A discriminação das mulheres deu um lucro extraordinário
às empresas portuguesas: em 2009 a diferença de
remunerações não pagas foi superior a 5,5 mil milhões
RESUMO DESTE ESTUDO
Dentro de poucos dias comemora-se o 8 de Março. É altura
apropriada para fazer um balanço da situação da mulher na
economia e na sociedade portuguesa. É o que vamos procurar realizar.
Em 2009, a população activa feminina com um nível de
escolaridade até ao ensino básico correspondia a 29,7% da
população activa total, enquanto a masculina a 38,1% da
população activa. E a percentagem de mulheres com ensino
secundário e superior representava 17,4% da população
activa total, enquanto os homens com idêntica escolaridade
constituíam 14,7% da população activa total.
Idêntica situação se verificava em relação
à população empregada. Em 2009, a população
empregada feminina com um nível de escolaridade até ao ensino
básico era 29,3% da população empregada total, enquanto a
masculina era 38,1% da população empregada total. E as mulheres
com ensino secundário e superior representavam 17,6% da
população empregada total, e os homens 15% da
população empregada total.
Apesar das mulheres possuírem um nível médio escolaridade
superior ao dos homens, as entidades patronais continuam a não
reconhecer as suas competências. Por ex., a nível de "quadros
superiores" a percentagem de mulheres, que era já
minoritária, diminui de 33,9% para 31,4% entre 2005 e 2009. O mesmo
sucedeu no grupo de "especialistas das profissões intelectuais e
cientificas" que, entre 2005 e 2009, a percentagem de mulheres baixou de
57,3% para 56,8%. Só nas profissões menos qualificantes é
que a percentagem de mulheres aumentou entre 2005-2009. A nível de
"Pessoal administrativo", entre 2005 e 2009, aumentou de 63,1% para
64,4%; do "Pessoal de serviços e vendedores" subiu de 67,8%
para 68,1%; dos "Trabalhadores não qualificados", entre 2005 e
2009, a percentagem de mulheres aumentou de 64,5% para 68,1%. Parece evidente a
intenção das entidades patronais de discriminarem a mulher e de
desvalorizarem as suas competências.
Mas esta discriminação, que é um instrumento para uma
exploração acrescida, toma também outras formas. Pode-se
mesmo afirmar que quanto maior é a escolaridade da mulher maior é
discriminação. De acordo o MTSS, em 2008, por ex., a
remuneração média de uma mulher com escolaridade
"inferior ao 1º ciclo do Ensino Básico" correspondia a
81,2% da do homem com o mesmo nível de ensino, enquanto uma mulher com
"Doutoramento" recebia o correspondente a 71,8% do recebido por um
homem com as mesmas habilitações literárias.
Idêntica situação se verificava em relação
às qualificações. Aqui também quanto mais elevada
é a profissão qualificante maior é a
discriminação. Em 2008, a remuneração média
de uma trabalhadora com a categoria de "Praticante e Aprendizes "
correspondia a 91,7% da de um homem com a mesma categoria profissional,
enquanto a nível de "Quadros superiores", onde a
discriminação alcançava o seu nível mais elevado,
a da mulher correspondia, em média, apenas a 69,7% da do homem.
Em Abril de 2009, segundo o MTSS, a remuneração média das
mulheres era apenas 76,5% da dos homens, e 12,1% eram abrangidas pelo SMN (os
homens apenas 5,3%). Se multiplicarmos a diferença de
remunerações (286,8) pelo numero de mulheres constantes dos
quadros pessoal e depois por 14 meses, obtém-se 5.500 milhões de
euros. Este é o lucro extraordinário mínimo obtido pelas
empresas por discriminarem nas remunerações as mulheres.
São também as mulheres, apesar de terem um nível
médio de escolaridade mais elevada, as mais atingidas pela precariedade
e pelo desemprego de longa duração. Em 2009, 44,3% das
trabalhadoras portuguesas ou estavam desempregadas ou tinham emprego
precário, enquanto a percentagem de homens em idêntica
situação era de 40,6%. Por outro lado, no fim do 4º Trim.
2009, 26,8% dos desempregados eram mulheres que já estavam no desemprego
há um ano ou mais, enquanto a percentagem de homens em idêntica
situação, na mesma altura, era de 22,8%.
