A contracção económica mundial
e a guerra que se avizinha
Entrámos numa época de contracção económica,
numa época de guerra, de violenta luta de classes, de crise do processo
de globalização, de domínio económico,
político e militar crescente do poderio estadunidense a nível
mundial, bem como de amplas e crescentes mobilizações contra a
globalização e a guerra.
Uma guerra em grande escala está para irromper a qualquer momento. No
caso do Vietnam era a ameaça do comunismo, hoje em dia é a
desculpa da ameaça do terrorismo. Ambas as guerras são
comandadas pela superpotência económica e militar no altar da sua
expansão e controle do maior número de países
possível. A justificação da invasão do Iraque
é que tem armas de destruição maciça. Cabe
assinalar que há um grande número de países que têm
esse tipo de armas, a começar pelos Estados Unidos. Porque este
país disse que começará por desarmar e atacar os
países do "eixo do mal"? Simplesmente porque o Iraque e a
Coreia do Norte não estão dentro da sua área de
influência. Disseram não ao capitalismo, disseram não ao
processo de globalização comandado pelos EUA, impedindo a
passagem à expansão e ao domínio económico deste
país. Os EUA não precisaram invadir a Rússia para
subordiná-las aos seus interesses. Foi através do
económico, do processo de globalização, que a
Rússia e o resto dos países ex-socialistas se abriram às
chamadas forças livres do mercado, entraram em grave crise
económica e estão agora subordinadas aos interesses do grande
capital internacional. O mesmo fez os EUA com o Japão, que estava a
disputar-lhe a hegemonia económica nos anos setenta e oitenta. Foi a
partir da liberalização financeira que os EUA impuseram ao
Japão em 1985 que este abriu os seus mercados financeiros ao capital
internacional, os quais geraram práticas especulativas e
boom
no mercado de acções e no mercado de bens de raiz, que
desembocaram no
crack
bolsista e na desvalorização do yen em 1991, conduzindo a uma
crise nesse país. Isto obrigou o Japão a permitir a
participação do investimento estrangeiro (estadunidense) em
áreas que antes eram exclusivamente só para os nacionais. O
mesmo ocorreu com os países do Sudeste Asiático que também
estavam a disputar o mercado internacional aos Estados Unidos. Foi a partir da
abertura e da liberalização financeira instrumentada em 1993-94
que passaram a enfrentar uma crise em 1997, dando assim por findas
décadas de crescimento sustentado, vendo-se obrigados a receber
créditos norte-americanos condicionados à maior
participação do investimento estadunidense em tais países.
O processo de globalização permitiu aos Estados Unidos retomar e
fortalecer como nunca sua hegemonia económica. Os Estados Unidos foram
o único país desenvolvido que pôde crescer a taxas elevadas
desde 1992 a 2000. O Japão teve uma década perdida e a Europa
não pôde crescer além dos 2% em média anual. As
crises financeiras mundiais derivadas do processo de globalização
levaram o capital financeiro internacional a refugiar-se nos mercados
financeiros dos Estados Unidos, permitindo a este país receber recursos
financeiros a baixo custo para promover sua dinâmica económica.
A própria lógica do capitalismo levou a economia dos EUA a travar
seu crescimento em 2001. O grande dinamismo e as próprias expectativas
de crescimento implicam crescentes níveis de endividamento que terminam
por originar problemas de sobre-endividamento e insolvência, em
consequência do facto de que a própria dinâmica reduz a taxa
de lucro e portanto o rendimento das empresas, comprometendo assim a capacidade
de pagamento. Isto recrudesceu devido ao aumento da taxa de juros
instrumentado pela Reserva Federal diante da sua preocupação de
que o crescimento sustentado por tantos anos no referido país
traduzir-se-ia em pressões inflacionária que debilitariam o
dólar e a economia. Contudo, a alta da taxa de juros agudizou os
problemas de insolvência, levando os devedores a ter que diminuir seu
consumo e investimento para poderem pagar suas dívidas. Isto reduziu a
procura conduzindo ao menor crescimento económico nesse país a
partir de 2001.
