A grave situação da Associação Mutualista Montepio
Buraco de 293,8 milhões de euros
Assembleia-Geral para a aprovação das contas foi marcada
no início das férias dos associados
Mais uma vez a administração de Tomás Correia marcou
uma assembleia-geral da Associação Mutualista Montepio
para uma data em que muitos associados já estão em férias
ou pensam partir para férias o dia 17/Julho/2018.
O objetivo é claro: afastar os associados das assembleias, para mais
facilmente as dominar utilizando para isso a sua brigada de fiéis, que
se deslocam às mesmas
(grande parte deles)
utilizando as viaturas de serviço da Caixa Económica pagas pelos
associados. Vamos ver se desta vez o novo presidente da CEMG, Carlos Tavares,
tem a coragem de se opor a essa utilização abusiva depois de
advertido. Agora já não pode dizer que não sabia.
Os associados interessados em conhecer os documentos para essa assembleia
poderão obtê-los em:
https://www.montepio.org/institucional/informacao-legal/
De acordo com a convocatória que está ali disponível,
a assembleia terá lugar, não nas instalações do
Montepio na Rua do Ouro, em Lisboa, como era habitual, mas sim no
AUDITÓRIO ANTÓNIO DOMINGUES DE AZEVEDO (Ordem dos Contabilistas
Certificados, Av. Defensores de Chaves, 85B, Lisboa), no dia 17 de Julho de
2018, pelas 21 horas, e tem como Ponto Único:
Deliberar sobre as Contas Consolidadas do Montepio Geral
Associação Mutualista relativas ao exercício findo em 31
de Dezembro de 2017.
Apesar de ser uma matéria importante para os associados, que têm o
direito a conhecer a verdadeira
situação da Associação Mutualista, que é
grave e continua a agravar-se,
mesmo assim continua a não existir por parte da
administração de Tomás Correia um esforço real e
sincero para mobilizar os associados, e debater com eles medidas sérias
e adequadas para tirar o Montepio da situação desastrosa a que
uma gestão megalómano e irresponsável conduziu.
AS CONTAS CONSOLIDADAS DA ASSOCIAÇÃO MUTUALISTA DE 2017 E A
OCULTAÇÃO DA VERDADEIRA SITUAÇÃO DA
ASSOCIAÇÃO MUTUALISTA
As contas consolidadas da Associação Mutualista incluem
também os ativos e passivos e os resultados das 21 empresas que
constituem o grupo Montepio e que a Associação Mutualista tem o
domínio e é proprietária. Por isso são estas contas
que dão a verdadeira situação da Associação
Mutualista e da sua capacidade para poder pagar aos associados as
poupanças que eles têm nela. No entanto, elas dão um
retrato real porque incluem como lucros, os chamados "Impostos
diferidos" cujo montante foi obtido somando os prejuízos acumulados
ao longo dos anos a uma parcela do valor das poupanças
(provisões) dos associados que, como é fácil de entender,
não são lucros mas sim dividas aos associados.
Através de um malabarismo técnico, infelizmente permitido pela
lei fiscal e pelo governo, a administração de Tomás
Correia transformou os prejuízos acumulados e uma parte das dividas aos
associados resultantes das poupanças, em "Impostos diferidos
ativos" e, estes, em lucros, tornando enganadores os resultados
apresentados para quem não tenha conhecimento técnicos.
Para se conhecer a situação verdadeira e real da
Associação Mutualista que é grave, e que não
interessa ocultar aos associados para não terem surpresas
desagradáveis no futuro, e poderem ser atempadamente tomadas medidas
adequadas, é preciso deduzir estes lucros fictícios que
não são reais, até porque o plano de negócios em
que eles assentam, que é o Programa de Ação e
Orçamento para 2018 (PAO-2018), a administração de
Tomás Correia não está a conseguir cumprir, como na altura
alertamos, por ser irrealista.
A RESPONSABILIDADE DO AUDITOR QUE É A KPMG DE QUE AS CONTAS SEJAM
VERDADEIRAS E EM ANALISAREM E DIVULGAREM TODOS OS FACTOS RELEVANTES
Perante o descalabro económico e financeiro da Associação
Mutualista, a administração de Tomás Correia, utilizando
um artificio permitido pelas leis fiscais, e procurando ocultar aos associados
a verdadeira situação da Associação Mutualista,
solicitou ao ministro da Finanças autorização, que este
concedeu, para que a Associação Mutualista passasse a pagar
impostos, que até aqui estava isenta como acontece a todas as
mútuas.
E com essa autorização do Ministério das Finanças
transformou os prejuízos acumulados (cerca de 202 milhões )
e uma parte de poupanças dos associados (cerca de 622 milhões
) em "Impostos diferidos ativos" e considerou que o seu total
824 milhões eram lucros.
No entanto, esta previsão assentava na obtenção de uma
margem associativa positiva muito elevada e de lucros elevados como consta do
plano de negócios aprovado pela administração de
Tomás Correia para 2018, que não está a ser cumprido, e
que a KPMG sabe que não está, e não revela isso como um
"facto relevante" como penso que está obrigada.