Depois de ter sido discriminada e sobre-explorada pelas entidades patronais, a
mulher quando se reforma ou é atingida pela invalidez, sofre agora a
discriminação a nível de pensões que a afecta
profundamente. Em Janeiro de 2010, a pensão média de velhice da
mulher em Portugal era apenas de 301,42 euros (o numero de mulheres a receber
pensão de velhice atingia 991.841), enquanto a pensão
média do homem na mesma data era de 507,41 euros (o numero de homens a
receber pensão de velhice era 874.071), ou seja, a pensão velhice
média da mulher correspondia apenas a 59% da do homem. Em
relação à invalidez a pensão média da mulher
era, em Janeiro de 2010, apenas de 290,85 (o numero de mulheres a receber esta
pensão era 148.319), enquanto a pensão média de invalidez
dos homens era de 373,41 euros (149.192 homens recebiam a pensão de
invalidez), ou seja, a pensão de invalidez média da mulher
correspondia a 78% da do homem. No entanto, no distrito de Vila Real, em
Janeiro de 2010, a pensão media de velhice da mulher era apenas de
264,70, e a do homem de 325,41. No distrito de Viseu, em Janeiro de
2010, a pensão media de invalidez da mulher era apenas de 254,49 e
a do homem de 281,68. Os dados oficiais revelam não só uma
grande desigualdade mas também uma profunda miséria que o governo
tem procurado ocultar. É tudo isto que é preciso denunciar e
alterar.
|
Dentro de poucos dias comemora-se novamente o Dia Internacional da Mulher.
É altura de fazer mais uma vez um balanço da
situação da mulher nas várias áreas da sociedade e
da economia portuguesa para vermos qual é a sua situação
actual e como ela tem evoluído nos últimos anos, até para
mudar o que continua mal. Para isso, vai-se utilizar os dados oficiais
disponíveis.
O NÍVEL MÉDIO DE ESCOLARIDADE DAS MULHERES ACTIVAS É
SUPERIOR AO DOS HOMENS
Dados do INE sobre a população activa feminina e masculina por
níveis de escolaridade:
QUADRO I População activa por sexo e por níveis de
escolaridade
PORTUGAL
|
Sexo
|
2002
|
2005
|
2009
|
Percentagem de homens e mulheres
em relação à população activa total
|
2002
|
2005
|
2009
|
Milhares de indivíduos
|
Até ao básico - 3º ciclo
|
HM
|
4.194,1
|
4.006,0
|
3.788,6
|
77,6%
|
72,2%
|
67,9%
|
H
|
2.385,3
|
2.262,3
|
2.128,5
|
44,1%
|
40,8%
|
38,1%
|
M
|
1.808,8
|
1.743,8
|
1.660,1
|
33,4%
|
31,4%
|
29,7%
|
Secundário e pós-secundário
|
HM
|
680,5
|
805,7
|
939,4
|
12,6%
|
14,5%
|
16,8%
|
H
|
348,1
|
404,6
|
474,8
|
6,4%
|
7,3%
|
8,5%
|
M
|
332,5
|
401,1
|
464,6
|
6,1%
|
7,2%
|
8,3%
|
Superior
|
HM
|
533,1
|
733,1
|
854,7
|
9,9%
|
13,2%
|
15,3%
|
H
|
204,4
|
296,7
|
345,6
|
3,8%
|
5,4%
|
6,2%
|
M
|
328,7
|
436,4
|
509,1
|
6,1%
|
7,9%
|
9,1%
|
POPULAÇÃO ACTIVA TOTAL
|
HM
|
5.407,7
|
5.544,8
|
5.582,7
|
100,0%
|
100,0%
|
100,0%
|
POPULAÇÃO ACTIVA
|
H
|
2.937,8
|
2.963,6
|
2.948,9
|
54,3%
|
53,4%
|
52,8%
|
POPULAÇÃO ACTIVA
|
M
|
2.470,0
|
2.581,3
|
2.633,8
|
45,7%
|
46,6%
|
47,2%
|
TAXA DE ACTIVIDADE
(população com 15 ou mais anos)
|
HM
|
62,0%
|
62,2%
|
62,5%
|
|
|
|
TAXA DE ACTIVIDADE
(população com 15 ou mais anos)
|
H
|
70,5%
|
69,4%
|
68,2%
|
|
|
|
TAXA DE ACTIVIDADE
(população com 15 ou mais anos)
|
M
|
54,2%
|
55,6%
|
56,0%
|
|
|
|
Fonte. Estatísticas de Emprego - 4º Trimestre de 2009 - Dados
anuais - INE
Em 2009, a população activa feminina com um nível de
escolaridade até ao ensino básico (29,7% da
população activa) era inferior à masculina (38,1% da
população activa), enquanto a percentagem de mulheres com ensino
secundário e superior (17,4% da população activa total)
era superior à dos homens (apenas 14,7% da população
activa total). Em números, as mulheres com o ensino secundário e
superior somavam 937,7 mil, enquanto os homens eram apenas 820,4 mil. E as
mulheres representarem, em 2009, apenas 47,2% da população total
activa.
NIVEL MÉDIO DE ESCOLARIDADE DAS MULHERES EMPREGADAS É SUPERIOR
À DOS HOMENS
O quadro seguinte, com dados do INE, mostra idêntica
situação a nível da população empregada.
