sua tendência
para reverenciar as mulheres como ícones e oprimi-las como seres
humanos. Um dos mais esperançosos sinais de abertura da
consciência popular para os seus direitos como seres humanos na
Ásia do Sul durante as últimas décadas do século XX
foi o crescimento do movimento das mulheres contra a opressão de
género, classe e estado, e a exploração com base no
isolamento da mulher dentro de casa. O movimento feminino tem estado activo na
exigência de medidas estritas contra a violência doméstica,
contra a enorme incidência de feticídio (homicídio de
fetos) feminino executada com a ajuda da moderna tecnologia reprodutiva, e
contra os assassínios de mulheres por dotes na busca de esposas mais
lucrativas. As mulheres também têm protestado contra a
utilização de muitas tecnologias de controle de nascimento que
põem em perigo a saúde da mulher mas são lucrativas para
companhias transnacionais e agências de ajuda com elas coniventes. O
movimento exigiu que fossem reservados postos para mulheres em governos locais,
em assembleias de estado e no parlamento central.
Em Gujarat, talvez o mais desenvolvido estado capitalista da Índia,
desde Fevereiro de 2002 o Hindutva fascista utilizou o aparelho de Estado para
orquestrar um genocídio de muçulmanos. Estas forças
fascistas perpetraram brutalidades inéditas contra homens, mulheres e
crianças (inclusive aquelas ainda no útero). Foram organizados
protestos contra aquele genocídio por toda a Índia;
organizações de mulheres e organizações dirigidas
por mulheres difundiram as actividades de protesto a nível nacional,
regional e internacional. É sabido que o fascismo na Índia, tal
como na Bósnia e no Kosovo, utiliza os corpos da mulheres como
sinalizadores da "honra" etnizada e como altos de ataques sobre o
território inimigo. Na Índia, mesmo que a maior parte das
formações políticas de esquerda ainda sejam dominadas
pelos homens, elas tiveram de reconhecer a luta pela igualdade de direitos das
mulheres como uma parte integral da luta do povo pela igualdade de
justiça.
Por todo o terceiro mundo, as pessoas estão a combater pelos seus
direitos sobre a água, terra, florestas e meios de vida, e as
organizações locais muitas vezes nasceram da sua necessidade de
levarem adiante o combate. Em Cochabamba, na Bolívia, os trabalhadores
venceram um famoso combate para impedir uma corporação
transnacional de usurpar todos os direitos dos residentes locais à
água água para irrigação, água para
saneamento e água para beber. Na Índia, pescadores ganharam o
direito de pescar no Ganges contra os que tentavam monopolizar as
instalações pesqueiras naquele rio. Em lutas disseminadas por
toda a Índia, muitos grupos locais exigiram e obtiveram o direito de se
governarem na maior parte das áreas da vida. Na Índia, uma
estrutura de governação local tem estado em
operação parcial através de um sistema de
corporações municipais e aldeias panchayat. Mas na maior parte
dos estado, com excepção de Kerala, Tripura e Bengala Ocidental
em que partidos de esquerda têm continuamente ou intermitentemente
constituído o governo, as eleições para os panchayats e
outras estruturas locais de autogovernação foram realizadas muito
irregularmente. Na verdade, em alguns estado elas nunca foram feitas, sendo as
estruturas administradas por pessoas nomeadas pelos governos dos estados. A
73ª e 74ª emendas à Constituição indiana
determinaram eleições para aquelas estruturas e dotaram-nas com
extensos poderes de administração local, incluindo o planeamento
e a implementação de projectos de desenvolvimento. Em Kerala,
Tripura e Bengala Ocidental estas estruturas deram um novo sentimento de
autogoverno aos povos locais.
Contudo, assim como a maior parte dos Estados do terceiro mundo foram tornados
impotentes pois ataram-nos à prisão da dívida, ao
ajustamento estrutural e aos programas de privatização,
também estas estruturas locais estão a ser penetradas pelas
forças do imperialismo. A arquitectura da dominação
financeira pelo grande capital erigida pelas corporações
transnacionais, FMI, Banco Mundial, OMC e potência do G7 muitas vezes
permanece invisível para o grosso dos trabalhadores, até que
sejam atingidos pelas bombas de quilotoneladas dos bombardeiros furtivos e suas
vidas sejam totalmente destruídas. Há uma ilusão entre
alguns activistas de que o desmonte do Estado nacional é sempre uma
coisa boa. Mas nos países pobres, em última análise,
é apenas o Estado que pode proporcionar educação
primária universal, cuidados básicos de saúde, saneamento
básico, segurança alimentar para os pobres e
protecção à propriedade dos recursos comuns. Conseguir
que o Estado proporcione estas coisas faz parte da luta democráticas em
todo o mundo.
