PCI Cadre desmascara pseudo-comunistas que colaboram com o invasor

Apelo amistoso aos Partidos Comunistas irmãos

por Partido Comunista Iraquiano (Cadre) [*]

Tropa ianque diverte-se a torturar um prisioneiro iraquiano. Povo da resistência, onde quer que se encontre!

Apelo aos Partidos Comunistas irmãos e amigos do Partido Comunista Iraquiano (Cadre).

Os americanos foram enganados pelo seu próprio poder. Eles atacaram loucamente de forma selvagem, ameaçadores, e derrubando princípios que contrariam o direito político internacional. Eles troçaram e obliteraram tanto a legalidade divina como positivista e dispuseram os seus soldados como indivíduos que estão acima das leis e dos costumes para devastar e arruinar sem nada que os restrinja e sem ninguém para levá-los a julgamento perante a justiça local ou internacional.

Mas o berço da civilização, legislação e moralidade — a Terra dos Dois Rios — hoje levantou-se novamente a fim de preencher o papel que o seu glorioso Criador lhe destinou, e que é fazer os ocupantes experimentarem o gosto da desgraça, levá-los a choramingar tal como as areias que sopram nas ruas de Bagdad. A Terra dos Dois Rios não deixará de enviá-los de volta para as suas casas em caixões ou com os seus derrotados rabos entre as pernas. Através disto anunciará ao mundo o princípio do fim da arrogância americana. Proclamará a retirada da América — mortificada, humilhada e coberta de feridas — de modo a que nunca mais possa retornar outra vez às suas alturas.

Se o nosso nobre povo iraquiano parece arvorar sentimentos de ódio pela América, não se trata de ódio para com o grande povo americano, mas só contra o militarismo dos EUA e o bando de tiranos que executam as ordens do lobby da extrema-direita anglo-sionista o qual começou a reduzir até mesmo a liberdade do próprio povo americano. Pois hoje eles estão a enviá-los para a morte em defesa dos seus interesses monopolistas e em defesa do seu polícia raivoso — Israel.

Camaradas!
Em meio ao aprofundamento da luta da humanidade contra a opressão, na realidade na medida em que a opressão dos povos do mundo pelos monopólios se intensifica, e na base do sonho humano de alcançar justiça e igualdade entre os povos, o nosso movimento comunista levanta-se como uma daquelas torrentes de ruptura que a história tem a propor nos tempos em que a opressão e a escravização aumentam e quando já não há esperança excepto a mudança radical e total.

Embora o Movimento Comunista tenha sido precedido na sua luta em favor da justiça, da paz e da liberdade pelo Islão, pelo Cristianismo, pelo Zoroastrismo, pelo Mandenismo e pelas doutrinas do Monte Sinai, ele tem o seu próprio carácter específico. Ou seja, ergueu-se na base do grande legado de desenvolvimento humano, como se vê claramente no prodigioso ascenço da ciência; na aceleração das comunicações; na emergência de países e fronteiras nacionais entre Estados; na concentração de capital com a sua desenfreada expansão em busca do lucro e o seu completo alinhamento com a religião e ao lado dos monopólios contra os povos que são oprimidos. Nossa filosofia tornou-se consciente das bases e razões para a exploração e alinha-se totalmente com os oprimidos, tendo em conta o facto de que se o povo oprimido subir ao poder este acontecimento acabará com a era da exploração e substituí-la-a pela fraternidade, paz e justiça entre os povos. Com base nesta consideração, o nosso movimento é um dos mais aguerridos e mais veementes opositores à ocupação do território de outro povo e ao colonialismo, quer este se verifique pacificamente ou por meio da guerra: pois a ocupação é a mais brutal forma de opressão nacional, étnica e de classe, tudo em conjunto.

Não seria supérfluo mencionar que o Movimento Comunista mundial tem dado grandes contribuições à luta de libertação dos povos. A experiência do Laos, Camboja, Cuba e Viet Nam testemunha isto. A experiência do Partido Comunista Libanês durante o estupro sionista do seu país também testemunha isto, pois os comunistas ergueram a poderosa palavra-de-ordem "Às armas!" e caíram como mártires e nos bombardeamentos do martírio tal como o fizeram os seus camaradas do Hizb Allah e do resto do Movimento Patriótico Libanês. Se por vezes o Movimento Comunista tem sofrido revezes, estes podem servir-nos como lições acerca da forma de lidar com erros e rever nossa prática.

Não é supérfluo mencionar que o Movimento Patriótico Iraquiano, e dentro deste o do nosso Partido Comunista Iraquiano, tem dado mártires à causa da libertação.

