Crise sistémica global
US$30x1012
de activos fantasmas desaparecerão daqui até o início de
2013
- A crise entra na fase de desconto generalizado das dívidas ocidentais
Chegamos quase ao fim do segundo semestre de 2011 e, desde Julho último, 15
milhões de milhões (1012
) de activos fantasmas já se dissolveram em fumo, como antecipado pelo
LEAP/E2020 (
GEAB nº 56
). E, segundo nossa equipe, este processo vai prosseguir ao mesmo ritmo ao
longo de todo o ano que vem. Estimamos com efeito
que, com a efectivação do desconto de 50% sobre as dívidas
públicas gregas, a crise sistémica global entre numa nova fase: a
do desconto generalizado das dívidas públicas ocidentais e do seu
corolário, a fragmentação do mercado financeiro mundial.
Nossa equipe considera que 2012 verá um desconto médio de 30% do
conjunto das dívidas públicas ocidentais
[1]
ao que se acrescentará um montante equivalente de desaparecimento de
activos dos balanços dos estabelecimentos financeiros mundiais.
Concretamente, o LEAP/E2020 antecipa pois o desaparecimento de 30
milhões de milhões (1012
) de activos fantasmas daqui até o início de 2013
[2]
e a aceleração ao longo de 2012 do processo de
partição do mercado financeiro mundial
[3]
em três grandes zonas monetárias cada vez desconectadas:
Dólar, Euro, Yuan. Estes dois fenómenos alimentam-se mutuamente.
Eles vão nomeadamente provocar a baixa de 30% da divisa
estado-unidense em 2012
[4]
, como havíamos anunciado em Abril último (
GEAB nº 54
). Portanto, o fim de 2011 vai assistir, tal como previsto, as dívidas
públicas europeias actuarem como detonador para o desencadear da
implosão da bomba estado-unidense.
Neste GEAB nº 59 analisamos em pormenor esta nova fase da crise assim como
o próximo agravamento da crise de dívida dos EUA.
Começamos igualmente a apresentar, como anunciado nos GEABs anteriores,
nossas antecipações sobre o futuro dos Estados Unidos para o
período 2012-2016
[5]
começando por um aspecto fundamental das
relações euro-americanas (e mais geralmente do mundo tal como se
conhece desde 1945), a saber a relação militar estratégica
EUA-Europa: estimamos que em 2017 o último soldado estado-unidense
terá deixado o solo da Europa continental. Finalmente, o LEAP/E2020
apresenta suas recomendações. Este mês: divisas, ouro,
reformas por capitalização, sector financeiro,
matérias-primas.
Neste comunicado público optámos por apresentar os elementos que
determinam o próximo agravamento da crise da dívida dos EUA,
fazendo também o balanço das consequências da cimeira
europeia do fim de Outubro e da cimeira do G20 em Cannes.
Como antecipado pelo LEAP/E2020 desde há vários meses, a cimeira
do G20 de Cannes revelou-se um fracasso flagrante uma vez que não deu
lugar a absolutamente nenhuma medida significativa, revelando-se incapaz de
abordar as questões da mudança do sistema monetário
internacional, do relançamento da economia mundial e da reforma da
governação global. Se a questão grega tomou tanta
relevância no decorrer da cimeira, isto aconteceu nomeadamente porque
esta não tinha qualquer conteúdo. George Papandreu permitiu assim
ao dirigentes do G20 "fazerem como se" a Grécia houvesse
perturbado os seus trabalhos
[6]
quando, de facto, permitiu-lhes esconder em parte a sua impotência
para definir a mínima agenda comum. Paralelamente, as decisões da cimeira
europeia da semana que precedeu o G20 ilustram doravante de maneira oficial a
emergência da Eurolândia (dotada nomeadamente de duas cimeiras
específicas por ano
[7]
) e afirmando de facto seu primado decisional no seio da UE
[8]
. A pressão da crise permitiu igualmente em alguns dias reforçar as
capacidades políticas da Eurolândia para progredir no caminho de
uma integração acrescida
[9]
, condição prévia para toda evolução
positiva rumo ao mundo pós crise
[10]
.
