LONDRES, 12/Fev O escritor e professor britânico Rodney
Shakespeare advertiu os egípcios de que pode ser prematuro celebrar a
vitória da sua revolução após a expulsão do
antigo presidente Hosni Mubarak.
"O júbilo egípcio é prematuro. Os regimes não
se desmantelam voluntariamente a si próprios se houver algum meio de
evitá-lo", declarou Shakespeare, que também é um
importante advogado.
"A dura realidade é que os tiranos, torturadores, sionistas e
fantoches americanos ainda estão no poder e a única coisa que os
restringe é o medo de uma divisão no exército",
afirmou
"Há um enorme perigo de que o povo egípcio esteja a assumir
ter vencido quando, no essencial, pode ter perdido", advertiu em entrevista
à Islamic Republic News Agency (IRNA).
O académico britânico, que ensina economia e justiça
social, afirmou que há "necessidade urgente de o povo
egípcio exigir um retorno sem reservas ao poder civil".
Se isto não for feito, considerou que os manifestantes que
actuaram
em massa por todo o país durante os últimos 18 dias
deveriam
"utilizar o seu êxito presente como inspiração para um
esforço ainda mais determinado".
"No imediato, a televisão do estado deve ser aberta, as leis de
emergência finalizadas, a polícia secreta inteiramente
desmantelada,
os presos políticos libertados, todas as estruturas políticas
dominantes desmanteladas, os partidos políticos permitidos
organizarem-se livremente e jornalistas estrangeiros bem-vindos".
Shakespeare considerou que o exército egípcio deveria ser
colocado na sua "tarefa própria proteger a integridade
territorial do Egipto e fazer uma declaração de que o
Egipto nunca será controlado outra vez pelo capital estrangeiro,
sionistas ou qualquer forma de interesses estrangeiros".
"Todo militar superior deve fazer um juramento público de lealdade
ao governo civil o qual será o resultado de eleições
livres e juros", disse à IRNA.
Embora acredita improvável que generais corruptos e afins sejam presos e
postos em julgamento, considerou que "a todas as figuras gradas do
presente regime deveria ser exigido que declarassem os seu activos, com enormes
penalidade para falsa declaração".
"Activos que não podem ter sido razoavelmente adquiridos deveriam
ser confiscados", acrescentou Shakespeare.
O original encontra-se em
http://www.irna.ir/ENNewsShow.aspx?NID=30240644&SRCH=1
"O Egipto precisa instituir Guardas Revolucionários"
LONDRES, 12/Fev Uma lição que os manifestantes
egípcios precisam aprender é que não se pode confiar em
que nenhum exército regular abandone os seus privilégios sem
pressão constante, segundo o jornalista e analista político Sajid
Ali Khan.
Khan, antigo editor de
World Affairs,
sugeriu que o Egipto siga o exemplo do Irão para salvaguardar o
êxito da sua revolução após a remoção
de Hosni Mubarak da presidência.
"Estes manifestantes precisam agora organizar algo como uma "Guarda
Revolucionária" com a ajuda dos trabalhadores que entraram em
greves por melhor pagamento e condições de trabalho",
afirmou à IRNA.
Com o poder temporário passado ao exército egípcio, Khan
manifestou a esperança de que os militares encarem a salvaguarda das
fronteiras do país como o objectivo primordial da sua existência.
Ele acredita ser impossível prever se os manifestantes terão
êxito no seu objectivo de uma transição pacífica
para a democracia no Egipto com os militares estando efectivamente no poder
desde o derrube da monarquia em 1952.
Um dos benefícios imediatos da revolução,
esperançosamente, deveria ser "deixar de ser um co-carcereiro [com
Israel] da população de Gaza", afirmou.
Khan previu que um futuro governo será mais independente, mas advertiu
que "não é fácil virar as costas para os milhares de
milhões de dólares em equipamento militar" fornecidos pelos
EUA.
"Isso dependerá das relações com os EUA, mas os
sentimentos dos EUA são de pouco interesse para os egípcios por
agora. Não tenho bola de cristal para dizer como isto
terminará", acrescentou.
O analista acredita que relações internacionais em gerais, como
no caso com a América, terão de esperar ansiosamente o que
denominou um "admirável mundo novo".
"No Mar Mediterrâneo, o bloqueio medieval de Gaza é
insustentável com uma Turquia forte e um Egipto forte. O efeito sobre a
área do Mar Vermelho tornar-se-á aparente de modo mais ou menos
imediato", afirmou.
"Israel parece estar mais vulnerável e precisará encolher as
suas garras ou ter estas garras extraídas", disse Khan acerca da
sua dominação do Médio Oriente durante os últimos
60 anos.
"Podemos também estar a testemunhar a dissolução da
hegemonia dos EUA muito mais rapidamente do que podíamos ter
imaginado", sugeriu ainda.
A maior parte das análises do levantamento no Egipto enfatizou o
possível "efeito dominó" no mundo árabe, mas
Khan acredita que as implicações da revolução
têm potencial para alterar o equilíbrio de poder que teria
repercussões regionais se não mundiais.
"A minha visão é mais vasta: uma Turquia forte, um Egipto
forte e um Irão forte revoluciona o equilíbrio de poder no
Mediterrâneo Oriental, no Golfo Pérsico e nas áreas
circundantes", afirmou à IRNA.
O original encontra-se em
http://www.irna.ir/ENNewsShow.aspx?NID=30241243&SRCH=1
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