Pelo fim da ocupação colonial do Iraque
Construir solidariedade para resistir à ofensiva imperialista USA-GB
por John Catalinotto
A horrível carnificina da máquina de guerra do Pentágono
contra civis e soldados iraquianos, e a heróica resistência da
povo do Iraque, colocaram novas questões diante do movimento anti-guerra
mundial.
Pode este movimento, que mobilizou dezenas de milhões de pessoas,
tornar-se realmente um contra-peso ao poder militar do Pentágono? Pode
ele tornar-se, como um redactor do New York Times o caracterizou em 16 de
Fevereiro, "a outra super-potência do mundo?"
A direcção que este movimento tomar e o seu potencial de
desenvolvimento futuro serão determinados pela forma como reagir aos
graves acontecimentos que agora estão a ter lugar no Iraque.
Mesmo sem um centro reconhecida ou uma ideologia clara, reconhecida por todos,
milhares de grupos em países de todo o mundo começaram, no
decorrer dos últimos seis meses, a actuar como um movimento mundial de
solidariedade mútua. Ele ganhou mais consciência do seu papel
semana a semana. Seus organizadores têm grande cuidado em coordenar
acções com o máximo impacto. Eles são conduzidos
de forma a unificar diante dos crimes ultrajantes e da arrogância
dominadora de Washington.
Com o pretexto de reunir acerca de um acordo respeitante aos seis condados
irlandeses ainda sob domínio colonial britânico, George W. Bush e
Tony Blair tiveram aquilo que foi realmente uma "cimeira de guerra"
em 7 de Abril na cidade de Belfast, Irlanda do Norte. Eles assumiram que
haveria pouca ou nenhuma oposição.
Mas este novo movimento mundial também está representado na
área de Belfast. "Ter o presidente Bush e Tony Blair a falar de
paz para políticos da Irlanda do Norte enquanto tramam a
destruição de Bagdad e a ocupação do Iraque
é a hipocrisia final", afirmou a Irish Stop the War Coalition no
comunicado em que anunciava um protesto em massa dia 7 de Abril.
Este comunicado difundiu-se imediatamente pela Internet e fortaleceu a
resolução de milhões de activistas anti-guerra por todo o
mundo. Na manhã de 7 de Abril em Nova York, manifestantes a caminho da
prisão, num furgão da polícia, mencionaram a
demonstração de Belfast numa entrevista à radio como se
fosse a sua própria.
12 DE ABRIL:
QUARTO DIA INTERNACIONAL DE PROTESTO
A resposta ao apelo for um dia internacional de protesto em 12 de Abril foi
outro sinal da consciência crescente deste movimento mundial. ANSWER nos
EUA e Stop the War Coalition na Grã-Bretanha, mais representantes do
movimento anti-guerra alemão, haviam emitido um apelo conjunto em 28 de
Março em favor do quarto dia de protesto mundial. Em 5 de Abril
movimentos de 40 países de todos os continentes concordaram em apoiar o
apelo, de Seul a São Paulo, de Sidney a Copenhagen, de Madrid a Manilha.
Tornar o 12 de Abril um dia internacional fortalece as acções
globais. Ajuda especialmente a mobilizar em centros de guerra como os EUA e a
Grã-Bretanha, onde a propaganda imperialista ainda tem poder sobre
grandes segmentos da população.
As forças anti-guerra em vários países fizeram um
esforço extra pelo bem comum. Exemplo: a International League of
Peoples' Struggle, nas Filipinas, emitira anteriormente uma apelo por
acções em 9 de Abril na região da
Ásia-Pacífico. Mas quando a sua liderança soube do dia
internacional, adoptou a acção exemplar de mudar a data do seu
protesto para o dia internacional em 12 de Abril. Num certo número de
países onde os grupos têm alguma flexibilidade, eles também
ajustaram seus calendários a fim de fortalecer o dia internacional.
SOLIDARIEDADE COM A RESISTÊNCIA IRAQUIANA
Antes de os EUA e a Grã-Bretanha lançarem sua agressão
contra o Iraque, os movimentos populares na maior parte dos países
imperialistas tinham como slogan principal das suas
demonstrações: "Parar a guerra ao Iraque antes que ela
comece". Este slogan permitiu ao movimento colocar o maior número
de pessoas em acção numa base progressista.
