Síria: Mais um crime de guerra ocidental em preparação
por Paul Craig Roberts
[*]
Os criminosos de guerra em Washington e outras capitais ocidentais estão
determinados a manter a sua mentira de que o governo sírio utilizou
armas químicas. Tendo fracassado nos esforços para intimidar os
inspectores químicos da ONU na Síria, Washington pediu que o
secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon retirasse
os inspectores de armas químicas antes que eles possam avaliar a
evidência e fazer seu relatório. O secretário-geral da ONU
enfrentou os criminosos de guerra de Washington e rejeitou o pedido.
Os governos dos EUA e Reino Unidos não revelaram nenhumas das
"evidências conclusivas" que afirmam ter de que o governo
sírio utilizou armas químicas. Ao ouvir suas vozes, observar sua
linguagem corporal e fitar os seus olhos, é completamente óbvio
que John Kerry e seus fantoches britânico e alemão estão a
mentir com todos os seus dentes. Isto é uma situação muito
mais vergonhosa do que as mentiras maciças que o antigo
secretário de Estado Colin Powell disse na ONU acerca de armas
iraquianas de destruição maciça. Powell afirma que foi
enganado pela Casa Branca e que não sabia que estava a mentir. Kerry e
os fantoches britânico, francês e alemão sabem muito bem que
estão a mentir.
A cara que o Ocidente apresenta ao mundo é a cara cínica de um
mentiroso.
Washington e seus governos fantoches britânico e francês
estão prontos para revelarem mais uma vez a sua criminalidade. A imagem
do Ocidente como Criminoso de Guerra não é uma imagem de
propaganda criada pelos seus inimigos, mas o retrato que o Ocidente pintou de
si próprio.
O Independent britânico informa que durante este último fim de
semana Obama, Cameron e Hollande concordaram em lançar ataques com
mísseis de cruzeiro contra o governo sírio dentro de duas semanas
apesar da falta de qualquer autorização da ONU e apesar da
ausência de qualquer evidência que corrobore a
afirmação de Washington de que o governo sírio utilizou
armas químicas contra os "rebeldes" apoiados por Washington,
amplamente apoiadas forças externas americanas, que procuram derrubar o
governo sírio.
Na verdade, uma razão para a corrida à guerra é impedir a
inspecção da ONU que Washington sabe que refutaria sua
afirmação e possivelmente implicaria a capital estado-unidense no
ataque de bandeira falsa por parte dos "rebeldes", os quais reuniram
um grande número de crianças numa área para serem
quimicamente assassinadas com a culpa atribuída por Washington ao
governo sírio.
Outra razão para a corrida à guerra e que Cameron, o
primeiro-ministro britânico, quer obter a guerra antes que o parlamento
britânico possa bloqueá-lo por proporcionar cobertura aos crimes
de guerra de Obama do mesmo modo que Tony Blair proporcionou cobertura a George
W. Bush, pela qual Blair foi devidamente premiado. O que faz com que Cameron
[não] se preocupe com vidas sírias pois quando puder deixar o
gabinete terá à sua espera uma fortuna de U$50 milhões.
www.independent.co.uk/...
O governo sírio, sabendo que não é responsável pelo
incidente das armas químicas, concordou em que a ONU enviasse
inspectores para determinar a substância utilizada e o método de
entrega. Contudo, Washington declarou que é "demasiado tarde"
para inspectores da ONU e que aceita a afirmação em causa
própria de "rebeldes" filiados à al Qaeda de que o
governo sírio atacou civis com armas químicas.
news.antiwar.com/...
Ver também
news.antiwar.com/...
Numa tentativa de impedir os inspectores químicos da ONU que chegaram ao
local de fazerem o seu trabalho, os inspectores foram alvejados por
franco-atiradores
(snipers)
no território mantido pelos "rebeldes" e forçados a
saírem dali, embora uma informação posterior da RT diga
que os inspectores retornaram ao sítio para efectuar sua
inspecção.
rt.com/news/un-chemical-oservers-shot-000/
O corrupto governo britânico declarou que a Síria pode ser atacada
sem autorização da ONU, assim como a Sérvia foi atacada
militarmente sem autorização da ONU.
Por outras palavras, as democracias ocidentais já estabeleceram
precedentes para violar o direito internacional. "Direito internacional?
Nós não precisamos nenhum fedorento direito internacional!"
O Ocidente conhece apenas um direito: O Poder é Razão
(Right).
