Governo cobrador de impostos, de guerra total sem diálogo e de entrega da soberania pátria

Comunicado de imprensa das FARC-EP


Estes combatentes enfrentam heroicamente as forças armadas, a polícia e os paramilitares da oligarquia colombiana, todos eles apoiados pelo imperialismo. 1- O senhor Álvaro Uribe Vélez chegou à presidência da República para por em andamento sua sinistra estratégia de guerra total sem diálogo contra os trabalhadores e a população das classes baixa e média, em benefício da oligarquia, dos latifundiários, dos grandes pecuaristas, dos proprietários do sistema financeiro e das multinacionais do grande capital imperialista. Com isso está a aprofundar muito mais a distância entre os dois milhões de oligarcas donos do poder económico e político da Colômbia e o resto da população, que a cada dia é forçada pelas políticas do Estado e seu governo a incorporar-se às fileiras dos mais pobres, desempregados, marginalizados, indigentes, deslocados e exilados devido ao conflito interno.

2- A distância crescente entre ricos e pobres quantifica-se no aumento do desemprêgo, do subemprêgo e na baixa remuneração que recebem pelo seu trabalho milhões de assalariados do campo e das cidades, afectados também pelas deficiências nos serviços de saúde, educação, habitação, crédito, água potável e terras para os camponeses trabalharem e produzirem em condições dignas para o sustente das suas famílias. Estas camadas sociais estão condenadas a sofrer os deploráveis efeitos da aplicação desregrada da política neoliberal receitada a partir de Washington pelo FMI e pela banca internacional. No âmbito da guerra total o governo decretou o Estado de Comoção Interna e criou as chamadas zonas de Reabilitação sem bases económicas em Arauca, Casanare e Bolivar para impor o terror do Estado sobre a população civil afectada a fim de que aceitem suas imposições e nada reclamem quanto ao abandono estatal durante mais de cinco décadas de governos liberal-conservadores.

3- O governo da oligarquia liberal-conservadora sobre indiscriminadamente o imposto do IVA, autoriza altas de preços para a gasolina e os transportes a fim de que seja o povo a pagar à força os elevados custos da guerra total que consome mais de 50% do orçamento nacional. Enquanto intimida o Congresso, apesar da independência de poderes, para forçá-lo a aprovar decretos e leis lesivos dos interesses dos mais pobres, como acontece com a chamada Flexibilização Laboral, a Reforma Tributária ou o repressivo, excludente e politiqueiro Referendo. Tudo isto para asfixiar mais o paupérrimo patrimonio e as liberdades dos esbulhados e distrair a atenção do povo trabalhador no momento em que o Congresso ocupa-se num debate que só serve para maquilhar o rosto manchado dos corruptos e dos politiqueiros com assento nas corporações públicas do Estado.

4- Este Governo Paramilitar, não satisfeito com a série de impostos arrecadados pelas entidades criados pelo Estado, permite que suas Forças Militares e de Polícia com seus bandos paramilitares também cobrem impostos aos pequenos comerciantes, transportadores, pecuaristas, lojistas e agriculturas de diferentes regiões do país, como está a suceder em Meta, Caquetá, Arauca, Putumayo, Guaviare, Tolima, Huila, Boyacá e Cundinamarca para mencionar apenas uns poucos lugares. A população afectada nos seus pequenos patrimonios pela cobrança dos impostos estatais exige do Governo que diga de uma vez quantos estados e quantos governos existem na Colômbia autorizados a arrecadar impostos com o aval do Governo. Aquilo que ninguém sabe é até quando este povo resistirá a tantas arbitrariedades sem que ninguém trate de investigar e castigar os responsáveis.

5- A actual Administração, no cúmulo do cinismo e do descaramento, absolve de toda responsabilidade nos massacres, assassinatos e crimes contra a população civil desarmada reconhecidos chefes Paramilitares do calibre de Rito Alejo del Rio e de Carlos Arturo Marulanda, entre tantos outros, por serem estes expoentes e executores destacados da política Paramilitar do Estado. Com o que, além disso, confirma-se o carácter Terrorista do Regime governante colombiano encoberto na impunidade diante de tanta barbaridade estatal.

6- A Casta Governante, com o senhor Uribe à testa, sonha liquidar pela força das armas do Estado as organizações sindicais e populares do povo e da oposição política revolucionária armada em particular. Seu propósito baseia-se em apagar do mapa político o movimento guerrilheiro para impor sem maiores obstáculos suas políticas ditatoriais de ingrata recordação nos países do Cone Sul e da América Central e entregar definitivamente a soberania pátria ao Governo gringo. Isto explica a eterna intromissão no conflito interno dos colombianos mediante o fornecimento de sofisticados aviões, helicópteros, armas de diferentes calibre, milhares de milhões em dólares, assessoria militar e técnica para melhorar a capacidade de combate das Forças Militares em suas operações contra a Insurreição. Fazem-no com o pretexto do combate ao terrorismo e ao narcotráfico para evitar o rechaço da sua política intervencionista.

7- A referida política estatal colombiana, apoiada pelo Governo dos Estados Unidos, confirma a evidente ausência de vontade política do Governo de Uribe para buscar saídas políticas dialogadas para o conflito social e armado que a Colômbia vive há mais de 50 anos. Explica-se igualmente no absoluto desinteresse do Governo em concertar com a guerrilha das FARC a Troca de Prisioneiros de guerra em poder das duas partes, Governo e FARC-EP, conforme as súplicas feitas por familiares, amigos e personalidades ocupadas e contribuir com propostas políticas a fim de dar solução a este problema decorrente da confrontação política.

8- As FARC-Exército do Povo conclamam o povo da Colômbia a redobrar a luta organizada popular de massas nas fábricas, ruas e campos em defesa dos seus interesses, liberdades e direitos fundamentais atingidos pelas desigualdades económicas, políticas e sociais. Ao mesmo tempo que as FARC-EP reafirmam seu indeclinável compromisso revolucionário e bolivariano de continuar a batalha pela conquista do poder político mediante a combinação de todas as formas de luta enquanto o Estado e seus governos não modificarem seus caducos e perversos costumes políticos. Estamos seguros de que nada nem ninguém conseguirá desviar os objectivos políticos da Organização alçada em armas pela conquista da paz com justiça social.

Secretariado del Estado Mayor Central de las FARC-EP.
Montanhas da Colômbia, 30 de Noviembre de 2002

Este comunicado encontra-se em http://resistir.info

03/Dez/02