O custo do trabalho em Portugal e na UE (2)
Entre 2004 e 2017 o custo hora do trabalho em Portugal aumentou
2,8, enquanto a média na UE foi 2,5 vezes
superior
Em 2017 o custo hora do trabalho em Portugal correspondia apenas a 46,5%
da zona euro
No estudo anterior analisamos a evolução percentual do custo hora
da mão-de-obra em Portugal e na União Europeia entre o 1º
Trim.2017 e o 1º Trim.2018 e concluímos que foi apenas em Portugal
que se verificou uma variação negativa (-1,5%), enquanto em todos
os outros países da UE se registou um aumento
(em média +2,7%),
o que revela o aumento da sobre-exploração do trabalho em
Portugal no período considerado. Neste estudo, para completar o
anterior, e utilizando também só dados do Eurostat, vamos
analisar o custo da mão-de-obra nos países da UE em euros, para
que se possa ficar com uma ideia clara da diferença que separa Portugal
dos restantes países e das consequências do acordo de
concertação social assinado entre a UGT/Patrões/ Governo
que este tenciona que seja aprovado na Assembleia da República.
UMA POLÍTICA DE MANUTENÇÃO DE BAIXOS SALÁRIOS EM
PORTUGAL: UGT/PATRÕES/GOVERNO
Como mencionamos no estudo anterior, segundo o Eurostat, o custo hora da
mão-de-obra obtém-se dividindo todos os gastos que o empregador
tem com os seus trabalhadores
(ordenados, salários, subsídio de refeição e
outros, contribuições para a segurança social, etc)
pelas horas trabalhadas. O gráfico 1, do Eurostat, mostra a
situação atual de Portugal no contexto da UE.
Em 2017, o custo hora do trabalho em Portugal era apenas de 14,1,
enquanto a média nos países da União Europeia era de
26,8, ou seja, 90% mais.
Mas o quadro 1, também com dados da Eurostat, mostra com maior clareza
o que aconteceu entre 2004 e 2017 nesta área.
Entre 2004 e 2017, o custo hora do trabalho aumentou em Portugal 2,8
(entre 2015/2017, subiu 40 cêntimos segundo o Eurostat),
enquanto a média na UE foi de 7. Este menor crescimento do custo
do trabalho em Portugal determinou que, entre 2004 e 2017, quando se compara o
do nosso país com a média da UE, o custo hora de trabalho em
Portugal tenha diminuído de 57,1% para apenas 52,6% da média da
UE.
Em relação aos países da Zona Euro, diminuiu de 49,1%
para 46,5%.
Portanto, a remuneração dos trabalhadores portugueses ao
invés de se aproximar da média da UE está-se a afastar.
Em Portugal a sobre-exploração aumentou. E agravar-se-á
ainda mais com o acordo UGT/Patrões/governo, como se provou no nosso
estudo anterior.
23/Junho/2018
[*]
edr2@netcabo.pt
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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