As mulheres e o futuro de Portugal
O 8 de Março, Dia da Mulher, é um momento apropriado
não só para fazer um balanço das desigualdades e
injustiças a que a mulher continua sujeita nas sociedades actuais e,
também na portuguesa, que é urgente eliminar, como é
habitual, mas também para tornar visível aquilo que as mulheres
com a sua capacidade, trabalho e persistência estão a conseguir
alterar.
Neste pequeno estudo de investigação iremos analisar alguns
aspectos importantes de uma realidade que está a sofrer lentas mas
profundas transformações, com consequências profundas,
nomeadamente a médio prazo, a nível quer da sociedade portuguesa
quer da própria família, transformações essas que
estão a passar despercebidas a muitos portugueses apenas pelo facto de
os grandes órgãos de comunicação social não
darem a mesma atenção que dão, por ex., ao euro2004,
apesar dessas transformações serem muito mais importantes para o
nosso devir colectivo.
O AUMENTO DA ESCOLARIDADE DAS MULHERES FOI MUITO SUPERIOR À DOS HOMENS
NOS ÚLTIMOS 10 ANOS EM PORTUGAL
A baixa escolaridade e a baixa qualificação da
população empregada portuguesa não é apenas mais um
problema, mas sim o mais importante problema nacional actual. E isto porque
não é possível ao País sair do estado de atraso em
que se encontra, nem implementar um novo modelo de desenvolvimento baseado em
trabalho qualificado e bem pago, nem construir uma sociedade baseada no
conhecimento sem antes aumentar de uma forma generalizada e rápida o
nível de escolaridade e de qualificação profissional da
população portuguesa.
Comecemos então por mostrar como as mulheres portuguesas estão a
contribuir para a resolução deste importante problema nacional.
Os dados oficiais constantes do quadro I permitem obter uma primeira resposta
quantificada para esta importante questão.
Os dados do quadro I revelam que nos últimos dez anos verificaram-se
alterações profundas em Portugal na posição da
mulher quer na actividade produtiva quer a nível de escolaridade..
Assim, relativamente ao primeiro aspecto importância das mulheres
na actividade produtiva medida pelo peso percentual das mulheres na
população empregada verificou-se, entre 1991 e 2001, um
aumento (+22,9%) que é quatro vezes superior ao aumento registado em
relação aos homens (5,7%), o que determinou que o peso das
mulheres na população empregada tenha passado, entre 1991 e 2001,
de 40,5% para 44,7%. Esta evolução significa que uma parcela cada
vez maior da riqueza criada anualmente em Portugal se deve ao trabalho das
mulheres, ou melhor, que o crescimento económico verificado entre 1991 e
2001, medido pelo aumento do PIB, teve como causa principal o aumento
rápido da população feminina empregada. E isto sem contar
a produção resultante do chamado trabalho oculto ou
invisível das mulheres (o trabalho doméstico), que apesar
de ser fundamental para o funcionamento da sociedade, não entra nos
números da contabilidade nacional ou seja, do cálculo do PIB
(Produto Interno Bruto).
Em relação ao 2º aspecto nível de escolaridade
dos homens e mulheres a nível de população empregada
as alterações ainda são mais profundas.
Assim, entre 1991 e 2001, em relação ao ensino básico
completo, o aumento em relação às mulheres atingiu 60,7%,
enquanto relativamente aos homens regista até um decréscimo de
14,4%, o que determinou que o peso das mulheres com o ensino
básico completo na população empregada total tenha
passado, entre 1991 e 2001, de 26,8% para 40,7%.
Relativamente ao ensino secundário completo, o crescimento verificado,
entre 1991 e 2001, na população empregada feminina atingiu os
147%, enquanto a nível de homens o aumento foi apenas de 0,5%. Este
crescimento desigual determinou que o peso das mulheres com o ensino
secundário completo na população empregada total tenha
passado, entre 1991 e 2001, de 27,2% para 46,0%, portanto uma percentagem
já superior ao peso das mulheres na população empregada
total que era em 2001, como já se referiu, de 44,1%.