Assim, um governo de unidade nacional estabeleceu-se finalmente na
Grécia [11]
, onde é preciso literalmente construir um Estado
moderno dotado de um cadastro, de uma administração eficaz e que
permita aos gregos serem cidadãos "normais" da
Eurolândia e não súbditos de um sistema feudal em que
grandes famílias e a igreja partilham a riqueza e o poder
[NR]
. Trinta anos após a sua integração incondicional na
Comunidade Europeia, a Grécia vai ter de passar por uma fase de
transição de cinco a dez anos como a experimentaram os
países da Europa central e oriental antes do seu acesso à UE:
doloroso, mas inevitável.
Assim, a Itália finalmente chegou a desembaraçar-se de um
líder típico do mundo anterior à crise, caracterizado pelas suas
lantejoulas, seu negocismo, sua relação sem escrúpulos com
o dinheiro, sua auto-satisfação tão recorrente quanto
infundada, seu domínio mediático, seu eurocriticismo recorrente,
seu nacionalismo de pacotilha
[12]
e, naturalmente, sua libido desmesurada. As cenas de alegria nas ruas
italianas mostram que não há apenas aspectos maus na crise
sistémica global! Como indicávamos nos GEAB anterior,
consideramos mesmo que 2012 será para a Eurolândia o ano de
transição que permitirá encetar a construção
do mundo pós crise ... e não apenas sofrer as desgraças
do mundo anterior à crise.
Assim o Reino Unido é muito simplesmente e de modo definitivo
"posto à porta" das reuniões da Eurolândia
[13]
. E os outros países da UE fora da zona euro reagruparam-se novamente
atrás da Eurolândia recusando-se a apoiar a proposta
britânica de um direito de veto dos 27 sobre as suas decisões. A
deriva do Reino Unidos experimenta portanto uma forte aceleração
o que é ilustrado pelas tentativas aumentadas dos eurocépticos
britânicos (que são geralmente os soldados da City
[14]
) de tentar cortar rapidamente o máximo de ligações com a
Europa continental
[15]
. Longe de ser uma prova do êxito da sua política, é ao
contrário uma confissão de fracasso completo
[16]
: após vinte anos de tentativa ininterruptas, eles não
conseguiram romper o processo de integração europeia que renasce
sob a pressão da crise. Eles tentam portanto "cortar as
amarras" por temor (bem fundamentado
[17]
) de ver o Reino Unido obrigado a fundir-se na Eurolândia daqui
até o fim desta década
[18]
.
No fundo, é uma fuga para a frente desesperada que, como sublinha Will
Hutton, num artigo notável de lucidez publicado no
Guardian
de 30/10/2011, não pode conduzir o Reino Unido senão a um
estilhaçamento com uma Escócia que quer reivindicar não
só a sua independência
[19]
mas igualmente sua ancoragem europeia,
e a uma situação sócio-económica de mercado
financeiro off-shore sem protecção social
[20]
nem base industrial
[21]
: em resumo, um Reino Unido à deriva
[22]
!
E como o aliado americano está num estado tão desesperado, a deriva pode
eternizar-se para maior infelicidade do povo britânico que se mostra cada
vez mais agressivo para com a City. Mesmo os antigos combatentes começam
a aderir ao movimento Occupy the City
[23]
: visivelmente, sobre este ponto, há uma espantosa convergência de
pontos de vista entre a Eurolândia e o povo britânico!
Para se consolarem, os financeiros britânicos poderão dizer que
detêm a maior proporção de activos públicos
japoneses fora do Japão ... mas no momento em que, cada vez com mais firmeza,
o FMI adverte o Japão acerca do risco sistémico da sua
dívida pública que ultrapassa os 200% do PIB
[24]
, será isso um consolo?
Uma vez que falamos de endividamento público, é tempo de voltar
aos Estados Unidos. As próximas semanas vão efectivamente lembrar
ao mundo que é exactamente este país, e não a
Grécia, que está no epicentro da crise sistémica global.
