As seqüelas da Operação Condor
Quando Shimon Peres comemorou seu 80º aniversário em 22 de
setembro, no topo da lista de convidados à frente até de
Bill Clinton, Mikhail Gorbachev, F. W. De Klerk da África do Sul e Bob
Hawke da Austrália estava Carlos Bulgheroni. Bulgheroni é
o chefe da companhia energética argentina Bridas
[1]
. Se o terrorismo fosse o tema da conversa entre ambos, tanto Bulgheroni como
Peres teriam muito o que lembrar. Israel e Argentina serviram como prepostos
para o treinamento de terroristas na América Central durante os anos 70
e 80.
Instrutores argentinos de esquadrões da morte com base na Guatemala
disfarçavam-se de funcionários da Bridas. Durante aquele
período Peres foi ministro da Defesa de Israel, primeiro-ministro,
vice-primeiro-ministro e ministro do Exterior consciente dos
compromissos militares de Israel nas Américas. A análise dos
antecedentes do terrorismo argentino e israelense revela como a fictícia
guerra contra o terror é apenas mais um pretexto para a
pilhagem da América Latina pelo governo dos EUA e pelas multinacionais
por ele favorecidas.
ARGENTINA 30 MIL RAZÕES PARA CHORAR
Três anos depois de destruir a democracia no Chile, instigando o golpe
militar de 1973 contra Salvador Allende, Henry Kissinger esteve em Santiago
para uma reunião da Organização de Estados Americanos.
Lá contactou o ministro do Exterior da junta militar argentina. De
acordo com Robert Hill, então embaixador dos EUA na Argentina,
Kissinger perguntou quanto tempo levaria... para liquidar o problema
(terrorista)... Kissinger deu aos argentinos o sinal verde... o
secretário queria que a Argentina encerrasse seu plano terrorista antes
do fim do ano
[2]
. Hill devia saber. Foi ele quem serviu de intermediário entre os
organizadores dos esquadrões da morte guatemaltecos e as
lideranças do governo argentino
[3]
.
Entre 1976 e 1983, sob a ditadura militar, as forças armadas argentinas
mataram mais de 30 mil civis membros da oposição política
do país. Aproximadamente 500 bebês de mulheres que deram à
luz enquanto detidas foram distribuídos entre os assassinos dos seus
pais. Em mais de 300 campos e centros de detenção as
vítimas eram torturadas até à morte e a seguir empilhadas
em covas coletivas ou lançadas no Atlântico de aviões
militares de transporte. Suas propriedades e bens foram repartidos entre seus
torturadores e assassinos no valor de mais de 70 milhões de
dólares.
HISTÓRICO DA OPERAÇÃO CONDOR
A determinação dos EUA em destruir a oposição ao
seu domínio da América Latina tem raízes na sua derrota no
Vietnã. A equipe de 1972 que ajudou Kissinger a negociar com os
vietnamitas em Paris incluía o atual embaixador para as
Nações Unidas, John Negroponte, e Vernon Walters, mais tarde
conselheiro de Ronald Reagan, então adido militar na embaixada dos EUA
em Paris. Naqueles dias, George Bush pai era embaixador nas
Nações Unidas.
Em 1975 Bush pai era o chefe da CIA e trabalhava juntamente com Kissinger e
Vernon Walters para desenvolver a Operação Condor uma
operação coordenada contra movimentos de oposição
por toda América Latina
[4]
. A Operação Condor incluía o uso de fachadas
ilícitas como a equipe de assassinato coordenada entre o serviço
de segurança chileno DINA e terroristas cubanos de Miami como Orlando
Bosch, Guillermo Novo e Luis Posada Carriles
[5]
. Também incluía o apoio a políticas brutais de
repressão em massa em países de toda América do Sul. A
Operação Condor foi uma tentativa ambiciosa e bem-sucedida de
coordenar aquela repressão.
A OPERAÇÃO CONDOR DESLOCA-SE PARA O ISTMO
Por volta de 1980, as prioridades para a equipe latino-americana do presidente
Reagan eram derrotar os sandinistas na Nicarágua, travar os movimentos
revolucionários na Guatemala e em El Salvador e varrer o movimento
popular em Honduras. No final de 1981 já se falava em muitas pessoas
que hoje são familiares. Elliot Abrams (hoje diretor de
segurança para o Conselho Nacional de Segurança para Assuntos do
Oriente Médio e Norte da África) era secretário de Estado
assistente, para, por incrível que pareça, direitos humanos e
assuntos humanitários. John Negroponte era embaixador em Honduras e
John Maisto embaixador na Nicarágua. John Poindexter, Colin Powell,
Richard Armitage, Otto Reich, Roger Noriega, todos trabalhavam na
América Latina durante a presidência de Reagan. Todos foram
trazidos de volta para a Casa Branca por George Bush filho depois de a Corte
Suprema (recheada de republicanos) ter legitimado a fraude eleitoral da
Flórida nas eleições presidenciais de 2000
[6]
.
