Hoje, 13 de Agosto,
greve geral dos trabalhadores do Chile
Apelo do presidente da Central Unitária de Trabalhadores à
paralisação do dia 13.
por Arturo Martínez M.
[*]
Hoje, 7 de Agosto, a seis dias da convocação feita aos
trabalhadores e trabalhadoras da pátria, queremos desta tribuna, e com a
presença de mais de 1000 dirigentes sindicais, reafirmar nossa firme
vontade de conclamar os homens e mulheres do trabalho a paralisarem suas
actividades no dia 13 de Agosto.
Fazemos esta paralisação depois de haver, durante anos, tentado
um diálogo estéril que provocou frustrações e
querelas entre nós e que só serviu para avalizar políticas
macro-económicas dentro de um modelo desumanizado, que não
dá valor ao trabalho e que carece de todo sentido social, onde o mercado
cruel é o que determina as condições de vida das pessoas.
Esta é uma paralisação que pretende acabar com a
prepotência daqueles que tentam impor políticas que só
procuram subjugar os grémios do sector público. Para enfrentar
os tecnocratas que tomam decisões sem levar em conta qualquer
opinião. Acreditando-se donos absolutos da verdade e promovendo um
modelo que vai destruindo o papel do Estado e submetendo os trabalhadores
públicos à instabilidade, a condições laborais cada
vez mais precárias, destruindo a carreira funcional e o seu poder real
de negociação colectiva.
Esta paralisação destina-se também a atalhar as tentativas
de legislar em favor dos empresários, entregando-lhes a flexibilidade
laboral, que se se chegasse a impor, só aprofundaria a
desprotecção e submissão dos homens e mulheres de trabalho
do país.
Esta paralisação é para dar resposta àqueles que
fizeram um compromisso social com os trabalhadores que se exprimia em melhor
justiça trabalhista, reforma do sistema previdenciário, melhorar
a negociação colectiva, e a seguir correram a apoiar a agenda dos
empresários, abandonando seus compromissos.
Esta é uma paralisação para exigir o direito ao trabalho
dos chilenos e chilenas que se encontram desempregados ou ameaçados de
perder o emprego.
É para por fim ao emprego precário, de má qualidade, mal
pago, sem leis sociais e para exigir emprego decente com contrato, com
segurança social, com salários justos e horário normal.
Esta paralisação é para terminar com os abusos dos
empregadores que acreditaram que os trabalhadores são escravos. Que
não respeitam sua pessoa e atropelam sua dignidade, que passam por cima
da lei em vigor e crêem-se amos e senhores porque têm o poder de
dar e tirar o trabalho.
Por estas razões conclamamos os trabalhadores e trabalhadoras do Chile a
pagar no dia 13 de Agosto
O 13 de Agosto é o dia em que cada homem e mulher do Chile que esteja
afectado nos seus direitos tem a oportunidade de manifestar-se e expressar sua
recusa às condições em que se desenvolveu a vida social,
laboral e política do país.
Agora depende de nós, o futuro depende de nós. É hora de
romper o estado de animo pessimista e pararmos todos juntos num acto de
dignidade para dizer basta. Somos pessoas, nós também somos o
Chile.
Esta paralisação romperá definitivamente o estado de
imobilismo em que estiveram os trabalhadores durante muitos anos e sair do
esmagamento de um modelo que foi concebido para que uns poucos se aproveitem do
trabalho de muitos.
Não deve continuar à espera que outros o façam por
nós. Nosso futuro e o de nossos filhos depende de nós
próprios, porque vale a pena lutar por uma vida melhor.
Queremos ser parte da construção do nosso país. Os
trabalhadores, com nossas mãos e nosso intelecto, diariamente
construímos o Chile e isso nos dá direito a sermos escutados e a
participar nas decisões, sobretudo aquelas que têm a ver com
nossas vidas.
Não esperemos que alguém defenda nossos direitos. Não
esperemos que alguém fale por nós. É hora de cada
trabalhador, que cada trabalhadora, desempenhe seu papel na defesa dos nossos
direitos e na construção de uma pátria justa para todos.
Há 30 anos os caminhos foram fechados para os homens e mulheres de
trabalho do Chile. É hora de abrir a esperança. De reconstruir
a fé. Há que desfraldar as bandeiras de justiça social
para tornar possível um Chile para todos os chilenos, porque a
história somos nós que a construímos.
Porque esta paralisação foi ganhando adesão por todo o
comprimento e largura do Chile. E ninguém questionou a sua legitimidade.
Podemos garantir que neste dia 13 este país não funcionará
normalmente. Assim, estaremos demonstrando aos poderosos e àqueles que
crêem que a sua opinião é a única que importa, que
os trabalhadores e o povo do Chile vão mudar este país.
No dia seguintes nos sentiremos orgulhosos e reconfortados pela luta e por
haver iniciado um processo que nos reencontra com a pátria justa e
solidária que anelamos.
Após a Paralisação estaremos dispostos a conversar dos
temas dos trabalhadores e do Chile, mas em outras condições.
Convido-os a continuar a trabalhar nos seis dias que restam para tornar
realidade este momento tão esperado e certamente marcará a
história do movimento dos trabalhadores chilenos.
Com confiança em nós mesmos.
Com o poder da verdade
Com Unidade, com organização e disciplina sindical.
Agora todos juntos.
Pelo Chile.
Pelos trabalhadores.
Junto à CUT, pelos teus direitos.
Santiago, 07/Ago/03
[*]
Presidente Nacional da Central Unitaria de Trabajadores
O original encontra-se em
http://www.cutchile.cl/menu.shtml
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Este artigo encontra-se em
http://resistir.info
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