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							DECLARAÇÃO DE SERPA
						Reunidos nas cidades portuguesas de Serpa e Moura, os participantes no Encontro
								Internacional 
								«Civilização ou Barbárie  Desafios do Mundo
								Contemporâneo»
 Alertam
							
							 para a gravidade da crise global  social, económica, militar,
							cultural e ambiental  que a humanidade enfrenta, a qual ameaça a
							própria continuidade da vida na Terra.
 Constatam
							
							 que no desenvolvimento dessa crise o capitalismo, na sua escalada de
							agressividade, se tornou um factor de regressão absoluta da humanidade.
 Sublinham
							
							 que os EUA, potência hegemónica, optaram, na busca de
							saída para a crise estrutural do sistema, por uma estratégia de
							terrorismo de estado de guerras ditas «preventivas» que assume
							já matizes neofascistas.
 Identificam
							
							 a União Europeia como um bloco político-económico
							resultante da convergência dos interesses do capital monopolista, no
							caminho do federalismo anti-nacional, que limita os direitos cívicos e
							implementa políticas anti-sociais, tendo aspirações
							expansionistas e de competição económica mundial, em
							processo de militarização, no plano internacional subserviente
							dos mesmos objectivos imperialistas em questões
							económico-financeiras e de controlo geo-estratégico.
 Condenam
							
							 as agressões ao Iraque e ao Afeganistão e os crimes monstruosos
							ali cometidos pelas forças armadas dos EUA e da Grã-Bretanha e
							seus aliados satélites incluindo a cumplicidade do governo
							português nas referidas agressões, e saúdam a
							Resistência dos seus povos à ocupação e ao saque em
							luta pela liberdade e independência.
 Condenam
							
							 os crimes do sionismo, apoiado por Washington, contra o heróico povo
							palestiniano e proclamam a sua solidariedade para com os patriotas que ali se
							batem por uma Palestina livre e plenamente soberana.
 Manifestam
							
							 a sua solidariedade a quantos na Ásia, na África e na
							América Latina sofrem duramente as consequências das
							políticas neocolonialistas e se mobilizam para lutar contra todas as
							formas assumidas pela violência imperialista, nomeadamente os projectos
							de recolonização consubstanciados na ALCA e no Plano
							Puebla-Panamá, repudiados pelos povos, do Rio Bravo à Terra do
							Fogo.
 Condenam
							
							 as intervenções militares directas e indirectas do imperialismo
							estadunidense na América Latina, nomeadamente no Haiti e na
							Colômbia, reclamam o encerramento das bases norte-americanas em
							diferentes países do Continente, incluindo a de Guantanamo, em Cuba,
							ocupada ilegalmente, e alertam para as perigosas consequências da
							continuidade em diferentes países do hemisfério de
							políticas neoliberais, nomeadamente no Brasil, na Argentina e no
							México.
 Denunciam
							
							 a ausência total de autoridade moral da parte do governo dos Estados
							Unidos, que financiou, executou, incentivou e tolera no seu território a
							organização de actos de terrorismo contra Cuba e protagoniza tal
							como o seu aliado Israel, acções de terrorismo de estado, para se
							arvorar em juiz e elaborar listas de países e organizações
							alegadamente terroristas, nos quais incluem movimentos revolucionários
							de libertação como as Forças Armadas
							Revolucionárias da Colômbia  FARC-EP, cujos dirigentes
							têm a cabeça a prémio, enquanto os autores de monstruosos
							actos terroristas se passeiam tranquilamente pelas ruas de Miami.
 Reclamam
							
							 o fim do bloqueio imposto a Cuba, agora reforçado, e das leis piratas
							que visam a asfixiar e destruir a sua Revolução e saúdam o
							povo cubano como exemplo heróico e vitorioso de Resistência ao
							imperialismo.
 Saúdam
							
