A UE tenciona recorrer a Israel para assegurar seu abastecimento de gás
por
Ruptures
Segunda-feira, 3 de Abril, a Comissão Europeia, ladeada por representes
de três Estados membros da UE Itália, Grécia e
Chipre assinou um plano com Israel que prevê a
construção de um gasoduto indo deste país para as costas
da Europa do Sul.
No horizonte de 2025, o gasoduto, que teria 2 200 km, transportaria
até 16 mil milhões de metros cúbicos de gás por ano
dos campos marítimos israelenses e cipriotas para a Itália e a
Grécia. Segundo o ministro israelense da Energia, esta obra, avaliado em
6 mil milhões de euros, é encarada com muito entusiasmo pelos
bancos americanos Goldman Sachs e JP Morgan.
Por sua vez, o comissário europeu para a Energia, Miguel Arias Canete,
presente em Tel Aviv para a assinatura, não escondeu que este projecto
visava concorrer com um outro gasoduto em construção, o North
Stream II, que poderá trazer até 55 mil milhões de metros
cúbicos de gás russo para a Alemanha passando debaixo do
Báltico.
Este projecto germano-russo nunca foi do agrado de Bruxelas e é
asperamente combatido pela Polónia, pelos países bálticos
e pelos escandinavos, porque permitiria a Moscovo vender seus hidrocarbonetos
sem transitar pela Ucrânia.
"Parceiro mais fiável"
No clima oficial pouco favorável a Moscovo, Arias Canete não
deixou de afirmar que Israel seria um parceiro muito mais fiável do que
a Rússia.
Trata-se realmente de uma afirmação mais ideológica do que
factual: quer no tempo da URSS ou no período posterior a 1991, o
fornecimento de gás russo aos países da UE não foi
interrompido nem uma única vez. Em contrapartida, vários
conflitos gasistas opuseram o fornecedor russo Gazprom à Ucrânia,
em que esta última não cumpriu as entregas efectuadas.
Mas isso não importa: para Bruxelas, a perspectiva de depender de Israel
seria uma contribuição mais indiscutível em matéria
de segurança de abastecimento.
Esta profissão de fé repousando sobre a boa vontade do Estado
judeu de que se sabe o desinteresse total e que, evidentemente,
não está no cerne de qualquer jogo estratégico
acontece apenas alguns dias depois de o enviado especial da UE em Israel ter
apontado mais uma vez os confiscos de terra palestinas, as
"transferências forçadas de população", as
expulsões em massa e o bloqueio da ajuda humanitária
além da constatação de factos nos territórios
ocupados que são "contrários ao direito internacional".
Este relatório foi validado pelos embaixadores dos vinte e oito
países. E imediatamente arrumado numa gaveta, como de costume.
Se a UE depender um dia de Tel Aviv para o seu gás, ela deverá
provavelmente economizar este tipo de inquérito.
04/Abril/2017
O original encontra-se em
ruptures-presse.fr/actu/ue-israel-gazoduc-grece-italie-russie-northstream/
Esta notícia encontra-se em
http://resistir.info/
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