| 
							Petróleo:1- O Saudi Ben Laden Group - SBGQuem é quem nas estratégias do imperialismo
2- O Bushladen Carlyle Group
 3- AMBO: o domínio total do petróleo, do gás e da água potável
 
 
 
 
							
								
								1- O Saudi Ben Laden Group - SBG
							
							
 
  A SBG foi fundada em 1931 por Moahamed Ben Laden representando interesses
							sauditas do
							petróleo e posições políticas e teológicas
							do fundamentalismo islâmico (facção 
							
								wahhabita
							
							). Desde sempre acumulou lucros sustentados pelo 
							
								crude
							
							 e pela religião. Organiza-se, actualmente, em "holdings" dos
							ramos da construção e obras públicas, engenharia, sector
							imobiliário, distribuição, banca, seguros,
							telecomunicações e editoras. Pertencem-lhe a SICO - Saudi
							Investment Co., com sede em Lausana; o National Commercial Bank, saudita; o
							Al-Shamal Islamic Bank, o Tadamon Islamic Bank, o Dar al-Maal al Islami, etc. A 
							SBG fundou dezenas de filiais em todo o mundo, planificadas por um banqueiro
							nazi
							de origem suíça, François Genoud. Detém uma
							gigantesca carteira de acções da General Electric, da Nortel
							Networks e da Cadbury Schweppes. Em França, juntamente com o Grupo
							Worms, controla a SBA - Sociedade Bancária Árabe, SARL. Tem
							importante posição accionista no grupo 
							
								do Le Figaro.
							
							 Até à declaração de falência do Bank of
							Credit and Commercial International (BCCI), a SBG dominou nessa
							instituição áreas decisivas. O banco era
							anglo-paquistanês e estava instalado em 73 países diferentes.
							Teoricamente, dividia-se por três famílias: os Gokal,
							paquistaneses; os Ben Mahfouz (aos quais Oussama Ben Laden se ligou pelo
							casamento), sauditas; e os Geith Faraon, do Abu Dhabi, um emirato árabe
							riquíssimo em petróleo. Consta, insistentemente que a CIA esteve
							na base da fundação do BCCI onde os capitais americanos eram
							accionistas privilegiados. Com efeito, a enorme massa financeira detida pelo
							banco foi utilizada por Ronald Reagan para corromper dirigentes iranianos e
							para derrotar a candidatura de Jimmy Carter (Operação
							"Surpresa de Outubro"). Foi com capitais do BCCI que Reagan e Bush
							pai (presidente e vice-presidente dos EUA), financiaram os "contra"
							da Nicarágua, apoiaram os 
							
								mujahidines 
							
							afegãos e subsidiaram traficantes de armas e de drogas como Sarkis
							Sarkenalien, Marc Rich, a Abu Nibal
							 ou o Cartel de Medelin. Através da SICO suíça, o BCCI
							trabalhava em estreita colaboração com o Saudi Ben Laden Group.
							Entre os gestores do BCCI contava-se um dos irmãos de Oussama Ben Laden,
							chamado Salem. Foi nessa altura, por inícios da década de 90 que,
							à custa dos pequenos depositantes do banco saudita, se realizou uma
							mega-operação financeira de enriquecimento súbito de
							George Bush, Jr., um desclassificado filho do presidente norte-americano. Era
							ele, então, gerente de uma modesta sociedade petrolífera, a 
							
								Harken Energy Corporation
							
							. A título de compensação pelos acordos assinados pelo pai
							Bush com o Koweit foi atribuída à Harken o exclusivo das
							concessões petrolíferas do Barhein. Cresceram então
							espantosamente as fortunas pessoais de George Bush filho (herdeiro de George
							Bush, pai); de Ben Mahfouz (cunhado de Oussama Ben Laden e detentor de 11,5%
							das acções da Harken); e do próprio Oussama, membro do
							Conselho de Administração da empresa, através do seu
							delegado pessoal, o norte-americano James R. Bath. 
 No plano religioso e caritativo islâmico, a SBG financia importantes
							ONGs, como a International Islamic Relief Organisation - IIRO 
							e a 
							
								Abdul Aziz al-Ibrahim Fondation. 
							
