Décalogo de MuBarack Obama
Assegura o Livro do Êxodo que Javé/Deus ditou as Tábuas da
Lei a Moisés/Profeta. Assegura o Deuteronómio que foi o
próprio punho de Javé a passar a letra de forma os Dez
Mandamentos. Doutos e circunspectos biblistas garantem haver Javé
gravado as pedras, pois os humanos tendiam a quebrá-las. De qualquer
modo, o Verbo é Divino e as dúvidas tiram-se na Guerra dos Seis
Dias no Sinai ou na Escola de Gaza. A sublevação do povo
egípcio vem recolocar na Agenda o papel de Deus no Médio-Oriente.
Desde logo, a actualização da Lei de Moisés. Em verdade
vos digo, a Lei de MuBarack Obama. De resto, o presidente dos EUA confessou ter
redobrado as preces desde que o povo egípcio saiu à rua. De
facto, desta vez, não foi para exibir chagas e pedir esmola. Foi para
reclamar direitos e liberdades. Cansou-se de dormir nos cemitérios.
Optou por dormir, com alarmes ligados, na Praça Tahrir. Mas os profetas
também não dormem. Eis as Novas Tábuas da Lei
(versão sugerida pelo velho católico, apostólico e romano
Silvio Berlusconi e pelo cristão-novo Tony Blair: o primeiro, porque
Ruby, estrela do serralho bunga-bunga/Palácio da Ordem de Malta,
é egípcia e Silvio é
persona grata;
o segundo, porque é um
compagnon de route
de
serial-killers
e salteadores de Enciclopédia):
1.º
Amar a Deus sobre todas as coisas.
Onde se lê Deus, ler Petróleo.
2.º
Não invocar o nome de Deus em vão.
Onde se lê Deus, ler JuDeus.
3.º
Guardar domingos e dias santos de guarda.
Onde se lê de guarda, ler da guarda.
4.º
Honrar pai e mãe e outros legítimos superiores.
Onde se lê legítimos superiores, ler superiores.
5.º
Não matar.
Onde se lê não, ler só.
6.º
Não pecar contra a castidade.
Onde se lê pecar, ler vacilar.
7.º
Não roubar nem injustamente reter ou danificar os bens do
próximo.
Onde se lê não roubar nem injustamente, ler justamente roubar.
8.º
Não levantar falsos testemunhos.
Onde se lê falsos, ler verdadeiros.
9.º
Não desejar a mulher do próximo.
Onde se lê não desejar mulher do próximo, ler desejar a
próxima mulher.
10.º
Não cobiçar as coisas alheias.
Onde se lê as coisas alheias, ler os 70 mil milhões do
faraó.
Assim falou Javé aos revoltosos, instando a que não se deixem
guiar pela Al-Jazira nem por SMS/redes tele-sociais; que se mantenham
imóveis como esfinges, tocados pelo disco solar de Ámon-Hosni, o
que contempla os construtores de pirâmides com dois a três
dólares e trinta chibatadas por dia. O raís falou. Disse
compreender os sinais das tecnologias de ponta. Reforçou o escudo de
protecção e os diplomatas de carreira e de correio entram em
frenesim. Desconfiando de Alá, Javé antecipa-se e prepara um
Governo para a Ditadura atravessar o Deserto da DemocraCIA. O Programa de
Transição não poderia ser mais abrangente e transparente.
O déspota/super-corrupto conduzirá os escravos do Nilo até
Setembro. O vice-chefe do crime organizado velará pela tranquilidade dos
Senhores da Região & da Globalização. Em Portugal, a
ditadura mudou de ditador e chamou ao processo
evolução na continuidade.
Só uma revolução militar-popular interrompeu a
evolução
do regime, seis anos depois. Imaginemos um 25 de Abril com Américo de
Deus Mubarack Tomás a presidir à sua queda e o director da PIDE,
Suleiman Silva Pais, elevado a vice-presidente. Para que a múmia Hosni
seja removida e toda a sua corte seja desalojada e julgada em Tribunais
Populares (o TPI não julga fiéis de Javé), convidamos os
democratas do Planet a dar um empurrão, ajudando uma das
civilizações mais remotas da Humanidade a estilhaçar as
Tábuas de MusBarack Obama.
Todos a Tahrir.
Liberation Square.
[*]
Escritor/Jornalista.
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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