QUADRO II População empregada por género e
níveis de escolaridade
PORTUGAL
|
Sexo
|
2002
|
2005
|
2009
|
Percentagem da população empregada (H+M)
|
Milhares de indivíduos
|
2002
|
2005
|
2009
|
Até ao básico - 3º ciclo
|
HM
|
3.986,8
|
3.694,8
|
3.405,6
|
77,6%
|
72,1%
|
67,4%
|
H
|
2.286,8
|
2.107,9
|
1.927,2
|
44,5%
|
41,1%
|
38,1%
|
M
|
1.700,1
|
1.586,9
|
1.478,4
|
33,1%
|
31,0%
|
29,3%
|
Secundário e pós-secundário
|
HM
|
643,3
|
740,9
|
848,8
|
12,5%
|
14,5%
|
16,8%
|
H
|
331,7
|
377,5
|
436,9
|
6,5%
|
7,4%
|
8,6%
|
M
|
311,6
|
363,4
|
412,0
|
6,1%
|
7,1%
|
8,2%
|
Superior
|
HM
|
507,1
|
686,9
|
799,7
|
9,9%
|
13,4%
|
15,8%
|
H
|
197,9
|
280,0
|
323,5
|
3,9%
|
5,5%
|
6,4%
|
M
|
309,2
|
406,9
|
476,1
|
6,0%
|
7,9%
|
9,4%
|
TOTAL - HM
|
HM
|
5.137,2
|
5.122,6
|
5.054,1
|
100,0%
|
100,0%
|
100,0%
|
TOTAL - H
|
H
|
2.816,4
|
2.765,4
|
2.687,6
|
54,8%
|
54,0%
|
53,2%
|
TOTAL - M
|
M
|
2.320,9
|
2.357,2
|
2.366,5
|
45,2%
|
46,0%
|
46,8%
|
Fonte. Estatísticas de Emprego - 4º Trimestre de 2009 - Dados
anuais INE
Em 2009, a população empregada feminina com um nível de
escolaridade até ao ensino básico (29,3% da
população empregada total) era inferior à masculina (38,1%
da população empregada total), enquanto a percentagem de mulheres
com ensino secundário e superior (17,6% da população
empregada total) era superior à dos homens (apenas 15% da
população empregada total). Em números, as mulheres com o
ensino secundário e superior somavam 888,1 mil, enquanto os homens eram
apenas 760,4 mil. E isto apesar de as mulheres representarem, em 2009, apenas
46,8% da população empregada total.
Interessa agora analisar como as entidades patronais valorizam a mulher em
Portugal em termos de profissão e de remuneração.
É o que se vai fazer seguidamente utilizando apenas dados oficiais.
A NIVEL DE PROFISSÕES MAIS QUALIFICADAS E MAIS BEM PAGAS A MAIORIA DOS
LUGARES CONTINUA A SER OCUPADO POR HOMENS
O quadro seguinte, construído com dados divulgados já em 2010
pelo INE, mostra a população empregada feminina e masculina
repartida por profissões.
QUADRO III População empregada por profissão
principal e por género
Portugal
|
Sexo
|
2002
|
2005
|
2009
|
Percentagem de homens e mulheres por grupo profissional
|
Milhares de indivíduos
|
2002
|
2005
|
2009
|
População empregada
|
HM
|
5 137,3
|
5 122,6
|
5 054,1
|
100,0%
|
100,0%
|
100,0%
|
H
|
2 816,4
|
2 765,4
|
2 687,6
|
54,8%
|
54,0%
|
53,2%
|
M
|
2 320,9
|
2 357,2
|
2 366,5
|
45,2%
|
46,0%
|
46,8%
|
Profissão (CNP-94)
|
1: Quadros superiores da Administração Pública, dirigentes
e quadros superiores de empresa
|
HM
|
375,9
|
468,5
|
333,4
|
100,0%
|
100,0%
|
100,0%
|
H
|
264,8
|
309,5
|
228,7
|
70,4%
|
66,1%
|
68,6%
|
M
|
111,0
|
159,0
|
104,7
|
29,5%
|
33,9%
|
31,4%
|
2: Especialistas das profissões intelectuais e científicas
|
HM
|
350,5
|
438,7
|
476,9
|
100,0%
|
100,0%
|
100,0%
|
H
|
143,7
|
187,3
|
205,8
|
41,0%
|
42,7%
|
43,2%
|
M
|
206,8
|
251,4
|
271,1
|
59,0%
|
57,3%
|
56,8%
|
3: Técnicos e profissionais de nível intermédio
|
HM
|
378,8
|
439,6
|
477,8
|
100,0%
|
100,0%
|
100,0%
|
H
|
211,2
|
248,5
|
255,5
|
55,8%
|
56,5%
|
53,5%
|
M
|
167,6
|
191,1
|
222,3
|
44,2%
|
43,5%
|
46,5%
|
4: Pessoal administrativo e similares
|
HM
|
491,6
|
506,7
|
477,6
|
100,0%
|
100,0%