Mas é em relação ao ensino superior, factor chave de
progresso e de criação de uma sociedade baseada no conhecimento,
que a alteração foi mais profunda, já que o crescimento de
mulheres licenciadas (mais 198,9%) foi significativamente superior ao registado
nos homens licenciados (mais 110,7%). Como consequência o peso das
mulheres com licenciatura completa na população empregada
já ultrapassou o dos homens. Em 1991, representavam apenas 46,7% dos
licenciados, enquanto em 2001 já representavam 55,4% e a
tendência, como iremos mostrar, é que o seu peso continue a
crescer muito mais rapidamente do que o dos homens.
É CADA VEZ MAIOR O NÚMERO DE ÁREAS CIENTIFICAS ONDE AS
MULHERES LICENCIADAS JÁ SÃO A MAIORIA
Outro tipo de análise que interessa fazer é a
evolução por tipo de licenciaturas, até para se saber
quais são as preferidas pelas mulheres. O quadro II que se apresenta
seguidamente, construído com dados dos dois últimos censos,
permite observar a evolução verificada também neste campo.
Como mostram os dados oficiais do quadro II, em 1991, na
população empregada as mulheres licenciadas constituíam a
maioria apenas nas seguintes áreas de saber:- Letras e Ciências
Religiosas (71,7% dos licenciados desta área), Ciências da
Educação e Formação de Professores (85,3%),
Ciências Exactas Naturais (71,5%), e Ciências Médicas
(55,4%).
Em 2001, não só continuam a ser majoritárias nas
áreas referidas anteriormente, reforçando até o seu peso,
como igualmente passaram a ser majoritárias em outras áreas de
saber que não o eram em 1991, como são :- Belas Artes e Artes
Aplicadas (61,7% dos licenciados empregados com esta formação
superior), Direito (54,4%), Ciências Sociais (60,3%),
Administração de Empresas e Técnicas de Comerciais
(53,8%), Jornalismo e Informação (69,5%), Ciências
Físicas (66,2%), Matemática e Estatística (73,3%),
Saúde (60,5%), e Indústrias de Transformação e
Tratamento (53% dos licenciados desta área).
As mulheres apenas são minoritárias nas seguintes áreas:-
Agricultura, Silvicultura e Pesca cujo peso, no entanto, cresceu de 26,1% para
40,3% entre 1991 e 2001, nas engenharias, incluindo informática (28% dos
licenciados em 2001) e nas Ciências Veterinárias (41,6% dos
licenciados em 2001). E isto naturalmente não porque não tenham
capacidade para o domínio destes saberes mas fundamentalmente, a nosso
ver, por uma questão cultural que o tempo e as necessidades do mundo
moderno rapidamente alterarão.
O FOSSO ENTRE HOMENS E AS MULHERES A NÍVEL DE ESCOLARIDADE TEM
TENDÊNCIA PARA AUMENTAR NO FUTURO
E essa tendência inevitável começa logo no abandono
escolar, onde a taxa de abandono masculina é significativamente superior
à masculina como mostram os dados do INE relativo ao ano de 2001
constantes do quadro III.
QUADRO III Taxa de abandono escolar, por sexos,
da população entre os 18 e 24 anos em Portugal no ano 2001
|
RUBRICAS
|
TOTAL
|
2º Ciclo básico ou menos
|
Ensino básico 3º ciclo
|
|
TOTAL
|
44,9%
|
26,1%
|
18,8%
|
|
Masculino
|
52,5%
|
31,6%
|
20,9%
|
|
Feminino
|
37,2%
|
20,5%
|
16,7%
|
Fonte: INE, Inquérito ao Emprego 2001
Assim, a taxa de abandono escolar em Portugal da população com
idade compreendida entre os 18 e 24 anos é a mais elevada de todos os
países da União Europeia, incluindo os 10 que entrarão em
Maio de 2004, pois atinge como mostram os dados do quadro III os 44,9%,
enquanto a média nos 15 países da União Europeia ronda os
18%. Mas se analisarmos por sexos constamos que a taxa de abandono escolar
masculina (52,5%) é significativamente superior à feminina
(37,2%), ou seja, a masculina é superior à feminina em mais de
41%.
