EUA deram a Israel sinal verde para atacar a Síria
Israel recebeu o sinal verde. Ele veio do chamado Syria Accountability Act,
movendo-se através do Congresso dos Estados Unidos com a ajuda dos
apoiantes de Israel, que imporão sanções a Damasco pelo
seu suposto entusiasmo para com o "terrorismo" e a
ocupação do Líbano.
Na semana passada orador após orador advertiu que a Síria
é a nova ou a velha ou não-existente ameaça anteriormente
representada pelo Iraque: que tem armas de destruição em massa,
que tem ogivas biológicas, que recebeu dos iraquianos as não
existentes armas de destruição em massa pouco antes de
começarmos a nossa invasão ilegal do Iraque em Março
último
A mentira de Israel acerca de "milhares" de Guardas
Revolucionários Iranianos no Vale Bekaa, no Líbano, foi mais uma
vez desmascarada. Na realidade não tem havido militantes iranianos no
Líbano desde há 20 anos. Mas quem se importa com isso? O regime
ditatorial sírio e ditatorial ele quase é tem de
ser batido depois de uma jurista de Jenin, que provavelmente nunca visitou
Damasco na sua vida, explodiu-se a si própria juntamente com 19
israelenses inocentes em Haifa.
E por que não? Se os EUA podem atacar o Afeganistão pelos crimes
internacionais contra a humanidade do 11 de Setembro de 2001, quando 15 dos 19
sequestradores eram sauditas, e se os EUA podem invadir o Iraque, o qual
não tem absolutamente nada a ver com o 11 de Setembro, porque Israel
não deveria atacar a Síria?
Sim, a Síria apoia o Hamas e a Jihad Islâmica. Mas no Iraque
está baseada no Mujahideen Khalq, o qual bombardeia o Irão, e os
americanos não os tem bombardeado. Em Jerusalém existe um
governo que ameaça abertamente a vida de Yasser Arafat, mas
ninguém sugere que deveria ser efectuada uma acção contra
a administração israelense.
Em Jerusalém vive um primeiro-ministro, Ariel Sharon, que foi julgado
ser "pessoalmente responsável" pela própria
comissão Kahane de Israel destinada a investigar o massacre de mais de
1700 civis palestinos nos campos de refugiados de Sabra e Chatila, em Beirute,
em 1982. Mas ele não está a caminho do tribunal por crimes de
guerra.
É claro que a Síria vai levar os ataques aéreos às
"bases de treinamento" da Jihad Islâmica às
Nações Unidas. Muito boa fé tem Damasco. Quando as
Nações Unidas não podem reunir apoio suficiente para uma
resolução condenando a ameaça de Israel de assassinar
Arafat, quando ela não trava a construção israelense de
mais de 600 casas para judeus e apenas judeus sobre a terra
palestina, raids aéreos sobre a Síria simplesmente não
importam.
Talvez o Líbano se beneficie. Talvez o Líbano possa agora ser
poupado das retaliações de Israel pela violência palestina
a menos, naturalmente, que Israel decida atacar uma "base de
treinamento" palestina no Líbano.
Ninguém pergunta o que são estas "bases de
treinamento". Será que os bombistas suicidas palestinos realmente
precisam praticar o bombismo suicida? Será que é preciso
treinamento para ligar o botão de um comutador? Certamente a morte de
um irmão ou de um primo pelo exército israelense é toda a
prática que é necessária.
Mas não. Ontem avançámos outro pequeno passo letal ao
longo do caminho para a guerra no Médio Oriente, estabelecendo factos no
terreno, provando que é permissível bombardear o
território da Síria na "guerra contra o terror", que o
próprio presidente Bush agora declarou que incluía Gaza.
E os precedentes estão ali, se precisássemos deles. Como em
1983, quando o presidente Reagan pensava que estava a combater uma "guerra
ao terror" no Médio Oriente e ordenou que a sua força
aérea bombardeasse o exército sírio no vale libanês
do Bekaa, perdendo um piloto e permitindo aos sírios que capturassem o
seu co-piloto, o qual só foi devolvido após uma prolongada e
politicamente embaraçosa negociação de Jesse Jackson.
Numa era em que os EUA estão prontos a ameaçar de invadir a
Síria e o Irão parte daquele infame "eixo do
mal" isto pode parecer pouca coisa. Mas a própria
Síria viu o que aconteceu ao exército americano no Iraque, e
fortalecida devido à sua humilhação a vingar-se dos
ataques de Israel ou dos EUA, qualquer que seja o custo.
Se os EUA não podem controlar o Iraque, por que a Síria deveria
temer Israel?
[*]
Neozelandês. Repórter de
The Independent
e autor de
Pity the Nation
.
O original encontra-se em
http://www.counterpunch.org/fisk10062003.html
.
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info
.
|