							 calorosamente o povo da Venezuela e o Presidente Hugo Chavez Frias,
							líder da Revolução Bolivariana, pela vitória
							alcançada contra a reacção oligárquica e o
							imperialismo no referendo revogatório, acontecimento de grande
							significado não só para a América Latina como para a
							Humanidade
 Recordam
							
							 o exemplo da luta revolucionária dos povos das antigas colónias
							portuguesas cujo combate também contribuiu decisivamente para o fim do
							apartheid e a independência da Namíbia e da Africa do Sul.
 Salientam
							
							 o significado histórico da Revolução Portuguesa de Abril
							de 74 e a importância fundamental que nela desempenhou a unidade do povo
							e das Forças Armadas rumo a uma democracia avançada e recordam
							que foi a ruptura dessa unidade que permitiu a retomada do poder pela direita e
							o processo de recuperação capitalista.
 Constatam
							
							 que a compulsão do capitalismo pelo crescimento
							económico tem exigido colossais fluxos de materiais e de energia
							que conduzem quer à delapidação de recursos naturais
							finitos (como petróleo e gás natural) quer ao uso de recursos
							renováveis para além da sua capacidade de
							regeneração (como solo, água e pescas), sobrecarregando o
							ambiente com resíduos e poluentes, factos que degradam as
							condições de habitabilidade da Terra e socavam a disponibilidade
							de recursos para as gerações vindouras.
 Advertem
							
							 que a crise energética assume enorme gravidade. A humanidade já
							consumiu metade do petróleo disponível. Em 2008, segundo alguns
							especialistas, a procura excederá a oferta. O actual ritmo de consumo
							 82 milhões de barris por dia  colidirá com a
							capacidade de produção que entra em declínio. É
							indispensável e urgente encontrar alternativas energéticas que
							todavia não prescindem de soluções na esfera da
							organização da produção e consumo social
 Proclamam
							
							 a convicção de que o Marxismo continua a ocupar um lugar central
							entre as referências teóricas mobilizadas não somente pelos
							comunistas mas também pelos progressistas do mundo. A
							reapropriação e o reforço do Marxismo, da sua metodologia
							e dos seus conceitos (a adaptar à realidade do mundo
							contemporâneo) e da sua essência revolucionária, continuam a
							ser uma necessidade absoluta na luta ideológica actual. Contra o sistema
							totalitário de desinformação, de alienação e
							de manipulação das massas pelos media dominantes, a propaganda
							comercial e o pensamento único, o marxismo como pensamento
							da crítica e da transformação do mundo, nem
							dogmático nem domesticado, permanece como a arma intelectual mais
							preciosa nas mãos dos trabalhadores e dos povos que resistem. Renunciar
							a ele equivaleria a desistir da luta pelo socialismo.
 Conclamam
							
							 os povos a participar mais activamente nas lutas pela paz e contra a
							estratégia de dominação imperial de um sistema de poder
							que assume cada vez mais contornos neofascistas nas suas agressões
							contra países do Terceiro Mundo e no saque dos seus recursos naturais.
							Somente a globalização dessas lutas, prioritária no
							combate ao imperialismo, pode deter os perigos que ameaçam a humanidade
 Expressam
							
							 a convicção de que o socialismo é a única
							alternativa a um sistema capitalista que, ao entrar na sua fase senil, optou
							por uma estratégia irracional de desespero agressivo que ameaça
							reconduzir a humanidade à barbárie ou, mesmo, à
							extinção.
 Registam com alegria
							
							 a intensificação das lutas dos trabalhadores dos países
							da União Europeia em defesa das suas históricas conquistas
							sociais ameaçadas pelas políticas neoliberais e o significado
							libertador da actual ascensão da luta de massas em quase todos os
							países da América Latina, sublinhando que o reforço da
							solidariedade internacionalista entre os explorados de todo o mundo é
							indispensável à globalização do combate contra o
							capitalismo e o imperialismo.
 
 Serpa, 25 de Setembro de 2004
 
 Esta declaração encontra-se em
								 http://resistir.info
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