Os números oficiais apresentados são assustadores e preocupantes:
- em cada 100 jovens do sexo masculino com idade compreendida entre os 18 e 24
anos, 52,5 abandonam prematuramente o sistema educativo; em
relação às mulheres, esse número embora seja mais
baixo 37,2 em cada 100 ainda continua a ser também muito
elevado. O perigo da infoexclusão, ou seja, da exclusão da
sociedade do conhecimento, como da própria exclusão social
começa já aqui, numa sociedade onde o conhecimento é um
factor chave do progresso social e pessoal.
Em relação ao ensino secundário, sector chave para fazer
sair o País do estado de atraso em que se encontra, já que a
população empregada com o ensino secundário completo
representava em 2001 apenas 12% da população total empregada
quando a média ma UE15 ronda os 48%, ou seja, quatro vezes superior, os
dados oficiais do quadro IV mostram a evolução que se verificou
por sexos neste campo, e naturalmente a tendência futura.
Assim, como mostram os dados do quadro IV, entre o ano lectivo 1994/95 e
1997/98, verifica-se uma quebra geral na percentagem de conclusões (em
relação ao total passa de 78,9% para apenas 64,9%), o que revela
uma preocupante diminuição da taxa de rentabilidade do ensino
secundário português que urge alterar. No entanto, a percentagem
de jovens do sexo feminino que concluem com êxito o ensino
secundário continua a ser bastante superior à dos jovens do sexo
masculino em todas as áreas do saber.
Assim, no 10º ano a percentagem de conclusões dos jovens atinge
59,1%, enquanto a das jovens alcança 69,2%; no 11º ano, é
respectivamente de 75,5% para os jovens e 83,2% para as jovens; e finalmente,
no 12º ano as conclusões de jovens do sexo masculino atingem apenas
47,2% e as conclusões de jovens do sexo feminino alcançam 53,7%.
Mesmo nos cursos tecnológicos a percentagem dos que os terminam com
êxito é superior nas jovens ( 60,2%, 76,2%, 45, 5% e 45,5%) do que
nos jovens (50,4%, 68,5%, 40,2% e 40,2%).
Em relação ao ensino superior, quer se considere o número
de inscritos quer se analise a evolução de licenciados, o peso
crescente das mulheres é visível.
Assim, a nível de inscritos no ensino superior o gráfico seguinte
mostra a evolução verificada, que revela um fosso cada vez maior
entre estudantes do sexo masculino e feminino, que resulta também de um
número crescente de mulheres conseguir terminar com o êxito o
ensino secundário e manifestar interesse em continuar os seus estudos
para conseguir responder aos desafios e necessidades da sociedade actual.
A nível de inscrições no ensino superior o gráfico
seguinte mostra com clareza a diferença crescente que se está a
verificar entre o número de estudantes do sexo feminino e do sexo
masculino.
O gráfico seguinte mostra as inscrições desagregadas por
licenciaturas e sexos.
Exceptuando a engenharia, a arquitectura e construção, a
informática, e mesmo nesta a relação está já
muito próxima, os serviços de segurança e transportes, em
todas as outras áreas cientificas, as mulheres já são
majoritárias.
E em relação aos licenciados, os dados do quadro V revelam que a
tendência é para o peso de mulheres licenciadas ser cada vez maior
no total de novos licenciados no nosso País.
QUADRO V Evolução total e por sexos
dos diplomados do ensino superior em Portugal
|
ANOS LECTIVOS
|
TOTAL
|
Mulheres
|
% Mulheres no Total
|
|
1993/1994
|
33.913
|
21.379
|
63,0%
|
|
1994/1995
|
36.410
|
22.916
|
62,9%
|
|
!995/1996
|
39.116
|
25.125
|
64,2%
|
|
1996/1997
|
42.796
|
27.304
|
63,8%
|
|
1997/1998
|
46.478
|
29.670
|
63,8%
|
|
1998/1999
|
51.438
|
33.050
|
64,3%
|
|
1999/2000
|
54.255
|
35.597
|
65,6%
|
|
TOTAL
|
304.406
|
195.041
|
64,1%
|
Fonte: DAPP, Ministério da Educação,
Estatísticas da Educação
Os dados do quadro anterior mostram que a tendência é para um peso
cada vez maior de mulheres no total de portugueses que se obtêm uma
licenciatura em Portugal. No ano lectivo de 1993/1994 em cada 100 licenciados
já 63 eram mulheres, mas já no ano lectivo 1999/2000 esse
número aumentou para 65,6 em cada 100 licenciados.