Assim, no início de 1980, oficiais do exército e da marinha
argentina chegaram à Guatemala para dar treinamento de técnica
contra-insurrecional ao regime de Lucas Garcia. Juntamente com conselheiros do
Chile e de Israel deram assistência aos esquadrões da morte
guatemaltecos, originalmente criados pela CIA nos anos 60. Estima-se que 200
mil pessoas tenham sido mortas pelo exército guatemalteco durante a
prolongada resistência popular às ditaduras apoiadas pelos EUA
naquele país. Em agosto de 1981, o vice-diretor da CIA, Vernon Walters,
providenciou um encontro na Cidade da Guatemala com o objetivo de consolidar
uma força anti-sandinista com treinamento na Argentina
[7]
.
Entre 1981 e 1983, membros do Batalhão 601 da Argentina, a unidade
responsável por grande parte do terror na própria Argentina,
trabalharam com instrutores israelenses fora da Guatemala. Em El Salvador eles
ajudaram a treinar assassinos como Roberto D'Aubuisson (que planejou a morte do
Arcebispo Oscar Romero). Em Honduras ajudaram a organizar tanto o infame
esquadrão da morte Batalhão 3-16 como os assassinos em massa dos
Contra nicaragüenses. A partir de 1983 os israelenses treinaram Carlos
Castaño e outros líderes atuais dos esquadrões da morte
paramilitares AUC
[8]
.
JOHN NEGROPONTE, VICE-REI FASCISTA
Pode parecer estranho hoje que Elliot Abrams e John Negroponte tenham auxiliado
os fascistas argentinos (que refinaram os tormentos de vítimas judias em
Buenos Aires torturando-as com retratos de Adolf Hitler ao fundo). Mas Abrams
e Negroponte fizeram exatamente isso. Oficiais argentinos treinaram
integrantes do exército hondurenho em técnicas de
repressão em massa enquanto John Negroponte foi embaixador em
Tegucigalpa de 1981 a 1985. Lá ele trabalhou lado a lado com o chefe
das Forças Armadas hondurenhas Gustavo Álvarez Martínez
para impor um estado de segurança nacional ao estilo
argentino quer dizer, um estado policial fundado em
execuções extrajudiciais.
Como embaixador dos EUA em Honduras, John Negroponte mostrou um cínico
desprezo pela legitimidade e pelo Congresso dos EUA, violando vergonhosamente a
Emenda Boland que restringia o auxílio aos Contra. Com a
recomendação de Negroponte, o governo Reagan deu a Alvárez
Martínez a Legião do Mérito em 1983 por encorajar a
democracia. Álvarez Martínez foi responsável pelo
desaparecimento de 140 sindicalistas, estudantes e outros líderes do
movimento popular hondurenho entre 1981 e 1984. Em 1989, em um caso exemplar,
o Tribunal Inter-Americano de Direitos Humanos condenou Honduras pelo
desaparecimento forçado de quatro pessoas entre 1981 e 1983. Durante
aquele período, sob o vice-reinado de Negroponte, terroristas argentinos
e israelenses ajudaram o exército hondurenho a refinar suas
técnicas de repressão.
Traficantes e sauditas eram os financiadores. Esse treinamento não era
de graça. Quem o pagava? Principalmente o contribuinte americano
através de ajuda militar à Argentina e a Israel. Mas quando era
difícil obter recursos legais, fontes ilícitas também
serviam, incluindo receitas com drogas e dinheiro canalizado através do
Banco de Comércio e Crédito Internacional (BCCI), cortesia de
ligações entre George Bush pai, a família real saudita e a
família Bin Laden
[9]
. O BCCI reconheceu que lavava dinheiro do cartel das drogas de
Medellín, que mais tarde figuraria no escândalo Irã-Contras.
Nesse período, tanto a Colômbia quanto Taiwan deram treinamento.