Enquanto o Ocidente tiver o Poder, o Ocidente tem a Razão.
Numa resposta às notícias de que os EUA, Reino Unido e
França estão a preparar-se para atacar a Síria, o ministro
russo dos Estrangeiros, Lavrov, disse que tal acção unilateral
é uma "grave violação do direito internacional"
e que a violação era não só legal como
também ética e moral. Lavrov referiu-se às mentiras e
enganos utilizados pelo Ocidente para justificar suas graves
violações da direito internacional em ataques militares à
Sérvia, Iraque e Libia e como o governo dos EUA utilizou movimentos
preventivos para minar toda esperança por acordos de paz no Iraque,
Líbia e Síria.
Mais uma vez Washington preveniu qualquer esperança de acordo de paz. Ao
anunciar o ataque vindouro, os EUA destruíram qualquer incentivo para os
"rebeldes" participarem nas conversações de paz com o
governo sírio. À beira de estas conversações terem
lugar, os "rebeldes" agora não têm incentivo para
participarem pois os militares do Ocidente estão a vir em sua ajuda.
Na sua conferência de imprensa Lavrov falou do como os partidos
dirigentes nos EUA, Reino Unido e França instigam emoções
entre pessoas fracamente informadas que, uma vez excitadas, têm de ser
satisfeitas pela guerra. Isto, naturalmente, foi o meio como os EUA manipulam o
público a fim de atacar o Afeganistão e o Iraque. Mas o
público americano está cansado das guerras, cujos objectivos
nunca são esclarecidos, e tem crescentes suspeitas em
relação às justificações do governo para
mais guerras.
Um inquérito Reuters/Ipso descobriu que "americanos opõem-se
à intervenção estado-unidense na guerra civil da
Síria e acreditam que Washington deveria permanecer fora do conflito
mesmo se informações de que o governo da Síria utilizou
armas químicas mortais para atacar civis forem confirmadas.
news.yahoo.com/
Contudo, Obama não se importa que menos de 9 por cento do público
apoie o seu belicismo. Como declarou recentemente o antigo presidente Jimmy
Carter: "A América não tem democracia em funcionamento".
rt.com/usa/carter-comment-nsa-snowden-261/
Ela tem um estado policial no qual o ramo executivo se colocou acima de toda a
lei e da Constituição.
Este estado policial está agora em vias de cometer mais outro crime de
guerra estilo nazi de agressão não provocada. Em Nuremberg os
nazis foram sentenciados à morte precisamente por acções
idênticas às que estão a ser cometidas por Obama, Cameron e
Hollande. O Ocidente está a confiar no poder, não no direito,
para manter-se fora do tribunal criminal.
Os governos dos EUA, Reino Unido e França não explicaram porque
interessa se pessoas nas guerras iniciadas pelo Ocidente são mortas por
explosivos feitos de urânio empobrecido ou com agentes químicos ou
qualquer outra arma. Era óbvio desde o princípio que Obama estava
determinado a atacar o governo sírio. Obama demonizou armas
químicas mas não as nucleares destruidoras de bunkers
("bunker busters")
que os EUA podem utilizar contra o Irão. Portanto Obama traçou
uma linha vermelha, dizendo que a utilização de armas
químicas pelos sírios era um grande crime que obrigaria o
Ocidente a atacar a Síria. Os fantoches britânicos de Washington,
William Hague e Cameron, simplesmente têm repetido esta
afirmação sem sentido.
rt.com/news/uk-response-without-un-backing-979/
O passo final na trama era orquestrar um incidente químico e culpar o
governo sírio.
O que é a agenda real do Ocidente? Esta é a pergunta não
formulada e não respondida. Claramente, os governos dos EUA, Reino Unido
e França, os quais têm exibido continuamente seu apoio a regimes
ditatoriais que sirvam os seus propósitos, não estão
minimamente perturbados com ditadura. Eles estigmatizam Assad como ditadora
como um meio de diabolizá-lo para as mal informadas massas do Ocidente.
Mas Washington, Reino Unido e França apoiam qualquer número de
regimes ditatoriais, tais como aqueles no Bahrain, Arábia Saudita e
agora a ditadura militar no Egipto que está implacavelmente a mater
egípcios sem que qualquer governo ocidental fale de invadir o
país por "matar o seu próprio povo".
Claramente também, o ataque ocidental à Síria que
está para acontecer não absolutamente nada a ver com levar
"liberdade e democracia" à Síria, não mais do
que liberdade e democracia foram razões para os ataques ao Iraque e
à Líbia, nenhum dos quais ganhou qualquer "liberdade e
democracia".
