Um modelo da capacidade mundial de produção de petróleo
por A.M. Samsam Bakhtiari
[*]
INTRODUÇÃO
O modelo 'World Oil Production Capacity' (WOCAP) foi
desenvolvido ao longo de 1997-2000
[1]
. Os primeiros testes foram efectuados em 2000 e os primeiros resultados da
simulação ficaram disponíveis em 2001. O modelo foi
devidamente revisto em 2002 a fim de introduzir as políticas dos
países da OPEP; e em 2003 foi feita uma tentativa de introduzir-lhe a
geopolítica.
O MODELO WOCAP
O modelo WOCAP é um simples modelo
matemático do tipo iterativo, tendo o ano como seu passo básico
de computação.
Como fundamento inicial estão as 'Reservas
finais recuperáveis'
('Ultimate Recoverable Reserves', URR)
de petróleo convencional global de 1900 mil
milhões elaboradas pelo dr. Colin Campbell
[2]
. Outros inputs relevantes são retirados tanto das bases de dados da BP
PLC
[3]
como de fontes pessoais do autor.
No WOCAP, a indústria internacional do
petróleo é dividida em OPEP e não-OPEP. A OPEP por sua
vez está subdividida nos seus onze países membros, e a
não-OPEP desagrega-se em onze regiões.
A estrutura global do WOCAP é apresentada na
Figura 1
.
Como se mostra, o preço do petróleo bruto é de
importância crucial para proporcionar os fundos necessários para o
investimento em instalações produtivas. Não é
preciso dizer que tanto as políticas internas como a geopolítica
global afectam directamente a quantidade de rendimentos disponíveis com
a exportação de óleo destinados finalmente às
respectivas indústrias petrolíferas. E, em alguns casos,
considerações políticas ofuscam todos os outros factores.
Consequentemente, os cinco grandes factores que
influenciam as capacidades de produção de petróleo
são:
1) Adequada manutenção a montante das instalações
existentes;
2) Projectos atempados de recuperação avançadas
(enhanced oil recovery, EOR)
;
3) Novas descobertas de campos de petróleo (daquelas reservas ainda por
encontrar);
4) Retrocessos anuais dos campos produtores conhecidos;
5) Intangíveis políticos;
6) Intangíveis geopolíticos.
Foram os dois últimos intangíveis que
constituíram o foco das duas revisões de 2002 e 2003, como
tentativas feitas para introduzir o impacto de tais factores no processo
produtivo uma tarefa muito exigente pois tratar de intangíveis
é sempre um processo particularmente difícil.
TESTE DE EXECUÇÃO DO WOCAP
O teste inicial foi feito para efectuar a sintonia
fina dos principais parâmetros no interior do WOCAP. Para a OPEP, foram
escolhidos os estudos de caso do Irão e do Kuwait por estarem amplamente
documentados; e, para os não-OPEP, foram seleccionados a região
do Mar do Norte e a Rússia pois ambas as entidades têm bons
conjuntos de dados de produção para apoiar o modelo.
Todos os testes a seguir desenvolveram-se em
simulações em plena escala e aquelas para os dois casos
não-OPEP foram devidamente publicadas.
[4,5]
.
SIMULAÇÕES MUNDIAIS WOCAP
A simulação mais recente do WOCAP Base
Case é mostrada na
Figura 2
.
O principal aspecto aqui é que o pico de produção de
óleo previsto para os anos 2006/2007 em cerca de 81 milhões b/d
(mb/d). Este pico também pode ser interpretado como fazendo parte do
"planalto inchado"
("bumpy plateau")
que se espraia ao longo do período 2005 a 2008.
Além disso, a produção
não-OPEP chega ao pico por alturas do encerramento da presente
década, logo depois de o planalto cair abaixo dos 50 mb/d. Assim como
para a OPEP, o pico será atingido no meio da próxima
década em torno dos 35 mb/d.
Na
Figura 3
,
a simulação do Caso Básico é mostrada com o
acréscimo das margens de erro. Tal como mostrado, os erros poderiam
levar o pico petrolífero global a um nível oscilando entre 79,5 e
82,5 mb/d.
CONCLUSÃO
De modo geral, o modelo WOCAP foi desenvolvido para
prever os níveis de produção global de petróleo e
as capacidades no século XXI. Os principais resultados da
simulação mostram claramente que a produção global
de petróleo deveriam atingir o pico durante a presente década
conduzindo inevitavelmente a uma revolução no consumo de
energia à escala mundial e a questões sociais.
Referências
[1] O modelo WOCAP foi desenvolvido por uma pequena equipe sob a
liderança da Srta. Behdis Eslamnour.
[2] As bases de dados do dr. Campbell, da ASPO, encontram-se em
www.peakoil.net
[3] As principais bases de dados da BP estão disponíveis em
www.bp.com
[4] A.M. Samsam Bakhtiari, 'North Sea oil reserves: half full or half empty?',
OGJ, August 25, 2003, pp.24-32.
[5] Ibid., 'Expectations of sustained Russian oil production boom unjustified',
OGJ, April 29, 2003, pp.24-26.
[*]
Comunicação apresentada pelo autor na International Oil
Conference (Copenhagen, Dinamarca, 10/Dez/2003)
O original encontra-se em
http://www3.telus.net/public/a6a20277/homedown.htm#
Tradução de JF.
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info
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