Mas os principais países envolvidos eram a Argentina e Israel. Para
facilitar as coisas, Israel instalou na Guatemala uma indústria para
fabricar rifles Galil. Por um acordo estabelecido em outubro de 1981, 200
oficiais do exército guatemalteco participaram de cursos de
contra-insurreição em Buenos Aires que incluíam o uso de
técnicas de interrogatório. Entre os
instrutores", estava Ricardo Cavallo.
O ESCÂNDALO CAVALLO
Em 11 de junho deste ano as autoridades mexicanas confirmaram uma ordem de
extradição contra Ricardo Cavallo pelo juiz espanhol Baltasar
Garzón por crimes contra a humanidade durante o terror na Argentina
[10]
. Cavallo é acusado de 337 seqüestros políticos, 227
desaparecimentos forçados e o roubo de crianças de prisioneiros
políticos. A história de Cavallo tem raízes na
Operação Condor e estende-se até a atual
administração Bush.
Cavallo e seus colegas Jorge Radice, Jorge Acosta e outros foram torturadores
das Forças Armadas argentinas. Eles forçavam suas vítimas
a assinar procurações que lhes permitiam alienar suas
propriedades, contas bancárias e pertences. Cavallo também
trabalhou lado a lado com o exército boliviano comandado por Luis Garcia
Meza no início dos anos 80, quando a Bolívia era virtualmente
governada por traficantes de drogas.
Com seu capital ilícito, Cavallo e seus amigos criaram as empresas de
segurança e controle de dados Martiel e Talsud na Argentina. Eles
fizeram negócios com a Seal Lock, uma companhia argentina que era
representante da empresa dos EUA Advantager Security Systems. A Martial era
representante da casa da Moeda do Brasil, a CONSAD da Argentina, a Ciccone
Calcográfica
[11]
e a firma de cartões inteligentes francesa Gemplus
[12]
. A Talsud e a Martial eram virtualmente intercambiáveis, ambas
trabalharam para imprimir o dinheiro do presidente Mobutu, favorito da CIA, no
Zaire em 1993.
Em 1995, a TTI, subsidiária da Bridas, e a Seal Lock ajudaram a Talsud a
obter negócios lucrativos na província argentina de Mendoza. Em
1996, a Talsud ganhou o contrato para emissão de carteiras de motorista
na província argentina de La Rioja. Os clientes da Seal Lock
incluíam o Ministério das Relações Exteriores da
Argentina, o Banco Central argentino, o Registro Nacional da Bolívia, a
Shell do Paraguai e a empresa marítima ZIM de Israel. Cavallo e seu
irmão Oscar também criaram uma empresa em El Salvador chamada
Sertracen, estreitamente associada ao exército salvadorenho. A
Sertracen emite carteiras de motorista e portes de arma em El Salvador.
Em agosto de 1998, Cavallo entrou no México como turista,
miraculosamente conseguindo visto de residência após um mês.
Em um ano, sua companhia Talsud estava participando de concorrências
para o departamento de trânsito mexicano (RENAVE), juntamente com a
Gemplus e a companhia mexicana CIFRA. Em 7 de setembro de 1999, eles ganharam
a concorrência garantindo uma receita anual estimada em 400
milhões de dólares.
O escândalo Cavallo/RENAVE estourou no início do ano no
México e em meio a evidências crescentes de irregularidades. O
vice-ministro do Comércio Raul Tercero, que autorizou o negócio
com a RENAVE, foi achado num bosque próximo à Cidade do
México com sua garganta cortada. Ele deixou várias cartas
defendendo-se de acusações de corrupção.
Os parceiros de negócios de Cavallo têm uma desafortunada
tendência para morrer violentamente. Em outubro de 1998, durante um
escândalo de propinas envolvendo a IBM, Marcel Cattaneo, irmão do
dono da CONSAD, empresa cliente de Cavallo, foi achado pendurado num poste. O
aparente suicídio foi seguido por mortes igualmente suspeitas. Em junho
de 1998, um amigo do presidente Carlos Menem, o megaempresário Alfredo
Yabran, associado à subsidiária da De La Rue Ciccone
Calcográfica, foi encontrado morto. Em agosto do mesmo ano, Jorge
Estrada, ex-chefe de Cavallo no centro de tortura da ESMA (Escola de
Mecânica da Armada NT) e acionista da Martiel foi encontrado
morto, outro suicídio aparente.