Nossa palavra-de-ordem, como comunistas iraquianos, é: "Uma pátria livre e um povo feliz". Baseado nisto, nossa posição quanto à liberdade, soberania e independência da pátria é da máxima sensibilidade e importância — até ao ponto de que mesmo as nossas próprias convicções filosóficas devem abandonar o orgulho de ostentá-las. Foi esta perspectiva que levou o fundador do nosso Partido, nosso camarada Fahd, a dizer: "Eu sou um patriota antes de ser um comunista". De acordo com isto, a defesa da soberania nacional é um princípio que exige e obriga-nos pela nossa própria natureza a combater o ocupante de onde quer que ele possa vir. Devemos utilizar todos os meios para combater o ocupante, e devemos combate-lo em aliança com as forças patrióticas iraquianas, seja qual for o modo de pensar das mesmas. Também de acordo com este principio, no momento em que o nosso país cai sob a ocupação ou ataque de um inimigo, não há espaço para as chamadas "tácticas" ou "aceitação do status quo" ou "considerações quanto aos factos de poder e fraqueza" se estas não forem destinadas ao objectivo básico da defesa da pátria. Durante a guerra de agressão sionista de 1967, os comunistas iraquianos puseram de lado sua hostilidade para com 'Abd ar-Rahman 'Arif e fizeram um apelo a partir das suas celas de prisão — onde alguns estavam no corredor da morte, enquanto outros estavam a cumprir sentenças longas ou perpétuas. Aqueles comunistas puseram de lado tais assuntos e pediram para ser libertados a fim de tomar parte no combate contra o inimigo sionista, tanto nas linhas da frente como soldados regulares como nos grupos de resistência da guerrilha. Eles juraram retornar voluntariamente à prisão depois de o inimigo ser expulso, e deram ao governo iraquiano o direito de escolher quais as garantias que pretendia, incluindo a permissão a alguns dos seus membros servirem de reféns.

Mas hoje, esquecido do tempo e da consciência da liberdade do povo, o Movimento Comunista no Iraque foi ludibriado. Ele sofreu um revés mais penoso e mais violento pelos seus efeitos do que a aceitação da resolução da partilha da Palestina no fim da década de 1940.

O revés de hoje é o resultado de duas décadas de recuos e retiradas lideradas pelo antigo secretário Sr. Aziz Muhammad, acompanhado pelo responsável financeiro e de propaganda do Partido naquele tempo, Sr. Fakhri Karim.

No fim da década de 1970 Fakhri foi submetido a um tribunal do Partido depois de ter sido descoberto que mantinha relações com agências do regime. Sua filiação ao Partido foi suspensa. Mas com base numa ordem pessoal de Aziz Muhammad, Fakhri foi elevado a membro do Bureau Político e posto como responsável das finanças, da propaganda e do aparelho de segurança do Partido. Isto equivale a dizer que na prática foram-lhe dadas as chaves para todas as decisões no Partido. Desde aquele tempo, e sob o pretexto da situação militar em que o Partido se encontrava, a parte democrática do princípio do "centralismo democrático" foi cancelada. Isto significou a aplicação mecânica de ordens, particularmente desde que Fakhri mantinha nas suas mãos o controle dos meios de vida dos camaradas. Os melhores militantes do Partido foram enviados para o exílio, tal como o foram os membros mais antigos do Partido e os pensadores.

O Congresso do Partido organizado em 1984 minou politicamente o Partido. A preocupação prioritária do Partido tornou-se então descobrir um aliado que combatesse por procuração (on its behalf) . A minagem ideológica do partido acabou por torná-lo um porta-voz da tendência chauvinista dentro do movimento curdo, enquanto organizacionalmente o Partido minado tornou-se um exército de informadores a serviço de Fakhri, que espionava os seus camaradas, à procura de modos de submetê-los se eles tentassem expô-lo. Toda uma nova disciplina estranha aos limites do ambiente organizacional normal emergiu, nomeadamente a disciplina de submeter pessoas. Fakhri utilizou isto, naturalmente, para desviar atenção da sua própria degeneração. Além disso ele usurpou o controle sobre os suprimentos do Partido e sobre as suas instituições de propaganda. Ele registrou-as como sua propriedade pessoal e entrou no mundo dos negócios. O resultado inevitável de tudo isto foi que ele se aliou à América, que ele passasse a considerar a América como o melhor protector possível dos seus interesses comerciais. Assim, ele visitou Washington em 1991 e deu-lhes um sinal de entrada (down payment) na forma de uma declaração feita à Voz da América a exigir que Bush intensificasse o embargo contra o povo iraquiano. Através de seduções e ameaças ele levou um grupo de escritores e jornalistas do Partido Comunista a cooperarem com a Central Intelligence Agency americana para lançar um jornal chamado "Sawt al-Kuwayt ad-Dawli" ou "A Voz Internacional do Kuwait" .