Esta função de proporcionar serviços públicos exige
que o Estado tenha recursos financeiros e administrativos adequados. A maior
parte das nações-Estado foi privada de qualquer autoridade
financeira devido ao seu endividamento. Os seus poderes de
recuperação foram destruído porque criar empresas
estatais, interferir em mercados ou lançar impostos sobre os ricos
são acções consideradas, pelo capital global e os seus
cúmplices, para além dos limites da sua autoridade
legítima. Em países nos quais os Estados ainda têm
recursos financeiros adequados para atender os serviços públicos
necessários, as autoridades monetárias e fiscais tratam tais
empreendimentos como desperdício criminoso, de modo que as estruturas
locais são cada vez mais privadas dos fundos necessários para
cuidar das necessidades humanas básicas das pessoas sob sua
jurisdição. Com o crescimento dos fardos da dívida e o
esgotamento das receitas disponíveis, eles têm então de
voltar-se para agências de ajuda como o Banco Mundial e as suas muitas
satrápias, a Agência para o Desenvolvimento Internacional dos EUA
ou Departamento para Desenvolvimento Internacional britânico para o
financiamento de projectos. Ao empreenderem tais projectos acabam
inevitavelmente por ficar enredados nas suas condicionalidades e então
muitas autoridades políticas orientadas para a esquerda começam
inevitavelmente a actuar como simples agentes de corporações
transnacionais. A proliferação de ONGs financiadas pelo
estrangeiro também precipita este desenvolvimento.
Portanto, a resistência contra as forças do capital global e do
imperialismo precisa ser tanto a nível local como global. O povo deve
agitar-se contra as actividades das transnacionais e do grande capital interno,
contra o fortalecimento da repressão e da deliberada
exacerbação de conflitos armados regionais em nome da defesa, e
contra as operações de organizações
antidemocráticas como o FMI, Banco Mundial e OMC. Ao mesmo tempo, os
trabalhadores anti-imperialistas deve lutar por estabelecer o direito dos
pescadores a pescarem em rios e águas costeiras, dos adivasis a
utilizarem a água, as plantas e os recursos animais das suas
localidades, dos habitantes das cidades a disporem de água e ar limpos,
e das crianças a desenvolverem-se como cidadãos capazes.
O genocídio patrocinado pelo Estado em Gujarat e a criminosa
agressão não provocada contra o Iraque pelas forças
americanas e britânicas demonstraram que o capital não
hesitará em utilizar todo o arsenal do fascismo para atingir os seus
fins e que levantar o slogan dos "mercados livres" não
é melhor do que chamar a agressão contra o povo do Iraque
"Operação Liberdade Iraquiana". Estes ataques do
capitalismo tornado fascista também demonstraram que a batalha, como
sempre, é pelas mentes de homens e mulheres, bem como pelo controle dos
meios de coerção. Bush e Blair usaram a falta de
coordenação entre os governos da Ásia Ocidental e da
África do Norte para montar a sua guerra. Em Gujarat, o enfraquecimento
das lutas dos trabalhadores nas cidades e locais de trabalho deu uma
oportunidade às formações Hindutva de recrutar os
trabalhadores mais pobre e em pior situação económica para
a sua campanha de extermínio dos muçulmanos. Não
só os erros cometidos há mais de mil anos por um invasor que
professava fé no Islão foram invocados pelas forças
Hindutva. Também os eventos reais naquele antigo feudo foram adornados,
manipulados e falsificados a fim de envenenar as cabeças dos adivasis
assim como daqueles da casta hindus e dalitas. Analogamente, na publicidade
aos actos criminosos dos governos americano e britânico no
Afeganistão e no Iraque havia ecos da cruzadas dos cristãos
contra os muçulmanos e o agitar de todos os muçulmanos como
terroristas.
Na Índia, felizmente, embora alguns dos media estabelecidos tenham
papagaiado a propaganda de Bush-Blair e as mentiras do Hindutva, houve outros
grandes canais que tentaram retractar a realidade camuflada por aquela
propaganda. Juntamente com a cacofonia dos media, protestos contra o
genocídio de Gujarat e a carnificina no Afeganistão e no Iraque
retumbaram na maior parte das cidades e regiões da Índia e
também de outros países da Ásia do Sul. Mais pessoas do
que nunca estão conscientes de que a liberdade está a ser posta
em perigo pelas forças fascistas nos Estados Unidos, Canadá e
Grã-Bretanha e pelos seus apoiantes em velhos países
imperialistas como Portugal e Espanha, assim como por aquelas a operarem na
própria Índia, e de que temos de trabalhar duramente para impedir
a vitória destas forças e preservar a dignidade dos seres humanos
como criaturas com a capacidade de raciocinar e escolher. A resistência
vive! Como dizemos na Índia, Inqilab Zindabad!
[*]
Director do Institute of Development Studies Kolkata, autor de
Capital and Labour Redefined
(Anthem Press, 2002), e
The Political Economy of Underdevelopment
(Cambridge University Press, 1982).
Nota
[**] Aqui examino a possibilidade de lutas anti-imperialistas na perspectiva dos
povos do terceiro mundo. Mas na era do imperialismo todas as lutas locais
têm uma dimensão internacional. A recuperação da
dignidade do trabalho como parte da liberdade humana pelos trabalhadores do
primeiro mundo é também uma parte integral daquela luta. A
solidariedade com movimentos anti-imperialistas genuínos de todo o globo
é absolutamente essencial.
A URL do original é
http://www.monthlyreview.org/0703bagchi.htm
Este artigo encontra-se em
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