Os Sem Terra do Brasil
aumentaram a pressão sobre o Governo do presidente Luiz Inacio Lula da Silva, seu aliado
tradicional, com protestos, invasões e a criação do maior acampamento de desapropriados
na história da organização, que albergará até 5 mil famílias.
"Vamos fazer a reforma agrária e, para isso, continuaremos a ocupar terras
improdutivas, doa a quem doer", garantiu o dirigente do Movimento dos Sem Terra
(MST), José Rainha, na região do Pontal de Paranapanema, a noroeste de São Paulo, uma
das áreas onde o conflito agrário é mais tenso.
Rainha inaugurou no passado fim de semana o maior acampamento de desapropriados dos Sem
Terra na história da organização, a fim de albergar 5 mil famílias em Julho
próximo, segundo declarações do dirigente aos jornalistas no local (situado a 650
quilómetros de São Paulo).
Os acampamentos, espalhados por todo o território brasileiro, estão em geral instalados
em terras invadidas ou bermas de estradas, onde os desapropriados vivem em paupérrimas
barracas de lona negra, nas quais habitam até que o governo lhes entregue um pedaço de
terra.
A inauguração deste enorme acampamento e o recente incêndio de uma máquina no Estado
de Pernambuco, às mãos de cerca de 300 camponeses Sem Terra, que disseram reagir
ao incêndio das suas colheitas ateado por fazendeiros, aqueceram os ânimos no campo
brasileiro.
Lula, empenhado em levar por diante a reforma agrária que reclamam os Sem Terra e
aliado do movimento desde a sua criação, pediu a semana passada paz no campo.
Na campanha eleitoral, Lula afirmara: "Sou a única possibilidade de que haja uma
reforma agrária tranquila e pacífica, sem que sejam necessárias ocupações de terra ou
violência".
Tradicionalmente apoiado pelo Partido dos Trabalhadores de Lula, o MST é hoje o mais
organizado e efectivo agrupamento social brasileiro que defende uma reforma agrária no
Brasil e agrupa os mais despojados deste país, que conta com 54 milhões de pobres.
Segundo o MST, 11 por cento dos trabalhadores rurais têm rendimentos nulos, 47 por cento
chegam ao salário mínimo (80 dólares) e existem 4 milhões de trabalhadores rurais sem
terra.
O original encontra-se em
http://www.rebelion.org