O Partido Comunista da Grécia e a União Europeia
No encontro de 19 partidos comunistas e de esquerda da Europa, dia 9 de
Novembro, em Paris (às vésperas do Fórum Social Europeu),
o representante do Partido Comunista da Grécia (KKE, na sigla em grego)
abordou questões políticas que se colocam tendo em vista as
eleições do ano que vem para o Parlamento Europeu. A
delegação grega observou:
"Nestas condições, sentimos a necessidade de sublinhar
nossa identidade comunista, de afirmar o papel do partido comunista, de
manter em aberto a opção de uma possível ruptura com a
União Européia (UE)
. Isto se liga a uma possível mudança na
correlação de forças em cada país. O impacto
internacional de mudanças mesmo modestas na correlação de
forças em plano nacional foi didaticamente demonstrado na recente
reunião da OMC em Cancún.
"Temos a opinião de que
não servem a estes fins os processos relativos ao chamado Partido
Europeu de Esquerda, que foram provocados pelas normas da União Europeia
sobre partidos europeus e o processo em torno do tratado
'constitucional'.
Na realidade eles inclusive irão contrariar os numerosos movimentos que
contestam a União Europeia e a sua política.
"Um dos pontos que nosso partido gostaria de enfatizar quanto a isto
é que este processo, entre outras coisas, pressupõe compromissos
que
afetam a independência e a ação das forças
radicalmente anticapitalistas.
"Os
partidos europeus
não são uma escolha
voluntária ou uma invenção de seus potenciais membros.
São uma decisão da UE, comprometendo todos os Estados-membros.
Tais partidos serão fundados com base nos tratados de Maastricht e Nice,
para realçar o funcionamento da UE, que neles se baseia. A
Comissão (da UE) dita a estrutura geral de seu funcionamento, com
'padrões mínimos de conduta democrática de tais
partidos'. E tais partidos endossarão os propósitos da UE.
"Suas existências se vinculam não à decisão
de
seus membros, mas a uma decisão do Parlamento Europeu, de acordo com as
intenções acima descritas. O direito de... eliminar um partido,
por decisão de um "Parlamento", é uma interessante
novidade na democracia burguesa: 'Caso o Parlamento Europeu conclua, pela
maioria de seus membros, que as suas condições não
estão preenchidas, o Estatuto do Partido Europeu em questão
será removido do registo'.
"Eles não terão sequer o direito de mudar as suas normas
por
conta própria. Suas finanças serão submetidas a controle
externo. Tais 'partidos' não terão o direito de dispor
dos seus fundos conforme suas próprias decisões. Em outras
palavras, tais partidos serão inteiramente limitados e dependentes do
corpo da UE.
"Entretanto, acreditamos que, especialmente em condições
de
intensificação da luta social e do conflito de classe, o papel
independente das forças e partidos comunistas e radicalmente
anticapitalistas está sendo confirmado como nunca como instrumento
indispensável da classe operária e dos extratos sociais em sua
luta por uma Europa de paz, progresso social, solidariedade e socialismo.
"Nosso partido acredita na presença e cooperação
entre
os partidos comunistas e operários; sustenta abertamente a perspectiva
socialista; impactará positivamente a ação comum de todas
as forças democráticas, antiimperialistas, antimonopolistas; e
ajudará as forças populares a se emanciparem da influência
da ideologia e da política dominantes, evitando sua
cooptação.
"O KKE também objetiva o desenvolvimento da
cooperação
entre os partidos comunistas e da esquerda radical, em frentes de combate
concreto que contestem a política dominante na UE.
"Ao longo dos anos, especialmente os últimos, estivemos ao lado
de
milhares, milhões de trabalhadores e jovens, nos mesmos campos de
batalha: contra a guerra, em defesa dos direitos dos operários, em
defesa dos serviços públicos de seguridade social, dos sistemas
públicos de educação e saúde. Estivemos do lado
dos protestos da juventude e dos estudantes, das mobilizações
camponesas; votamos nas mesmas cédulas nos referendos, contra
Maastricht, Amsterdã e Nice, o euro e a União Monetária
Européia: promovendo a nossa identidade, propondo o nosso projeto,
iluminando a nossa perspectiva".
O original encontra-se em
http://www.vermelho.org.br/diario/2003/1122/1122_pc_greciab.asp
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Este artigo encontra-se em
http://resistir.info
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