Os mercados de capitais internacionais têm vindo a mostrar fortes quedas
no seu comportamento, desvalorizando assim activos financeiros e reais, os
quais descapitalizam empresas e os que nele participam, o que se traduziu em
menor investimento e procura, impedindo a retomada de condições
para o crescimento económico.
Apesar de os Estados Unidos estarem a diminuir a taxa de juros e os impostos, e
terem aumentado a despesa pública para reactivar sua economia,
não o conseguiram. A referida economia enfrenta um crescente
défice de comércio externo, cerca de 4,5% do PIB, o qual actua em
detrimento do crescimento económico. O sector privado encontra-se
altamente endividado e está contraindo seu consumo e investimento para
poder pagar, pelo que não pode constituir-se no motor do crescimento. A
economia não tem condições endógenas que lhe
permitam recuperar o crescimento económico, pelo que cabe ao governo
assumir o referido papel através do maior gasto deficitário.
Neste momento desenha-se o cenário de uma guerra longa e de
proporções. A guerra de expansão e de domínio por
parte dos Estados Unidos dos recursos não renováveis e de
mercados apresenta-se quando não se encontram saídas para o
crescimento económico e quando a política económica
instrumentada não dá o resultado esperado.
Os governos e defensores do modelo económico predominante jamais
irão aceitar que este não propicia condições
internas de crescimento. Nos países subdesenvolvidos o referido modelo
levou-nos a depender cada vez mais da entrada de capitais, para o que se
procedeu à venda não só de activos públicos
estratégicos como também a estrangeirização de
empresas privadas nacionais para assim obterem capitais a fim de financiar os
desequilíbrios do sector externo gerados por nossa incapacidade
competitiva para sairmos airosos do processo de competição
desleal em que nos colocou a descapitalização dos sectores
produtivos, a maiores níveis de endividamento interno e externo, assim
como a maiores níveis de estrangeirização da economia,
maiores taxas de desemprego e miséria.
Os Estados Unidos aumentaram o seu poderio como nunca se teria imaginado e,
não obstante, enfrentam problemas de crescimento interno e da economia
mundial em consequência das próprias contradições do
sistema capitalista. E diante da inoperabilidade das suas políticas
económicas para a retomada do crescimento económico dos seu
países e da economia mundial, coloca-se a guerra. Ou seja, esta
é inerente ao capitalismo, às necessidades de expansão do
imperialismo.
Uma guerra de grande escala está para começar e desenvolver-se
através do Médio Oriente. O Iraque será o primeiro a ser
invadido, para continuar com o resto daqueles países da área que
não estão subordinados aos interesses estadunidenses, na
perspectiva de colocar governos servis, que lhes permitam a
apropriação do petróleo, e assim controlar sua
produção e distribuição e subordinar aqueles
países europeus e asiáticos que representam contrapesos
económicos aos Estados Unidos. Em países como a Alemanha e a
França, parte substancial do seu abastecimento de petróleo provem
do Iraque, pelo que o controle pelos EUA dos referido petróleo
permitir-lhe-á determinar sua comercialização e o
preço ao qual será vendido. Isto fará com que possa
enfraquecer a Europa, agora que o euro está a avançar em
relação ao dólar e tende a disputar-lhe terreno como moeda
de curso legal internacional e portanto enfraquecer e deslocar o dólar.
A partir daí, ao tomar o controle de grande parte do fornecimento do
petróleo aos países europeus e ao determinar-lhes o preço
(em função dos interesses de competitividade dos EUA),
enfraquecerá a economia europeia e a sua moeda, impondo uma vez mais a
hegemonia do dólar.