|
100,0%
|
H
|
186,5
|
186,8
|
170,3
|
37,9%
|
36,9%
|
35,7%
|
M
|
305,0
|
319,9
|
307,4
|
62,0%
|
63,1%
|
64,4%
|
5: Pessoal dos serviços e vendedores
|
HM
|
701,4
|
695,7
|
798,5
|
100,0%
|
100,0%
|
100,0%
|
H
|
238,1
|
224,3
|
254,7
|
33,9%
|
32,2%
|
31,9%
|
M
|
463,3
|
471,4
|
543,9
|
66,1%
|
67,8%
|
68,1%
|
6: Agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura e pescas
|
HM
|
578,3
|
560,0
|
552,3
|
100,0%
|
100,0%
|
100,0%
|
H
|
292,5
|
276,6
|
290,3
|
50,6%
|
49,4%
|
52,6%
|
M
|
285,8
|
283,5
|
262,0
|
49,4%
|
50,6%
|
47,4%
|
7: Operários, artífices e trabalhadores similares
|
HM
|
1 089,2
|
955,8
|
915,1
|
100,0%
|
100,0%
|
100,0%
|
H
|
846,6
|
749,7
|
746,7
|
77,7%
|
78,4%
|
81,6%
|
M
|
242,6
|
206,0
|
168,4
|
22,3%
|
21,6%
|
18,4%
|
8: Operadores de instalações e máquinas e trabalhadores da
montagem
|
HM
|
441,3
|
409,3
|
400,6
|
100,0%
|
100,0%
|
100,0%
|
H
|
339,5
|
336,0
|
320,5
|
76,9%
|
82,1%
|
80,0%
|
M
|
101,9
|
73,4
|
80,0
|
23,1%
|
17,9%
|
20,0%
|
9: Trabalhadores não qualificados
|
HM
|
700,5
|
619,7
|
592,6
|
100,0%
|
100,0%
|
100,0%
|
H
|
265,7
|
220,3
|
189,1
|
37,9%
|
35,5%
|
31,9%
|
M
|
434,9
|
399,4
|
403,5
|
62,1%
|
64,5%
|
68,1%
|
Fonte. Estatísticas de Emprego - 4º Trimestre de 2009 - Dados
anuais - INE
Por profissões, em 2009, as mulheres eram maioritárias já
nas seguintes profissões: (1) Especialistas das profissões
intelectuais e cientificas (56,8% dos especialistas); (2) Pessoal
administrativo e similares (64,4%); (3) Pessoal dos serviços e
vendedores (68,1%); (3) Trabalhadores não qualificados (68,1%). Estavam
em minoria nas seguintes profissões: (a) Quadros superiores (31,4%); (b)
Técnicos e profissionais de nível intermédio (46,5%); (c)
Agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura e pescas (47,4%); (d)
Operários, artífices e trabalhadores similares (18,4%); (e)
Operadores de instalações e máquinas (20%).
No entanto, se analisarmos a evolução no período 2005-209,
conclui-se o seguinte. A nível de "quadros superiores" as
mulheres perderam posições (entre 2005 e 2009, diminuem de 33,9%
para 31,4%). O mesmo sucede no grupo de "especialistas das
profissões intelectuais e científicas" (entre 2005 e 2009, a
percentagem de mulheres baixa de 57,3% para 56,8%). Mas a nível de
profissões menos qualificantes a percentagem de mulheres aumenta. Por
ex., a nível de "Pessoal administrativo", entre 2005 e 2009,
sobe de 63,1% para 64,4%; de "Pessoal de serviços e
vendedores" aumenta de 67,8% para 68,1%; de "Trabalhadores não
qualificados", entre 2005 e 2009, a percentagem de mulheres aumenta de
64,5% para 68,1%. Parece claro a intenção das entidades
patronais de desvalorizarem a importância da mulher e das suas
competências.
Esta conclusão é confirmada quando se analisa as
remunerações de homens e mulheres por profissões
qualificantes e por níveis de escolaridade. É o que se vai fazer
seguidamente.
QUANTO MAIOR SÃO AS HABILITAÇÕES DA TRABALHADORA MAIOR
É A DISCRIMINAÇÃO REMUNERATÓRIA EM PORTUGAL
O quadro seguinte, que contém os dados mais recentes do
Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, revela que quanto
maior são as habilitações da mulher, maior é
discriminação remuneratória imposta pelas entidades
patronais (uma forma de exploração acrescida).