Também havia uma oposição pró-imperialista à
guerra americana, especialmente dos rivais de Washington em Paris e Berlim.
Estes governos e os governantes imperialistas que eles representam nada
têm a ganhar e muito a perder com o domínio americano do
Médio Oriente. Além disso, eles enfrentam resistência em
massa à guerra nos seus próprios países.
Assim, os governos francês e alemão, com algum apoio da
Rússia, opuseram-se aos EUA no interior do Conselho de Segurança
das Nações Unidas. O seu slogan, com efeito, era
"Inspecções, não guerra". Eles eram pelo roubo
da soberania do Iraque, mas estavam contra a actual carnificina. Sua recusa em
endossar a guerra tornou-a ainda mais obviamente ilegal de acordo com o direito
internacional.
No entanto, Washington arrancou com a sua tentativa de ocupar o Iraque e
devolve-lo ao status colonial. Os iraquianos responderam a este assalto
militar esmagador com uma resistência heroica sob as mais difíceis
condições.
Agora a situação mudou. A resposta do ministro alemão dos
Negócios Estrangeiros, Joschka Fischer, à nova
situação foi de que "a guerra deveria acabar tão logo
quanto possível" o que significa que os iraquianos deveriam
render à opressão colonial. Os regimes da Alemanha e da
França estão a pedir que as Nações Unidas
administre um protectorado iraquiano, de modo que as suas empresas obtenham uma
fatia das acções de reconstrução do país.
Por outro lado, secções importantes do movimento anti-guerra
mundial estão a enfrentar a nova situação. Como exemplo,
o organizador anti-guerra Angeles Maestro, de Madrid, escreveu um documento em
5 de Abril encorajando o movimento anti-guerra e
anti-globalização a começar a utilizar um slogan apelando
à solidariedade com a heróica resistência iraquiana.
TRABALHADORES E NAÇÕES OPRIMIDAS
Este ponto está longe de ser uma questão retórica para um
debate no movimento. Ele está no cerne do desenvolvimento real da
solidariedade entre a classe operária nos países imperialistas
Europa, América do Norte, Austrália e Japão
e as massas de povos e nações daquilo que foi chamado o Terceiro
Mundo.
Os oprimidos querem que o Iraque vença e expulse os invasores. Quando
centenas de milhares de pessoas manifestaram-se em Multan, Paquistão, em
4 de Abril, eles apoiavam a resistência armada dos iraquianos e apelavam
a julgamentos de Bush e Blair por crimes de guerra. Quando 50 mil
sindicalistas, de esquerda, muçulmanos e organizações de
mulheres protestavam em Istambul, Turquia, em 6 de Abril, eles gritavam:
"Parem esta guerra sangrenta" e "EUA imperialista fora do
Médio Oriente".
Voluntários de países árabes e muçulmanos foram aos
milhares a Bagda para combater lado a lado com os iraquianos. Outros do
ocidente foram como "escudos humanos" ou como "brigadas"
para observar e relatar acerca dos assaltos brutais ao povo iraquiano e sua
determinação em defender o seu país. Em 7 de Abril mais
dois médicos do Medicine for the People, na Bélgica, juntaram-se
aos seus colegas em Bagda para ajudar a cuidar dos muitos feridos.
Recentemente um progressista paquistanês escreveu um importante artigo
que salientava o seguinte ponto: "O movimento anti-guerra também
ajudou as massas muçulmanas a distinguir entre o povo do ocidente e
alguns dos governos agressivamente nacionalistas (jingoists). Analogamente,
estreitou o espaço para o racismo no ocidente". Por outras
palavras, aumentou a probabilidade de uma real solidariedade anti-imperialista
entre os povos.
Sem dúvida o movimento anti-guerra deveria permanecer aberto
àqueles que, horrorizados com os crimes de guerra americanos e
britânicos contra os civis iraquianos, querem apenas parar a carnificina.
Mas se o movimento tornar claro que se recusa a aceitar que o Iraque seja
ocupado pelos EUA, Grã-Bretanha ou qualquer outro, e se reconhecer o
direito dos iraquianos a resistir à ocupação, ele
poderá aprofundar a solidariedade a que se referiu o camarada do
Paquistão. Isto seria um tremendo avanço num tempo de grande
crise.
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