							Planeou e realizou a construção e gestão da
							urbanização de Meca e de Medina, principais cidades santas do
							Islão. Simultaneamente, foi  o grupo árabe mais beneficiado pelos
							EUA na reconstrução do Koweit, após a primeira Guerra do
							Golfo, sendo-lhe adjudicado o exclusivo das obras de instalação
							das gigantescas bases militares norte-americanas situadas na Arábia
							Saudita. No Médio Oriente (área do conflito israelo-palestino),
							os interesses financeiros do 
							
								Saudi Binladen Group
							
							 são geridos
							
								 Carlyle Group. 
							
							Quando, em 1992, o BCCI dos bin Laden/Mahfouz foi extinto, por decisão
							judiciária, já quase todos os seus activos tinham sido
							transferidos para o seu accionista Carlyle.
 
 Oussama Ben Laden fez os seus estudos básicos e secundários em
							colégios fundamentalistas islâmicos. Diplomou-se, mais tarde, em
							Economia e Gestão de Empresas na King Abdul Aziz University. Toda a sua
							formação foi orientada pelo príncipe Turki
							al-Faiçal al-Saud, director dos serviços secretos sauditas,
							membro da família reinante e íntimo colaborador da CIA. Em 1979,
							Al-Saud nomeou Oussama gestor financeiro das operações secretas
							que a CIA desenvolvia no Afeganistão. Desde então, a
							presença de bin Laden foi assinalada no Afeganistão, na
							Chechénia, no Azerbeijão, na Croácia,no Paquistão e
							no Sudão. Oussama foi elemento activo da tranformação do
							SIS, inicialmente uma simples organização da polícia
							criminal paquistanesa, em poderosa agência unificadora dos
							serviços de informação e de espionagem, segundo o modelo
							da CIA; desenvolveu, no Afeganistão, uma eficiente rede de
							"madrassas" (escolas religiosas islâmicas) frequentemente
							ligadas a centros de preparação e treino de terroristas; promoveu
							a aproximação e o entendimento entre a seita wahhbita saudita, o
							movimento talibã anti-soviético e o partido radical
							paquistanês 
							
								Jamiat-ul-Ulema-e-Islam
							
							; e adoptou a tese de que o terrorismo, como arma de combate contra a URSS,
							podia e devia ser financiado pelos lucros do comércio mundial da droga.
							Em 1998, todo o esquema harmonioso das relações entre Oussama, a
							CIA e os Bush parece, subitamente, entrar em colapso. Tinham-se verificado, no
							Quénia e no Tanganika, atentados à bomba contra as embaixadas dos
							EUA. Então, a responsabilidade dos actos foi integralmente
							atribuída a bin Laden. Este, recebeu ordem de expulsão do
							território sudanês e foi privado da nacionalidade saudita.
							Acusaram-no, igualmente, de preparar, nos Laboratórios Al-Shifa da
							família ben Laden, armas biológicas de destruição
							maciça. A Interpol emitiu contra Oussama um mandado de captura.
 
 Curiosamente, nada aconteceu a Oussama. Em 2001, chegou mesmo a sofrer uma
							intervenção cirúrgica num hospital militar norte-americano
							do emirato do Dubai. Manteve estreitas ligações com a CIA e o SIS
							e deslocou-se livremente por vários países. Os negócios da
							SBG prosseguiram normalmente.
 
 Em Maio desse ano, independentemente das suspeitas que pesavam sobre bin Laden,
							os talibãs e a al-Caeda, o governo Bush pagou aos teólogos do
							Afeganistão 43 milhões de dólares, a pretexto dos danos
							económicos causados pela destruição de
							plantações de papoilas. Finalmente, uns três dias
							após os atentados contra as Torres de Nova Iorque e contra o
							Pentágono, Oussama ben Laden foi declarado, pela
							administração Bush, "Inimigo Público N.º 1 do
							Estado norte-americano" .
 
