As ligações do novo Presidente da Comissão do Investigação do 11 de Setembro indicado por Bush ao cunhado de Osama bin Laden

por Michel Chossudovsky

As ligações aos Bin Laden de Thomas Kean, o inquiridor indicado por Bush. Desconhecido para a maior parte das pessoas, o parceiro da UNOCAL no consórcio do pipeline trans-afegão Cent-Gas é a companhia saudita Delta Oil. Ela pertence a bin Mahfouz e Al-Amoudi, os quais alegadamente têm ligações com o bin Laden da Al Qaeda.

Segundo o testemunho ao Senado prestado em 1998 pelo antigo director da CIA James Woolsey, a irmã mais jovem do poderoso financista Khalid bin Mahfouz é casada com Osama bin Laden (US Senate, Senate Judiciary Committee, Federal News Service, 3 Sept. 1998, Ver também Wayne Madsen, Questionable Ties, In These Times,12 Nov. 2001 )

Bin Mahfouz é suspeito de ter canalizado milhões de dólares para a rede Al Qaeda. Ver também (Tom Flocco, Scoop.co.nz  28 Aug. 2002)

COINCIDÊNCIAS A MAIS

Agora, "por pura coincidência", verifica-se que o antigo governador de Nova Jersey, Thomas Kean — o homem escolhido pelo presidente Bush para liderar a comissão do 11 de Setembro — também tem ligações de negócios com bin Mahfouz e Al-Amoudi.

Thomas Kean é director (e accionista) da Amerada Hess Corporation , a qual está envolvida na joint venture Hess-Delta com a Delta Oil da Arábia Saudita (possuída pelos clans bin Mahfouz e Al-Amoudi).

A Delta-Hess foi estabelecida em 1998 para o desenvolvimento e exploração dos campos de petróleo na região do Cáspio. No Azerbaidjão a Delta Hess está envolvida no Azeri-Chirag-Gunashli PSA (2,72%) e no Garabaghli-Kursangi PSA (20%). É também accionista (equity holder) no oleoduto Baku-Tbilisi-Ceyhan (BTC).

"Um ar de mistério paira sobre a Delta-Hess, a qual... está registada nas Ilhas Cayman. Hess não se apressa em revelar os termos da aliança, os quais diz que estão sujeitos a cláusulas de confidencialidade. 'Não há qualquer razão para que isto deva ser informação pública', afirmou um portavoz da Hess". (Energy Compass, 15 Nov. 2002)

Por coincidência, o antigo governador de Nova Jersey também é membro do Council on Foreign Relations, junto com um outro proeminente membro do conselho de directores da Amerada Hess, o antigo secretário do Tesouro Nicholas Brady.

Por outras palavras, a Delta Oil Ltd da Arábia Saudita — que é parceira na Hess-Delta Alliance — é em parte controlada por Khalid bin Mafhouz, o cunhado de Osama.

E o antigo governador Thomas Kean não só tem assento no conselho de directores de uma companhia que tem relações de negócios com Khalid bin Mahfouz como também encabeça a Comissão do 11 de Setembro, a qual tem um mandato para investigar o cunhado de Khalid, Osama bin Laden.

O Dr. Kissinger tinha um conflito de interesses e renunciou! O vice-presidente da Comissão, o antigo Senador George Mitchell, do Maine, renunciou pela mesma razão. ( See Xymphora, 19 Dec 2002 )

Agora alguém poderia pensar que ser um parceiro de negócios do cunhado e alegado financiador do "Inimigo nº 1" também seria considerado um autêntico "conflito de interesses", particularmente quando o seu mandato — como parte do trabalho da Comissão do 11 de Setembro — é precisamente investigar o "Inimigo nº 1".


E os medias corporativos aplaudem. Sem admitir as suas conexões com os negócios sauditas, Thomas Kean é proclamado ser "um homem de extraordinária integridade, decência e intelecto". Nas palavras do Baltimore Sun: "ele não tem conflitos de interesses óbvios" (26/Dez/2002). Ao que eu respondo: "mas querem que seja ainda mais óbvio!"

Também vale a pena mencionar que Thomas Kean também tem uma cadeira de vice-presidente do Homeland Security Project (HSP) sob os auspícios da Century Fundation. Nesta posição, Kean desempenhou um papel chave na redacção das recomendações da Century Foundation, as quais prepararam o terreno da legislação do Office of Homeland Security.

A CONEXÃO SAUDITA

Thomas Kean, descrito como um "republicano moderado" não está sozinho nas relações de negócios com os sauditas.

Tal como já foi extensamente documentado, outros proeminentes membros do Partido Republicano, incluindo a família Bush, já tiveram relações de negócios com a família bin Laden (Ver   George W. Bush Financial Scams: CRG selection of articles)

Além disso, verifica-se que responsáveis da Delta (envolvida no consórcio da UNOCAL para o pipeline trans-afegão) desempenharam um papel chave nas negociações com os Taliban. Por sua vez, a Enron, o infame gigante da energia — cujo antigo presidente, Ken Lay, tinha estreitas conexões com a família Bush — fora contratado, num amistoso relacionamento, para efectuar os estudos de factibilidade do consórcio Unocal-Delta. À Enron Corporation também foram confiadam — em ligação com a Delta — as negociações do pipeline com o governo Taliban.