QUADRO IV Remunerações medias mensais por género e
por habilitações literárias em 2008
GRUPOS POR HABILITAÇÕES LITERÁRIAS
|
Remuneração Média Mensal
Ganho Em euros
|
% M/H
|
HOMEM
|
MULHER
|
TOTAL
|
Inferior ao 1º Ciclo do Ensino Básico
|
681,41
|
553,44
|
636,38
|
81,2%
|
1º Ciclo do Ensino Básico
|
811,78
|
587,96
|
726,96
|
72,4%
|
2º Ciclo do Ensino Básico
|
828,34
|
602,45
|
741,34
|
72,7%
|
3º Ciclo do Ensino Básico
|
932,35
|
699,94
|
837,85
|
75,1%
|
Ensino Secundário
|
1.259,55
|
901,47
|
1.084,03
|
71,6%
|
Ensino pós Secundário não Superior Nível IV
|
1.176,81
|
961,25
|
1.074,35
|
81,7%
|
Bacharelato
|
2.137,92
|
1.439,05
|
1.786,52
|
67,3%
|
Licenciatura
|
2.386,64
|
1.599,92
|
1.954,48
|
67,0%
|
Mestrado
|
2.366,63
|
1.651,42
|
2.017,64
|
69,8%
|
Doutoramento
|
2.552,20
|
1.832,50
|
2.221,81
|
71,8%
|
TOTAL
|
1.112,45
|
871,65
|
1.008,00
|
78,4%
|
Fonte: GEP Ministério do Trabalho e Solidariedade Social -
Quadros de Pessoal 2008
De acordo com os dados dos Quadros de Pessoal, em 2008, a
remuneração média das mulheres correspondia a 78,4% da dos
homens Mas se a análise for feita por níveis de
habilitações literárias conclui-se que existem
diferenças importantes entre os diferentes níveis. De uma forma
geral pode-se dizer que a discriminação é tanto maior
quanto maior são as habilitações literárias da
trabalhadora. Por ex., a remuneração de uma trabalhadora com
habilitações literárias "inferior ao 1º ciclo do
Ensino Básico" correspondia, em média, a 81,2% da do homem
com o mesmo nível de escolaridade, enquanto uma trabalhadora com
"Doutoramento" recebia, em média, apenas o correspondente a
71,8% do recebido por um homem com o mesmo nível escolar.
Se dividirmos as habilitações literárias em dois grandes
grupos, um que vai desde o nível "Inferior ao 1º ciclo do
Ensino Básico" até ao "Ensino Pós
Secundário não Superior ao nível IV", e o outro
abrangendo os níveis "Bacharelato", "Licenciatura",
"Mestrado" e Doutoramento" conclui-se que, em
relação ao 1º grupo a remuneração da mulher
varia em média entre 71,6% e 81,7% da do homem, enquanto no segundo, de
nível de escolaridade muito mais elevada, a remuneração
média da mulher varia entre 67,3% e 71,8% da do homem com idêntico
nível de habilitações literárias. É clara a
discriminação remuneratória que as entidades patronais
continuam a impôs às trabalhadoras, submetendo-as a uma
exploração ainda maior do que submetem os homens
QUANTO MAIOR É A QUALIFICAÇÃO DA TRABALHADORA MAIOR
É A DISCRIMINAÇÃO REMUNERATÓRIA QUE ELA ESTÁ
SUJEITA EM PORTUGAL PELAS ENTIDADES PATRONAIS
Uma situação ainda mais grave do que a verificada a nível
de habilitações literárias, observa-se a nível das
profissões qualificantes como mostram os dados do quadros de pessoal do
Ministério do Trabalho e Solidariedade Social constantes do quadro
seguinte.
QUADRO V Remunerações médias mensais por
género e grupos profissionais em 2008
GRUPOS PROFISSIONAIS POR NIVEIS DE QUALIFICAÇÃO
|
GANHOS MÉDIOS- Euros
|
% M/H
|
HOMEM
|
MULHER
|
TOTAL
|
Quadros Superiores
|
2.797,60
|
1.949,54
|
2.444,78
|
69,7%
|
Quadros Médios
|
1.922,47
|
1.535,66
|
1.754,56
|
79,9%
|
Encarregados, contramestres, mestres e chefes de equipa
|
1.376,72
|
1.154,42
|
1.316,79
|
83,9%
|
Profissionais Altamente Qualificados
|
1.509,14
|
1.289,93
|
1.408,18
|
85,5%
|
Profissionais Qualificados
|
882,34
|
747,06
|
831,89
|
84,7%
|
Profissionais Semi-qualificados
|
765,71
|
626,12
|
682,81
|
81,8%
|
Profissionais não Qualificados
|
638,31
|
540,77
|
592,21
|
84,7%
|
Praticantes e Aprendizes
|
595,39
|
546,00
|
570,22
|
91,7%
|
TOTAL
|
1.112,45
|
871,65
|
1.008,00
|
78,4%
|
Fonte: Quadros de Pessoal - GEP - Ministério do Trabalho e Solidariedade
Social
Efectivamente, quando mais se sobe nas profissões associadas a
níveis de qualificação mais elevados, maior é a
discriminação remuneratória imposta às
trabalhadoras portuguesas pelas entidades patronais. Assim, em 2008, a
remuneração média da trabalhadora com a categoria de
"Praticante e Aprendiz " correspondia a 91,7% da do homem com a mesma
categoria profissional; a de uma "profissional não
qualificada" já era, em média, correspondente a 84,7% da
homem, o mesmo acontecendo com a de uma trabalhadora com a categoria de
"Profissional Qualificado". Em relação aos
"Profissionais altamente qualificados" a remuneração
média de uma trabalhadora correspondia a 85,5% da do homem, mas a de
Encarregado a da mulher já correspondia a 83,9% da do homem. A
nível de "Quadros médios" a discriminação
era ainda maior, pois a da mulher correspondia, em média, a 79,9% da do
homem, e a nível de "Quadros superiores" a
discriminação remuneratória alcançava o seu
nível mais elevado, já que a da mulher correspondia, em
média, apenas a 69,7% da do Homem.
