Bush procura pretexto para guerra impopular
Estão a aumentar os sinais de confusão no sistema capitalista
dos Estados Unidos e na sua liderança, enquanto a
administração Bush continua a sua marcha aventureira para um
novo massacre do Iraque
A Conseco, outra companhia importante, declarou bancarrota no dia 17 de
Dezembro. Este gigante financeiro e de seguros é a terceira maior
companhia a procurar concordata ao abrigo do Capítulo
11. Uma boa parte das suas dívidas são de hipotecas de
auto-caravanas.
O fracasso da companhia é uma indicação segura de que
muitos dos trabalhadores mais pobres são incapazes de pagar as suas
contas.
Os esforços do Secretário das Finanças, Paul O'Neill, e do
conselheiro principal para assuntos económicos de Bush, Larry Lindsey,
não restauraram a confiança de Wall Street na
economia ou na Bolsa.
O desemprego subiu para 6 por cento.
Os estados estão a cortar ao mínimo as despesas dos programas
sociais enquanto as receitas fiscais declinam os ricos estão
agora virtualmente isentos e lançam os orçamentos no
défice. Isto significa muitos mais
despedimentos para breve.
As raízes racistas do sistema político nos Estados Unidos
revelam-se, uma vez mais, no escândalo Trent Lott.
Os Estados Unidos são considerados em todo o mundo como um estado
embusteiro em tudo, desde o ambiente às ameaças de guerra
perpétua.
E que faz a administração Bush em relação a isto
tudo?
A cabala na Casa Branca só tem um único desígnio:
dirigir-se inexoravelmente em direcção à sua longamente
planeada guerra contra o Iraque. Tudo está subordinado a essa ideia.
Criar um pretexto para uma guerra
Quando este texto estava a ser escrito reunia-se o Conselho de Segurança
Nacional. Os medias esperam que Bush anuncie que o
Iraque não respondeu satisfatoriamente às perguntas sobre as
armas apesar das 12.000 páginas de documentos que submeteu
às Nações Unidas e da sua concordância em permitir
que os inspectores tivessem acesso a todas as sua instalações.
É esta a estratégia que Washington tem estado a afinar há
meses. Aceitar que as Nações Unidas enviem inspectores ao Iraque
e a seguir atribuir-se o direito de efectuar um julgamento
unilateral dizendo que os iraquianos enganaram os inspectores e
esconderam armas de destruição maciça e/ou a
capacidade para as produzir.
O verdadeiro objectivo de Bush é desencadear uma guerra para conquistar
e ocupar o Iraque, como um passo fundamental para ganhar domínio
incontestado sobre o Médio Oriente rico em petróleo. Todavia, ele
tem sentido dificuldades em conseguir apoios no mundo ou entre o povo americano
para uma alteração do regime. Daí a desculpa
se virar para o desarmamento do Iraque um país cuja
capacidade de defesa definhou bastante desde a Guerra do Golfo.
Não se deve pôr de parte que os falcões de Washington
possam congeminar algo muito mais dramático sob a forma de pretexto que
justifique a escalada para a guerra.
Não se pode prever quando começa, mas dezenas de milhares de
militares, uma enorme quantidade de aviões, navios, armas e outros
materiais de guerra continuam a ser enviados apressadamente para a zona do
Golfo. Sabe-se que os militares consideram que as condições do
tempo em Janeiro são as mais favoráveis para um ataque.
Os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, que já teve domínio
colonial sobre grande parte do Médio Oriente, incluindo o Iraque,
organizaram recentemente uma conferência de fantoches iraquianos em
Londres. Este grupo heterogéneo será o núcleo de um
governo livre iraquiano por outras palavras, uma folha de
parra para a ocupação militar dos Estados Unidos após o
Pentágono ter entrado em Bagdade.
A oposição das massas continua a crescer
Entretanto, a oposição a esta guerra entre o povo americano e em
todo o mundo continua a aumentar. Uma grande demonstração
nacional irá concentrar-se e marchar em Washington no dia 18 de
Janeiro, organizada pela coligação
ANSWER
, que em 26 de Outubro organizou os
maiores protestos nos Estados Unidos até à data. Quase todos os
dias há acções de protesto.
Dezenas de milhão de pessoas interrogam-se por que é que este
governo está determinado em desencadear uma guerra que irá custar
biliões de dólares quando reivindica que não tem dinheiro
para conter a crescente vaga de sofrimento no país.
Sob o ponto de vista de armamento, os falcões são Golias.
Ninguém, no mundo, tem nada comparado com o poder de fogo deles. Mas,
realmente, são um pequeno bando de salteadores aos olhos de 95 por cento
dos povos do mundo.
A estratégia da cabala de Bush é manter as massas fora do jogo
através da colaboção aparente com as
Nações Unidas, numa abordagem unilateral ao problema
do Iraque enquanto, ao mesmo tempo, prepara febrilmente uma guerra
de agressão. Esperam, enquanto os inspectores não se retiram,
que a percepção de que este processo evitará a guerra,
restringirá o movimento de massas anti-bélico.
Em relação a isto, a coligação ANSWER emitiu uma declaração no
dia 17
de Dezembro que concluía: É urgente que o movimento contra
a guerra não seja adormecido por um sentido falso de oportunismo por o
Iraque e as Nações Unidas estarem a cooperar. Vários
governos já declararam que têm esperança que o processo das
inspecções possa ajudar a evitar a guerra. O Secretário
Geral das Nações Unidas, Koffi Annan, afirmou que a guerra
não é inevitável.
Contudo, na medida em que o mundo apregoa
um optimismo cauteloso acerca duma solução pacífica
é também a medida que a equipa de política externa
de Bush utiliza a fim de abolir toda a esperança de uma tal saída.
Há
agora uma quase perfeita relação invertida entre o clamor a
nível mundial por contenção e paz e a ansiedade da
Administração Bush para anunciar publicamente que a guerra
é certa.
Há realmente uma só restrição para bloquear a
guerra. Ela está dentro das próprias pessoas. Nem o Congresso nem o
Conselho de Segurança farão parar o perigoso ímpeto de
guerra de Bush. O optimismo das forças contra a guerra deve assentar na
realidade. Se pudermos mobilizar milhões nos Estados Unidos e no
resto do mundo e inflamar uma tempestade de activismo, então o
clima político pode alterar-se e alterar-se dinamicamente.
Nos indigestos corredores do Congresso, o clima político parece
congelado numa teia temporal burguesa. Mas nas ruas vai-se acumulando a energia
para maiores e melhores batalhas.
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Editor do jornal
Workers World
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O original encontra-se em
http://www.workers.org/ww/2002/war1226.php
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Traduzido por João Manuel Pinheiro.
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info
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