O Iraque e a produção/consumo mundiais de petróleoO Iraque e a OPEP
por ASPO Newsletter
[*]
A invasão anglo-americana do Iraque foi alcançada com relativa
pouca resistência, mas ainda não há sinais das ditas armas
de destruição maciça que alegadamente ameaçavam o
mundo e justificariam essa acção. Alguns dizem que essa
ausência transforma a invasão em grosseira agressão. A
evidência pode ainda lá ser colocada, a menos que os inspectores
da ONU sejam autorizados a verificarem a real situação. Quanto
aos iraquianos, após tanto sofrimento, dão pouco sinal de
agradecerem a sua "libertação" que causou
mutilações, mortes e ruínas, bem como a
destruição de manuscritos, artefactos e jóias
arquitectónicas sem preço. Os assaltos e o colapso da ordem
civil assinalaram os primeiros dias de "paz", talvez proporcionando
uma bonança para as casas de leilão de raras obras de arte por
esse mundo.
A BP que realizou a assembleia anual dos seus accionistas enquanto enfrentava uma manifestação lá fora, afirma que não tem planos para voltar ao Iraque a menos que seja desejada por um governo iraquiano, reconhecido quer pela comunidade internacional quer pelo povo iraquiano. Poderá ter de esperar. Tais pruridos não impedem os contratantes norte-americanos: a Bechtel já recebeu uma encomenda no montante de 680 milhões de dólares para reconstruir as infra-estruturas fornecedoras de electricidade e água. Os povos britânico e norte-americano mostraram lealdade às respectivas bandeiras, enquanto decorreram as hostilidades, porém estarão agora inclinados a colocar perguntas incisivas aos seus governos para que estes expliquem quais eram afinal os reais propósitos destas acções e aonde se pretende que elas conduzam. Entretanto, a dimensão do sentimento anti-americano cresce por esse mundo fora e atinge um novo máximo, enquanto o papel da Grã-Bretanha é provavelmente olhado sobretudo com um sentimento de perplexidade e desdém, as pessoas a questionarem como é que o seu governo foi levado a apoiar a invasão com argumentos que se revelaram evidentemente falsos. Consumo e produção de petróleo per capita O quadro junto regista o consumo per capita de alguns países representativos (população em 1998 e consumo em 2002). Os Estados Unidos lideram a lista dos consumidores esbanjadores, mas é curioso que a Irlanda, um pequeno país europeu, seja quase tão mau. Provavelmente este facto reflecte a sua recente prosperidade, que levou as cidades e as estradas a saturarem de tráfego. A densidade populacional pode também ser uma causa: as pessoas dispersas em áreas rurais estarão mais dependentes do transporte sobre distâncias mais longas. Os indianos aprenderam a viver com muito pouco petróleo, pelo que estão mais bem preparados para o futuro. Seria interessante conceber um indicador de felicidade e inquirir se há motivo para pensar que os indianos na sua vida quotidiana serão menos felizes que os cidadãos dos Estados Unidos. Pelo contrário, talvez a mudança seja o desafio difícil: o esbanjador poderá achar duro tornar-se parcimonioso, e recorrer à violência por força da frustração. A produção per capita mostra quais os países que actualmente vivem com os meios de que dispõem, embora a produção esteja destinada a declinar no futuro em todos eles. As discrepâncias entre produção e consumo mundiais presumivelmente reflecte variações de stocks (armazenamento), ganhos na refinação e a habitual confusão resultante do recurso a estatísticas diversas (as produções foram extraídas de Oil & Gas Journal e os consumos de BP Statistical Review).
Antes da invasão do Iraque, em Dezembro de 2002, a "ASPO Newsletter" (nº 186) publicou uma avaliação mais extensa dos recursos petrolíferos do Iraque (ver http://www.asponews.org/ASPO.newsletter.024.php ). Os gráficos ao lado mostram os cenários então previstos para as situações de guerra e de paz. [*] The Association for the Study of Peak Oil. O original encontra-se no nº de Maio de 2003 da "ASPO Newsletter", editada por Colin Campbell. Os gráficos dos cenários e a tabela com dados estatísticos encontram-se no nº de Dezembro de 2002 do mesmo boletim. Os boletins da ASPO encontram-se em http://www.asponews.org e http://www.energiekrise.de Esta análise encontra-se em http://resistir.info . |