 2- O Bushladen Carlyle Group
 
 O 
							
								Carlyle Group 
							
							(como se viu, também gestor dos interesses do grupo Saudi no
							Médio Oriente ) possui actualmente uma carteira de valores superior a 12
							mil milhões de dólares. É o 11º. maior produtor
							norte-americano de armamentos. As suas 
							
								holdings
							
							 dominam as maiores fatias do mercado internacional. Radica a sua principal
							base financeira no petróleo, área onde os seus mais importantes
							parceiros estratégicos são o 
							
								Saudi Binladen Group
							
							 (que inclui a família real saudita) e a 
							Halliburton Energy
							, do vice-presidente de Bush, Dick Cheney.  Muito antes de suceder o 11 de
							Setembro, o Carlyle criou um fundo especial, o 
							
								Asian Partners
							
							, destinado sobretudo à fusão dos lucros gerados pelo
							petróleo árabe e à compra de posições
							dominantes nas 
							
								holdings
							
							 das empresas aéreas e de segurança nos aeroportos. O Carlyle
							agrupa 420 accionistas cuidadosamente escolhidos em todo o mundo, com carteiras
							individuais de acções que oscilam entre os 80 mil e os 100 mil
							dólares. Organiza-se como uma poderosa sociedade secreta. Recruta os
							seus dirigentes entre os homens e mulheres mais influentes no aparelho do
							Estado, no mundo financeiro e empresarial, nos principais serviços
							secretos, na área castrense e universitária, etc.  Seria absurdo
							tentar mencionar-se, exaustivamente, os nomes dos seus colaboradores mais
							activos. Alguns, no entanto, são bem conhecidos.
 
 O 
							
								Carlyle Group
							
							 foi fundado, nos anos 80, por um poderoso grupo financeiro e
							militar-industrial presidido pelos 
							
								Bush
							
							 (sénior e júnior) e por uma elite seleccionada entre
							milionários, generais, dirigentes de serviços secretos,
							diplomatas, 
							
								opinion makers
							
							, estrategas, responsáveis religiosos, destacados economistas
							neoliberais, etc.  Comparativamente, convém acentuar que, enquanto o
							império financeiro da família ben Laden passa, no seu percurso,
							pelo BCCI - Bank of Credit and Commerce International e se cristaliza no 
							
								Saud Binladen Group
							
							, os caminhos da família Bush são rigorosamente os mesmos.
							Começam em 
							
								Prescott Bush
							
							, avô do actual presidente norte-americano, um  produtor médio de
							petróleo texano, quando ele começou a fazer fortuna, no decurso
							da II Guerra Mundial. De 1933 a 1941 apoiara a ascensão dos nazis
							alemães e o esforço de guerra hitleriano. Porém, quando os
							EUA entraram em guerra com a Alemanha, P. Bush viu-se impedido de manter
							relações com as empresas do inimigo. O chefe do clã Bush
							criou então, sobretudo na Holanda e na Bélgica ocupadas, uma rede
							de sociedades comerciais destinadas ao 
							
								branqueamento
							
							 do saque nazi. Essas empresas, já então organizadas 
							
								em rede
							
							, dependiam de uma "holding-mãe": a 
							
								Consolidated Silesian Steel Company
							
							. Os capitais e os lucros do negócio acabavam, depois, por ser
							exportados para os EUA, regressando às mãos de Prescott,
							através da cobertura fornecida por um estabelecimento bancário
							americano, o 
							
								Union Banking Corporation
							
							. Os lucros líquidos não resultavam, apenas, destas escuras
							operações financeiras. A 
							
								Consolidated, 
							
							de P. Busch, tinha um contrato firmado directamente com o governo alemão
							que a autorizava a utilizar a mão-de-obra escrava fornecida pelos campos
							de extermínio. Prescott instalou em Aushwitz a fábrica que os
							Bush mantiveram em actividade até ao final da guerra. Chamava-se 
							
								
									Oswiecim-Auschwitz
								
							
							 e assumia-se como ramo industrial do grupo da Consolidated Silesian Steel.
							É curioso recordar-se que também os ben Laden, quando se tratou
							de organizar o ramo financeiro do grupo, foram a Lausana contratar um banqueiro
							nazi.
 