Em uma semana, a 23 de Novembro, a "super-comissão" do
Congresso encarregada de reduzir o défice federal dos EUA deverá
confessar o seu fracasso em encontrar os US$1500 mil milhões de
economias ao longo de dez anos. Cada partido aguça já seus
argumentos para despejar o fracasso no outro campo
[25]
. Quanto a Barack Obama, à parte os seus sorrisos afectados na
televisão junto a Nicolas Sarkozy, contempla passivamente a
situação enquanto constata que o Congresso rasgou em
pedaços seu grande projecto de plano para o emprego apresentado com
fanfarras há apenas dois meses
[26]
. E não é o anúncio completamente irrealista de uma nova
união aduaneira do Pacífico (sem a China)
[27]
na véspera da cimeira da APEC em que chineses e americanos se enfrentam
cada vez mais duramente que vai reforçar a sua estatura de chefe de
Estado e ainda menos as suas possibilidades de reeleição.
Este fracasso previsível da "super-comissão", que
apenas reflecte a paralisia total do sistema político federal americano,
vai ter consequências imediatas e muito pesadas: uma nova série de
degradações da classificação de crédito dos
Estados Unidos. A agência chinesa Dagon abriu o fogo confirmando que ia
novamente baixar esta nota em caso de fracasso da
"super-comissão"
[28]
. A S&P provavelmente vai baixar mais um ponto da classificação
estado-unidense e assim a Moody's e Fitch não terão outras
opções senão colocarem-se no mesmo diapasão uma vez
que ambas haviam dado uma trégua até o fim do ano sob a
condição de resultados em matéria de redução
do défice público. A propósito: para tentar diluir a
informação negativa para os Estados Unidos, é muito
provável que haja uma tentativa de relançar a crise do
endividamento público na zona Euro
[29]
rebaixando a classificação da França para enfraquecer o
Fundo Europeu de Estabilização Financeira
[30]
.
Tudo isso prepara um fim de ano muito movimentado nos mercados financeiros e
monetários e vai implicar choques violentos nos sistemas
bancários ocidentais e, para além disso, para todos aqueles que
são detentores de Títulos do Tesouro dos EUA. Mas para
além do fracasso da "super-comissão" em reduzir o
défice federal, é toda a pirâmide do endividamento
estado-unidense que vai novamente ser auscultada, num contexto de recessão
mundial, inclusive americana: queda das receitas fiscais, prosseguimento do
aumento do número de desempregados e em particular de desempregados que
não recebem mais subsídios
[31]
, prosseguimento da queda dos preços do imobiliário, ...
Mantenhamos em mente que a situação do endividamento privado nos
EUA é claramente pior que a da Grécia! E que, neste contexto,
estamos a uma polegada do pânico geral quanto à capacidade dos
Estados Unidos para reembolsar a sua dívida de outra forma que
não seja com dólares desvalorizados. Este fim de 2011 vai
portanto levar numerosos detentores da dívida americana a
colocarem-se seriamente a questão desta capacidade e do momento em que
ela será subitamente posta em causa pelos operadores
[32]
.
O que é que os Estados Unidos podem propor após um fracasso da
super-comissão? Não grande coisa de facto, sobretudo em ano
eleitoral. De um lado porque ela foi criada porque nada mais
funcionava; de outro lado porque a questão não é tanto o
montante e sim a capacidade para empreender uma redução
significativa no tempo. E o fracasso da "super-comissão"
será percebido justamente como a incapacidade dos Estados Unidos para
enfrentar o problema do défice.