Ao assumirem os Estados Unidos o controle do petróleo (recurso
não renovável e logo em extinção) poderão
determinar (mais do que o fizeram até agora) o destino do mundo e
poderão sujeitar e controlar aqueles países que até agora
lhe foram hostis e mostraram resistência.
Apenas a invasão do Iraque e a despesa que o governo dos EUA
realizará com isto não é suficiente para reactivar sua
economia. A guerra do Vietnam, apesar dos grandes montantes nela gastos,
só impactou em um ponto percentual o crescimento da economia dos EUA. A
Guerra do Golfo Pérsico não teve impacto sobre a economia
estadunidense. A Segunda Guerra Mundial foi relevante porque permitiu aos
países desenvolvidos e subdesenvolvidos deixarem a Grande
Depressão e o contexto depressivo dos anos trinta, bem como o modelo
neoliberal que a gerou, para dar lugar às políticas de
intervenção do Estado na ingerência económica, que
permitiram retomar o crescimento económico sustentado por várias
décadas.
Hoje em dia encontramo-nos numa situação semelhante. A economia
estadunidense e a economia mundial não encontram saída para o
contexto de contracção económica e de desemprego
crescente. O Japão está em crise desde 1991 e até
à data não consegue sair da sua crise. Apesar de o governo haver
aumentado sua despesas e trabalhar com défice fiscal de cerca de 8% do
PIB, a sua economia não se reactiva. O sector privado continua sem
aumentar seu consumo e investimento. A Europa, por seu lado, preocupada com a
sua união económica e monetária, não pode expandir
a despesa pública, nem diminuir significativamente sua taxa de juros, o
que se traduz em taxas de crescimento muito baixas e desemprego crescente. Os
EUA, ao que parece, optaram pela guerra como forma de reactivação
a fim de que esta lhe permita ampliar e consolidar seu domínio imperial,
o que é factível pois não tem contrapeso militar algum.
A crise económica é do modelo económico predominante, e
esses problemas não se resolvem com a guerra. Ao invés de
encarar e resolver os problemas medulares que estão por trás da
contracção económica mundial, o que implicaria fazer
marcha atrás nos processos de liberalização comercial e
financeira promovidos pela globalização e em consequência
balizar a lógica do capital, o governo estadunidense opta pela guerra,
pois não pode ir contra os seus próprios interesses.
Para que uma guerra possa actuar como motor do crescimento tem que ser de
grandes proporções, tal como o foi a Segunda Guerra Mundial.
Daí dizermos que o Iraque será o início de toda uma
estratégia de expansão e dominação, que
começará pelo controle da produção e fornecimento
de petróleo e, a partir daí, ampliar a fronteira de
influência do investimento norte-americano, e impor as regras do
capitalismo àqueles países que continuarem a opor o socialismo ao
capitalismo, como a Coreia do Norte e outros e impor a
globalização àqueles países que ainda apresentam
resistências em alguns dos seus sectores, como a China e a Índia.
Estamos a viver mais uma vez uma etapa histórica em que o capitalismo
utiliza suas armas para abrir mercados, para apropriar-se de recursos naturais,
para continuar a manter um sistema que cada vez mais se evidencia não
proporcionar condições de crescimento económico
sustentado, nem muito menos crescimento soberano e equitativo, nem diminui as
diferenças entre desenvolvidos e subdesenvolvidos, antes pelo
contrário, acentua essas diferenças.
Será através da guerra e do seu maior domínio que
travará a desvalorização de 20% que o dólar teve
frente ao euro nos últimos meses e poderá restaurar a fortaleza e
a confiança do dólar no sistema financeiro internacional, e
impedir que o euro possa fazer-lhe contrapeso, o que lhe permitirá
continuar a emitir dívida na sua própria moeda para financiar
não só a guerra como também sua recuperação
económica.