 Em 1987, a família Bush criou, na Carlyle, um fundo autónomo de
							investimentos cujos capitais cresceram vertiginosamente. Eram, em grande parte,
							provenientes de transferências ordenadas pelo BCCI, dos Laden e dos
							Mahfouz. Quando, quatro anos mais tarde, foi decretada a falência do
							banco, todos os activos desse fundo tinham já sido incorporados no
							capital social do  
							
								Carlyle Group
							
							, arruinando as economias de cerca de 1 milhão de pequenos depositantes,
							na sua maioria norte-americanos e árabes.
 
 O presidente executivo do 
							
								Carlyle
							
							 é 
							
								Frank Carlucci, 
							
							personagem bem conhecido dos portugueses como embaixador dos EUA em Lisboa e
							pela sua intolerável intromissão nos assuntos nacionais, a
							culminar no golpe de 25 de Novembro de 1975. Isso aconteceu antes de 
							
								Carlucci
							
							 ser nomeado responsável nacional da CIA e secretário de Estado
							da Defesa.
 
 Na administração da Carlyle, 
							
								Carlucci 
							
							faz-se acompanhar por uma imponente escolta, toda ela constituída por
							ex-directores da "secreta" norte-americana ou por figuras de
							referência da CIA: 
							
								Helms, Casey, Kashoggi, Ghofanir
							
							, os homens do 
							
								Irangate
							
							. Os actuais vice-presidentes dos EUA - 
							
								Rumsfeld, Dik Cheney, Powel
							
							 - são altos executivos da empresa que integra outros políticos
							de grande peso internacional, como 
							
								Madeleine Albright, William Luti, Henry Kissinger, Pete Roodman, Richard Perle
								(CIA), James Baker, Richard Darman ou John Major
							
							, o ex-primeiro ministro inglês. O importante 
							
								lobby
							
							 do petróleo árabe encontra-se representado por 
							
								Sami Mubarak Baarma, 
							
							procurador dos interesses de bem Laden na Grã-Bretanha; por
							
								 Talat Othmann, 
							
							vindo da 
							
								Harken
							
							, a empresa que permitiu a George Bush Jr. enriquecer; por  
							
								Saleh Idris, 
							
							accionista maioritário da 
							
								IES-Digital Systems
							
							, construtora e certificadora de sistemas de segurança ingleses e
							director-geral do 
							
								Saudi Sudanese Bank
							
							, de Mahfouz  / Ben Laden; e por 
							
								Al-Amoudi,
							
							 representante dos interesses árabes no projecto da nova rede de
							pipelines. Outras figuras importantes da 
							
								Carlyle Group 
							
							podem ser apontadas, como 
							
								George Soros
							
							, especulador dos capitais financeiros e "pomba da paz" das
							filosofias da reconciliação; o ex-presidente democrático 
							
								William Clinton
							
							 cujo escritório de advogados novaiorquinos, o 
							
								White and Case
							
							, tem o exclusivo da assistência jurídica da firma nos processos
							referentes à 
							
								Carlyle
							
							; 
							
								Henry Kissinger, 
							
							conselheiro especial em questões políticas; 
							
								James Baker, 
							
							secretário do Tesouro, com Reagan, e secretário de Estado, com G.
							Bush, pai; e 
							
								Fred Malek
							
							, curiosa figura pública menos falada mas que teve um papel decisivo nos
							resultados das eleições presidenciais que reconduziram no poder o
							pai do actual George Bush.
 