EM ABRIL DE 2009, REMUNERAÇÃO MÉDIA DA MULHER EM PORTUGAL
CORRESPONDIA APENAS A 76% DA DO HOMEM
A desigualdade remuneratória anterior é confirmada por dados
ainda mais recentes. É o que revelam os dados do quadro seguinte
divulgados pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade
QUADRO VI- Remuneração média mensal do trabalhadores em
Portugal - Euros
DESIGNAÇÃO
|
2006
|
2007
|
2008
|
2009
|
Abril
|
Outubro
|
Abril
|
Outubro
|
Abril
|
Outubro
|
Abril
|
HOMEM
|
1.094,2
|
1.111,8
|
1.143,0
|
1.152,9
|
1.185,8
|
1.190,4
|
1.220,0
|
MULHER
|
825,5
|
829,8
|
859,0
|
869,5
|
894,6
|
906,2
|
933,2
|
%M/H
|
75,4%
|
74,6%
|
75,2%
|
75,4%
|
75,4%
|
76,1%
|
76,5%
|
Fonte: Boletim Estatístico - Janeiro/Fevereiro de 2010-
Ministério Trabalho
Em Abril de 2009, a remuneração média das mulheres em
Portugal correspondia apenas a 76,5% da dos homens e, entre 2006 e 2009, a
melhoria foi pouco significativa (apenas 1,1 pp). Também segundo o mesmo
Boletim Estatístico do MTSS, em Abril de 2009, a percentagem de homens
abrangidos pelo salário mínimo nacional (SMN) era de 5,3%,
enquanto o de mulheres atingia 12,1%, ou seja, duas vezes, o que é uma
consequência dos salários mais baixos que auferem
MAIS DE 1,2 MILHÃO DE TRABALHADORAS OU ESTÃO DESEMPREGADAS OU
ESTÃO NUMA SITUAÇÃO DE EMPREGO PRECÁRIO E ESTA
SITUAÇÃO TEM-SE AGRAVADO DESDE 2004
Para além da discriminação remuneratória a que
estão sujeitas, são também as mulheres que continuam a ser
as mais atingidas pelo desemprego e pela situação de emprego
precário, como mostram os dados do INE constantes do quadro seguinte.
QUADRO VII O desemprego e a precariedade por género em Portugal
no período 2004-2009
PROFISSÃO
|
2004
|
2009
|
TOTAL (H + M)
|
H
Mil
|
M
Mil
|
H
Mil
|
M
Mil
|
2004
Mil
|
2009
Mil
|
1-POPULAÇÃO ACTIVA
|
2.957,0
|
2.530,8
|
2.948,9
|
2.633,9
|
5.487,8
|
5.582,8
|
2- POPULAÇÃO ACTIVA + INACTIVOS (1+8)
|
2.984,1
|
2.582,7
|
2.980,1
|
2.674,6
|
5.566,8
|
5.654,7
|
3-Contratos a prazo
|
272,9
|
297,5
|
336,3
|
359,1
|
570,4
|
695,4
|
4-Outros
|
102,7
|
77,5
|
79,8
|
74,8
|
180,2
|
154,6
|
5-Trabalhadores por conta própria
|
496,9
|
413,2
|
476,7
|
403,7
|
910,1
|
880,4
|
6-Desempregados
|
172,9
|
192,2
|
261,3
|
267,4
|
365,1
|
528,7
|
7-Subemprego visível
|
20,8
|
40,5
|
25,6
|
39,0
|
61,3
|
64,6
|
8-Inactivos disponíveis
|
27,1
|
51,9
|
31,2
|
40,7
|
79,0
|
71,9
|
9-TOTAL PRECÁRIOS (3+4+5+6+7+8)
|
1.093,3
|
1.072,8
|
1.210,9
|
1.184,7
|
2.166,1
|
2.395,6
|
% TOTAL PRECÁRIOS/(POPULAÇÃO ACTIVA+INACTIVOS) (9:2)
|
36,6%
|
41,5%
|
40,6%
|
44,3%
|
38,9%
|
42,4%
|
Fonte. Estatísticas de Emprego - 4º Trimestre de 2009 - Dados
anuais INE
Em 2009, 44,3% das trabalhadoras portuguesas ou estavam desempregadas ou tinham
emprego precário, enquanto a percentagem de homens em idêntica
situação era de 40,6%. Entre 2004 e 2009, a precariedade aumentou
muito entre as mulheres trabalhadores pois a percentagem de trabalhadoras nessa
situação cresceu, neste período, de 41,5% para 44,3%.
