A crise está no DNA do sistema capitalista
Queridos amigos e companheiros,
Saudamos a todos os presentes em nossa reunião de hoje e
agradeço-lhes pela sua participação neste evento que tem
como objetivo informar sobre as iniciativas e atividades da FSM já
aprovadas pelo Secretariado, para ouvir suas sugestões.
Dois ou três anos atrás, quando surgiu a nova crise do sistema,
ouvimos muitos analistas tentando convencer-nos de que a culpa pela crise era
dos Golden Boys, o capitalismo de casino e outros comentários bonitos e
agradáveis
Agora, esses mesmos analistas tentaram e ainda tentam nos convencer de que
devemos culpar os maus trabalhadores gregos, aos maus trabalhadores
portugueses, que a culpa é do povo espanhol, dos italianos, irlandeses,
belgas, etc, dos grandes salários dos trabalhadores, etc.
Todas estas análises têm um único objetivo: esconder a
verdade aos trabalhadores. Esconder que a crise é uma crise profunda do
sistema capitalista, que multiplica as rivalidades inter-imperialistas e
inter-capitalistas pelo controle de novos mercados, a
redistribuição das fronteiras para controlar os países e
as fontes de produção de riqueza.
Esta é a verdade. Esta é a realidade.
Basta olhar para os conflitos entre o euro e o dólar.
Basta olhar para o antagonismo por parte dos dirigentes do Fundo
Monetário Internacional.
Basta olhar para o antagonismo do conflito no norte da África.
Basta olhar para a barbárie imperialista contra o povo da Líbia.
Basta olhar para a estratégia dos EUA e da OTAN para o chamado novo
Oriente Médio.
Basta olhar para o enorme aumento dos preços dos alimentos como milho,
trigo e açúcar.
São os Golden boys (meninos de ouro) que criaram esta
situação?
Nós, membros e amigos da Federação Mundial Sindical,
organizamos há dois meses em Atenas o 16º Congresso Sindical
Mundial, conversamos sobre todos estes temas atuais e críticos. 828
delegados de 101 países analisaram de uma forma aberta,
democrática e militante as contradições do mundo, tirando
nossas conclusões e adotando nossas novas tarefas.
Com base neste debate rico sublinhamos que a crise do sistema capitalista
está sendo paga pelos trabalhadores, a crise exacerbou as
contradições entre os trustes, cartéis e grupos de
Estados, criando guerras e estados-fantoches dos EUA e seus aliados.
Também aumenta a desigualdade e a competitividade.
A crise está sendo explorada por todos os governos capitalistas para
derrubar os salários, reduzir as aposentadorias e pensões,
privatizar os bens públicos, generalizando o emprego de tempo parcial,
para abolir a negociação coletiva e os acordos coletivos.
A propaganda do capital de que, por meio de políticas anti-populares
gerará crescimento e evolução da recuperação
é um mito.
Tome-se como exemplo a Grécia, onde esta política tem
aumentado a taxa oficial de desemprego de 7% para 18%.
Tome-se o caso da Irlanda, onde o desemprego, segundo dados oficiais
registrados é de 14,6% em abril de 2011.
Considere-se o caso de Portugal, onde no primeiro trimestre de 2011 o
desemprego foi de 12,4%.
Mas, em geral, nos países da zona do euro, se confirma que o chamado
desenvolvimento é fraco, muito frágil e temporário. A
média da UE é de cerca de 0,6%, sem qualquer dinâmica. O
Japão é de cerca de 2%.
Nos EUA, apesar das grandes promessas, a OCDE espera um crescimento fraco em
torno de 2,6%, enquanto a dívida dos EUA aumentará para 107% do
PIB, e o desemprego, 8,8%.
O que significam estes dados? Significa que o capital e os seus líderes
políticos não são capazes de oferecer uma
solução viável para os trabalhadores. A crise está
no DNA do sistema capitalista.
Perante esta situação, os sindicatos e os trabalhadores do mundo
têm o dever de resistir, de lutar, de unir todos os trabalhadores,
independentemente das diferenças políticas, religiosas e de outro
tipo. Todos os trabalhadores pertencem à mesma classe e podem lutar
juntos.
Lutar para defender as conquistas dos nossos povos.
Lutar para atender às necessidades atuais dos trabalhadores,
imigrantes, sem-teto, desempregados, etc.
Lutar para que cada família tenha alimentos e água
potável.
Lutar pela segurança social, educação, saúde
pública, liberdades democrática e sindicais.
Promover todas as demandas atuais, enquanto fazemos um apelo aos
trabalhadores para encontrar uma saída real num mundo sem
exploração do homem pelo homem, onde os próprios
trabalhadores, os camponeses pobres, os trabalhadores por conta própria
estarão no poder.
Todos os membros e amigos da FSM com os quadros eleitos no 16 º congresso,
nos deparamos com novas responsabilidades, para implementar as decisões
do Congresso, coordenar os trabalhadores em todos os setores, na luta
contínua contra os monopólios e multinacionais.
NOSSAS INICIATIVAS
O próximo grande passo será o Dia Internacional de
Ação da FSM, em 3 de Outubro, que, de acordo com a decisão
do Secretariado, será um dia de duplo significado, pois coincide com o
dia de fundação da Federação Sindical Mundial, em
03 de Outubro de 1945. Os principais objetivos são:
35 horas de trabalho semanais sete horas por dia, cinco dias por semana,
melhores salários
Serviços de segurança social para todos
Negociação coletiva acordos coletivos
Liberdades democráticas e sindicais
Solidariedade com o povo palestino
O Dia Internacional de Ação marcará o início de
novos protestos contra as privatizações e demissões.
Deverá envolver a participação de todos os estratos
sociais contra as políticas dos monopólios e das multinacionais.
Consideramos positivo que em muitos países de todo o mundo, os jovens e
cidadãos indignados saiam e se manifestem nas ruas e praças.
Acreditamos que devemos ajudar aqueles que participam
"voluntariamente" a tomar consciência e olhar desde uma
perspectiva classista as causas que criam os problemas, para ajudar as novas
gerações a participarem dos sindicatos de uma maneira organizada.
A luta organizada, com objetivos e conteúdos específicos, pode
trazer resultados para o presente e o futuro.
18/Junho/2011
[*]
Secretário-geral da Federação Sindical Mundial. Discurso
pronunciado na reunião do Conselho Presidencial da FSM, realizada em
Genebra.
A versão em castelhano encontra-se em
www.comunistas-mexicanos.org/...
e a versão em português em
www.pcb.org.br/...
Este discurso encontra-se em
http://resistir.info/
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