 Em conclusão, poderá referir-se que o 
							
								Carlyle Group 
							
							conquistou, após o 11 de Setembro de 2001, muitas das
							funções que habitualmente deveriam ser atribuídas ao
							governo dos EUA. Não só domina os circuitos financeiros,
							económicos e administrativos mas, também, os centros de poder
							onde são decididas as questões da guerra e da paz. Em torno da
							noção imperialista do domínio dos carburantes gerou-se uma
							confusa ideia de grandeza da pátria americana.  As forças
							militares e militarizadas que sustentam essa nova mentalidade são
							verdadeiras ameaças à paz.  Donald Rumsfeld, secretário de
							Estado da Defesa e executivo todo-poderoso da rede da Carlyle, é um
							exemplo de que assim é.  Ainda decorria a guerra do Kosovo, em tempos da
							administração Bush pai quando o governo americano ficou alarmado
							com a rápida degradação que a imagem pública
							norte-americana estava a projectar em todo o mundo.  Então, Madeleine
							Albright, secretária de Estado, apressou-se a criar  um novo
							Subsecretariado para a Diplomacia Pública, destinado a coordenar e
							controlar os elementos de imagem do governo federal e do Pentágono.  A
							nova estrutura desencadeou de imediato uma luta acesa entre a Secretaria de
							Estado (M. Albright) e a Secretaria da Defesa (D.Rumsfeld), ambas reclamando o
							controlo da nova estrutura. Donald Rumsfeld acabou por vencer, do que resultou
							a ligação da chamada diplomacia pública às
							agências de informação militar, como a 
							
								OSI-Office for the Strategic Influence 
							
							(OSI-Agência de Influência Estratégica) ou a 
							
								IMIG-International Military Information Group 
							
							(IMIG-Grupo Internacional de Informação Militar),
							formação comandada pelo general Simon Worden,
							estratega pioneiro da Guerra Assimétrica do Espaço, ou 
							
								Guerra das Estrelas.  
							
							A US Navy constituiu, então, o seu próprio Subsecretariado
							Adjunto às Operações Especiais (o 
							
								Naval Network Warfare Comand)
							
							 um serviço do Departamento da Defesa dirigido pelo comandante naval
							William Luti,
							conselheiro de Dick Cheney, N.º 3 da administração Bush
							filho, dirigente "histórico" da Carlyle e verdadeiro
							"patrão" do poderoso complexo norte-americano militar e
							industrial. O Estado-Maior Inter-Armas (
							
								Joint Strategic Capabilities Plan) 
							
							estabeleceu a nova tese que vigorou na recente agressão ao Iraque:  a
							propaganda assume o mesmo nível de importância reconhecido
							à diplomacia, às operações militares e à
							acção económica.
 
 Todos os nomes citados participam activamente no 
							
								Carlyle Group.  
							
							São apenas alguns dos muitos dos oficiais-generais que planificam o
							terror e decidem, em nome da democracia, as questões da guerra e da paz.
 
 O outro aspecto verdadeiramente dramático do projecto da Carlyle,
							é o do seu envolvimento com as 
							
								forças especiais clandestinas (Special Forces Underground) 
							
							cuja tradição nos EUA já vem de longe.  Neste aspecto, de
							novo se detecta a explosiva e obscurantista mistura deliberada entre os valores
							culturais do povo americano e os seus contra-valores.
 
 Resumidamente, na América do Norte e a partir da
							desmobilização militar da guerra do Norte contra o Sul,
							formaram-se milhares de "gangs" ou "bandos" que o Estado
							central não tinha capacidade para combater ou para integrar socialmente.
							 Por isso, consentiu-os ou institucionalizou-os.  Provinham da sociedade civil
							 racista e mística  dos caciquismos locais, dos interesses
							ligados à industrialização e do que parece continuar a ser
							insolúvel nos EUA: a subordinação do poder
							económico ao poder político e a sujeição do poder
							militar ao poder civil. Assim se originou a 
							
								Ku-Klux-Klan, 
							
							as 
							
								unidades ocultas (stay-behind)
							