O DESEMPREGO DE LONGA DURAÇÃO ESTÁ A ATINGIR
FUNDAMENTALMENTE AS MULHERES
Um dos aspectos mais graves da situação actual é que o
desemprego de longa duração, que afasta os trabalhadores muito
vezes definitivamente do mercado de trabalho, está a atingir muito mais
as trabalhadoras como revelam os dados do INE constantes do quadro seguinte.
QUADRO VIII População desempregada por
duração da procura de emprego e por sexo
PORTUGAL
|
Sexo
|
2002
|
2005
|
2009
|
4º Trimestre 2009
|
Percentagem homens e mulheres em relação total desempregados
|
Milhares de indivíduos
|
2002
|
2005
|
2009
|
4ºTrim. 2009
|
DESEMPREGO TOTAL
|
HM
|
270,5
|
422,3
|
528,6
|
563,3
|
100%
|
100%
|
100%
|
100%
|
H
|
121,4
|
198,1
|
261,3
|
279,9
|
44,9%
|
46,9%
|
49,4%
|
49,7%
|
M
|
149,1
|
224,1
|
267,4
|
283,4
|
55,1%
|
53,1%
|
50,6%
|
50,3%
|
Duração da procura (a):
|
Menos de 1 mês
|
HM
|
21,9
|
23,6
|
30,1
|
23,4
|
8,1%
|
5,6%
|
5,7%
|
4,2%
|
H
|
10,4
|
11,3
|
14,8
|
11,7
|
3,8%
|
2,7%
|
2,8%
|
2,1%
|
M
|
11,4
|
12,3
|
15,3
|
11,7
|
4,2%
|
2,9%
|
2,9%
|
2,1%
|
1 a 6 meses
|
HM
|
109,1
|
123,4
|
167,9
|
171,5
|
40,3%
|
29,2%
|
31,8%
|
30,4%
|
H
|
50,2
|
60,1
|
88,2
|
85,9
|
18,6%
|
14,2%
|
16,7%
|
15,2%
|
M
|
58,9
|
63,4
|
79,7
|
85,5
|
21,8%
|
15,0%
|
15,1%
|
15,2%
|
7 a 11 meses
|
HM
|
36,1
|
61,6
|
82,7
|
86,5
|
13,3%
|
14,6%
|
15,6%
|
15,4%
|
H
|
15,7
|
28,5
|
44,5
|
52,1
|
5,8%
|
6,7%
|
8,4%
|
9,2%
|
M
|
20,4
|
33,2
|
38,2
|
34,3
|
7,5%
|
7,9%
|
7,2%
|
6,1%
|
12 a 24 meses
|
HM
|
49,6
|
105,0
|
105,7
|
124,0
|
18,3%
|
24,9%
|
20,0%
|
22,0%
|
H
|
21,5
|
52,1
|
49,4
|
58,6
|
7,9%
|
12,3%
|
9,3%
|
10,4%
|
M
|
28,1
|
53,0
|
56,3
|
65,4
|
10,4%
|
12,6%
|
10,7%
|
11,6%
|
25 e mais meses
|
HM
|
51,1
|
105,8
|
140,1
|
155,5
|
18,9%
|
25,1%
|
26,5%
|
27,6%
|
H
|
22,1
|
44,9
|
63,5
|
69,7
|
8,2%
|
10,6%
|
12,0%
|
12,4%
|
M
|
28,9
|
60,9
|
76,6
|
85,7
|
10,7%
|
14,4%
|
14,5%
|
15,2%
|
Fonte. Estatísticas de Emprego - 4º Trimestre de 2009 - Dados
anuais INE
No fim do 4º Trimestre de 2009, 26,8% dos desempregados eram mulheres que
já estavam no desemprego há um ano ou mais, enquanto a
percentagem de homens em idêntica situação, na mesma
altura, era de 22,8%. Por outro lado, entre 2002 e 2009, a percentagem de
mulheres no desemprego há um ano ou mais aumentou de 21,4% para os 26,8%
já referidos, mostrando uma clara tendência de agravamento. E isto
apesar de as mulheres possuírem em Portugal, como se mostrou, um
nível médio de escolaridade superior ao da
população masculina
DISCRIMINAÇÃO DA MULHER CONTINUA QUANDO SE REFORMA OU É
ATINGIDA PEL A INVALIDEZ
Depois de ter sido discriminada e sobre-explorada pelas entidades patronais, a
mulher, quando se reforma ou é atingida pela invalidez, a
discriminação agora de pensões continua a afectá-la
profundamente como mostram os dados da Segurança Social de Janeiro de
2010.
