Os espanhóis confrontam as teses do governo espanhol nas
multitudinárias manifestações contra o atentado de Madrid
por Rebelión
Ainda que unidos pela recusa à violência que na véspera
ceifou a vida de quase 200 pessoas e feriu 1400, as manifestações
verificadas nas capitais do Estado espanhol também evidenciaram o
variegado e tenso ambiente político que se respira aqui em
vésperas de eleições gerais consideradas históricas.
Atrás de um cartaz com o lema "Com as vítimas, com a
Constituição e contra o terrorismo" marchavam o presidente
do governo e os líderes dos principais partidos, sindicatos e
instituições, acompanhados pelo príncipe Felipe e pela
infantas, Elena e Cristina, e os representantes máximos da
Conferência Episcopal. Mas nem todos os manifestantes compartilhavam as
teses governamentais sobre o atentado.
Os lemas e cartazes da manifestação madrilenha evidenciaram os
diferentes pontos de vista sobre a política nacional, porque junto aos
lemas tradicionais como
ETA não
e
Já basta
ouvia-se de forma recorrrente: "quem foi?", como
demonstração do desejo dos espanhóis de conhecer as
verdadeiras causas dos atentados.
Numerosos cartazes referiam-se ao terrorismo em geral, outros repudiavam
directamente a ETA e muitos apresentavam mensagens mais transcendentes como
"Não mais morte, não mais mentiras", "Paz em
Madrid e em todo o mundo", e o combativo "Não à
guerra" que foi o principal nas manifestações contra a
invasão do Iraque há um ano atrás.
Em contraste com o ruído da demonstração madrilenha, a
manifestação de Barcelona, também multitudinária,
transcorreu num silêncio sepulcral como demonstração de
respeito para com as vítimas do massacre.
Entretanto, finda a marcha, a multidão que enchia a Praça da
Catalunha arremeteu a gritos de "assassinos" contra o vice-presidente
do governo, Rodrigo Rato, e o presidente do Partido Popular na Catalunha, Josep
Piqué, os quais tiveram de ser retirados da multidão pela
polícia e resguardar-se num parqueamento subterrâneo.
Nas grandes cidades bascas de San Sebastián e Bilbao também se
efectuaram multitudinárias manifestações contra o
terrorismo.
Entretanto, em Bilbao, ainda que todos os partidos participassem, só os
socialistas e os populares encabeçavam a marcha com o lema "com as
vítimas, com a Constituição e contra o terrorismo".
As restantes formações políticas fizeram-no em separado,
por estarem em desacordo com a alusão à Carta Magna que o governo
pretendeu impor a todos.
As marchas, que começaram em todo o país cerca das 19 horas
locais, foram a conclusão final de outras demonstrações
realizadas ao longo do dia em cidades, freguesias e centros de trabalho.
Entre as homenagens às vítimas dos atentados, a mais participada
foi uma paralisação nacional de 15 minutos convocadas pelas
principais centrais sindicais do país e que foi seguida por
milhões de trabalhadores.
O original encontra-se em
http://www.rebelion.org/spain/040313man.htm
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Este artigo encontra-se em
http://resistir.info
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