O ataque do Ocidente à Síria não tem relação
com direitos humanos, justiça ou qualquer das causas altissonantes com
as quais o Ocidente encobre a sua criminalidade.
Os media ocidentais, e menos ainda os
presstitutes
americanos, nunca perguntam a Obama, Cameron ou Hollande qual é a
agenda real. É difícil acreditar que qualquer repórter
seja suficientemente estúpido ou crédulo para acreditar que a
agenda é levar "liberdade e democracia" à Síria
ou punir Assad por alegadamente utilizar armas químicas contra bandidos
assassinos que tentam derrubar o governo sírio.
Naturalmente, a pergunta não seria respondida se fosse feita. Mas o acto
de perguntar ajudaria o público a tornar-se consciente de que há
mais em andamento do que o que está à vista. Originalmente, a
desculpa para as guerras de Washington era manter os americanos seguros em
relação a terroristas. Agora Washington está a
esforçar-se por entregar a Síria a terroristas da jihad,
ajudando-os a derrubar o governo laico e não terrorista de Assad. Qual
é a agenda por trás do apoio de Washington ao terrorismo?
Talvez o objectivo das guerras seja radicalizar muçulmanos e, dessa
forma, desestabilizar a Rússia e mesmo a China. A Rússia tem
grandes populações de muçulmanos e faz fronteiras com
países muçulmanos. Mesmo a China tem alguma
população muçulmana. Quando a agitação
radical se propagar aos dois únicos países capazes de
constituírem um obstáculo à hegemonia mundial de
Washington, à propaganda dos media ocidentais e ao grande número
de ONGs financiadas pelos EUA, a posarem como organizações de
"direitos humanos", Washington pode nelas confiar para diabolizar os
governos russo e chinês por medidas duras contra "rebeldes".
Outra vantagem da radicalização de muçulmanos é que
isto deixa países muçulmanos em perturbações ou
guerras civis prolongadas, como é actualmente o caso no Iraque e na
Líbia, impedindo portanto qualquer poder de estado organizado de
obstruir objectivos israelenses.
O secretário de Estado John Kerry está a trabalhar nos telefones
utilizando subornos e ameaças a fim de construir
aceitação, se não apoio, ao crime de guerra em
preparação contra a Síria.
Washington está a conduzir o mundo para mais perto do que nunca da
guerra nuclear, mesmo em relação aos períodos mais
perigosos da Guerra-fria. Quando Washington acabar com a Síria, o alvo
seguinte será o Irão. A Rússia e a China já
não serão mais capazes de enganarem-se a si próprios com a
ficção de que há qualquer sistema de lei internacional ou
restrição à criminalidade ocidental. A agressão
ocidental já está a forçar ambos os países a
desenvolverem suas forças estratégicas nucleares e a restringir
as ONGs financiadas pelo Ocidente que posam como
"organizações de direitos humanos", mas na realidade
constituem uma quinta coluna que Washington pode utilizar para destruir a
legitimidade dos governos russo e chinês.
A Rússia e a China têm sido extremamente descuidadas nos seus
relacionamentos com os Estados Unidos. Essencialmente, a oposição
política russa é financiada por Washington. Mesmo o governo
chinês está a ser minado. Quando uma corporação
estado-unidense abre uma companhia na China, ela cria uma directoria chinesa na
qual são colocados parentes das autoridades políticas locais.
Estas directorias criam um canal para pagamentos que influenciam as
decisões e lealdades dos membros locais e regionais do partido. Os EUA
penetraram universidades chinesas e atitudes intelectuais. Estão a ser
criadas vozes dissidentes que são perfiladas contra o governo
chinês. Pedidos de "liberalização" podem
ressuscitar diferenças regionais e étnicas e minar a
coesão do governo nacional.
Uma vez que a Rússia e a China percebam que são dilaceradas por
quintas colunas americanas, isoladas diplomaticamente e ultrapassadas
militarmente, as armas nucleares tornar-se-ão a única garantia
das suas soberanias. Isto sugere ser provável que a guerra nuclear
termine com a humanidade bem antes de esta sucumbir ao aquecimento
global ou à ascensão das dívidas nacionais.
27/Agosto/2013
[*]
www.paulcraigroberts.org/
O original encontra-se em
www.globalresearch.ca/syria-another-western-war-crime-in-the-making/5347038
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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