Quanto ao montante, um cálculo rápido enviado por um dos leitores
americanos do GEAB permite constatar até que ponto os
"esforços" de redução orçamental
encarados actualmente são ridículos em relação
às necessidades. Se se considerar o orçamento federal dos Estados
Unidos como o de uma família, as coisas ficam claras. Basta retirar 8
zeros para ter um orçamento que significa algo para cada cidadão:
Receita familiar anual (impostos sobre o rendimento): +21 700
Despesas familiares (orçamento federal): +38 200
Novas dívidas no cartão de crédito (dívida anual):
+16 500
Dívidas passadas no cartão de crédito (dívida
federal): +142 710
Cortes orçamentais já efectuados: -385
Objectivo de redução orçamental da super-comissão
(durante um ano): -1 500
Como se pode facilmente verificar, a "super-comissão" (assim
como o Congresso no seu conjunto, em Agosto último) não chegam
sequer a entender-se para reduzir em 10% ... o aumento anual da dívida
federal. Pois trata-se exactamente disso: ao contrário da Europa que, em
alguns meses, inventa novos mecanismo e reduz muito fortemente as suas despesas
e o seu endividamento futuro
[33]
, os Estados Unidos continuam a afundar a toda
velocidade num endividamento crescente. Para o próximo semestre,
Washington prevê emitir US$846 mil milhões de Títulos do
Tesouro, ou seja, 35% mais que o ano passado no mesmo período
[34]
.
Com a falência do fundo de investimento MF Global viu-se como os mestres
da Wall Street podiam desmoronar de repente devido aos seus erros de
estratégia sobre a evolução das dívidas
públicas europeias.
Jon Corzine
não é
Bernard Madoff
. Em termos de sentido moral ele deve certamente estar próximo mas,
quanto ao resto, não é nada comparável. Madoff era um
franco-atirador da Wall Street ao passo que Corzine é a grande
aristocracia: antigo presidente director geral da Goldman Sachs, antigo
governador de Nova Jersey, principal doador da campanha Obama para 2012,
considerado em Agosto último para substituir Tim Geithner no posto de
secretário de Estado do Tesouro
[35]
, ... de facto um dos "criadores" de Obama em 2004
[36]
. Este caso atinge o cerne da relação incestuosa Wall Street /
Washington que a partir de agora a maioria dos americanos denuncia
[37]
.
Assim, em Agosto último ele aparecia como um
"intocável" no topo da Wall Street. Contudo, enganou-se
totalmente sobre a evolução dos acontecimentos. Ele acreditou que
o mundo de antes continuava e que, como "sempre", os credores
privados seriam reembolsados "até o último
cêntimo". Resultado: perdas enorme e uma falência que fez com
que muitos dos seus clientes perdessem dinheiro e pôs 1600 empregados na
rua
[38]
.
No GEAB anterior anunciámos que entrávamos na fase de
dizimação dos bancos ocidentais. Esta fase principiou e os
clientes do conjunto dos operadores financeiros (bancos, seguros, fundos de
investimento, fundos de pensão
[39]
) devem doravante colocar-se questões sobre a solidez destas
instituições. E como mostra o caso Corzine, eles não
devem, sobretudo, supor que pelo facto destas instituições ou
seus dirigentes serem conhecidos e dotados de uma sólida
reputação são a priori mais sólidos que os
outros
[40]
. Doravante não é o bom conhecimento das regras do jogo
financeiro de ontem (que fez a sua reputação) que conta, é
a aptidão para compreender que as regras do jogo mudaram que se tornou
determinante.
15/Novembro/2011
Notas
(1) Que montam a mais de US$45 milhões de milhões em 2010
só para os Estados Unidos, Japão, Reino Unido e Eurolândia.
(2) Quanto mais a crise se agrava, mais a quantidade de activos-fantasma
aumenta. Este processo continuará até que se encontre um
rácio activos financeiros / activos reais compatível com um
funcionamento sócio-económico sustentável, provavelmente
em torno dos rácios dos anos 1950/1970.
(3) Encadeado com a crise da dívida grega que se traduz nomeadamente por
um desligamento rápido do sistema financeiro da Eurolândia para
fora do dólar. O facto de que este processo tenha sido inibido na origem
pela Wall Street e pela City para "partir" a zona euro não faz
senão ilustrar novamente por um lado a ironia da História e, por
outro, o facto de que quando uma época termina todas as
acções dos actores do mundo que desaparece voltam-se in fine
contra eles.
(4) Mesmo o
Financial Times
já reconhece que o dólar dos EUA tornou-se mais frágil do
que o euro. Fonte: FT, 04/11/2011
(5) Nossas antecipações sobre a UE e a Eurolândia
farão parte de uma próxima emissão do GEAB.
