O governo transgênico do Brasil:
Modificado geneticamente para favorecer o latifúndio e o imperialismo
Um futuro mutante e desconhecido
O Palácio do Planalto decidiu, ilegal e inconstitucionalmente, liberar
plantações transgênicas no Brasil. O vice-presidente, que
assinou o que o mandaram que ele assinasse, ficará com o ônus
político de ter cumprido uma ordem do "representante" das
associações de agricultores do sul, devidamente trabalhada pela
Monsanto com o apoio das mentiras, já explicadas pelo Relatório
Alfa, de um grupo da Embrapa.
O governo consegue assim afrontar o Judiciário, a Ciência e
milhões de consumidores/eleitores, com o apoio de defensores dos
transgênicos,"conquistados" pelo lobby.
Aqueles que garantem que nenhum transgênico causa mal, apenas repetem os
"releases" da Monsanto. O relatório apóia abertamente
as pesquisas com transgênicos porque serão importantes no futuro.
Mas precisamos de testes que garantam sua segurança, o que não
existe hoje. E ainda temos que assistir supostos "defensores dos
agricultores" na televisão, mentindo escandalosamente, como os
líderes sindicais pelegos que gritam a defesa do sindicato em cima de
uma kombi velha, mas têm contas milionárias e ótimos
depósitos feitos pelas empresas que os controlam.
Ninguém no Brasil tem que respeitar ou aceitar esta mostra de
incompetência científica, ilegalidade e abuso de poder do
Palácio do Planalto, pois a justiça (se é quem tem alguma
força em nossa Democracia) já decidiu que o plantio de
transgênicos sem estudo de impacto ambiental está
proibido, gostem ou não aqueles que detém mais poder no Brasil:
José Dirceu, a tropa de choque Monsanto-Embrapa ou o presidente Lula.
Nesta ordem.
Agora vamos saber se apenas programas de auditório são punidos
quando quebram a lei.
Uma recente notícia veiculada pela agência Reuters, em 8 de agosto
de 2003, é mais uma prova do gigantesco perigo que será a
liberação dos transgênicos no Brasil.
Agricultores e vendedores de sementes dos Estados Unidos ficaram muito
irritados com o recente aumento no preço da patente genética das
sementes de milho e soja transgênico.
Teoricamente, bastaria os agricultores não comprarem a semente
patenteada, buscando no mercado a semente de plantas naturais. Mas não
é tão simples assim. O comércio de sementes é
dominado por algumas poucas empresas, a prática do oligopólio
reduziu a oferta de semente não transgênica, não existe
semente para suprir a demanda dos agricultores americanos por semente natural.
Quando surgiram os primeiros indícios de que haveria problemas graves
com a comercialização dos transgênicos, vários
produtores norte-americanos tentaram abandonar os transgênicos.
Não encontraram semente natural no mercado ou sofreram pesadamente com
as acusações violação de patentes.
O AGRICULTOR PAGA O PREÇO DA SEMENTE
E OUTRO VALOR PELA PATENTE GENÉTICA.
Muitos agricultores idealistas estão esperando as sementes
transgênicas nacionais. Dizem: -"queremos a nossa soja, transformada
pela Embrapa, com tecnologia brasileira, e por favor parem de atrapalhar a
pesquisa."
Mas qual é a tecnologia nacional? Os genes patenteados de uma empresa
norte-americana inseridos nas variedades de soja da Embrapa? Usar semente
desenvolvida pelo governo brasileiro e pagar patente para uma empresa
estrangeira? O contrato comercial entre a Monsanto e a Embrapa contém
trechos confidenciais e determina que a Monsanto usufruirá das patentes
advindas das variedades brasileiras, do banco de sementes da Embrapa, que
sofrerem modificações com genes patenteados pela empresa
multinacional.
Podemos imaginar uma situação futura em que a agricultura
brasileira esteja dominada pela soja e milho transgênico. Praticamente
uma única empresa norte-americana dominará todo o mercado de
semente e o agricultor ficará totalmente impossibilitado de produzir sua
própria semente, pois seria impossivel fugir da
polinização das culturas mutantes vizinhas.
Para destruir a competitividade da agricultura brasileira não
será necessário, neste cenário de dominação
tecnológica, pressões internacionais, processos na
Organização Mundial do Comércio, bioterrorismo ou
táticas elaboradas. Basta aumentar o valor da taxa de patente
genética cobrada nas sementes.
Podemos observar que uma aumento de 2% na taxa cobrada da semente de milho
transgênico e de 10% na taxa cobrada da soja trasgênica já
causou um desconforto e muita irritação entre os agricultores
norte-americanos, que recebem pesadas ajudas e subsídios
agrícolas. Imaginem o agricultor brasileiro ser surpreendido em um
futuro ano agrícola com um aumento de 50%, 60% ou até mesmo 100%
do valor da taxa de patente genética da semente que sempre plantou.
Qual sua opção? Plantar e arriscar uma baixa lucratividade ou
prejuizo, não plantar nada, plantar mandioca, inhame e cará (se
até lá não sofrer modificação
genética patenteada).