Como foi cuidadosamente documentado por Wayne Madsen, George W. Bush também teve negociações com o cunhado de Osama, Khalid bin Mafhouz, quando actuava como negociante de petróleo do Texas. Ambos, tanto George W. Bush como Khalid bin-Mahfouz, estiveram implicados no escandalo do Bank of Commerce International (BCCI):

"Outras ligações entre Bush e Mahfouz podem ser descobertas através dos investimentos no Carlyle Group, uma firma americana de investimentos administrada por conselho no qual tem assento o antigo presidente George Bush. O Bush mais jovem [George W.] deteve pessoalmente um dos componentes do Carlyle Group, a companhia Caterair, entre 1990 e 1994. E o Carlyle Group hoje perfila-se como um importante contribuidor para a campanha eleitoral de Bush. No conselho de administração do Carlyle encontra-se o nome de Sami Baarma, director do estabelecimento financeiro paquistanês Prime Commercial Bank que tem sede em Lahore e é possuído por Mahfouz (Ver Maggie Mulvihill, Jonathan Wells and Jack Meyers: Slick deals; the White House connection; Saudi 'agents' close Bush Friends, Boston Herald, 11 December 2001).

NO VELÓRIO DO 11 DE SETEMBRO

Logo após o 11 de Setembro, Khalid bin Mahfouz (cunhado de Osama) foi cuidadosamente dispensado das investigações do Tesouro (uma outra "pura coincidência") que levaram ao congelamento dos activos financeiros de uns 150 indivíduos e instituições de caridade sauditas:

"O Tesouro dos EUA congelou os activos de 150 indivíduos, companhias e instituições de caridade sauditas suspeitas de financiar o terrorismo. Foi nomeada a Blessed Relief, uma instituição de caridade saudita como organização de fachada que fornecia fundos para Osama bin Laden. Homens de negócio sauditas têm estado a transfeir milhões de dólares para Bin Laden por meio da Blessed Relief", declarou a agência.

Um rico patriarca saudita sob suspeita é Khaled bin Mahfouz, proprietário do National Commercial Bank, banqueiro da família real saudita,
...
autoridades americanas e britânicas também investigaram Mohammed Hussein Al-Amoudi, outro bilionário saudita, por possíveis ligações financeiras com Bin Laden. Al-Amoudi, que supervisiona uma vasta rede de companhias envolvidas na construção, mineração, banca e petróleo, também negou qualquer envolvimento com Bin Laden. Os seus advogados em Washington dizem que ele "foi sempre contra o terrorismo e não tem conhecimento de quaisquer transferências de dinheiro de negócios sauditas para Bin Laden.

Nem Al-Amoudi nem Bin Mahfouz foram incomodados pelo Departamento do Tesouro dos EUA. O caso contra eles, para não mencionar o próprio governo, não está provado. Mas os holofotes do pós-11 de Setembro sobre a Arábia Sauidta trouxeram para um foco concentrado a questão fundamental enfrentada pelos dirigentes do país". (Scotland on Sunday, 11 August 2002)

O PROCESSO DAS FAMÍLIAS DAS VÍTIMAS DO 11/SET

Segundo um relato da imprensa, Thomas Kean — em contraste com o Dr. Henry Kissinger — foi seleccionado para o posto principal da Comissão do 11 de Setembro porque ele estava "próximo das famílias das vítimas, uma importante credencial para a Casa Branca, a qual estava submetida ao crescente criticismo daquelas famílias" (Scripps Howard News Service, 17 December 2002)

Ainda numa cruel ironia, o processo de US$ 1 trilião iniciado em Agosto último pelas famílias das vítimas dos ataques do 11 de Setembro lista dois dos sócios de Thomas Kean na joint-venture Hess-Delta, entre os acusados: Khalid Bin Mahfouz (cunhado de Osama) e Mohammed Hussein al Amoudi. Ambos os indivíduos foram denunciados no processo como os alegados "financiadores" da Al Qaeda. Como agora Thomas Kean tratará disto no âmbito da Comissão do 11 de Setembro?

MISTÉRIOS QUE CERCAM OS BOMBARDEAMENTOS DAS EMBAIXADAS EM 1998

O testemunho do antigo director da CIA James Woolsey confirma que a companhia farmaceutica sudanesa bombardeada em 1998 por ordem do presidente Clinton era de propriedade de Salah Idris, um homem de negócios associado e protegido por Khalid bin Mahfouz. O bombardeamento foi em retribuição aos alegados bombardeamentos do Al Qaeda de embaixadas africanas.

O conglomerado Mahfouz, que possui o maior banco da Arábia Saudita, o National Commercial Bank, estava a preparar-se para injectar dinheiro no acordo do pipeline trans-afegão. (Para mais pormenores, ver Michel Chossudovsky, 2002, , Chapter VI) A Delta-Hess também foi fundada em 1998 para explorar e desenvolver os recursos petrolíferos e gasistas da bacia do Mar Cáspio.

Por que a administração Clinton teria ordenado o bombardeamento de uma fábrica que era controlada por um amigo de negócios da Unocal Corporation e da Amerada Hess?

27/Dez/02

A URL do original deste artigo é http://globalresearch.ca/articles/CHO212A.html

Este artigo encontra-se em http://resistir.info

Copyright Michel Chossudovsky CRG 2002. For fair use only/ pour usage équitable seulement. Tradução de J. Figueiredo.
31/Dez/02