VETERANO DA OPERAÇÃO CONDOR NO MÉXICO
Como Cavallo, alguém mais entrou no México em 1998, mas
não como turista o embaixador dos EUA Jeffrey Davidow
[13]
. Davidow era conselheiro político na embaixada dos EUA no Chile de
1971 a 1974. Em Santiago, ele estava ao par de segredos da embaixada quando a
CIA e a agência de segurança chilena DINA organizavam a quadrilha
de pistoleiros que mais tarde assassinou importantes figuras da
oposição chilena, Carlos Prats em Buenos Aires e Orlando Letelier
em Washington. No México, Davidow continuou a aperfeiçoar as
habilidades que aprendera no Chile, encobrindo abusos de direitos humanos em
Chiapas e cultivando relacionamentos dúbios com empresários que
lidavam com drogas tudo o que podia se esperar de um veterano da
Operação Condor.
O escândalo Cavallo aumentou as preocupações no
México e no resto da América Latina quanto às
notícias de que a empresa de prospecção de dados
Choicepoint comprava informações confidenciais de companhias como
a Talsud e a Martiel sobre populações inteiras de países
centro e sul americanos. As pessoas receiam violações da
legítima privacidade de latino-americanos viajando ou morando nos
Estados Unidos. A Choicepoint foi a companhia cuja subsidiária DBT
bagunçou o processo eleitoral na Flórida permitindo que George
Bush vencesse a eleição presidencial de 2000
[14]
.
ABUSO DE DADOS A CONEXÃO CHOICEPOINT
É difícil conseguir pormenores precisos sobre quem está
vendendo à Choicepoint essa informação confidencial
[15]
. Mas pode-se ter uma idéia do utilidade de todos esses dados pelo
papel que John Poindexter vislumbrou para o seu programa Total Information
Awareness (TIA) no Estado cada vez mais policial de John Ascroft (Procurador
Geral dos EUA NT). Embora Poindexter, condenado por mentir ao Congresso
durante as audiências do caso Irã-Contras, possa ter saído
de cena após o fiasco do mercado futuro de terrorismo da
DARPA, o TIA actua sob diferentes disfarces, como o programa MATRIX em
vários estados dos EUA, principalmente a Flórida.
Richard Armitage, um dos conspiradores do Irã-Contras, era membro da
diretoria da Database Technologies (DBT/Choicepoint Inc) antes de assumir um
cargo no governo Bush filho. Agora é vice-secretário de Estado
de Colin Powell. A Choicepoint é parceira da empresa de
prospecção de dados SAIC cujo site proclama que desenvolveu
uma aliança estratégica com a Choicepoint Incorporated a fim de
proporcionar a nossos clientes uma coleta de informações
rápida e sem esforço a partir de bancos de dados públicos.
A Choicepoint Incorporated mantém milhares de gigabytes de dados de
arquivos públicos
[16]
. Os clientes da SAIC incluem a Guarda e Reserva Nacional do Exército
dos EUA, o Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos e a British Petroleum
Amoco. Antes de se tornar secretário de Estado, Donald Rumsfeld
pertencia ao Conselho de Administração da BP Amoco.
BP-Amoco? Soa como Bridas-Pan American Energy... de volta à conversa
entre Shimon Peres e Carlos Bulgheroni. Engraçado como os tempos mudam
e amigos de outrora se indispõem.
No início dos anos 90 a Bridas obteve concessões para a
exploração de petróleo no Turquemenistão. Em 1997
estavam negociando com o regime Talibã do Afeganistão a
construção de um oleoduto naquele país. A Bridas viu-se
competindo pelos favores dos talibãs com a Unocal, uma companhia
petrolífera dos EUA duramente criticada por suas operações
em Myanmar (Birmânia), controlada pelo exército.
Richard Armitage
[17]
trabalhou para a Unocal juntamente com outro personagem do Irã-Contras,
Robert Oakley. O regime talibã favorecia um acordo com a Bridas. A
Bridas e a Unocal acabaram brigando nos tribunais dos EUA. A Bridas perdeu.
Ao mesmo tempo, entre 1997 e 1998, a política dos EUA no
Afeganistão azedou
[18]
. De novembro de 2000 a agosto de 2001, a Argentina teve suas finanças
arruinadas por bancos dos EUA e pelos mercados financeiros internacionais
[19]
. Em outubro de 2001 os EUA invadiram o Afeganistão.
Essa é uma boa ilustração da doutrina Bush: nenhum
país poderá representar uma ameaça ao que os EUA
considerarem como seus interesses, nem mesmo um Estado-cliente amigo
ex-terrorista como a Argentina. A Bridas pôde ver como as coisas iam
indo e deixou-se levar pela corrente. Em 1997 ela associou-se à BP
Amoco. Renascida como Panamerican Energy, a Bridas está trabalhando com
a BP Amoco para explorar gás e reservas petrolíferas por toda
América Latina, mas principalmente na Argentina, e de forma controversa,
na Bolívia. A BP Amoco beneficia-se dos ativos da Bridas na Ásia
Central.
