Nota do MST acerca da entrevista com o presidente Lula
por João Pedro Stédile
[*]
Caros amigos do MST
Estimados companheiros e companheiras,
Queremos enviar essa carta especial para que você conheça o
documento que a direção nacional do MST entregou à
Presidência da República. São algumas reflexões no
intuito de contribuir com o Governo Federal para a elaboração
urgente de um Plano Nacional de Reforma Agrária, como determina a lei.
O Presidente da República construiu sua trajetória
política defendendo a Reforma Agrária. Tem amizade e
aliança historica com o MST. Recebeu-nos com seriedade, amizade e
generosidade, como é de praxe dos estadistas. Mas também nos
recebeu como presidente eleito pelo MST e pelo povo mais pobre de nosso
país. E como parte de nossa aliança historica, vestiu mais uma
vez o nosso boné. Deve estar cansado de usar nosso boné, pois
vem usando desde 1985.
Por outro lado, o MST, ao longo de seus vinte anos de existência,
já foi recebido, desde 1984, pelo presidente eleito Tancredo Neves,
pelopresidente empossado, José Sarney, por Itamar Franco e Fernando
Henrique Cardoso, todos em várias oportunidades. Só não
fomos recebidos, e nem quisemos, pelo presidente expulso legalmente Fernando
Collor.
Então qual o motivo para tanta ojeriza da imprensa burguesa, da direita
parlamentar e dos fazendeiros?
Eles perderam as eleições, mas achavam que era de brincaderinha,
que iam seguir fazendo o que quisessem para manter seus privilégios,
como em outras áreas econômicas estão conseguindo. E
agora, estão percebedo que de fato a Reforma Agrária não
só é um compromisso histórico, mas será uma
prioridade do governo federal.
Agora, a Reforma Agrária tem o apoio da sociedade, das igrejas, dos
trabalhadores rurais sem terra, através de todas as suas entidades,
alguns governos estaduais e do Governo Federal.
Do lado do latifúndio, ficaram apenas alguns deputados e governadores
conservadores, que também são latifundiários. Preocupados
com isso, os latifundiários apelaram para três armas
clássicas:
a) Aumentar sua influência junto ao judiciario local, na qual os
vínculos com o poder econômico e o latifúndio são
históricos.
b) A manipulação, através de sua imprensa, tentando
criminalizar o MST e colocar o governo federal contra a parede. E com isso
criar clima para a convocação de uma CPI (Comissão
Parlamentar de Inquérito), que conseguiu um fato inédito em
apenas 12 horas: todas as assinaturas e a aprovação da mesa do
senado... As outras de corrupção, de crimes, bem há uma
fila no senado esperando!.
c) A organização de milícias e grupos armados fora da lei
e fazendo todo tipo de provocações e atos de violência.
Essa é a situação. Mas temos certeza que a sociedade
brasileira tem consciência da necessidade da Reforma Agrária. E
que ela cumprirá um papel fundamental nesse momento de crise do modelo
econômico, para a transição para um novo modelo
econômico, para um novo modelo agrícola e para a
geração de empregos e solução da fome e da pobreza
no meio rural.
João Pedro Stédile
[*]
da Direção Nacional do
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra
.
O texto completo do documento entregue pelo MST ao presidente Lula encontra-se
em:
PROPOSTAS PARA A REFORMA AGRÁRIA
Este documento encontra-se em
http://resistir.info
.
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