Sátira
Código de cores para um Novo Século Americano

por Gabriel Ash [*]

Não me perguntem como obtive este memorando.

De: Gabinete de Planos Especiais, Pentágono
Classificação: Estritamente confidencial
Distribuição: Vice-presidente Dick Cheney, secretário da Defesa Donald Rumsfeld
Assunto: Preparação societal para uma mudança de clima catastrófica


A guerra no Iraque foi um ensaio geral. Aprendemos muito. Agora é o momento de começar a preparar o espectáculo real, o Grande Espectáculo. Estamos preparados?

Leram o resumo executivo de Andrew (Marshall) sobre a catastrófica mudança climática que pode estar próxima, talvez em menos de duas décadas. Bastam umas poucas citações:

"A desordem e os conflitos serão características endémicas da vida... Uma vez mais, a guerra poderia definir a vida humana".

"Milhões de pessoas morrerão com a guerra e a fome".

"O acesso à água converte-se num importante campo de batalha".

Temos os melhores militares do mundo, agora controlamos o Eufrates no Iraque, a principal fonte de água na área produtora de petróleo. Naturalmente, controlamos também o petróleo. Quanto à água no interior do país, temos os amplos recursos do Canadá que podemos tomar. Podemos esmagar numa blitzkrieg, do modo como Rommel penetrou em França através das Ardennes. Prevemos a Anschluss dentro de 48 horas.

Quanto à guerra no Iraque, nosso ponto mais fraco é a gestão a longo prazo da opinião pública. Não basta dizer: "ou estás connosco ou contra nós". Temos que castigar toda pessoa que tente interferir com os nossos planos. Felizmente a prevista catástrofe meio ambiental facilitará a execução de um plano que potenciará ao máximo o controle dos elementos que não cooperarem.

Recomendamos a criação de uma base de dados nacional e global de pessoas, classificadas e identificadas com códigos de cores. Tal base de dados será absolutamente necessária para conseguir um domínio total do mundo depois do início da catástrofe e o colapso temporário da economia de mercado.

Cartões de identidade magnéticos, com código de cor, como os utilizados por Israel nos Territórios Ocupados, seriam impressos e armazenados em centros de distribuição. Uma pequena porcentagem deverá ser entregue de imediato a pessoas de confiança, juntamente com listas.

Recomendamos o seguinte sistema de cores:

Azul: A liderança dos EUA, mais uns poucos estrangeiros seleccionados — políticos, dirigentes industriais, financeiros, etc. Não existem dificuldades neste caso. Classificaremos de azul a maior parte das pessoas com rendimentos anuais de mais de 200 mil dólares, bem como funcionários governamentais e intelectuais da defesa importantes. Só necessitamos extirpar algumas maçãs podres como George Soros. Quando chegar o momento, os detentores de cartões azuis serão reunidos em alguns lugares seguros, secretos. Um grupo selecto predeterminado (com uma franja rosa sobre o azul) escolhido pelo Pentágono tomará conta a partir da sua localização num centro de comando e controle que ainda deve ser especificado.

Castanho: Esta categoria é para homens e mulheres jovens e em bom estado de saúde disponíveis para o serviço militar e policial. Um grupo selecto (franja vermelha sobre castanho) será assinalado para a guarda dos "locais secretos". O resto controlará a população e reprimirá os distúrbios por alimento e água que se prevêem.

Verde: Serão entregues cartões verdes a pessoas comuns que possa realizar trabalhos úteis: trabalhadores agrícolas, industriais, domésticos, engenheiros, pessoal médico, etc. Por desgraça, como assinala Andrew, só um parte da humanidade será sustentável. Mas não devemos escapar do trágico papel que a história nos impôs. Temos que preparar-nos para uma competição feroz pelos cartões verdes. As pessoas lutarão até à morte, uma vez que ter ou não um cartão verde será convertido em assunto de vida ou morte. Devemos sentir gratidão pelo facto de reality shows como "Sobrevivente" e "O aprendiz" estão a habituar as pessoas a ter a atitude adequada. Precisamos de mais espectáculos semelhantes. O treinamento adequado da consciência facilitará que os perdedores aceitem a sua sorte e morram sem causar problemas.


Rosa: Depois de terminada a tragédia, teremos que recriar a raça humana. Para acelerar o processo de regeneração serão fornecidos cartões de identidade com código rosa a mulheres jovens e atraentes de todo o mundo, seleccionadas para a procriação. Reality shows por "Quem quer casar-se com um milionário" são um instrumento educativo que é um benção dos céus. Devemos utilizá-los de forma inteligente.

Vermelho: Serão distribuídos cartões de identidade vermelhos a elementos subversivos: jornalistas com mentalidade independente, sindicalistas, muçulmanos, etc. Devem ser reunidos e detidos o mais cedo possível. Não teremos tempo para fazer averiguações. A menor suspeita deverá ser suficiente. Temos que estar absolutamente seguros de que nenhum subversivo fica solto ou recebe identidade de alguma outra cor. Esperançosamente, uma vez que tenhamos ultrapassado esta catástrofe, a reserva de genes humanos ficará limpa desse traço de personalidade que provoca tantos problemas.

O resto da população não precisará de um cartão de identidade, uma vez que não se prevê que sobreviva muito tempo.

Ao principiar a catástrofe, o governo enfrentará um sério obstáculo. A opinião pública ficará à margem, tendendo ao sentimentalismo. As pessoas negar-se-ão a aceitar as necessidades impostas pela nova realidade. Para acalmar as críticas, recomendamos uma série de políticas preventivas de "acção afirmativa" que darão um rosto humano e benevolente ao sistema de código de cores.

  • No cálculo da elegibilidade para o cartão de identidade azul serão considerados os grupos minoritários a partir de um rendimento mínimo de 150 mil dólares por ano. (Isto não terá um significado numérico)
  • No cálculo da elegibilidade para os cartões verde e castanho deveria conceder-se uma pequena quantidade de pontos preferenciais para minorias e para descendentes dos sobreviventes do Holocausto. Uma parte importante, até uns 50% deveriam ser para mulheres jovens de países "exóticos"
  • O programa deveria ser dirigido e apresentado ao público por um ícone identificado com uma minoria, por exemplo, uma mulher afro-americana.

Outro benefício em incorporar estas políticas no sistema de cores é que desviará a cólera das pessoas que hão de morrer para as minorias e as mulheres, e a afastará dos homens ricos, brancos, bem relacionados, cuja cobiça, admitamos, é a causa primária do próximo colapso da Terra.

Sinceramente,
Douglas Feith, com a ajuda de Richard Perle e muitos outros.

24 de Fevereiro de 2004

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[*] Os autor nasceu na Roménia, criou-se em Israel e vive nos Estados Unidos.
O seu email é: gash@YellowTimes.org

O original encontra-se em
http://www.yellowtimes.org/article.php?sid=1787&mode=thread&order=0


Este artigo encontra-se em http://resistir.info .

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