OPERAÇÃO CONDOR BEM, OBRIGADO
A progressão do Chile, Argentina, Uruguai passando pela América
Central até a Venezuela e a Colômbia da atualidade é
evidente. Os mesmos atores aparecem de tempos em tempos. Elliot Abrams, John
Negroponte, Colin Powell, Richard Armitage, John Maisto, Roger Noriega e Oto
Reich todos circulam entre empregos confortáveis no governo dos
EUA e a plutocracia empresarial que determina a política de governo dos
EUA.
Todos eles participaram de uma forma ou de outra na conspiração
Irã-Contras para enganar o Congresso. Abrams foi indiciado e
considerado culpado pela Comissão Parlamentar de Inquérito mas
indultado por George Bush pai. Richard Armitage escapou de ser processado
porque a CPI carecia de recursos. Eles haviam sido exauridos com o
desmascaramento do ex-secretário da Defesa Caspar Weinberger,
também indultado por Bush pai. Agora Powell, Armitage, Maisto, Noriega
e Reich estão conspirando para derrubar o democraticamente eleito Hugo
Chávez na Venezuela e tentando aprofundar o envolvimento militar dos EUA
na Colômbia. Na Guatemala, um velho parceiro, o assassino em massa
Ríos Montt está ameaçando derrubar violentamente o regime
democrático duramente conquistado pelo país.
Nada disso tem algo a ver com qualquer guerra contra o comunismo,
guerra contra as drogas ou guerra contra o terror. Os
Estados Unidos e a União Européia estão na América
Latina pelas mesmas razões dos colonialistas espanhóis,
portugueses, britânicos, franceses e holandeses antes deles
recursos naturais e mão-de-obra barata, combinados hoje em dia com a
extração neocolonial da dívida
contraída à força. Os métodos são a
privatização, desmantelamento das economias de agricultura
familiar, e mercados abertos impostos pelo FMI e Banco Mundial por meio de
clientes locais a fim de favorecer multinacionais como a BP-Amoco, Monsanto,
Cargill e outros nomes demasiado familiares.
Para a opinião pública dos Estados Unidos as lições
da América Latina deveriam ser muito claras. A filósofa francesa
Simone Weil escreveu certa vez que as pessoas na Europa ficavam chocadas com os
nazistas porque estes praticavam na Europa os métodos que as
potências européias aplicavam às suas colônias.
Agora é a vez dos Estados Unidos. Os indivíduos vulgares
atualmente dominando a Casa Branca estão pondo em prática dentro
de casa aquilo que fizeram durante três décadas ao promoverem o
terror na América Latina.
__________
NOTAS
1. A Bridas é uma companhia de produção e
exploração de energia. Ela opera na América Latina e
Ásia Central. Possui uma joint venture para exploração e
produção com a BP Amoco chamada Pan American Energy. A companhia
possui 40% da Pan American Energy (60% é propriedade da BP Amoco). A
Pan American Energy LLC é uma companhia registrada em Delaware, EUA
(tirado da BP Amoco e sites relacionados).
2. Para a citação de Hill, vide:
www.icai-online.org/72616,46136.html
, entre várias outras
3. "Guatemala: Laboratorio estadounidense del terror", fevereiro de
2002. Gustavo Meoño Brenner, Nuevo Diario, Guatemala. Esse artigo cita:
Ariel C. Armony "La Argentina, los Estados Unidos y la Cruzada
Anti-Comunista en América Central, 1977-1984" Editorial Universidad
Nacional de Quilmes, 1999; Stella Calloni "Operación Cóndor,
pacto criminal" Ediciones La Jornada, Ciudad de México, 2001;
"Las intimidades del proyecto político de los militares en
Guatemala". Jennifer Schirmer, Facultad Latinoamericana de Ciencias
Sociales, Guatemala, 1999.
4. A mesma equipe ajudou a criar em 1975 o Comitê para o Perigo Presente,
no qual Paul Wolfowitz era uma figura de destaque.
5.Hernando Calvo Ospina, "Pinochet, la CIA y los terroristas
cubanos", 23 de agosto del 2003,
www.rebelion.org
.