O poder dos Estados Unidos e do grande capital financeiro internacional levou a
que, apesar das crises económicas e das vitórias de partidos
democráticos no mundo, não se dê mudança alguma da
política económica predominante. E diante do maior poder
económico e militar que se avizinha, menor capacidade terá
qualquer país para retomar o manejo soberano da sua política
económica a fim de atender às exigências nacionais. A
globalização levou-nos não só à perda do
manejo soberano da política económica na
determinação dos rumos nacionais como também ao maior
domínio do capital transnacional nas nossas economias. Assim como os
maiores desequilíbrios no sector externo levaram-nos a depender mais da
entrada de capitais e das decisões de investimento do capital externo,
permitindo aos Estados Unidos pressionar o resto mundo a que o apoiem na sua
acção bélica frente ao Iraque, quer para que prestem os
seus territórios para o estabelecimento de bases militares para o
referido ataque, quer para conseguir o voto de aprovação no
Conselho de Segurança das Nações Unidas
[1]
. Dessa forma, a grande maioria dos países perdeu não só
o manejo soberano da política económica como também da
política internacional, passado também esta a subordinar-se aos
interesses estadunidenses, o que nos leva a um círculo vicioso de maior
globalização, subordinação,
estrangeirização e espoliação.
Se se verificar o controle do petróleo por parte dos EUA no Iraque,
permitir-lhe-á aumentar sua produção para embaratecer o
seu preço a níveis tais que possa embaratecer custos de
produção e aumentar lucros em sectores petroquímicos e em
outras áreas produtivas para reactivar investimento e crescimento
económico. Contudo, os problemas enfrentados pela economia mundial
não se deve à alta do preço do petróleo e sim
à baixa procura, baixo lucro, alto endividamento, perda de
competitividade, problemas crescentes de balança de pagamentos em muitos
países, dentre outros, que não seriam revertidos por uma baixa do
preço do petróleo. Num contexto de guerra prolongada na referida
área, os preços do petróleo poderiam flutuar em altos
níveis, tendo isto impacto negativo sobre a economia dos países
desenvolvidos (dada a sua dependência deste insumo), assim como da
economia mundial. Teria impactos inflacionários e de altas taxas de
juros, que contrairiam mais o poder aquisitivo, o consumo e o investimento, e
portanto o crescimento económico. Isto levaria à busca de
saídas rápidas, através de armas nucleares para encurtar
tempos e controlar no menor tempo possível as jazidas
petrolíferas e assim sua produção e seu preço, para
evitar contextos de crises económicas profundas, o que evidenciaria que
para eles o preço em vidas humanas e ecológico não
importa, se não os afectar, desde que consigam seus objectivos de
dominação mundial.
A actual situação de estancamento económico, a
inviabilidade de encontrar saída para crescimento económico
através do processo de globalização imperante e o
início iminente da estratégia belicista dos Estados Unidos
são uma oportunidade histórica para dizer não não
só à guerra como também ao processo de
globalização e ao sistema capitalista do qual emanam.
A cúpula empresarial no México pronunciou-se a favor do apoio
governamental à resolução dos Estados Unidos, a fim de
evitar represálias que pudessem afectar seus interesses. O
próprio governo mexicano assinalou que tomará a melhor
decisão para o país
[1]
. Isto reflecte as posições mercantilistas e pragmáticas
predominantes do grupo económico no poder, deixando de lado os
princípios históricos que deram identidade, ética moral e
respeito ao México por suas posições de não
intervenção e não ingerência em outros
países, de respeito à autodeterminação dos povos e
à solução pacífica de conflitos. Deixa-se isso de
lado e há grupos que tentam tirar vantagens da iminente invasão
do Iraque pelos EUA, e negociar o voto a partir de acordos migratórios
em favor dos con-nacionais que vivem no referido país, assim como
revisão do Tratado de Livre Comércio
[2]
no que se refere ao capítulo agrícola exigido pelas
organizações camponesas, tal como fluxos financeiros para
assegurar o financiamento do défice do sector externo e travar as
pressões sobre o peso. Aos sectores empresariais e governamentais que
estão a favor do voto pelos Estados Unidos e por tirar proveito disto,
não só deixam para trás a moral, a história e os
princípios que nos deram pátria que proporcionaram um papel
preponderante ao nosso país no plano internacional, como também
estão pondo o país numa guerra que não é nossa, que
obedece aos interesses imperialistas dos EUA, e que nos levará a sermos
também sujeitos a ataques e represálias da parte daqueles que
serão afectados pela guerra que começa nos Estados Unidos.