QUADRO IX Pensões de velhice e de invalidez por sexo em Janeiro
de 2010
DISTRITOS
|
Pensão Média Velhice - Euros
|
Pensão Média Invalidez -Euros
|
Mulheres
|
Homens
|
% M/H
|
Mulheres
|
Homens
|
% M/H
|
Aveiro
|
288,30
|
479,25
|
60%
|
281,73
|
355,83
|
79%
|
Beja
|
281,13
|
370,29
|
76%
|
281,08
|
333,96
|
84%
|
Braga
|
299,86
|
431,60
|
69%
|
307,92
|
344,91
|
89%
|
Bragança
|
263,01
|
298,29
|
88%
|
255,56
|
267,90
|
95%
|
Castelo Branco
|
272,62
|
368,87
|
74%
|
279,85
|
319,97
|
87%
|
Coimbra
|
277,01
|
446,76
|
62%
|
284,07
|
386,83
|
73%
|
Évora
|
293,22
|
429,29
|
68%
|
305,43
|
374,56
|
82%
|
Faro
|
288,51
|
426,23
|
68%
|
281,71
|
341,92
|
82%
|
Guarda
|
268,90
|
333,49
|
81%
|
269,27
|
305,80
|
88%
|
Leiria
|
286,44
|
437,03
|
66%
|
304,90
|
418,68
|
73%
|
Lisboa
|
346,54
|
719,71
|
48%
|
291,08
|
415,34
|
70%
|
Portalegre
|
278,97
|
399,62
|
70%
|
287,40
|
351,85
|
82%
|
Porto
|
316,59
|
571,51
|
55%
|
293,94
|
377,15
|
78%
|
Santarém
|
285,65
|
456,41
|
63%
|
294,20
|
388,57
|
76%
|
Setúbal
|
307,69
|
640,58
|
48%
|
308,74
|
469,00
|
66%
|
Viana Castelo
|
274,67
|
352,07
|
78%
|
280,38
|
359,77
|
78%
|
Vila Real
|
264,70
|
325,41
|
81%
|
261,55
|
278,48
|
94%
|
Viseu
|
268,52
|
348,72
|
77%
|
254,49
|
281,68
|
90%
|
R.A. Açores
|
276,94
|
403,66
|
69%
|
291,00
|
393,70
|
74%
|
R.A. Madeira
|
306,65
|
449,42
|
68%
|
298,10
|
412,93
|
72%
|
Outros
|
201,89
|
201,33
|
100%
|
227,81
|
230,44
|
99%
|
TOTAL
|
301,42
|
507,54
|
59%
|
290,85
|
373,41
|
78%
|
Fonte: Segurança Social - Ministério do Trabalhado e da
Solidariedade Social
Em Janeiro de 2010, a pensão média de velhice da mulher em
Portugal era apenas de 301,42 euros (o numero de mulheres a receber
pensão de velhice era de 991.841), enquanto a pensão média
do homem na mesma data era de 507,54 euros (o numero de homens a receber
pensão de velhice era 874.071), ou seja, a pensão velhice
média da mulher correspondia apenas a 59% da do homem. Em
relação à invalidez, a pensão média da
mulher era, em Janeiro de 2010, apenas de 290,85 euros (o numero de mulheres a
receber esta pensão era 148.319), enquanto a pensão média
de invalidez dos homens era de 373,41 euros (149.192 homens recebiam a
pensão de invalides), ou seja, a pensão de invalidez média
da mulher correspondia e 78% da do homem.
Mas ainda existiam situações mais graves que os valores
médios escondem. Por ex., a pensão média de velhice da
mulher (346,54) correspondia apenas 48 % da do homem (719,71) no
distrito de Lisboa ; a 55% no distrito do Porto (M:316,59;
H:571,51); etc. Para além disso, existem distritos onde a
desigualdade é menor em termos percentuais mas onde as pensões
são muito inferiores mesmo em relação às
pensões médias nacionais. É o caso do distrito de Vila
Real onde, em Janeiro de 2010, a pensão média de velhice da
mulher era apenas de 264,70, e a do homem de 325,41.
As pensões de invalidez ainda têm valores muito mais baixos. Por
ex., no distrito de Viseu, em Janeiro de 2010, a pensão media de
invalidez da mulher era apenas de 254,49 e a do homem de 281,68,
apesar da mulher corresponder a 90% da do homem.
Os próprios dados oficiais que utilizamos neste estudo revelam
não só uma grande desigualdade mas também uma profunda
miséria que o governo tem procurado ocultar. E são pensões
desta natureza, que o pensamento neoliberal único, que agora reaparece
de novo nos media, defende que sejam reduzidas, com a
justificação que o nível de despesas com
prestações sociais é incompatível com a
redução do défice orçamental, como a
dimensão e nos prazos que eurocratas de Bruxelas pretendem e que, como
é habitual, este governo vai aceitar obedientemente traduzindo esses
ditames no PEC, e não olhando às consequências
económicas e sociais.
06/Março/2010
[*]
Economista,
edr2@netcabo.pt
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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