Este jornal, editado por comunistas, foi um dos mais importantes órgãos de comunicação a apelarem à mobilização das 30 nações agressoras contra o Iraque. Especificamente, foi o primeiro a publicar o relatório fantástico acerca da jovem Nuwayra sob a manchete "iraquianos roubam incubadoras de crianças do Kuwait". Na medida que a batalha se encarniçava, este jornal, que era editado por comunistas iraquianos, imprimia estórias sob gigantescas manchetes masoquistas como "Forças da coligação demolem Bagdad" e "Aviões aliados exterminam formação militar iraquiana perto de Basra". Mesmo o governo kuwaitiano, com toda a sua hostilidade sistemática ao Iraque, não podia rivalizar com a extrema vulgaridade de um tal jornal. Veio a verificar-se que o dinheiro concedido para isto era um desperdício de fundos públicos e finalmente fecharam-no. Assim, em 1993 os seus editores começaram a trabalhar directamente para a CIA, tornando-se peritos em deitar abaixo pessoas dentro do Partido e nos movimentos patrióticos iraquianos e árabes. Eles acabaram por publicitar o plano para a ocupação do país com o slogan "libertação do Iraque". Os EUA anunciaram os nomes de alguns e um jurista iraquiano no exílio louvou-os. Os escritos daqueles editores estão arquivados e disponíveis para referência de qualquer um à procura de provas da sua vociferante revolta contra as suas próprias identidades e costumes.

Por acordo com Fakhri, o renegado Hamid Majid ascendeu à liderança do Partido, o qual mergulhou de cabeça na actividade aberta com os EUA contra o povo iraquiano. O jornal do Partido, "Tariq ash-Sha'b" , em Julho de 2002 publicou um artigo a relatar que o vice-cônsul da Embaixada Americana em Damasco visitou os escritórios do Partido Comunista Iraquiano na Síria e discutiu acontecimentos recentes com representantes do Partido. A publicação interna do Partido, "Munadil al-Hizb" , informou de uma reunião especial do Comité Central do Partido a fim de estudar como o Partido tomaria parte nos acontecimentos que estavam por vir, os quais alguns porta-vozes do Partido denominaram "a libertação do Iraque".

Durante as batalhas da invasão, o Partido reconheceu abertamente que tinha combatentes nas linhas da frente junto com as "Forças da Coligação". Na última década, o Partido assumiu para si próprio a tarefa da propaganda preparatória daquilo que os anglo-sionistas denominaram ataques aéreos preventivos (preventive air strikes) a objectivos militares durante o período do embargo. O próprio Hamid Majid entrou no Kuwait junto com o Exército Americano. Finalmente, mas não menos importante, ele juntou-se ao Conselho de Oportunistas (Council of Opportunists) que foi criado e cujos membros foram indicados pelo Governador Militar Americano do Iraque. O primeiro decreto deste Conselho foi declarar a data da ocupação de Bagdad como feriado nacional. Além disso, a fim de garantir sua admissão neste Conselho de Oportunistas, Hamid Majid concordou com as condições que lhe foram impostas pelo Governador Militar, dentre as quais as mais importantes são:

  • Que Hamid Majid não deve representar o Partido Comunista e sim a comunidade de confissão Shiita.
  • Que o Partido Comunista deveria reformular o seu programa e as suas regras internas para expurgar delas e das publicações do Partido todas as referências a "colonialismo", "imperialismo", "independência nacional", "defesa da pátria" e qualquer conceito relacionado com estas expressões. Além disso, Bremer deve ser referido como "Sr. Bremer" e as autoridades de ocupação devem ser referidas como o "Governo da Coligação".
  • O Partido Comunista Iraquiano deve cooperar com o Exército Americano contra os islamistas e outros "sabotadores" que estão agora a empunhar armas contra a ocupação. O Partido deve imediatamente informar acerca de quaisquer suspeitos e deve participar activamente na manutenção da segurança.
  • Nenhum membro do Partido Comunista deve portar armas a menos que autorizado a faze-lo pelo governo.
  • O Partido deve focar as suas celebrações em ocasiões como o 9 de Abril, o Dia de Ano Novo, o Natal, o Dia da Independência Americana, o aniversário da fundação do Partido Comunista Iraquiano, e Nawruz.
  • O Partido deve trabalhar com determinação para reduzir o extremismo entre os muçulmanos shiitas — o grupos Sadr e al-Khalis — enquanto por outro lado deve trabalhar pelo fortalecimento das correntes do Baqir al-Hakim e Bahr al-'Ulum.

