Assange ainda está na prisão
Julian Assange permanece numa prisão de segurança máxima,
apesar de nunca ter sido condenado por nada excepto uma quebra de fiança
há muito tempo atrás e apesar de o pedido de
extradição do Governo dos EUA ter sido recusado.
Já fazem quase seis meses desde que estive no tribunal a ouvir a
decisão de rejeição da extradição de Julian
e foi na mesma semana em que Baraitser ordenou que este fosse mantido na
prisão enquanto aguardava um recurso dos EUA. Desde então, os EUA
apresentaram o seu recurso, que é de certa forma desmedido nos seus
esforços para desacreditar uma série de testemunhos de eminentes
peritos na audiência. A defesa apresentou a sua resposta, incluindo o
aviso prévio em que Baraitser descobriu para os EUA que a defesa
pretende contrapor-se ao recurso.
Desde então passaram-se mais de três meses e nada. O
Tribunal Superior não só não estabeleceu uma data para o
recurso dos EUA como nem mesmo indicou se o recurso estado-unidense cumpre as
exigências para ser ouvido há quem pense que o recurso
carece de pontos de direito argumentáveis e pode ser simplesmente
rejeitado. Mas a abordagem aparentemente descansada do Tribunal Superior para
analisar o assunto é totalmente inadequada uma vez que, nesse
ínterim, um homem inocente está a sofrer a forma mais extrema de
encarceramento existente no Reino Unido.
O status de Assange é que a sua extradição foi rejeitada.
Ele não deve de todo estar na prisão, muito menos em tão
penosas condições.
Em contraste, estou sentado no meu gabinete apesar de ter sido sentenciado a
oito meses de prisão. Estou em liberdade enquanto o Tribunal Superior
decide se ouve o meu recurso. Meus advogados acreditam, a partir dos seus
contactos com os administradores do tribunal, que é perfeitamente
possível que o Tribunal Superior decidirá sobre se considera o
meu recurso, no prazo de quatro semanas de suspensão da minha
sentença de prisão concedida por
Lady Dorrian
. Isto porque, do contrário, posso ser aprisionado.
Por que é que o Supremo Tribunal pode potencialmente decidir se deve
ouvir o meu recurso tão rapidamente devido à ameaça de
prisão, quando o Tribunal Superior está a demorar seis vezes ou
mais para decidir se deve ouvir o recurso dos EUA, quando um homem inocente
já está preso? Não faz sentido.
Não se deve à complexidade: embora o caso de Julian seja mais
importante, quaisquer pontos de direito em questão no recurso dos EUA
são notavelmente menos complexos do que no meu próprio recurso.
Para mim, a única explicação possível é a
determinação do Estado em manter Julian preso a todo o custo.
Agora é evidente que Biden pretende avançar com a
acusação de Julian, um editor e jornalista, ao abrigo da Lei de
Espionagem. Isto apesar da oposição, por mais tardia que seja, de
todas as grandes organizações noticiosas e de todas as principais
ONG orientadas para as liberdades civis. A recente viagem europeia de Biden foi
coreografada para estabelecer as suas plenas credenciais como um combatente da
Guerra Fria e para assegurar uma ortodoxia ocidental de hostilidade para com a
China. Biden está a revelar-se, como previsto, um perfeito representante
do estado de segurança e militar.
Depois de ter aumentado o salário mínimo para 15 dólares e
de ter apresentado propostas de despesas significativas para o "New
Deal", Biden pode dar toda a atenção ao sério
trabalho neoliberal de melhorar a sorte dos ultra-ricos.
Em Outubro de 2020,
publiquei um post
especificamente acerca da supressão maciça na Internet de
informação sobre os negócios corruptos de Joe e Hunter
Biden, particularmente na Ucrânia. Em 10 de Fevereiro de 2021
publiquei um artigo
sobre o despedimento de Nathan Robinson do
Guardian,
o qual incluía a sua declaração de que o
Guardian
havia tornado ineficaz a sua coluna sobre a corrupção de Hunter
Biden.
Russell Brand causou um alvoroço na semana passada quando falou acerca
da supressão de informação sobre a corrupção
de Biden, precisamente segundo as linhas do meu artigo de Outubro passado.
Naturalmente, ele foi imediatamente "afastado", tal como fora Glenn
Greenwald.
Há um fenómeno fascinante nas democracias ocidentais de falsos
partidos políticos da esquerda liberal a actuarem como facilitadores da
elite global multimilionária. Biden, Starmer, Sturgeon, Macron, Trudeau,
Sanchez, todos pretendem ser alguma espécie de alternativa ao
neoliberalismo desenfreado enquanto ao mesmo tempo actuam como os seus mais
eficazes possibilitadores. Todos são advogados muito motivados
não só do neoliberalismo como também do militarismo e do
complexo de segurança e postura de guerra-fria da NATO, mais parceiros
na constante redução de liberdades civis. Nenhum deles tem a
mínima intenção de colmatar o fosso entre o cidadão
comum e a super-riqueza.
A democracia da falsa escolha parece ser um título de trabalho decente
para o estado actual da sociedade ocidental.
21/Junho/2021
Ver também:
Snowden anuncia el "fin del caso contra Assange" tras la confesión de un testigo clave de que mintió
[*]
Ex-embaixador britânico no Uzbequistão.
O original encontra-se em
mronline.org/2021/06/24/assange-is-still-in-jail/
Este artigo encontra-se em
https://resistir.info/
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