AS MULHERES CONTINUAM A NÃO SER RECONHECIDAS PROFISSIONALMENTE
Os dados oficiais do quadro VI mostram que, apesar do aumento significativo da
escolaridade, as mulheres ainda não conseguiram obter a nível de
todas as profissões o reconhecimento profissional a que naturalmente
têm direito a nível da sociedade
Assim, a nível de dirigentes e de quadros superiores da
administração pública e das empresas, o seu peso que
já era reduzido em 1996, até diminuiu pois passou, entre o
4º Trimestre de 1996 e o 4º Trimestre de 2003, de 33% para 32,5% do
total.
Em relação a especialistas das profissões
intelectuais e cientificas o seu número e peso continuam a
aumentar, pois passou, entre 1996 e 2003, em número de 146.400 para
229.000 e, em percentagem, de 50,1% para 60,2% , o que prova que em capacidades
cientificas e intelectuais a importância das mulheres na sociedade
portuguesa continua a ser fundamental.
Por outro lado, as mulheres são dominantes nos grupos profissionais
Pessoal administrativo e similares (62,8% do total deste grupo),
Pessoal de serviços e vendedores (67,8%), e
Trabalhadores não qualificados (62,2% do total), que
são os grupos onde se encontram as categorias profissionais mais mal
pagas.
AS DESIGUALDADES DE REMUNERAÇÕES ENTRE HOMENS E MULHERES TEM
AUMENTADO EM PORTUGAL
O quadro VII, constante do estudo Qualificações dos
Trabalhadores Portugueses publicado pelo Departamento de Estudos e de
Estatística do Ministério da Segurança Social e do
Trabalho, mostra que apesar do aumento significativo da escolaridade das
mulheres portuguesas, relativamente às remunerações
auferidas, essa evolução também não tem tido
reconhecimento a nível das empresas, tendo-se mesmo agravado a
desigualdade entre homens e mulheres.
QUADRO VII Variação média do ganho,
a preços constantes de 1991, entre 1991 e 2000, por sexos
|
DESIGNAÇÃO
|
Variação média anual
|
Aumento entre 1991-2000
|
|
Homens
|
4,82%
|
60%
|
|
Mulheres
|
3,51%
|
41,2%
|
|
TOTAL
|
4,25%
|
51,6%
|
Fonte: Qualificações dos Trabalhadores Portugueses
Pág. 52
O gráfico seguinte confirma também a evolução
verificada.
No estudo publicado pelo INE de onde foi retirado este gráfico pode-se
também ler o seguinte:- O ganho médio mensal, que inclui,
para além da remuneração base , todos os subsídios
com carácter regular e o pagamento de horas extraordinárias
fixou-se, em 2000, nos 731,68 euros. Este tipo de retribuição
também atinge um maior valor nos trabalhadores do sexo masculino que no
feminino (821,04 euros para os homens, sendo 605,04 euros para as mulheres). Os
comentários são desnecessários mas a desigualdade que
continua a existir no nosso País é clara.
O DESEMPREGO E A PRECARIEDADE ATINGEM MAIS AS MULHERES EM PORTUGAL
No 4º trimestre de 2003, segundo o INE, o número oficial de
desempregados atingiu 356.500, embora o número real seja muito superior,
como mostraremos em outro estudo. Deste total, 187.500, ou seja, 51,1%
são mulheres. As mulheres representam já 51,1% dos desempregados,
embora sejam apenas 45,9% da população activa total. Assim, taxa
actual de desemprego oficial em relação à
população masculina atinge 5,7%, enquanto em
relação às mulheres já é de 7,5%.
Em relação a contratados a prazo, no 3º trimestre de 2003,
eles atingiam 580.600, sendo 267.600 homens e 313.000 mulheres; portanto, as
mulheres representavam, no fim de 2003, 53,9% dos trabalhadores contratados a
prazo, embora elas representem apenas 45,5% da população
empregada.
