Um mercado
financeiro não significa cálculos matemáticos, precisão de estimativas e previsões
que são típicas das ciências naturais. Ele é uma colecção neurótica de complexos e
preconceitos. Quando pelo menos um participante do mercado financeiro fica muito nervoso,
isso produz um efeito imediato sobre os outros. Agora parece que os comerciantes (traders)
não irão parar até que um Euro custe US$1,2.
Será que o
destino do dólar na Rússia foi finalmente avaliada? Eles dizem que as transacções de
sexta-feira passada decidiram o destino da divisa americana para um período já muito
longo. Durante as últimas transacções antes do fim de semana, a taxa do Euro
ultrapassou a barreira psicológica do 1,1747 dólar por Euro. Este foi o rácio com que
começou a história do Euro, em 1999. Nas transacções de sexta-feira [23 de Junho], a
taxa do Euro alcançou vistosos 1,183 dólar. Quando a barreira foi ultrapassada, os
correctores sentiram-se derrotados.
A Bloomberg
relata que 21 entre 30 correctores, investidores e banqueiros inquiridos recomendam
unanimemente vender dólares e comprar Euros em substituição. Após as oito semanas de
constante declínio da taxa do dólar, todo o mundo viu que a divisa americana declinará
ainda mais.
O chefe dos
analistas de divisas do Bank of New York, Michael Woolfolk está seguro de que agora os
correctores não pararão até que a taxa do Euro alcance a marca dos US$ 1,2 por Euro.
A Bloomberg
informou na semana passada que os principais bancos de investimento haviam revisto as suas
previsões referentes ao destino da divisa americana. Os peritos da Merril Lynch dizem que
a taxa do Euro alcançará o nível de 1,25 dólar por Euro no fim deste ano. Os seus
colegas do Goldman Sachs dizem que a taxa pode chegar mesmo a 1,35 dólar no fim do ano.
Está a Rússia pronta para este cenário? O Banco Central da Rússia não fez
comentários até agora. O ministro russo do Desenvolvimento Económico e do Comércio
prevê que o dólar em relação ao rublo atinja a taxa de 31,9-31,1 por dólar. Assim, se
as previsões se demonstrarem verdadeiras, o rublo russo ficará 12% mais forte em
relação ao dólar. O Ministério do Desenvolvimento Económico e do Comércio é
responsável pelo desenvolvimento da economia nacional, o que significa ser altamente
provável que o ministro tenha de enfrentar reclamações políticas no fim do ano, bem
antes das eleições parlamentares.
O ministro
insiste em que a taxa ainda declinante do dólar não é tão perigosa para a Rússia como
o é para os países pertencentes à Eurozona. O vice-ministro para o Desenvolvimento
Económico e o Comércio, Arkady Dvorkovich, diz que a economia russa não é demasiado
sensível a mudanças nos rácios das divisas mundiais. Nas suas palavras, como a fatia do
leão das exportações da Rússia são em o dólares e as suas importações são em
Euros, os dois vectores diferentes adoçam a situação. Por outras palavras: nossos
exportadores estão a ganhar menos do que podiam conseguir a pelo menos meio ano atrás,
ao passo que importadores de bens europeus estão a ter problemas com vendas. Ambos estão
numa situação desfavorável.
Arkady Dvorkovich pensa que os produtores russos experimentarão menos pressão da
importação europeia e recuperarão. Entretanto, é perfeitamente evidente que agora os
produtores russos têm de competir principalmente com produtores chineses e produtores
locais especializados na produção de bens falsificados. Assim, a libertação das
importações europeias dificilmente constituirá uma saída. O preço dos bens de consumo
ascenderá até o fim do ano. Infelizmente, este facto pode modificar seriamente as
atitudes entre os eleitores.
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[*] Jornalista do Pravda.Ru
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