Bombardeámos o lado errado,
afirma o ex-comandante da NATO no Kosovo
Denúncias do major-general canadiano Mackenzie, o ex-comandante das
forças
ocidentais na Bósnia, acerca da actuação da NATO no
Kosovo e contra a Jugoslávia:
Genocídio? Não 100 mil vítimas, mas
2.000 (entre todas as etnias).
Foram os albaneses que começaram, mas nós os
apresentámos como vítimas.
Milosevic limitou-se a reagir.
A NATO entregou o Kosovo à máfia.
Nós ajudámos o UCK a criar um Kosovo etnicamente
puro.
Encorajámos os terroristas do mundo inteiro.
Há cinco anos, nos écrans dos nossos televisores
sucediam-se imagens de albaneses do Kosovo que fugiam através das
fronteiras para procurar refúgio na Macedónia e na Albânia.
Relatórios alarmistas diziam que as forças de segurança de
Slobodan Milosevic levavam a cabo uma campanha genocida, e que pelo menos 100
mil albaneses do Kosovo tinham sido massacrados e enterrados em valas comuns
por toda a província.
A NATO entrou rapidamente em acção, apesar de nenhum dos estados
membros ter sido ameaçado, e começou a bombardear não
só o Kosovo, mas também as infrastruturas e a própria
população da Sérvia, sem que esta acção
fosse autorizada por uma resolução das Nações
Unidas, instância, contudo, venerada pelos governantes do Canadá,
passados e presentes.
Qualificaram de adeptos de Munique aqueles de nós que
alertaram o Ocidente para o facto de se estar a deixar levar para o lado de um
movimento independentista albanês extremista e com actuação
armada. Esqueceu-se oportunamente que a organização que efectuava
o combate pela independência, o Exército de
Libertação do Kosovo (UÇK), era universalmente designada como
organização terrorista e conhecida por ser apoiada pelo movimento
Al Qaida de Usama Ben Laden
(...) (Mackenzie recorda a mentira dos meios de comunicação a
respeito de crianças albanesas afogadas pelos sérvios
e confirma a seguir o que mostra o filme
Os Condenados do Kosovo
).
Desde a intervenção da NATO e da ONU no Kosovo, em 1999,
este tornou-se a capital europeia do crime. O comércio de escravos
sexuais ali floresce. A província transformou-se na placa
giratória da droga para a Europa e a América do Norte e o
cúmulo é que a maior parte das drogas provém de um outro
país libertado pelo Ocidente: o Afeganistão. Os
membros do UÇK, que foi desmobilizado mas não desmantelado, participam
tanto nesse tráfico como no governo. A polícia da ONU prende
alguns dos implicados nesse tráfico e entrega-os a uma justiça
permeável, aberta à corrupção e às
pressões.
O objectivo final dos albaneses do Kosovo é expurgá-lo de todos
os não-albaneses, incluindo os representantes da comunidade
internacional, e integrar a mãe-pátria albanesa, criando assim a
Grande Albânia. Esta campanha começou nos
princípios dos anos de 1990, com o ataque às forças de
segurança sérvias e conseguiram, face à
reacção musculada de Milosevic, atrair a simpatia universal para
a sua causa. O genocídio, proclamado pelo Ocidente, jamais existiu: os
100 mil mortos, pretensamente enterrados nas valas comuns, andam à volta
de 2.000, entre todas as etnias, contando com os que caíram em combate.
Os albaneses do Kosovo manipularam-nos a seu bel-prazer. Nós
financiámos e apoiámos indirectamente a sua campanha pela
independência de um Kosovo etnicamente puro. Jamais os censurámos
por serem responsáveis pelas violências dos começos dos
anos 90 e continuamos a apresentá-los hoje como vítimas, apesar
das provas em contrário.
Quando tiverem atingido o seu objectivo de independência, ajudados pelos
dólares dos nossos impostos mais os de Ben Laden e da Al Qaida, é
fácil imaginar o sinal de encorajamento que será para os outros
movimentos independentistas do mundo inteiro, apoiados pelo terrorismo!
Esta nossa obstinação em cavar a própria sepultura
não é cómica?
[nr]
______
Nota de resistir.info:
Tal comicidade tem a ver com as sensibilidades deste general. A maior parte
da humanidade não considera cómicos os crimes praticados pela NATO na
ex-Jugoslávia. O país foi campo de experimentação de novos tipos de
armas (bombas de grafite), encontra-se envenenado por toneladas de resíduos das
munições com urânio empobrecido utilizadas pela NATO, foi submetido à selvajaria das
limpezas étnicas por instigação e com apoio das potências ocidentais e teve
complexos químicos industriais bombardeados deliberadamente a fim de provocar
poluição numa escala maciça.
[*]
O autor comandou tropas em Gaza, Chipre, Vietnam,
Cairo, América Central. Em Sarajevo, durante a guerra civil, foi o
responsável pelos contingentes de 31 nações. Actualmente
na reforma, trabalha como
comentador de assuntos internacionais para o
National Post
e para cadeias de televisão americanas.
O original encontra-se em
The National Post
, 06/Abr/04. Tradução de MJS.
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info
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