"Armas financeiras de destruição em massa"
& colapso anunciado — reflexões de um bilionário

por Simon English

As suas reflexões são capa de revistas importantes da burguesia. Warren Buffett, o segundo homem mais rico do mundo, está prestes a emitir a sua mais terrível previsão quanto ao estado da economia mundial. Ela inclui um veredicto maldito sobre a indústria dos derivativos, que ele receia poder causar uma crise financeira global.

Na próxima carta anual aos accionistas do Berkshire Hathaway, o sr. Buffet escreve no seu habitual estilo simples a advertir que os bancos não entendem os riscos ocultos que estão à espreita nas suas folhas de balanço.

Ele denomina os derivativos de "bombas de tempo, tanto para as partes que negociam com eles como para o sistema económico" e "armas financeiras de destruição em massa, acarretando perigos que, apesar de ainda latentes, são potencialmente letais".

Os pareceres do segundo homem mais rico do mundo são observados de perto e a sua visão apocalíptica não ajuda a fortalecer os nervos em Wall Street ou na City de Londres. Extractos da sua carta anual revelam que ele tem pouco optimismo quanto ao mercado de acções.

"Apesar de três anos de preços cadentes que melhoraram significativamente a atractividade das acções comuns, ainda vemos muito poucas que nos interessem mesmo moderadamente. Este facto lúgubre testemunha a insanidade das avaliações efectuadas durante a Grande Bolha (Great Bubble) . Infelizmente, a ressaca pode demonstrar-se proporcional à euforia", escreve ele.

Até agora advertências vagas quanto à natureza piramidal dos contratos de derivativos levaram a afáveis palavras tranquilizantes dos bancos no sentido de que a sua estabilidade não está ameaçada..

O sr. Buffet afirma que os bancos simplesmente não têm qualquer ideia de qual poderia ser a sua exposição. "Quando Charlie [Munger, seu parceiro em negócios] e eu acabamos de ler as longas notas de rodapé pormenorizando as actividades dos grandes bancos com derivativos, a única coisa que entendemos é que nós não entendemos quanto de risco a instituição está a assumir".

Derivativos são instrumentos financeiros complexos que permitem aos investidores efectuarem apostas sobre qualquer coisa, desde o preço das acções até o clima. Sua amplitude é limitada, afirma o sr. Buffett, "somente pela imaginação do homem, ou por vezes, assim parece, pela sua loucura". A Enron era especialmente apreciadora dos derivativos, oferecendo contratos que seriam liquidados a anos de futuro e exigindo lucros imediatamente.

A Berkshire Hathaway adquiriu um corrector de derivativos quando comprou a reasseguradora Gen Re. Por não conseguir vender este negócio, o sr. Buffet está agora a encerrá-lo, embora admita que isto levará anos. "Resseguros e negócios derivativos são semelhantes. Tal como o Inferno, ambos são fáceis de entrar e quase impossível de sair", afirma.

O sr. Buffett, alcunhado o Sábio de Omaha, acredita que as principais seguradoras estão a exagerar os rendimentos dos contratos de derivativos e a reduzir a importância do "risco em cadeia" que decorre quando elas adiam negócios com outras firmas.

A sua fortuna pessoal no ano passado reduziu-se em US$ 5 mil milhões, caindo para US$ 30 mil milhões. Isto deixou-o em segundo lugar na lista dos mais ricos, depois de Bill Gates.

O original encontra-se em http://www.telegraph.co.uk

Esta notícia encontra-se em http://resistir.info .

07/Mar/03