Obviamente a aplicação destas condições significa na prática a eliminação total do papel do Partido Comunista Iraquiano na arena política, por um lado, e, por outro, levará a transformar a massa dos militantes do Partido Comunista Iraquiano em informadores, colaboradores com o inimigo do Iraque, o inimigo dos povos e da humanidade — a extrema direita anglo-sionista. As mãos desta extrema direita estão manchadas com o sangue de patriotas de toda a parte do mundo. Foram eles que levaram à derrota da gloriosa gloriosa Revolução de 14 de Julho de 1958, e à derrota da gloriosa Revolução de 3 de Julho. Na verdade foi esta extrema-direita que pressionou e organizou e foi a responsável final pelos massacres e perdas de vida ligados aos golpes do partido Baath de 8 de Fevereiro de 1963 e 17 de Julho de 1968. Só em Fevereiro de 1963, 105 mil iraquianos honrados caíram como mártires nas mãos do putchistas. Depois de o líder baathista, 'Ali Salih as-Sa'di, e o homem que planeou e preparou um golpe baathista contra o governo de 'Abd al-Karim Qasim terem sido presos, a CIA americana assumiu a direcção dos golpistas, utilizando um rádio-transmissor em Amman, na Jordânia. Segundo informa o Sr. Hanna Batatu [no seu livro "The Old Social Classes and the Revolutionary Movements of Iraq", pp. 985-986] esta estação de rádio divulgou nomes e endereços de comunistas bem como os seus refúgios secretos, permitindo aos golpistas e agentes da Guarda Nacionalista executarem-nos no local ou prende-los e torturá-los até à morte.

O golpe de Fevereiro de 1963 não foi apenas um acto sangrento. A CIA americana planeou o assassínio de um milhão de mártires na Indonésia e de mais de um milhão no Viet Nam em genocídio aberto ou no decorrer daquilo que até os inimigos da esquerda chamaram uma "guerra suja". E isto sem falar nos massacres no Chile, na Nicarágua, no Afeganistão e o da agressão de 30 nações contra o Iraque, com urânio empobrecido. E agora o nosso país está sob ocupação em contravenção a todas as resoluções legais internacionais.

Camaradas!
Nosso heróico povo iraquiano e os seus corajosos combatentes da resistência estão a enfrentar a tarefa de expulsar os ocupantes. Mas apelamos à vossa solidariedade e apoio ao povo iraquiano, não só por ser justo, nem simplesmente como uma matéria de princípio, mas sim para que possa tomar parte neste grande acontecimento — a queda dos EUA, inimigo dos povos — cujo início coube ao povo iraquiano que anseia pelo vosso apoio.

O crime que o renegado Hamid Majid cometeu contra o Partido e o Iraque é imperdoável. Ele inflige danos a todo o movimento comunista no Iraque e na Pátria Árabe, e a si também. Nem a autocrítica nem as desculpas adiantarão qualquer coisa neste caso. Os Estatutos do Partido rejeitaram este comportamento em formas organizacionais legítimas, ainda que ele e o seu gang tenham persistido no seu comportamento apesar do sistema interna do Partido. Portanto nós, a massa de membros do Partido Comunista Iraquiano e a sua base, declaramos o que se segue:

  • O renegado Hamid Majid, ao colaborar com a administração americana anterior à ocupação e ao juntar-se a uma das suas instituições após a ocupação cometeu o crime de alta traição contra a nação. Nas suas actividades ele não representa o Partido Comunista Iraquiano nem os patriotas iraquianos.
  • O Partido Comunista Iraquiano está de pé com os filhos e filhas do seu povo contra a ocupação e está comprometido com a resistência armada e apoia-a sem levar em consideração quais as correntes ideológicas nela envolvidas. Agora o primeiro e básico objectivo é a expulsão dos ocupantes do Iraque.

Vergonha e desgraça sobre aqueles que incitaram os invasores a atacarem sua pátria!

Glória ao heróico povo iraquiano!

Glória eterna à Revolução de Julho e ao seu grande líder 'Abd al-Karim Qasim!

Não ao governo dos "cavalos a prémio"! Não ao Conselho de Oportunistas! Não a quaisquer forças internacionais sobre o solo do Iraque!

Possam as mãos dos combatentes corajosos serem protegidas!

O Partido Comunista Iraquiano (Cadre)
20 de Julho de 2003.


[*] Sector que combate os dirigentes degenerados e colaboracionistas do PCI.

O original encontra-se em http://www.neravt.com/left/war/cadre1.html .


Este artigo encontra-se em http://resistir.info .
05/Ago/03