Crise do Pico Petrolífero: declínio do transporte aéreo
por Tom Whipple
Nas últimas semanas, companhias de aviação de todo o mundo
têm estado a relatar perdas substanciais, a declarar bancarrota ou a
encerrar totalmente. Até então as perdas têm sido
principalmente de companhias pequenas, mas muitas das maiores começaram
a agitar-se à procura de parceiros para fusão. A US$3,71 por
galão [1 galão = 3,78 litros], o jet fuel é agora a maior
rubrica de despesa de uma companhia de aviação.
No ano 2000 a conta de combustível das companhias de
aviação [nos EUA] era de US$14 mil milhões. Ela
está a aproximar-se dos US$60 mil milhões e a subir. A
Southwest, o transportador mais lucrativo, anunciou recentemente que a conta de
combustível deste ano será de mais US$500 milhões do que
no ano passado e igual aos lucros de 2007. Durante o primeiro trimestre de
2008 a American Airlines perdeu US$238 milhões; a Delta perdeu US$274
milhões; a United perdeu US$537 milhões; a Continental US$80
milhões; a Northwet US$191 milhões; e a US Airways US$236
milhões. Apenas a Southwet Airlines, que fez melhor trabalho de
hedging
do seu combustível do que as outras, realizou um lucro.
É claro que estamos em vias de assistir a grandes mudanças no
transporte aéreo a muito breve prazo.
Desde há algum tempo, as companhias de aviação têm
estado a eliminar coisas desnecessárias, a aumentar preços, a
lotar os aviões e a efectuar quaisquer outras economias de que se
lembrassem. Após a temporada de voos do Verão terminar em
Setembro próximo, muitas companhias planeiam retirar 5-10 por cento dos
seus aparelhos menos eficientes, reduzindo assim a sua
programação de voos numa quantidade semelhante.
Observadores qualificados estão a duvidar que estes movimentos venham a
ser suficientes. A pessoas começam a falar acerca de petróleo a
US$200/barril, o que implica que os custos de combustível das companhias
dupliquem outra vez. Os aparelhos mais novos são mais eficientes, mas
as melhorias não são de forma alguma o que é
necessário para manter um ritmo constante com custos de
combustível a subirem e, como concluiu esta semana a Continental
Airlines, não há suficiente benefício financeiro numa
fusão para que se mantenha a par dos custos.
As companhias de aviação continuam a aumentar tarefa o
bilhete médio está 10 por cento mais caro do que no ano passado
mas em algum ponto as companhias de aviação ficarão
sem as viagens opcionais e serão deixadas apenas com as viagens
essenciais, de negócios e pessoais, que é pouco provável
que encham muitos aviões. Sobre o topo do problemas dos preços
dos combustíveis está a actual recessão económica a
qual provavelmente começará a ter impacto sobre as viagens
opcionais antes que este ano acabe. Em suma, os aviões simplesmente
não podem ganhar dinheiro enquanto cobrarem tarifas baratas aos actuais
preços do combustível. Para a maior parte das pessoas, a era das
viagens a 500 milhas por hora [805 km/h] está quase acabada.
Não há um caminho óbvio para sair deste dilema a menos que
haja um grande avanço revolucionário na eficiência do
avião. As tarifas continuarão a subir. Serão cortados
voos. Cidades mais pequenas perderão seu serviço aéreo.
Viagens mais curtas serão eliminadas por serem demasiado dispendiosas.
Mais assento provavelmente serão espremidos nos aviões e um
fabricante está mesmo a considerar aviões sem assentos nos quais
os passageiros são amarrados a pranchas durante o voo.
Daqui a 10 ou 15 anos, a viagem aéreo provavelmente estará
significativamente reduzida, será dominada por viajantes de
negócios ou muito ricos, e será limitada a voos
trans-oceânicos ou de longa distância entre grandes centros
populacionais.
A consolidação das grandes companhias de aviação e
a morte dos transportadores regionais mais pequenos já começou.
Após um certo número de consolidações, nós
estaremos reduzidos a apenas um punhado de companhias de aviação
nacionais ou multi-nacionais, provavelmente subsidiadas por governos por
considerações de "segurança nacional".
Se bem que o fim da viagem aérea opcional e barata tenha
ramificações para muitas indústrias, em primeira
instância o turismo provavelmente será o mais duramente afectado.
Ignorando no momento os prováveis efeitos da gasolina a US$4 ou US$5 na
Califórnia neste Verão, Las Vegas informa que aproximadamente
metade dos seus turistas chega por via aérea. Para tornar as coisas
piores, operadores de estâncias turísticas recentemente gastaram
milhares de milhões a melhorar as suas instalações para os
lugares à noite de US$300 que atraem menos clientes. O mesmo
padrão pode ser repetido em atracções turísticas
dependentes do transporte aéreo por todo o mundo.
Ainda há uma dose notável de negação no
negócio do transporte aéreo. Esta semana a Airbus divulgou uma
previsão mostrando que o número de grandes aviões
comerciais de carreira crescerá de 15 mil para 33 mil nos
próximos 20 anos e que o número de passageiros triplicará.
Se tem de haver um futuro a longo prazo para o transporte aéreo,
é improvável que ele venha a ser com turbinas movidas a
combustível líquido em dispositivos mais pesados do que o ar. A
U.S. Air Force está actualmente empenhada numa campanha para convencer o
Congresso a comprar-lhe uma instalação de muitos milhares de
milhões de dólares destinada a converter carvão em jet
fuel e um par de companhias de aviação ocupada-se a
demonstrar que os seus aviões serão movidos a
biocombustíveis.
Enquanto a utilização limitada do carvão para
combustíveis líquidos ou de biocombustíveis para
aviões possa ter um uso limitado, não é provável
que nenhuma destas substituições produza combustível
barato suficiente para manter os 33 mil grandes jactos de transporte da Airbus
nos próximos 20 anos.
No longo prazo, o desenvolvimento de aviões movidos a hidrogénio
[NR]
pode ser factível ou talvez dirigíveis mais leves do
que o ar possam ser desenvolvidos até o ponto de poderem mover pessoas e
bens eficientemente em longas distâncias. Em qualquer caso, os dias do
ubíquo jacto de transporte movido a querosene, o qual para muitos de
nós revolucionou as viagens na segunda metade do século XX,
provavelmente serão mais curtos do que a maior parte das pessoas percebe.
01/Mai/2008
[NR] É altamente discutível a factibilidade desta ideia.
O hidrogénio não é energia primária: ele tem de
ser fabricado.
Para produzir hidrogénio deve-se gastar mais energia do que a que ele
proporciona. Assim, o hidrogénio é antes um sumidouro de
energia do que uma fonte. Muito mais lógica é a
alternativa do gás natural (metano), que é energia
primária. A sua liquefacção, por meio de
técnicas
criogénicas, proporciona uma alta densidade de energia.
O original encontra-se em
Falls Church News Press
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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