							, os 
							
								barretes verdes
							
							, os 
							
								esquadrões da morte, 
							
							as 
							
								redes do ódio, 
							
							a 
							
								John Birch Society
							
							 e milhares e milhares de outros núcleos  armados,
							fundamentalistas, racistas e terroristas  que nos EUA proliferam e o
							Estado federal aparenta ignorar mas de que politicamente se aproveita.  As
							organizações militarizadas de extrema-direita distribuem-se por
							todo o território dos EUA.  Recebem apoio directo de sectores das
							Forças Armadas norte-americanas e da CIA e, em certos, casos,
							encontram-se equipadas com armas pesadas e têm acesso a depósitos
							de armamentos do Exército.  As organizações terroristas
							privadas norte-americanas estão federadas na 
							
								Major General Edwin A. Walker Society 
							
							e parece terem o seu principal elo de ligação com as tropas
							especiais EUA em 
							
								Fort Bragg,
							
							 gigantesco complexo militar destinado ao ensino das técnicas de
							sabotagem, interrogatório de prisioneiros e terrorismo.  É
							frequentado por especialistas militares da NATO e da CIA.  No megalómano
							projecto em que a Carlyle se encontra empenhada  o AMBO /Trans-Balkan
							Pipelines  as 
							
								SFU - Special Forces Underground
							
							 terão uma intervenção insubstituível.
 
 3- AMBO: o domínio total do petróleo, do gás e da
								água potável
 
 Pouco tempo após a constituição do 
							
								Carlyle Group 
							
							começou a falar-se num projecto energético megalómano,
							já em desenvolvimento:  o 
							
								AMBO - Trans-Balkan Pipelines. 
							
							Consiste na captação, transporte e distribuição,
							através de tubagens, de todo o 
							
								crude
							
							 existente numa região vastíssima. Numa segunda fase
							apropria-se, no quadro dos mesmos objectivos, de todo o gás natural da
							mesma
							região. A mais longo prazo, visa o controlo global das reservas de
							água potável e a sua comercialização. Como é
							evidente, o projecto tem vertentes políticas, militares e empresariais.
							Nesta última componente (a empresarial), o 
							
								AMBO 
							
							 arranca sob a direcção de uma coligação de
							interesses representada pela 
							
								Carlyle 
							
							
								(famílias Bush e Bin Laden, Rumsfeld, Carlucci, Kissinger)
							
							; pela 
							
								Halliburton 
							
							
								(Dick Cheney, Bill Clinton, Bill Richardson, Dick Powell)
							
							; pelas grandes empresas de petróleo mundiais 
							
								(BP-Amoco-Arco, Texaco and Chevron, Exxon-Mobil, ENI, Delta Oil, etc)
							
							; e pelo eixo militar anglo-americano cujos gigantes industriais constroem,
							reconstroem, equipam e gerem as principais obras de infra-estrutura em todo o
							mundo. Tecnológica e financeiramente falando, as bases deste
							negócio parecem simplesmente esmagadoras. Quanto ao projecto, trata-se
							resumidamente do seguinte.
 
 Em enormes regiões do Próximo Oriente e da Ásia Central, o
							petróleo quase que nasce debaixo dos pés. Do Barhain ao
							Azerbeijão ou do Iraque e do Irão à longínqua
							Sibéria, há riquíssimos jazidas de "ouro negro".
							Sem dúvida que ao longo do século XX muito se fez no sentido da
							sua utilização. Foi a partir da força de trabalho dos seus
							povos mas com base no petróleo existente que a URSS se industrializou e
							ajudou outras nações que lutavam por estatutos próprios de
							afirmação e independência. Em resultado dessa
							situação sócio-política foi estabelecida, em tempos
							da URSS, uma impressionante rede de 
							