(6) A única coisa perturbada seriamente pela Grécia foi o plano
de comunicação do presidente francês Nicolas Sarkozy, o
qual pretendia fazer das cimeiras europeias e do G20 um duplo trampolim para
tentar recuperar credibilidade junto aos franceses. Nesta matéria,
tratou-se de um duplo fracasso: longe de ter resolvido a crise grega como havia
anunciado na televisão, ela explodiu novamente na véspera do G20.
Quanto ao G20, um resultado nulo dá a nota do seu organizador: zero! O
LEAP/E2020 aproveita esta ocasião para confirmar sua
antecipação de 15 de Novembro de 2010 (
GEAB nº 49
) e mantém que o candidato da UMP (Sarkozy ou um outro) não
participará da segunda volta da eleição presidencial
francesa de 2012 que se disputará portanto entre o candidato do PS,
François Hollande, e a candidata da Frente Nacional, Marine Le Pen.
(7) E não se pode senão constatar que são decisores de
nível europeu (Mario Monti, antigo comissário europeu, na
Itália, e Lucas Papademos, antigo vice-presidente do BCE, na
Grécia) que, tanto na Grécia como na Itália, tomam as
rédeas do poder consagrando aí também a
integração acelerada da zona euro e inclusive ao nível
político. Esta situação vai igualmente reforçar a
urgência de reformas institucionais democráticas para a
governação da Eurolândia pois estes povos não
aceitarão durante mais de um ano uma tal evolução em que
eles não são senão espectadores. É preciso notar
que a maior parte dos cidadãos alemães, franceses, italianos,
espanhóis, ... não consideraram totalmente aberrante a proposta
de referendo grego sobre as medidas anti-crise, ao contrário dos seus
dirigentes. Sem se dar conta, George Papandreu provavelmente estimulou
fortemente a exigência de um futuro referendo trans-Eurolândia
sobre a governação da zona euro daqui até 2014/2015. Ver a
respeito o artigo de Franck Biancheri publicado em 06/10/2011 no
Fórum Anticipolis
.
(8) O Reino Unido paga um preço imediato (retornamos a isto neste GEAB)
pois vê a sua marginalização confirmada e reforçada:
perdeu toda capacidade de influência sobre a Eurolândia.
Igualmente, sinal dos tempos, Nicolas Sarkozy permitu-se rejeitar David Cameron
violentamente dizendo-lhe que os dirigentes da zona euro estavam fartos de
ouvi-lo dar conselhos para a boa gestão do euro quando ele é
fundamentalmente contra a divisa europeia. Nicolas Sarkozy não sendo
forte senão com os fracos, o "índice de força"
de Cameron está portanto caído bem baixo! Fonte: AlJazeera,
24/10/2011
(9) Fonte:
Business Week,
14/11/2011
(10) Isso não significa absolutamente que o LEAP/E2020 considere que a
situação é boa na Eurolândia pois o conjunto da UE
de facto já entrou em recessão (como igualmente os EUA), pois o
desafio do desendividamento público permanece aberto ainda que se
multipliquem as ferramentas para tratar o problema (dentre elas novos descontos
de dívidas públicas) e portanto a cólera popular (como
igualmente no resto do mundo) está em vias de ampliar-se em todos os
casos de países em que nenhuma alternativa política crível
parece possível. Fontes:
Le Monde,
17/10/2011;
Libération,
18/10/2011;
La Tribune,
07/11/2011; ANSA, 08/11/2011;
Spiegel,
11/11/2011;
Les Affaires,
10/11/2011
(11) Uma estréia histórica. Fonte:
Spiegel,
07/11/2011
(12) As duas tendências vão geralmente a par junto aos
líderes políticos: o eurocepticismo é na maior parte do
tempo uma roupagem ideológica de uma realidade bem terra a terra: a sua
vontade de continuar a utilizar o seu poder como bem quiser no seu país.