Aqueles que estão a favor de que o governo mexicano se some aos Estados
Unidos para assim tirar proveito económico do mesmo não se
dão conta (ou não querem reconhecer) que os problemas que
enfrentamos são consequência das políticas predominantes,
da nossa crescente integração e subordinação aos
interesses dos Estados Unidos, pelo que aprofundar nossa relação
com tal país nos levará à maior
descapitalização dos processos produtivos, à maior
estrangeirização da economia, ao aprofundar dos problemas do
subdesenvolvimento, a mais dependência do capital transnacional e
à maior subordinação da economia. Esse é o
projecto de nação que defendem aqueles que estão a favor
de que o México vote a favor dos EUA.
O México deve dizer não à invasão do Iraque. Os
Estados Unidos não poderiam adoptar represálias contra o nosso
país, pois estariam a afectar os seus próprios investidores aqui
estabelecidos. Além disso estariam a violentar o Tratado de Livre
Comércio, o que deveria ser utilizado pelo governo mexicano para dar por
terminado o referido tratado a fim de poder retomar o manejo soberano da
política económica e da política internacional para mudar
de rumo. Se os EUA tomarem represálias contra aqueles países que
não endossarem sua proposta belicista isto deve dar lugar a que os
países afectados recoloquem sua inserção no processo de
globalização, bem como o pagamento do serviço da
dívida externa, para diminuir nossa integração comercial e
financeira internacional e os níveis de vulnerabilidade e
dependência que isto configurou. Tal decisão nos permitiria
retomar o manejo soberano da política económica em nosso favor,
para redefinir estratégias de desenvolvimento mais endógenas e
auto-sustentadas, que travem o processo de descapitalização,
estrangeirização e depauperação das nossas
economias.
Temos uma oportunidade histórica que pode ser um divisor de
águas, o qual pode ser aproveitado para retomar e defender nossa
soberania em todos os seus níveis e por distância aos interesses
belicistas e à dominação dos Estados Unidos. Se
não for assim, ou seja, se se optar pela maior
subordinação do país, continuaremos a desfazer-nos como
país soberano, um país que continua a aceitar que tanto a sua
política económica como a internacional sejam determinadas em
Washington e não através de processos democráticos
internos.
[*]
Economista, Professor da Universidade Nacional Autónoma do México
(UNAM). Intervenção apresentada no Seminário Internacional
Partidos e Sociedade, realizado na cidade do México em Março de
2003.
_________
Notas
1- O texto é anterior à invasão do Iraque. Como se
recorda, não houve votação no Conselho de Segurança
da ONU porque os EUA e a Grã-Bretanha retiraram o projecto de
resolução que haviam elaborado. No entanto, o presidente Fox
declarou naqueles dias que o México discordava da guerra como
solução para "desarmar o Iraque" e defendia a
continuação do trabalho dos inspectores da ONU. [NT]
2- Refere-se ao Acordo Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta),
assinado em 1994 pelo México, EUA e Canadá. O Nafta foi
apresentado como a salvação da economia mexicana mas, depois de
nove anos de vigência, mais da metade dos mexicanos vive na pobreza e o
desemprego continua a aumentar. Durante os anos do Nafta o cabaz alimentar
básico aumentou 560%, ao passo que os salários cresceram apenas
136%. [NT]
Este artigo encontra-se em
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