								pipelines
							
							 principalmente orientados, a partir das zonas do 
							
								crude
							
							, para os grandes centros urbanos e industriais soviéticos e para os
							portos dos mares exteriores.  Nos países não socialistas
							produtores de petróleo do Médio Oriente, o produto era
							encaminhado para um ou dois oleodutos centrais em cujos terminais o
							petróleo era bombeado para gigantescos petroleiros que o conduziam rumo
							aos países industrializados do Ocidente.  Após o desmembramento
							da URSS, todo este sistema foi considerado caduco.  O petróleo russo
							ficou à mercê das transnacionais (só no Azerbeijão
							funcionam 21 consórcios ocidentais).  Países imensos em vias de
							industrialização, como a China e a Índia, encontraram-se,
							de súbito, à margem da rede das principais condutas.  No
							Médio e Próximo Oriente, a situação social e
							política tornou-se cada vez mais incerta.  Assim, a
							solução permanente das crises da globalização
							terá de passar pela drástica reformulação de todo o
							sistema.  Deste modo nasceu o projecto 
							
								AMBO.
 
 Trata-se, em síntese, de estabelecer através de um
							perímetro que envolva a Arábia, a Federação Russa e
							as Repúblicas Autónomas da ex-URSS, do Sudão,
							Etiópia, Egipto e toda a bacia mediterrânica envolvente, um
							gigantesca oleoduto. Por ele será conduzida a produção de
							carburantes desta inestimável região natural. Prevê-se que
							o gigantesco pipeline seja dotado com refinarias, aeroportos,
							estações de bombagem, bases militares, centros urbanos e de
							telecomunicações, etc.  Dele partirá toda uma rede de
							oleodutos secundários, dispostos segundo as exigências dos
							países ricos e industrializados. O oleoduto principal contornará
							o Mediterrâneo e o Adriático e garantirá o fornecimento
							energético da Europa a preços inferiores aos actuais. A partir da
							Arábia, e no sentido da Ásia e da América,
							expandir-se-á através da Sibéria, por onde será
							fácil ligá-lo ao Alaska e aos EUA; através do
							Afeganistão e do Paquistão, tornará seus
							subsidiários os promissores mercados da China e da Índia. Porque,
							embora seja representado oficialmente como um simples pipeline de naftas, o
							oleoduto da 
							
								AMBO
							
							 canalizará, também, petróleos semi-refinados, gás
							natural, sucedâneos do 
							
								crude
							
							, e incorporará ao longo dos seus territórios redes de
							telecomunicações e a chamada 
							
								inteligência secreta
							
							, nomeadamente as mensagens diplomáticas, industriais ou de
							informação civil e militar ultra-confidenciais que eternizam
							certas forças no poder.
 
 Na sua primeira fase de instalação está prevista a
							passagem da AMBO por uma dezena de países. O que implicará que
							esses Estados cedam nos seus territórios faixas de 50 ou 100
							quilómetros de largura, para servirem como 
							
								corredores militares
							
							. Só assim será garantida a "estabilidade" do projecto,
							afirmam os colaboradores de Rumsfeld e Dick Cheney. O contrato terá
							duração indefinida e haverá lugar, por parte da 
							
								Halliburton Energy
							
							, ao pagamento de uma renda, importante para uma economia débil mas
							irrisória em relação aos lucros do petróleo.  Por
							outro lado, caberá à empresa responsável pelo cumprimento
							do pacto a designação das "forças especiais" que
							terão o encargo de defender o "corredor" das 
							
								intervenções estrangeiras
							
							 ou das 
							
								perturbações sociais,
							
							 impondo a 
							
								ordem pública
							
							. Volta assim a abrir-se a questão do verdadeiro papel a desempenhar no
							projecto, quer pelas 
							
								forças militares clandestinas 
							
							(organizações de extrema-direita, milícias privadas, ligas
							de ex-combatentes, seitas religiosas ligadas ao terrorismo, etc.), quer pelas 
							
								forças de operações especiais 
							
							(comandos, barretes verdes, paraquedistas, especialistas de Fort Bragg, equipas
							de sabotagem, e outros) quer, também, pelas 
							
								unidades mercenárias 
							
							secretamente formadas e enquadradas pela CIA ou pelo Pentágono, como 
							
								movimentos cívicos fundamentalistas, correntes dissidentes,
								associações humanitárias 
							
							ou 
							
								ligas intelectuais, 
							
							ocultamente destinadas a dividir e minar as resistências dos povos do
							"grande corredor".
 