De Vaclav Klaus na República Chéquia aos eurocépticos
conservadores no Reino Unido passando pelo eurocriticismo recorrente de
Berlusconi e das elites eurocépticas suecas, um grande ponto comum:
deixe-nos fazer o que se quer no nosso país e não venham
perturbar nossos cidadãos com ideias vindas de alhures. Para fazer
passar a coisa diante da sua opinião pública, basta mudar o
"nós" majestoso por um "nós" colectivo e
fazer crer ao povo que é o seu próprio poder que a
integração europeia põe em causa! E isso geralmente
funciona bem: olhemos actualmente o número de cidadãos que se
indignam com razão com a ausência de debate democrático
sobre os mecanismos financeiros postos em acção ao nível
da Eurolândia para gerir a crise e que protestam veementemente contra a
Europa por trás dos líderes eurocépticos do seu
país ... quando não têm nenhuma ideia de como funcionam
estes mesmos mecanismos no seu próprio país. Tomemos o exemplo da
França onde aqueles que denunciam a dominação dos bancos
privados sobre o processo de endividamento dos Estados desde o Tratado de
Maastricht ignoram que este já era o caso em França desde 1973!
(13) Fonte:
Spiegel,
31/10/2011
(14) Uma "City" que David Camenor descreve como assediada pela
Eurolândia. A propósito, esta declaração do
primeiro-ministro britânico confirma que há, pois, uma guerra
entre a City e o euro ao contrário do que dizem os media
anglo-saxónicos. Fonte:
Telegraph,
28/10/2011
(15) Fonte:
Telegraph,
28/10/2011
(16) Fonte:
Guardian,
23/10/2011
(17) Segundo o LEAP/E2020, o fracasso programado do "Sonderweg"
britânico obrigará daqui até 2020 a Inglaterra a seguir os
caminhos da Escócia e do País de Gales, os quais recusaram-se a
seguir este "caminho que não leva a parte nenhuma" ... nem
mesmo à América! Igualmente, mesmo num media eurocéptico
como o
Telegraph,
onde a qualidade das análises chega a contrabalançar bastante
frequentemente a ideologia, é obrigado a constatar que em caso de
fracasso da Eurolândia o Reino Unido será lançado numa
crise ainda mais grave do que a que experimenta hoje. Fonte:
Telegraph,
09/11/2011
(18) Esta histeria britânica diante da integração da
Eurolândia (chamada do outro lado do Canal da Mancha de "a crise do
euro") é ilustrada por fantasmas delirantes publicados na imprensa
de grande público, misturando a nostalgia da vitória de 1945 com
um sentimento de vulnerabilidade sem precedente da Grã-Bretnha. O eixo
franco-alemão torna-se uma máquina de guerra
anti-britânica. Neste género, o artigo publicado em 31/10/2011 no
Daily Mail
é um "must"! E mesmo o
Telegraph
não pode resistir pois em 22/10/2011 titula "novo império
europeu".
(19) O antigo chefe do exército britânico considera mesmo abrir o
debate sobre o potencial das futuras forças armadas escocesas na
perspectiva do referendo sobre a independência previsto para daqui a dois
ou três anos. Fonte: GoogleNews, 18/10/2011
(20) E com um desemprego maciço e um juventude abandonada a si
própria sem educação, trabalho nem perspectiva de futuro.
Fontes:
Guardian,
14/11/2011;
Telegraph,
14/11/2011
(21) Fonte:
Telegraph,
01/11/2011
(22) Que continua igualmente a declinar com rapidez na listagem das economias
mais importantes do planeta. O Brasil está prestes a ultrapassar o Reino
Unido este ano. A ao agravar-se a crise financeira, o declínio da City
vai reduzir fortemente o porte da economia britânica que depende
fortemente deste centro financeiro mundial. Fonte:
Telegraph,
31/10/2011
(23) Fonte:
Guardian,
12/11/2011
(24) Pour mémoire: o endividamento público da Itália
é igual a apenas 120% do seu PIB. Fonte: Ahram, 12/11/2011
(25) Fonte:
New York Times,
08/11/2011
(26) Fonte:
Newsdaily,
03/11/2011
(27) À parte a ausência da China de um tal projecto, o
anúncio fundamenta-se numa declaração de
intenção sem nenhuma base pormenorizada, remetendo os aspectos
concretos para mais tarde. Mas não passa de uma "promessa":
daqui a um ano haverá esta união aduaneira. Os cenários
dos filmes de Hollywood são muitas vezes pouco realistas, mas aqui
atinge-se o conto de fadas!