O Programa de Ação e Orçamento da Associação
Mutualista-2018 (PAO-2018) da administração de Tomás
Correia prevê, para 2018, uma Margem de Atividade Associativa positiva
de 422,5 milhões , o que pressupõe a venda de produtos
mutualistas e de capitalização aos associados a rondar os 1.077
milhões em 2018, tendo em conta os reembolsos previstos. No
1º sem.2018 deve ter sido vendido apenas cerca de um quarto deste valor
(os trabalhadores que os vendem conhecem a redução verificada)
e a Margem da atividade associativa no lugar de ser positiva, deve ter sido
negativa. Como consequência prevemos que a Associação
Mutualista tenha apresentado resultados negativos.
Desafiamos o conselho de administração de Tomás Correia e
a KPMG a informarem aos associados o valor da Margem da atividade associativa e
os resultados da Associação Mutualista no 1º sem.2018. Se
recusarem confirmam o descalabro da situação e revelam a
intenção de ocultá-la aos associados.
A VERDADEIRA SITUAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO MUTUALISTA: um
Passivo superior ao Ativo em 293,8 milhões , e 65% das
poupanças dos associados aplicadas em empresas que acumularam
prejuízos, que delapidam as poupanças dos associados, e que
não geram rendimentos para os associados.
Para que os associados possam compreender e conhecer rapidamente qual é
a situação real e verdadeira da Associação
Mutualista Montepio Geral (AMMG) devem abrir a pág. 30 do
Relatório e Contas consolidadas de 2017 da Associação
Mutualista que a administração de Tomás Correia vai
apresentar na assembleia de associados para aprovação
(disponível no link indicado no inicio deste estudo).
Aí encontram o
BALANÇO CONSOLIDADO
(inclui todas as empresas do Montepio) que devia traduzir a
situação verdadeira da AMMG em 31/12/2017.
O
ATIVO do BALANÇO
, que soma 22.452,1 milhões em 2017, é o valor de tudo que
a Associação Mutualista possui ou tem a haver, incluindo o valor
dos ativos das empresas. No entanto, 1.313,4 milhões , referem-se
a
"Impostos diferidos" ativos
, que não são lucros nem ativos reais. Se deduzirmos a parcela
deste valor que diz respeito à Associação Mutualista
(824 milhões )
aos 22.452,1 milhões , restam 21.628 milhões . O
PASSIVO do BALANÇO
da AMMG corresponde a tudo aquilo que a Associação Mutualista
deve e tem de pagar
(inclui as poupanças dos associados).
E esse valor de dividas soma 21.921,9 milhões , quando o valor
que possui ou tem a haver
(o seu Ativo real)
para pagar essas dividas é apenas de 21.628 milhões .
Portanto, em 31 de Dezembro de 2017, se excluirmos os "Impostos
diferidos", o PASSIVO TOTAL CONSOLIDADO DA ASSOCIAÇÃO
MUTUALISTA, que inclui todas as empresas do grupo Montepio (21.921,9
milhões ) era superior ao seu ATIVO REAL CONSOLIDADO (21.628
milhões ), em 293,8 milhões .
Portanto, se excluirmos os "impostos diferidos ativos", que
não são nem lucros nem ativos reais, a Associação
Mutualista, a nível de contas consolidadas apresentava, em 2017, um
"BURACO" de 293,8 milhões quando, em 2016, o
"buraco" era de 176,86 milhões . Eis a
situação real da Associação Mutualista.
Situação semelhante se verifica em relação
às "Demonstrações Financeiras consolidadas de
2017" que estão na pág. 29 do Relatório e Contas. Em
2016, apresentou um resultado liquido negativo (prejuízos) de 153,57
milhões , quando em 2017 já apresenta um Resultado liquido
positivo (lucro) de 834,7 milhões .
Como é que foi conseguido este milagre?
Considerando como lucros os "Impostos diferidos", que incluem 202
milhões de prejuízos acumulados mais 622 milhões
referentes a poupanças dos associados. Se os deduzirmos os
resultados consolidados de 2017 da Associação Mutualista
reduzem-se a 10,7 milhões , o que é irrisório pois
nem dá para pagar os juros das poupanças dos associados.
A Associação Mutualista faz lembrar o "TITANIC", onde
se continuava a tocar música nos seus salões enquanto o barco
afundava. Na Associação Mutualista, Tomás Correia toca a
música e os seus fieis continuam a dizer que tudo vai bem, enquanto a
Associação Mutualista, com capitais dos associados delapidados e
com aplicações que não dão rendimentos, se afunda
progressivamente perante a passividade e a complacência dos supervisores
que adiam indefinidamente a decisão sobre processos em que Tomás
Correia é arguido permitindo a este continuar no Montepio com o mesmo
tipo de gestão autocrática e afetando gravemente a
reputação da AMMG.
É necessário uma lista de verdadeira unidade, sem preconceitos
ideológicos, para, nas eleições de 2018, afastar
definitivamente do Montepio quem fez e faz tanto mal à
instituição e aos seus associados.
Importa referir que na Caixa Económica, a nova
administração imposta por Tomás Correia tem-se revelado
até a esta data incapaz de dinamizar o negócio bancário
para o conseguir teria de mobilizar trabalhadores e chefias
(tem até os hostilizado).
Enquanto o negócio não aumentar a recuperação da
CEMG não será efetiva
(os resultados da Caixa Económica no 1º Trim.2018, embora
positivos, foram muito fracos, e é de prever que aconteça o mesmo
no 2º Trim.2018, sendo insuficientes para remunerar os 2.000
milhões de poupanças dos associados aplicados a Caixa
Económica).
14/Julho/2018
[*]
edr2@netcabo.pt
Este artigo encontra-se em
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