 Uma última anotação para o pano de fundo da
							tragédia que o Pentágono continua activamente a preparar. Embora
							o projecto da AMBO seja oficialmente da iniciativa privada, torna-se evidente
							que se reveste de ambições que só o Estado pode
							viabilizar. Assim, na guerra dos petróleos, a Secretaria de Estado e o
							complexo militar-industrial das Forças Armadas figuram como deuses
							tutelares. Cabe à Secretaria de Estado EUA e ao Departamento de Defesa
							acorrentarem o povo americano e a sua opinião pública aos
							fantasmas ancestrais do 
							
								terror
							
							. Paralelamente, sem empecilhos éticos ou políticos, o complexo
							militar-industrial deve continuar a desenvolver o arsenal americano.
 
 Em Março de 2002, George Bush (filho) autorizou o fabrico em
							série de 
							
								ogivas nucleares económicas
							
							, munições atómicas baratas e com grande poder de
							penetração no solo. Actuam a partir de novas técnicas de
							cisão do átomo. A 
							
								família
							
							 a que pertencem compreende as 
							
								bombas de urânio empobrecido
							
							, as 
							
								bombas de fragmentação 
							
							e outras munições atómicas de pequeno porte,
							ajustáveis às armas convencionais. A sua carga explosiva pode
							propagar-se na atmosfera 
							
								(efeito pirofónico)
							
							, introduzir-se na cadeia alimentar ou associar-se a outros elementos
							radioactivos letais 
							
								(DU Shell)
							
							. Já se encontram em fase de produção armas
							químicas proibidas, tais como os
							
								alucinógenos agressivos 
							
							ou as 
							
								armas químicas incapacitantes
							
							, usadas em interrogatórios de suspeitos ou contra
							manifestações populares.
							Armas bacteriológicas que modificam o código genético dos
							animais ou das plantas e podem determinar genocídios por 
							
								causas naturais
							
							.  Bombas de fragmentação carregadas com anthrax ou com agentes
							da varíola. Sistemas gigantescos de telecomunicações que
							tornam possível desencadear, em qualquer parte do mundo,
							inundações, secas, furacões, incêndios e tremores de
							terra. Emissores de micro-ondas de alta potência que destroem
							computadores e redes de comunicação.  O 
							
								BLU-118B
							
							, uma ogiva disparada por um foguetão, que penetra 300 m no solo antes
							de explodir. O 
							
								bombardeiro sub-orbital, 
							
							veículo lançado do espaço a partir de um avião com
							uma velocidade 15 vezes superior aos máximos actuais e que será
							capaz de projectar cargas atómicas sobre alvos desconhecidos, situados
							no hemisfério oposto. Ou as 
							
								armas de alta tecnologia baseadas no espaço
							
							, que usam ventos e marés e utilizam os seus regimes naturais como
							poderosas armas de guerra e de destruição maciça.
 
 O petróleo mata, efectivamente. Porém, não como elemento
							natural cuja utilidade o homem descobriu. O que mata, no petróleo,
							é a função que o sistema político e
							económico lhe reserva. Petróleo do desenvolvimento,
							petróleo da guerra, petróleo do lucro, petróleo da paz?
 
 A luta que se trava pelo domínio do petróleo é entre
							classes de interesses e de valores. Ou seja: entre o petróleo
							considerado como bem natural que a comunidade humana reparte entre si; ou como
							fonte de lucro de uma minoria rica que entre si se combate. É uma fase
							da luta entre o Socialismo e o Capitalismo. É uma luta política.
 
 Iremos nós morrer pelo petróleo dos ricos?
 
 
 [*]
								 Jornalista. 
								Intervenção produzida no debate
								"O petróleo (também) mata..." realizado em 07/Set/2003
								no Pavilhão "Ciências & Tecnologia"
								da Festa do "Avante!"
 
 Este artigo encontra-se em
								 http://resistir.info
								.
 |