O novo governo italiano é indecente
Criado para servir as instituições financeiras,
reestruturar o trabalho e obedecer ao BCE e à UE
por União Sindical de Base (USB)
[*]
"Esperamos que todos aqueles que se deslumbraram com os contos de fadas
com que todos os média beatificaram, nas últimas semanas, o
ex-presidente do BCE, venham a compreender, lendo atentamente os nomes dos
ministros, que não estamos a tratar com um mundo de contos de fadas, mas
com um mundo muito mais realista, um mundo de luta de classes".
O novo governo de Draghi é indecente, criado à medida para servir
as instituições financeiras, reestruturar o trabalho, obedecer ao
BCE e à UE, com muitos fiéis partidários
disfarçados de técnicos e representa o pior da política.
Os patrulheiros políticos chamados a supervisionar o mundo do trabalho
é motivo de grande preocupação. A concessão do MISE
[1]
a Giorgetti, da Liga Norte, prenuncia um péssimo destino para as mais
de 140 mesas de crise à espera de soluções que, há
muito tempo, não aparecem, a começar pelo destino da Alitalia e
da ArcelorMittal; o regresso de Brunetta à Administração
Pública reacenderá os ataques rudes e grosseiros aos
funcionários públicos e porá em prática as medidas
que introduziu com o governo de Berlusconi; a entrada do vice-secretário
do Partido Democrático (PD), Orlando, no Ministério do Trabalho
marcará uma união inseparável com a CGIL
[2]
, a CISL
[3]
e a UIL
[4]
e uma obediência estrita aos ditames da União Europeia em
matéria de salários, pensões e rendimentos.
O governo de
todos no comboio do Fundo de Recuperação
é caraterizado pelo que já pudemos entender da investidura
de Draghi; um governo que vai transferir o peso da gigantesca dívida
para os ombros das massas populares e dos trabalhadores, que vai reestruturar o
mundo do trabalho mais uma vez, em nome de uma digitalização e
transição ecológica que será rejeitada mediante um
enorme processo de transformação que encerrará a
produção não competitiva, expulsará centenas de
milhares de trabalhadores, reorganizará a administração
pública e usará a digitalização para cortar ainda
mais nas funções sociais a que o Estado está obrigado,
incentivando a privatização e a venda de bens coletivos e joias
de família.
Um governo que se prepara para deixar o Sul ainda mais para trás,
favorecendo o sistema empresarial do Norte e estimulando ainda maiores
desigualdades sociais e territoriais.
Esperamos que todos aqueles que se deslumbraram com os contos de fadas com que
todos os média beatificaram, nas últimas semanas, o ex-presidente
do BCE, venham a compreender, lendo atentamente os nomes dos ministros, que
não estamos a tratar com um mundo de contos de fadas, mas com um mundo
muito mais realista, um mundo de luta de classes.
A USB já está a dinamizar a realização de
mobilizações para se opor às escolhas antipopulares que o
governo Draghi se está a preparar para promover, tanto ao nível
individual como coletivo.
Precisaremos de uma grande e duradoura mobilização geral que
porá em movimento uma ampla gama de setores sociais e políticos
para reverter a tendência, e este é o compromisso que a USB
está a assumir para os próximos meses.
01/Março/2021
NT
[1] MISE:
Ministero dello Sviluppo Economico
[Ministério do Progresso Económico]
[2] CGIL:
Confederazione Generale Italiana del Lavoro
[Confederação Geral Italiana do Trabalho]
[3] CISL:
Confederazione Italiana Sindacati Lavoratori
[Confederação Italiana de Sindicatos de Trabalhadores]
[4] UIL :
Unione Italiana del Lavoro
[União Italiana do Trabalho]
O original encontra-se em
internazionale.usb.it/...
e a tradução em
pelosocialismo.blogs.sapo.pt/o-novo-governo-e-indecente-criado-para-130585
Este artigo encontra-se em
https://resistir.info/
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