6. Colin Powell é secretário de Estado. Richard Armitage é
vice-secretário de Estado. John Maisto é representante dos EUA
para a Organização de Estados Americanos. Roger Noriega é
secretário-assistente de Estado para assuntos do Hemisfério
Ocidental. Otto Reich é enviado especial para iniciativas do
hemisfério ocidental.
7. Depoimento de Edgar Chamorro, ex-organizador dos Contra à Corte
Internacional de Justiça na Haia, 5 de setembro de 1985.
8. Jeremy Bigwood, Narco News, "Israel y los paramilitares
colombianos" de
www.rebelion.org
15 de agosto de 2003
9. A administração Reagan também utilizou o BCCI para
enviar fundos aos mujahedin afegãos nos dias em que Bin Laden era um
herói dos EUA. Dois ex-diretores da CIA, Richard Helms e William Casey
estavam envolvidos com o BCCI antes que este confessasse ter lavado dinheiro
para o Cartel das drogas de Medellín. William Casey morreu antes que as
audiências do Irã-Contras fossem realizadas. Entre diversas
fontes: "Grupo de armas dos EUA se dirige para Lisboa" The News,
Portugal's English language Weekly, 4 de abril de 2003.
www.globalresearch.ca
; "À qui profite le crime? Les liens financiers occultes des Bush
et des Ben Laden" Réseau Voltaire 11 septembre 2001
10. Fontes de informações sobre Cavallo: artigo de Olga Viglieca,
Hector Pavon e Guido Braslavsky. Clarín-Zona. Argentina 10 de setembro
de 2000; "Renave: los porqué de un fracaso" Jorge
Fernández Menéndez. Semanario Milenio. Mexico, 14 de setembro de
2000; "El largo brazo de la mafia argentina", José Steinsleger
La Jornada. Mexico 24 de setembro de 2000; "Se expanden las empresas del
ex marino Ricardo Cavallo licencia." Mario Fiore. Los Andes. Mendoza.
Argentina 17 de agosto de 2001; "Tiene Cavallo Información
Estrategica" Jorge Carrasco A. La Reforma. Data incerta.
11. Uma subsidiária da De la Rue que produzia passaportes para o governo
mexicano. A De la Rue atualmente é proprietária da Sequoia,
companhia de sistemas de votação eletrônica dos EUA, que
também é em parte propriedade da sócia do grupo Carlyle, a
companhia de investimentos americana Madison Dearborn, que se apossou da
participação da Jefferson Smurfit na Sequoia.
12. A Texas Pacific Group recentemente fez um grande investimento de entre 300
e 500 milhões de dólares na Gemplus para aumentar a
participação da Gemplus nos mercados de
comunicações sem fio, comércio eletrônico e
segurança da Internet internacionais.
13. "Comportamento limítrofe", Al Giordano. The Boston
Phoenix. 16 a 23 de dezembro de 1999
14. Greg Palast, 2 de novembro de 2002,"A Reeleição de Jim
Crow: Como a Equipe de Jeb Bush está tentando roubar a Flórida de
novo" e seu livro "A Melhor Democracia que o Dinheiro Pode
Comprar"
15. "Imperio de control", Dieter Drüssel.
www.rebelion.org
, 1º de setembro 2003. Drussel menciona a Silnica, controalda pelos
costarriquenhos, na Nicarágua. Em El Salvador e na Guatemala as
preocupações públicas estão focadas na Sertracen e
InforNet.
16. Site da SAIC
17. Relatório da Comissão Especial do Irã-Contras "a
Comissão Independente deixou de processar Armitage devido a que os
recursos limitados da OIC estavam focados no caso contra Weinberger e porque as
provas contra Armitage, ainda que substanciais, não alcançaram o
limiar das provas além da dúvida razoável.
18. Diversos sites--" Petróleo e Gás do Afeganistão e
Turcomenistão, e o Oleoduto Projetado" Timeline,
www.worldpress.org/specials/
www.thedubyareport.com/oilwar.html
- "A Enron Desempenhou um Papel Central nos Eventos que Antecipavam a
Guerra", Martin Yant. Columbus Free Press. 10 de abril de 2002
19. "A Argentina não caiu por si só - Wall Street
forçou a dívida até o limite", Paul Blustein. The
Washington Post. 3 de agosto 2003
[*]
Toni Solo é um ativista radicado na América Central. Contato:
tonisolo52@yahoo.com
.
O original encontra-se em
Counterpunch
. Tradução do
Círculo Bolivariano de São Paulo
.
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info
.
|