Obama : Os velhos hábitos do imperador
Logo após a sua eleição como presidente dos Estados
Unidos, Obama disse aos seus amigos sionistas: "Destruam Gaza agora, antes
da minha posse, para que eu possa encenar a comédia da
mudança".
Talvez não tenham sido estas as palavras exactas, talvez não as
tenha pronunciado ele mesmo pois bastou-lhe sussurrar nos ouvidos de um dos
seus apaniguados, ou tenha sido um deles que as sussurrou. Mas, directa ou
indirectamente, foi isso que Obama disse aos seus principais aliados.
Os ingénuos acreditam e os pusilânimes fingem acreditar
que os israelenses interromperam o seu genocídio apenas um dia
antes da tomada de posse de Obama porque era Bush que lhes permitia perpetrar o
crime e que, após a sua saída, não teriam a
autorização do mestre.
Na realidade eles fizeram-no porque o presidente-capacho que saia ia deixar o
seu posto e já estava de tal forma coberto de sangue que não
tinha importância respingá-lo ainda mais, ao passo que convinha
deixar o novo presidente com aparência limpa o tempo mais longo
possível.
No quartel de polícia sórdido que é a Casa Branca, a
alternância não é entre republicanos e democratas, mas
entre polícias "maus" e polícias "bons".
Para Obama, tal como para o nefasto Kennedey, com o qual muitos o comparam, foi
escolhido o papel de polícia bom. E tal como o carrasco do Vietname, o
próximo carrasco do Médio Oriente tentará esconder com o
seu carácter atípico e o seu sorriso fácil a mesma
política de expulsão e de extermínio dos seus antecessores
e dos seus protectores.
Assim como o mau polícia te põe a cabeça na banheira e a
seguir o polícia bom tenta convencer-te com palavras gentis, Bush
massacra milhares de afegãos e iraquianos e permite o massacre de
milhares de palestinos e agora a tarefa de Obama é limpar o sangue e
avisar os sobreviventes do massacre de que se não se comportarem bem ele
tornará a utilizar o modo forte. Como se houvesse algum outro!
Ao contrário do imperador de Andersen, o novo titular do império
pretende fazer-nos acreditar que chega ao poder "quase nu como os filhos
do mar", como teria dito Machado. Ele quer fazer crer que não
vemos o seu sobretudo de vermelho ensanguentado. São tão
numerosos aqueles que, dentro ou fora dos Estados Unidos, fingem não o
ver que será preciso, mais uma vez, dar razão a Goebbels, o
grande ideólogo das democracias ocidentais.
22/Janeiro/2009
[*]
Escritor e matemático, de nacionalidade italiana, vive em Espanha e
escreve em castelhano. Membro fundador da Aliança dos Intelectuais
Anti-imperialistas. Seus artigos encontram-se em
http://www.nodo50.org/contraelimperio
A versão em francês encontra-se em
http://www.legrandsoir.info/spip.php?article7913
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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