MAIS UM RETROCESSO E DISCRIMINAÇÃO IMPOSTOS ÀS MULHERES
PELO CÓDIGO DE TRABALHO DE BAGÃO FÉLIX
Como já não fossem suficientes as desigualdades e
discriminações impostas em Portugal às mulheres, o
Código de Trabalho ainda veio criar mais uma.
Para se poder compreender a injustiça e retrocesso verificado neste
campo, é necessário ter presente o que dispunha a lei que
vigorava anteriormente, e que foi substituída pelo Código de
Trabalho.
Assim, de acordo com o nº1 do artº 10 da Lei 4/84, que era a lei de
protecção da maternidade e paternidade que vigorou até 1
de Dezembro de 2003, em caso de aborto, a mulher tem direito a
licença com a duração mínima de 14 dias e
máxima de 30 dias, portanto, não fazia qualquer
discriminação entre aborto legal e clandestino, já que o
objectivo desta licença era o restabelecimento da saúde da
trabalhadora, certamente até mais abalada por ter sido obrigada a fazer
um aborto clandestino, e não o julgamento pelo facto de ter realizado o
aborto.
O nº 6 do artº 35 do Código de Trabalho que entrou em vigor
estabelecer que, quando abortar, a trabalhadora tem direito a uma
licença com a duração mínima de 14 dias e
máxima de 30 dias mas só em caso de aborto
espontâneo, bem como nas situações previstas no artº
142 do Código Penal (são três
situações, a saber: - violação da mulher, perigo de
vida da mulher, e deformação do feto).
Isto significa que em caso de aborto clandestino as faltas que a trabalhadora
der para recuperar a sua saúde são consideradas injustificadas, e
se tiver 5 faltas seguidas, de acordo com o mesmo Código, a trabalhadora
é despedida com justa causa, portanto sem direito a qualquer
indemnização.
Igualmente o artº 50 do código, sobre o Regime das
licenças, faltas e dispensas, reforça a
discriminação anterior ao estabelecer que apenas não
determinam perda de quaisquer direitos, salvo quanto à
retribuição, como prestação efectiva de
serviço, as ausências ao trabalho resultantes. (a) Do gozo das
licenças por maternidade e em caso de
aborto espontâneo ou nas situações previstas no artº
142 do Código Penal
, portanto fica excluído o chamado aborto clandestino, cuja faltas
por ele causado determinam a perda de direitos para as mulheres trabalhadoras.
Este é mais um exemplo concreto, agora dirigido especificamente contra
as mulheres trabalhadoras, como o Código de Trabalho publicado por este
governo representou um retrocesso social em relação aos direitos
de quem trabalha.
AS MULHERES E O FUTURO
A recuperação do atraso do País, e a criação
de uma sociedade mais desenvolvida e baseada no conhecimento e em trabalho
qualificado e bem pago, passa certamente pelo aumento generalizado e
rápido do nível de escolaridade e de qualificação
da população portuguesa.
Os dados oficiais apresentados neste estudo assim como a análise
realizada mostram que as mulheres portuguesas têm as capacidades
necessárias e estão à altura deste objectivo nacional
estratégico aumento da escolaridade e da
qualificação nacional - , que deverá mobilizar todos os
portugueses independentemente de sexo e idade e, em particular, os
trabalhadores portugueses.
Mas para que esse objectivo possa ser alcançado torna-se também
cada vez mais necessário combater as inúmeras desigualdades e
discriminações que continuam a atingir as mulheres na sociedade
portuguesa, muitas delas não analisadas neste artigo (basta recordar, a
titulo de exemplo, o posição minoritária que continuam a
ter a nível do governo, da Assembleia da República, dos governos
regionais, das direcções dos partidos políticos, e mesmo
das direcções dos sindicatos e das confederações
sindicais, etc, etc, apesar de constituírem a maioria da
população portuguesa) .
No Dia da Mulher tornar visível o percurso que as mulheres
portuguesas têm conseguido percorrer em áreas fundamentais para o
futuro da nossa sociedade apesar das inúmeras desigualdades e
discriminações que continuam a atingi-las, e mostrar a
necessidade de renovar e reforçar a luta para acabar com estas
discriminações e desigualdades, para que as mulheres possam
ocupar na sociedade o lugar a que têm direito, é o mínimo
que se poderá fazer.
Loures, 1 de Março de 2004
[*]
Economista
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info
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