Poderá ser a pauta de uma reunião futura de lideres mundiais:
"Reduzir a taxa da patente genética na Índia, EUA, Filipinas
e Nepal, aumentar em 50% o valor da taxa na Argentina, Coréia do Norte e
Bolivia, aumentar em 80% o valor da taxa para o Brasil, Egito e
Itália...". Talvez uma negociação da Alca:
"Diminuimos o valor da taxa de patente genética em troca da
privatização de uma usina hidroelétrica..."
A patente genética, dominada por poucas nações é um
método mirabolante de controlar a agricultura mundial, ditando quem pode
ter lucros e quem deve ficar com os prejuizos, controlar a área plantada
e em quais países. Uma ditadura genética sem retorno. Depois de
dominar a agricultura mundial, seja pela dominação da
produção da semente, seja pela contaminação
genética, não haverá país capaz de reverter a
poluição genética, pois os genes não são
como um simples mercúrio, chumbo, CFC, dioxina ou furano que se pode
recolher do meio ambiente.
Não é possível recolher a poluição viva,
caminhamos para um futuro mutante e desconhecido.
ABUSOS DA TRANSGENIA NO MUNDO
O agricultor Rodney Nelson, 53 anos, do estado americano de Dakota do Sul,
plantou 30 hectares de soja transgênica em 1998 e 607 hectares em 1999.
Ao colher, observou que a soja natural produziu 12% a mais que a
transgênica. Além disso, gastou muito mais produtos
químicos com a transgênica. Desistiu de plantar soja
transgênica. Desde então ele nunca mais conseguiu produzir soja
não transgênica sem contaminação, e diz que tem
dificuldades em encontrar sementes puras. Rodney Nelson foi processado e
obrigado a fazer um acordo confidencial com a Monsanto, por uso ilegal de genes
patenteados.
O agricultor canadense
Percy Schmeiser
nunca plantou transgênicos em sua propriedade, mas a sua
produção foi contaminada através de
polinização das culturas vizinhas. Foi condenado a pagar pesadas
indenizações, 716 mil dólares e seu último recurso
juridico será julgado em 2004. O agricultor já gastou 214 mil
dólares em honorários e gastos legais.
O canadense Nadége Adam explica: "As últimas duas
decisões basicamente significam que o custo de
contaminação com sementes transgênicas é para ser
assumido pela vítima da contaminação e que a Monsanto, que
causou a contaminação em primeiro lugar, tem o direito legal de
se beneficiar disso".
A Associação Canadense de Mostarda está com problemas para
exportar grãos de mostarda livre de contaminação
transgênica originada da canola mutante. A canola modificada se mistura
com a mostarda no campo.
Estudos conduzidos entre 1994 e 2000 por dois institutos do governo
inglês, mostrou que genes da canola transgênica contaminaram os
cultivos convencionais e cruzaram com ervas nativas.
Na Itália, segundo o Greenpeace International, a empresa Pioneer Seeds
vendeu semente de milho contaminada com transgênicos. Contaminou mais de
100 propriedades. Os agricultores compraram a semente como sendo livre de
transgênico. Frederica Ferrario do Greenpeace Itália declarou:
-"Com tantos casos acontecendo, a pergunta que deve ser feita é se
as contaminações são negligência grosseira ou uma
estratégia das empresas que vendem transgênicos." Segundo a
Gazeta Mercantil, de 11 de setembro de 2003, a Suprema Corte da União
Européia (UE) manteve a proibição italiana aos alimentos
geneticamente modificados produzidos pela Monsanto Co. e pela Syngenta AG,
comprometendo possivelmente os planos da UE de levantar as
restrições que estão sendo contestadas pelos Estados
Unidos na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Depois de uma batalha de 9 anos, o Escritório Europeu de Patentes (EPO)
manteve a patente européia n° 301.749, concedida em
março/94, que dá à multinacional Monsanto o
monopólio exclusivo sobre todas as variedades de sementes
transgênicas de soja, independentemente do processo de
transgenia utilizado, segundo o AgbioIndia Bulletin de 29 de maio de 2003 (N.do
E.: Esta informação mostra que a Monsanto distorceu a verdade em
nota enviada ao jornalista Heródoto Barbeiro, da Rede Cultura de
Televisão, e divulgada na noite desta quinta-feira, 24 de setembro,
dizendo que ela não possui todo o mercado de soja transgênica.
Pelo menos na Europa, agora possui).
Segundo o
Valor Econômico
, de 18 de junho de 2003, a Monsanto, no Brasil,
fechou e atualizou acordos com a Embrapa, Fundação MT e COODETEC
para introduzir o conjunto de genes patenteados RR em 45 variedades de soja, 20
da Embrapa, 19 da Monsoy (subsidiaria da Monsanto), 3 da Fudação
MT e 3 da COODETEC. Isto representa 80% da semente oferecida no Brasil. Afirma
o artigo que o custo da semente e patente genética ficaria entre US$
49,83 a US$ 67,45 por hectare (10 mil metros quadrados). Importante entender
que a empresa que produz a semente recebe o valor da semente, a dona da patente
genética recebe royalties.
30/9/2003
[*]
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Brasil.
O original encontra-se em
http://www.mst.org.br/campanha/transgenicos/meioamb33.htm
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Este artigo encontra-se em
http://resistir.info
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