pelo Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP
Senhores doutores
Ex-presidentes
Alfonso López Michelsen, Julio César Turbay Ayala, Ernesto Samper
Pizano, Carlos Lemons Simons.
Bogotá, D. C
Através dos meios de comunicação ficámos informados
de que na próxima 2ª feira 28 de Abril do ano em curso os senhores
efectuaram uma reunião com a finalidade de trazer as suas luzes ao
Governo Nacional sobre o que pode ser uma troca de prisioneiros com a guerrilha
das FARC-EP.
Vossa intenção e esforço parece-nos de especial
transcendência dada a inegável experiência acumulada pelos
senhores no combate permanente contra a guerrilha durante os anos das suas
administrações, tempo no qual não pouparam nenhum recurso
do Estado ao seu alcance com o objectivo político de liquidar a
insurgência guerrilheira por meio da força das armas da sua
força pública e das leis da República.
O dito anteriormente como desenvolvimento da conhecida tese de primeiro
enfraquecer a guerrilha no combate para a seguir obrigá-la a sentar-se
à mesa a fim de pactuar a sua desmobilização e entrega. O
Estatuto de Segurança, pelo qual os militares receberam faculdades
especiais do Governo para combater a guerrilha, reprimir a
oposição política legal e a população civil;
o ardiloso ataque à casa verde, a colocação em
prática da Guerra Integral, com o compromisso do governo de liquidar a
guerrilha em 18 meses; ou negar-se a evacuar o município de la Uribe
para iniciar diálogos rumo à paz.
Senhores ex-presidentes: Os senhores sabem que o actual Governo está
comprometido com a mesma política de confrontação armada
sem diálogos nem acordos com a guerrilha durante o seu
quadriénio, posição defendida e ratificada pelo
próprio chefe de Estado em público e em privado.
O que igualmente explica-se na conhecida linguagem belicosa do Presidente Uribe
Vélez, que qualifica de terroristas, narcoterroristas ou caterva de
bandidos o Secretariado das FARC-EP, sem antes medir as consequências
políticas negativas destes maus tratos que de facto afastam e dificultam
qualquer possibilidade de acordo com o seu interlocutor político.
Nós duvidamos que um Governo como este, que trata dessa maneira o seu
interlocutor, possa em curto espaço de tempo suspender sua linguagem
carregada de epítetos impróprios à criação
de condições propícias para iniciar intercâmbios
entre os porta-vozes das duas partes.
As FARC-EP, através de cartas e comunicados públicos firmados
pelo Secretariado do seu Estado Maior Central, fizeram conhecer ao Governo suas
exigências de garantias, para a construção de caminhos
conducentes à troca que ponha fim ao longo cativeiro das pessoas retidas
contra sua vontade em poder das duas partes, sem que até hoje tenhamos
respostas satisfatória.
Apesar desta realidade, as FARC-EP mantêm inquebrantável sua
vontade política e a proposta para a busca de soluções
definitivas para o problema dos trocáveis.
A fim de inteirá-los em primeira mão acerca da nossa proposta de
8 de Fevereiro do ano em curso, pemitimo-nos agora acrescentá-la:
"a) As eventuais entrevistas entre Porta-vozes autorizados do Governo e
das FARC-EP para a busca de acordos acerca da Troca de prisioneiros devem
efectuar-se na Colômbia, num lugar previamente convencionado pelas duas
partes, Governo e FARC-EP.
b) Para efectuar as entrevistas conducentes à Troca, o Governo
proporcionará garantias suficientes aos Porta-vozes guerrilheiros
encarregados de construir e assinar o eventual acordo, para o que requerem-se
zonas desmilitarizadas.
c) No desenvolvimento do acordo acerca da Troca, as FARC-EP estão
dispostas a deixar em liberdade todos os militares e polícias em seu
poder, os doze deputados do Valle del Cauca, os dois ex-ministros de Estado, o
Governador de Antioquia, o ex-governador do Meta, a ex-candidata presidencial
Ingrid Betancourt.
d) Em contraprestação pela libertação dos seus
prisioneiros, exigimos do Estado e do Governo a libertação de
todas as guerrilheiras e todos os guerrilheiros privados da liberdade,
actualmente em seu poder.
e) Receberemos do Governo os prisioneiros guerrilheiros na Colômbia, no
mesmo lugar em que faremos a entrega dos seus.
f) Requer-se conhecer os nomes e apelidos dos Porta-vozes Oficiais do Governo
para o intercâmbio de prisioneiros".
À lista das pessoas anunciadas no nosso item c) acrescentamos os
três militares estadunidenses.
O anteriormente dito no entendimento de que nós só aceitamos
interlocução com funcionários oficiais do Governo
colombiano.
Finalmente, informamos que já nomeámos os camaradas Carlos
Antonio Lozada, Simón Trinidad e Domingo Bihojó como Porta-vozes
oficiais das FARC-EP, os quais estão prontos a assumir suas
responsabilidades assim que o Governo oficie publicamente as garantias
solicitadas e modifique sua linguagem.
Atentamente,
Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP
Montanhas da Colômbia, 27 de Abril de 2003
O original deste documento encontra-se em
http://www.farcep.org/novedades/comunicados/
.
Esta carta aberta encontra-se em
http://resistir.info
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