Não à Constituição Europeia
Franceses manifestam-se pelo referendo
Excelentíssimo Senhor Presidente da República:
Ao dar o golpe de misericórdia na soberania das nações da
Europa, a adopção de uma Constituição Europeia
supranacional destruirá o conjunto dos avanços sociais e
democráticos conquistados pelos trabalhadores no quadro dos
Estados-nação!
O alargamento da União Europeia aos países de leste, onde os
salários são bastante mais baixos do que no ocidente, é
uma dádiva para o Movimento das Empresas de França (MEDEF) e
provocará uma enorme desestabilização do emprego, do poder
de compra e do direito laboral no continente!
Nestas condições cabe apenas ao povo francês resolver estas
duas questões decisivas para o futuro da República, da juventude
e do mundo do trabalho.
Manifesto-petição de 10 de Julho de 2003 para um referendo sobre
a Constituição Europeia e o alargamento a leste da União
Europeia
Uma primeira lista de signatários deste manifesto será entregue
às autoridades a 10 de Julho de 2003, aniversário do Apelo
à Resistência lançado por Maurice Thorez e Jacques Duclos a
10 de Julho de 1940.
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Porque queremos defender a soberania da República francesa una, laica e
indivisível;
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Porque queremos salvar e aumentar as conquistas sociais, as reformas, a
segurança social, as leis nacionais e as convenções
colectivas, o direito laboral, os direitos das mulheres e das crianças,
hoje ameaçados de morte pelo grande patronato, por sucessivas
cimeiras europeias e pela política do Governo Raffarin;
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Porque queremos parar o desmantelamento, a desnacionalização, a
asfixia e a privatização da Função Pública,
da Educação, do sector público e nacionalizado, da
investigação e do conjunto dos serviços públicos;
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Porque a austeridade imposta aos salários, aos benefícios sociais
aos mais desfavorecidos e às despesas públicas em nome do pacto
de estabilidade e da moeda única conduz à morte dos
serviços públicos, à amputação do poder de
compra dos assalariados e ao agravar do desemprego;
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Porque queremos salvar e desenvolver a indústria nacional e o emprego
industrial, ambos ameaçados de morte pela construção
europeia neo-liberal e pelas escolhas anti-sociais do grande patronato; porque
sabemos como a política de deslocalização reivindicada
pelo MEDEF, a pressão sobre o poder de compra dos assalariados, os
ataques ao direito laboral e às liberdades sindicais e a precariedade do
emprego seriam agravadas pelo alargamento da UE aos países do leste em
condições impiedosas para os operários e para os
camponeses desses países;
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Porque estamos solidários com os camponeses trabalhadores de
França e da Europa e sabemos que a reforma Fischer, elemento central da
integração supranacional, vai ainda agravar mais a
Política Agrícola Comum (PAC) e arruinar milhões de
agricultores e de pescadores dos dois lados da Europa;
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Porque é urgente que o movimento operário e progressista arranque
a bandeira da nação republicana das mãos indignas da
extrema-direita, desenvolvendo a Europa das lutas pela paz, pelo progresso e
pelas liberdades;
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Porque queremos reabrir uma perspectiva de mudança progressista em
França de forma a acabar com o pensamento único e com
a política única dos sucessivos governos
maastrichianos, de maneira que o nosso povo possa escolher democraticamente o
seu futuro, incluindo rompendo, se o desejar, com o liberalismo e com o
capitalismo;
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Porque a Europa supranacional de Maastricht não é mais do que uma
guerra contra o mundo do trabalho e contra a República; porque a
instauração de uma Constituição Europeia
significaria colocar por muito tempo os povos da Europa sob a tutela do grande
capital;
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Porque, longe de contribuir para a paz e para a democracia, a
construção dos
Estados Unidos da Europa
que nos pretendem impor inscreve-se na bárbara
mundialização capitalista; a par da sua natureza
capitalista, a Europa federal está condenada a acompanhar a
perigosa hiper-potência norte-americana nas suas campanhas imperialistas
até estar em condições de concorrer militarmente com os
EUA no terreno da hegemonia mundial
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Porque, mesmo discordando com o todo ou com parte dos argumentos aqui
enunciados cabe ao povo francês e só a si decidir soberanamente o
seu destino; ora a Constituição Europeia, ao fundar um Estado
supranacional, destrói irreversivelmente a República, a laicidade
e a soberania do povo, com o risco do apagamento de toda a herança
democrática da Revolução francesa e de décadas de
lutas operárias.
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Porque qualquer decisão tomada nas costas do povo, como foram os
Tratados de Nice, Schengen e Amesterdão, a instauração da
moeda única e as modificações constitucionais sobre a
descentralização (sobre as quais o candidato Chirac tinha
prometido consultar o povo
) não envolverá em nada o povo de
França cuja soberania é e será em qualquer
situação inalienável,
Exigimos num prazo razoável um referendo para dar a palavra ao povo
francês e para lhe permitir dizer Não à
Constituição Europeia, Não ao alargamento a leste da
União Europeia, e sim ao emprego, ao progresso social, à
democracia, à paz e à amizade entre todos os povos da Europa e do
mundo!
Na hipótese de um tal referendo exigimos um acesso igual aos media para
os apoiantes do Sim e do Não.
Os signatários deste manifesto apelam aos trabalhadores e aos
cidadãos para que ajam e se organizem de forma a poderem estar
informados.
Primeiros signatários: Georges Hage, deputado do Norte, decano da
Assembleia Nacional; Jean-Pierre Hemmen, filho de Fuzilado da
Resistência, presidente da Federação Nacional das
Associações para o Renascimento Comunista (FNARC), Georges
Gastaud, filósofo, director político de Iniciativa Comunista.
Apelido
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Nome
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Morada
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Assinatura
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Este manifesto encontra-se em
http://resistir.info
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