(28) Fonte:
Guardian,
12/11/2011
(29) Même les voix les plus modérées, comme Jean-Pierre
Jouyet, président de l'Autorité française des
Marchés Financiers, reconnaissent désormais qu'il y a bien la
guerre entre le Dollar et l'Euro. Source : JDD, 12/11/2011
(30) Isto terá como consequência, por ordem de importância
crescente, reduzir ainda mais as perspectivas eleitorais para Nicolas Sarkozy,
acelerar a integração financeira e fiscal da Eurolândia e
fazer avançar a ideia de um grande empréstimo público
eurolandês para o desligamento, de um vez por todas, dos mercados
financeiro anglo-saxónicos. Esta última opção
será, segundo a nossa equipe, posta em prática daqui até o
primeiro semestre de 2012. Pormenorizaremos a sua natureza num próximo
número do GEAB.
(31) A sua saída do sistema de desemprego dá a impressão
de um embelezamento nesta frente. Não retornaremos à
"fiabilidade" das estatísticas estado-unidenses do desemprego
uma vez que já o fizemos amplamente em vários números do
GEAB. Dois factos impõem-se: no ano passado na mesma época 75%
dos desempregados eram indemnizados contra apenas 48% hoje; e mais de 26
milhões de americanos entram doravante na categoria das pessoas
sub-empregadas (um recorde histórico). Fontes: CNBC, 05/11/2011;
Business Insider, 20/10/2011
(32) Estes fenómenos são sempre súbitos pois
essencialmente psicológicos.
(33) Salvo em França onde Nicolas Sarkozy, com o seu primeiro-ministro
François Fillon, continua a degradar as finanças
públicass, multiplicando meias medidas sem eficácia a longo prazo
na esperança de servir a sua reeleição. Há muito de
Berlusconi neste homem! A Comissão Europeia puxou a campainha de alarme
a este respeito.
(34) É três vezes a totalidade das dívidas públicas
da Grécia antes do desconto! Fonte: ZeroHedge, 01/11/2011
(35) Fonte: New American, 05/08/2011
(36) Um outro ponto comum entre Barack Obama e Nicolas Sarkozy, estes dois
representantes do mundo anterior à crise: sua intimidade com o sector
financeiro. Fontes:
Le Monde,
22/10/2011 ; Minyanville, 04/11/2011
(37) E esta falência mostra que na Wall Street tudo continua a passar-se
como antes de 2008, apesar das medidas ditas de controle do sector financeiro
adoptadas pelas autoridades dos EUA. Este caso vai ter um impacto
político profundo no contexto eleitoral de 2012 nos Estados Unidos.
Fontes: CNBC, 01/11/2011,
USAToday,
18/10/2011
(38) Fonte: FINS, 11/11/2011
(39) Por exemplo, o ABP, o mais importante fundo de pensão dos
Países Baixos, vai ter de reduzir suas transferências aos
aposentados devido a perdas destes últimos meses. Isto é uma
consequência muito concreta do desaparecimento dos
"activos-fantasmas".
(40) Constata-se igualmente uma inquietação crescente junto aos
investidores das sociedades financeiras de Nova York e Londres. Fonte:
Huffington Post
, 12/11/2011
[NR] Resistir.info não tem necessariamente de partilhar as
opiniões expressas nos artigos que publica. No caso em apreço,
considera altamente duvidoso que o novo governo grego possa cometer tais
feitos. Trata-se de: 1) um governo interino; 2) presidido por um banqueiro; 3)
concebido para extorquir a ferro e fogo aquilo que lhe exigem os bancos
credores alemães e franceses; 4) o seu programa é aplicar
estritamente os acordos da troika; 5) a apregoada "unidade nacional"
é uma frente negra de partidos reaccionários estabelecida contra
o povo grego.
[*] Global Europe Anticipation Bulletin
O original encontra-se em
www.leap2020.eu/...
Este comunicado encontra-se em
http://resistir.info/
.
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