A insanidade é uma das características do fascismo. É
duvidoso que um sistema electronico de vigilância do conjunto dos
cidadãos possa algum dia vir a funcionar com eficácia. Mas o
próprio facto de
que um tal sistema tenha sido pensado e esteja a ser elaborado confirma a
vontade fascizante do governo Bush. Também é notável que
tal projecto seja dirigido por um almirante envolvido no escandalo que associou
o Irão
à contra-revolução na Nicarágua (com dinheiros
sujos do contrabando de estupefacientes usados para financiar o contrabando de
armas). Trata-se realmente do indivíduo adequado ao projecto de um
Big Brother
gigante.
O ridículo da ideia subjacente a um tal projecto é que assume que
poderia controlar a procura por artigos para terrorismo, quando seria muito
mais fácil controlar a oferta. Mas controlar a oferta interferiria com
os sagrados direitos do capital monopolista ianque, ou seja, com os vendedores
de artigos para terrorismo. Quem é que vende, por exemplo, as toneladas
de produtos químicos utilizadas pelos narco-traficantes para refinar a
folhas de coca da Colômbia? Se respondeu "as multinacionais
norte-americanas", acertou. Mas com essas ninguém mexe. Nem se
fala delas quando o assunto é droga.
Entretanto, por absurda que seja a ideia de um sistema geral de
vigilância dos cidadãos, tais projectos vão proporcionando
contratos milionários aos seus executores. As grandes
corporações da informática acham óptimo. Desde que
os contratos sejam rentáveis, não importa que os projectos sejam
absurdos.
resistir.info
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O fascismo electrónico
Uma base de dados maciça a ser utilizada pelo governo na monitoragem de
todas as compras efectuadas por todos os cidadãos americanos é
uma ferramenta indispensável na guerra contra o terror, declarou o
Pentágono no dia 20 p.p.
Edward Aldridge, subsecretário de Aquisições e Tecnologia,
disse aos repórteres que o Pentágono está a desenvolver
uma base de dados protótipo para procurar "padrões
indicativos de actividade terrorista". Aldridge afirmou que a base de
dados coleccionaria e utilizaria software para analisar compras de consumidores
com a esperança de apanhar terroristas antes de ser demasiado tarde.
"O ponto principal é que isto constitui um importante projecto de
investigação a fim de determinar a factibilidade de utilizar
certas transacções e eventos para descobrir e responder aos
terroristas antes que eles actuem", acrescentou.
Aldridge considerou que a base de dados, à qual chamou de outra
"ferramenta" na guerra contra o terror, procuraria por sinais
indicativos de comportamento suspeito do consumidor.
Os exemplos por ele citados foram: súbitas e grandes retiradas de
dinheiro, viagem só de ida por avião ou comboio,
transacções para aluguer de carros e compras de armas de fogos,
produtos químicos ou agentes que poderiam ser utilizados para produzir
armas biológicas ou químicas.
A base de dados também combina a informação do consumidor
com registos do Visa, passaportes, registos de prisão ou
relatórios de actividades suspeitas dados pelas polícias ou
serviços de inteligência.
O Defense Advanced Research Projects Agency é o abrigo dos mais
brilhantes pensadores do Pentágono aqueles que construíram
a Internet. A DARPA ficará encarregada de tentar fazer o sistema
técnico funcionar.
O Almirante da Reserva John Poindexter, antigo conselheiro de segurança
nacional do presidente Reagan, está a desenvolver a base de dados de
acordo com o Total Information Awareness Program (TIAF). Poindexter foi
condenado por ter por cinco vezes enganado o Congresso e feito falsas
declarações durante a investigação do
Irão-Contra. Aquelas condenações foram posteriormente
canceladas, mas os críticos notam que o seu curriculum é
dúbio para alguém a quem é confiada uma tarefa tão
sensível.
Aldridge disse que Poindexter apenas "desenvolverá a ferramenta,
ele não irá experimentar a ferramenta". Acrescentou que
Poindexter trouxe a ideia da base de dados para o Pentágono e persuadiu
Aldridge e outros a continuá-la.
"John tem uma paixão real por este projecto", afirmou Aldridge.
O logo do gabinete do TIAF agora é um olho a esquadrinhar o globo. A
tradução da expressão latina: conhecimento é
poder. Alguns dirão, possivelmente demasiado poder. "O que esta
conversa que dizer é que vai transformar-nos numa nação de
suspeitos e eu estou preocupado, os cidadãos dos Estados Unidos
não deveriam ter de viver com medo do seu próprio governo e
é exactamente isso que está em vias de acontecer", disse
Chuck Pena, analista senior de política de defesa do Cato Institute.
Pena e outros afirmam que a base de dados é uma violação
ainda maior dos direitos de privacidade do que a proposta vetada do ministro da
Justiça John Ashcroft de transformar os trabalhadores dos correios e os
homens de entregas em informadores do governo. Não importa que
protecções o Congresso exija, Pena teme que uma base de dados
suficientemente grande e hábil para rastear os hábitos de
despesas de toda a nação está pronta para abusos.
"Não penso que depois de por uma coisa como essa em andamento se
possa alguma vez criar suficientes sistemas de restrição internos
(checks and balances)
e supervisão", afirmou Pena.
Mas os seus proponentes afirmam que as grandes empresas (big business)
já têm acesso à maior parte destes dados, mas não
fazem seja o que for com eles para combater o terrorismo.
"Considero algo contra-intuitivo que as pessoas não estejam
preocupadas com o facto de que os tele-comerciantes e as companhias de seguros
possam adquirir estes dados mas sentem um medo tremendo se um governo se
aventurar neste campo. Para mim isto cheira a paranoia", disse David
Rivkin, um advogado da Baker & Hostetler LLP.
A base de dados ainda não está pronta e Aldridge diz que ela
não estará disponível durante vários anos. Dados
de consumidores falsos serão utilizados no desenvolvimento da base de
dados, acrescentou.
Quando estiver pronta, Aldridge disse, os direitos individuais de privacidade
serão protegidos. Mas ele não pôde explicar como se
poderia ter acesso aos dados. Em alguns casos, seriam dadas garantias
específicas de acesso a agências policiais, disse ele. Mas em
outros casos a base de dados pode assinalar actividade suspeita sem um pedido
específico ou garantia, e tal actividade suspeita podia muito ser
transmitida a agências policiais ou de inteligência.
"Não sei que âmbito isto vai ter", disse Aldridge.
"Estamos numa guerra contra o terrorismo. Estamos a tentar descobrir se
esta tecnologia pode funcionar".
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Jornalista da Fox News
O original deste artigo encontra-se em
http://www.foxnews.com/story/0,2933,70992,00.html
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info
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