Os Sem Terra criam um acampamento que albergará 5 mil famílias de desapropriados


Terra. Foto de Sebastião Salgado São Paulo, 26 de Maio.

Os Sem Terra do Brasil aumentaram a pressão sobre o Governo do presidente Luiz Inacio Lula da Silva, seu aliado tradicional, com protestos, invasões e a criação do maior acampamento de desapropriados na história da organização, que albergará até 5 mil famílias.

"Vamos fazer a reforma agrária e, para isso, continuaremos a ocupar terras improdutivas, doa a quem doer", garantiu o dirigente do Movimento dos Sem Terra (MST), José Rainha, na região do Pontal de Paranapanema, a noroeste de São Paulo, uma das áreas onde o conflito agrário é mais tenso.

Rainha inaugurou no passado fim de semana o maior acampamento de desapropriados dos Sem Terra na história da organização, a fim de albergar 5 mil famílias em Julho próximo, segundo declarações do dirigente aos jornalistas no local (situado a 650 quilómetros de São Paulo).

Os acampamentos, espalhados por todo o território brasileiro, estão em geral instalados em terras invadidas ou bermas de estradas, onde os desapropriados vivem em paupérrimas barracas de lona negra, nas quais habitam até que o governo lhes entregue um pedaço de terra.

A inauguração deste enorme acampamento e o recente incêndio de uma máquina no Estado de Pernambuco, às mãos de cerca de 300 camponeses Sem Terra, que disseram reagir ao incêndio das suas colheitas ateado por fazendeiros, aqueceram os ânimos no campo brasileiro.

Lula, empenhado em levar por diante a reforma agrária que reclamam os Sem Terra e aliado do movimento desde a sua criação, pediu a semana passada paz no campo.

Na campanha eleitoral, Lula afirmara: "Sou a única possibilidade de que haja uma reforma agrária tranquila e pacífica, sem que sejam necessárias ocupações de terra ou violência".

Tradicionalmente apoiado pelo Partido dos Trabalhadores de Lula, o MST é hoje o mais organizado e efectivo agrupamento social brasileiro que defende uma reforma agrária no Brasil e agrupa os mais despojados deste país, que conta com 54 milhões de pobres.

Segundo o MST, 11 por cento dos trabalhadores rurais têm rendimentos nulos, 47 por cento chegam ao salário mínimo (80 dólares) e existem 4 milhões de trabalhadores rurais sem terra.


O original encontra-se em
http://www.rebelion.org


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03/Jun/03