CARTA AOS DEPUTADOS EUROPEUS

Senhor/a, Deputado/a:

As próximas eleições em que teremos de votar para eleger um deputado serão as eleições ao Parlamento Europeu. É pouco dizer que a política seguida até aqui pelas instâncias europeias estão em ruptura profunda com a opinião pública europeia. Seja o que for que pensem os cidadãos, os diktats europeus abatem-se sobre eles, multiplicam-se as incitações a privatizar não só as empresas como também domínios tão essenciais como a educação, a saúde e as aposentadorias.

A Europa tem apenas uma política, a da mercantilização da nossa vida para melhor a entregar às multinacionais e aos trustes financeiros cuja maior parte são norte-americanos. Esta política de subordinação económica explica sem dúvida o facto de que a Europa tenha sido incapaz de apresentar uma frente unida contra a violação da legalidade internacional que foi a expedição militar contra o Iraque.

E eis que hoje, juntando o odioso à injustiça, para a Europa a sua reconciliação total com os EUA passa por novas sanções contra Cuba que há mais de 40 anos sofre uma negação do direito: bloqueio, actos terroristas diversos provenientes da maior potência do mundo. Quando este pequeno povo se defende porque sofre uma situação de guerra, pela única razão de pretender salvaguardar sua independência (garantida em princípio pelo direito dos povos a disporem de si mesmos), isto lhe é censurado. A decisão tomada pela Europa contra Cuba demonstra que os parlamentares europeus conhecem mal o dossier — ser-lhes-ia útil que lessem, por exemplo, "Le Défi Cubain" de Jean Solbés, "Rhum Bacardi, CIA e Mondialisation" e "Dissidents ou mercenaires?" de Hernando Calvo Ospina.

Esta decisão, com suas eventuais consequências, constitui uma falta política e moral grave.

Constatamos também que a Europa nunca reage com uma tal determinação perante o horror daquilo que se passa no resto da América Latina onde existem situações absolutamente escandalosas: mais de 40% de analfabetismo, mortalidade infantil record, assassinatos de líderes sindicais e políticos, factos inteiramente inexistentes em Cuba. Mas os senhores sancionam este pequeno povo cuja única falta foi ter atraído a inimizade permanente do seu poderoso vizinho, que contra ela pratica um verdadeiro terrorismo de Estado e não sonha senão em instaurar na ilha um regime conformado à sua bota.

Além disso, há efectivamente um escândalo intolerável em Cuba: é aquele da zona de não direito constituída pela base norte-americana de Guantanamo. Ali vivem, sem julgamento, sem peça de acusação e em condições de tortura (também elas desconhecidas em Cuba) seiscentos prisioneiros, dos quais oito franceses. O vosso silêncio é intolerável.

Nós vos exigimos, Senhor Deputado, que nos dê a vossa opinião argumentada sobre este assunto. Se nos apercebermos de que ela é fundamentada apenas numa propaganda mediática, sem levar em conta argumentos contraditórios, ou em caso de não resposta da vossa parte, nós nos encarregaremos de tirar as conclusões que se impõem, e a actuar consequentemente, naquilo que vos afecte, a vós e ao vosso grupo, nas próximas eleições europeias.

Enviar a cubasolidarity@club-internet.fr ,
com indicação do nome, prenome, profissão e endereço