Macron no beija-mão de Trump
A french-american fusion
por Rémy Herrera
Como se não bastasse a calamidade que se abateu sobre si em 8 de
Novembro de 2016 com a eleição de Donald Trump à
presidência , o povo estado-unidense teve além disso de
sofrer a visita de Estado da miniatura de Napoleão: Macro I. "E da
sua mulher Brigitte", como gosta de tagarelar alguma imprensa. Esta
não diz se, entre o
Goat Cheese Gateau
e os
Crème Fraîche Ice Creams
do jantar cozinhado pela
First Lady
Melania, os dois presidentes puderam falar sobre as "falhas" do
exército francês aquando da recente intervenção
conjunta na Síria.
Como anedota: em 14 de Abril, o mau funcionamento teria impedido sete dos 16
mísseis "punitivos" franceses de serem lançados, como
fora inicialmente previsto. Só uma das três fragatas da Marinha
chegou a dar os seus tiros as outras depararam-se com bugs
informáticos... Com um custo de 2,8 milhões de euros, o fracasso
deste míssil ultra-sofisticado (que equipa também os submarinos
nucleares franceses) custou caro! Um dos cinco aviões de combate das
Forças Armadas deslocados para esta operação não
conseguiu lançar senão um míssil em cada dois o
outro teve de ser largado no mar... Mais 850 mil euros para a água!
Excelente vitrina comercial para os mercadores de armas
made in France
! Os patrões estado-unidenses cumprimentados pelo dinâmico
dirigente da
start-up
francesa, Emmanuel Macron, certamente ficaram impressionados.
Macron não é rancoroso: nas fotografias, ele brincou como
jardineiro da Casa Branca e plantou uma árvore no jardim daquele que
desenraizou, em 1 de Junho de 2017, os acordos de Paris sobre o clima. Para
"make our planet great again"
? Os media franceses gostam de dizer que Macron tenta alterar as
posições de Trump. Parece antes que é ao contrário:
enquanto ele visitava os monumentos de Washington D.C., Macron fazia aprovar
pela Assembleia Nacional francesa a lei "Asilo e
imigração" restringindo consideravelmente os direitos
fundamentais dos estrangeiros em França. Ele empenhou-se sobretudo,
junto ao seu homólogo americano, em aumentar as despesas militares e a
participação da França na NATO. Emmanuel
"Micron"
que humildemente se havia comparado a Júpiter após a sua
eleição no ano passado não é apenas um
bajulador de Trump:
ele tornou-se a mascote dos EUA.
E nesse meio tempo, em França... No mesmo dia da chegada dos Macrons ao
outro lado do Atlântico, a greve na SNCF continuava; e coincidia com a da
Air France. A publicação de um relatório provocador sobre
a "reforma" (ler: a quebra) do transporte ferroviário em
meados de Fevereiro, depois o anúncio feito pelo governo da sua vontade
de o colocar em prática, havia de imediato provocado uma onda de
protestos dos sindicatos de ferroviários. O seu está colocado em
causa apesar dos desmentidos mentirosos da ministra dos Transportes
é a manutenção do carácter realmente
público da SCNF e do estatuto do seu pessoal. Para satisfazer Bruxelas,
Macron quer abrir o sector à concorrência. Mas onde concorrentes
privados prevaleçam (evidentemente nos troços da rede mais
rentáveis), os ferroviários transferidos ao sector privado
verão seu estatuto desvalorizado e suas remunerações
revistas conforme os desejos das novas administrações.
Além do mais, são de prever numerosos encerramentos de linhas
"não rentáveis", sobretudo em zonas rurais.
A chantagem do governo é perversa; sua arma é a retomada da
dívida da SCNF pelo Estado. Problema: esta dívida não
é causada pelo estatuto pretensamente "privilegiado" dos
ferroviários (pois trabalhar à noite ou nos dias de Natal ou de
Ano Novo para ganhar 1500 euros por mês como agulheiro ou agente de
manutenção daqui por diante seria um privilégio!). A
dívida provém, por um lado da prioridade dada aos comboios de
grande velocidade, por outro às encomendas forçadas que o Estado
impôs à SCNF a fim de salvar a Alstom do naufrágio
glória da indústria francesa que o próprio Macron, quando
era ministro do presidente Hollande, deixou despedaçar-se, sob o alto
patrocínio do banco Rothschild, para vender uma parte (o ramo energia)
à General Electric! E a seguir uma outra (o ramo transportes) à
alemã Siemens. É por causa do desmantelamento organizado da
indústria francesa que os ferroviários estão em greve.
Até Junho, ou mais se necessário. Razão pela qual
nós os apoiamos.
29/Abril/2018
Ver também:
Macron aux Etats-Unis. Images et réalités: un désastre américain
Vrais chiffres du chômage en mars 2018: 93 800 chômeurs de plus malgré 300 200 radiations
[Números verdadeiros do desemprego em Março/2018: mais
93.800 desempregados apesar dos 300.200 expurgados dos ficheiros]
Este artigo encontra-se em
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